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sábado, 25 de novembro de 2017

II Seminário do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME








O II Seminário do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME, terminou pela parte da tarde, de hoje, com muito debate e disposição de lutas dos trabalhadores em educação, lotados na referida política pública, da Secretaria Estadual de Educação do Pará - SEDUC, que foi realizado no auditório da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB. Para participação do evento, principalmente, para o primeiro dia, os educadores empenharam nas articulações e mobilizações em trazer as comunidades para participarem em Belém, de vários atos, como retratam as imagens..





No primeiro dia do Seminário, dia 23 do corrente, iniciou com Assembleia Popular, no prédio sede da SEDUC, com aproximadamente 600 pessoas, de vários municípios do Estado, onde o SOME funciona.  






No dia 24, a programação do evento, iniciou com o credenciamento de mais de cem pessoas. Na mesa de abertura, sua composição teve a presença do Sindicato dos Trabalhadores Públicos do Estado do Pará - Sintepp, entre outras entidades.







Na primeira mesa, Some vs Sei -Cenários e perspectivas para 2018.






Na segunda mesa, O Some e a reforma do ensino médio, foi o tema principal, apresentado pela Professora Nazaré Araújo e o Professor Ronaldo Lima.




Na última mesa do dia, Aspectos Jurídicos em defesa do Some e questionamentos à implantação do SEI, os advogados do Sintepp, Walmir Brelaz e Paulo Henrique, deram um show em suas exposições.







No dia 25, a mesa teve como tema,  Desafios para o fortalecimento pedagógico do Some e a construção de um currículo que atenda as necessidades dos povos atendidos pelo Sistema (Indígenas, quilombolas, ribeirinhos, e campesinos) .





Finalizando o II Seminário, aconteceu a avaliação e encaminhamentos da agenda de lutas.





O Seminário foi um sucesso, sendo produtivo, foi possível trocar experiências entre diversos colegas, de várias regiões do Estado, assim contribuindo bastante para o fortalecimento do movimento em defesa do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME.

















quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Comunidades Ocupam Secretaria de Educação, em Belém do Pará







Aproximadamente 600 pessoas de comunidades rurais e professores ocuparam a Secretaria Estadual de Educação - Seduc e exigiram reunião com o governo.







Alunos, pais, professores e membros de comunidades reivindicaram o dia todo, de hoje, garantia das matriculas para a 1ª Série do próximo ano e também tentativa de sustar a implantação do Sistema Educacional Interativo - SEI, nas comunidades.






Com a pressão, incluindo, a ocupação da Augusto Montenegro, dos dois lados, o governo marcou para segunda-feira, às 10 horas, reunião com o Sindicato da categoria.







Ressalto, a presença dos estudantes, foi fundamental nesse processo de articulação e mobilização, demonstrando sua força. 






A mobilização de hoje, foi uma aula de cidadania, para várias comunidades.





Fora SEI! Fica Some!

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Consciência Negra na Comunidade Remanescente Quilombola Campo Verde







O Projeto Diversidade Cultural, desenvolvido pela equipe do Some, professores Valdecir Silva e Ribamar Oliveira, na Comunidade Remanescente Quilombola de “Campo Verde”, no município de Concórdia do Pará, oportunizou, pela parte da manhã, de hoje, a implementação da Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na Educação do Ensino Fundamental e Médio, através do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME.  O objetivo geral foi garantir a ampliação de conhecimentos acerca da história e da Cultura africana na escola, facilitando a atuação educativa na perspectiva do enfrentamento da discriminação racial. A programação foi intensa, envolvendo a comunidade e em entorno, com apresentação dos convidados, reflexões sobre os diversos aspectos do negro na história e cultura brasileira. Após o Hino dos Quilombos e do Hino Nacional, iniciaram as apresentações culturais, sempre no final, fazendo considerações sobre a apresentação: Dramatização sobre a dinâmica dos excluídos, pelo ensino fundamental. Pelo ensino médio, dramatização sobre a vida do negro no período colonial, o carimbó, a capoeira, Coral tratando sobre o negro na história do Brasil e o concurso da beleza negra. O encerramento do projeto culminou com a confraternização e o almoço entre os presentes. Aproveito para agradecer o apoio, da comunidade escolar, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Concórdia do Pará, Sintepp e Prefeitura de Concórdia. O evento foi um sucesso.













domingo, 19 de novembro de 2017




Por Milton Santos

Eu tive a sorte de ser negro em pelo menos quatro continentes e em cada um desses é diferente ser negro e; é diferente ser negro no Brasil. Evidente que a história de cada um de nós tem um papel haver com a maneira como cada um de nós agimos como indivíduo, mas a maneira como a sociedade se organiza que dá as condições objetivas para que a situação possa ser tratada analiticamente permitindo o consequente, um posterior tratamento político. Porque a política para ser eficaz depende de uma atividade acadêmica… acadêmica eficaz! A política funciona assim! A questão negra não escapa a essa condição. Ela é complicada porque os negros sempre foram tratados de forma muito ambígua. Essa ambiguidade com que essa questão foi sempre tratada é o fato de que o brasileiro tem enorme dificuldade de exprimir o que ele realmente pensa da questão.


O professor Florestan Fernandes e o professor Otavio Ianni, escreveram ambos que os Brasileiros, de um modo geral, não têm vergonha de ser racista, mas têm vergonha de se dizer que são racistas. E acho que isso é algo permanente das relações inter-étnicas no Brasil e que traz uma dificuldade de aproximação da questão e da análise, inclusive dos próprios negros, que podem se deixar possuir por uma forma de reação puramente emocional diante da questão, dentro do problema, quando é necessário buscar, analisar, a condição do negro dentro da formação social brasileira. Porque a política não se faz no mundo, não é no mundo que dita as regras da política que se faz em cada país. E não é o outro continente. Não é o olhar para a África que vai ajudar na produção de uma política brasileira para o negro, nem um olhar para os Estados Unidos que vai também permitir essa produção de uma política. É o estudo do negro dentro da sociedade brasileira. É evidente que esse estudo passa pela categoria que se chama “formação socioeconômica”, a qual eu modifiquei propondo a categoria de “formação sócio espacial”, porque eu creio que o território tem um papel muito grande na compreensão do que é uma nação.


A formação socioeconômica ela tem relações com todo o mundo. É evidente que o porte africano no Brasil ele vai ter um papel na compreensão com o que se passa no Brasil, como o aporte europeu e hoje o aporte estadunidense. Mas isso resulta numa produção que se chama “o Brasil”. É nele que eu quero estar como brasileiro integral! É nele que devemos estar, todos, independentemente das nossas origens étnicas, como brasileiros integrais, sem servos olhados vesgamente em função de nossa, repito, origem étnica. Por conseguinte, esse tipo de aproximação que eu privilegio naquilo que eu faço, e faço pouco porque não sou um especialista da questão negra. Eu sou apenas um negro a mais no Brasil que tem uma experiência de ser negro, mas que não sou especialista da questão negra. O meu trabalho, como todo mundo sabe, é outro, eu me especializei em outra coisa, é a minha história, mas não sou indiferente a essa questão, longe disto. Creio que as contribuições teóricas que por ventura tenha elaborado para o entendimento da sociedade possa ser de alguma valia no tratamento da questão do negro no Brasil; que não será resolvido se os negros forem sozinhos na luta. A luta dos negros só pode ter eficácia se envolver todos os brasileiros, inclusive os negros, mas não só os negros. Não cabe aos negros, aliás, fazer essa luta. Essa luta tem que ser feita sobretudo por todos. Creio que essa etapa seguinte, a de reclamar de todos que participem; e não só em um dia ou uma semana. Eu não tenho simpatia por treze de maio e nem semana do mês de novembro, porque tenho uma enorme dificuldade em aceitar que o país celebre uma semana, celebre um dia e os resto dos 357 dias se descuide da questão. Eu creio que é importante que haja esses dias no sentido de mobilização. Só que a mobilização não é obrigatoriamente aquilo que produz a consciência. Com frequência a mobilização cria um elã emocional e o que permite uma luta continuada é a produção da consciência que não pode ser, digamos, obtida em um dia, treze de maio, uma semana, semana da consciência negra, por que não é questão de consciência negra, é questão de consciência nacional; o negro sabe perfeitamente a sua situação. É por isso que eu me recuso a vir em reuniões como essa, ou quando me convidam na imprensa ou na televisão, a ficar choramingando, “ah nós somos assim, somos acolá, nós estamos em baixo”. Todo mundo sabe disso, então vamos usar o tempo para outro tipo de preocupação.


Inclusive como estava dizendo a um colega da Bahia, da gloriosa universidade da Bahia, onde eu foi aluno de meu filho, que para mim é uma grande satisfação intelectual e moral, que a questão passa por aí, da questão do negro brasileiro, porque assim que me intitulo, eu sou um negro brasileiro, não quero ser outra coisa senão um negro brasileiro, mas quero ser um brasileiro integral. A luta que tem que ser feita passa por criar uma consciência nacional e não, digamos, nos limitarmos a uma produção de uma consciência negra, porque os negros já estão cansados de saber qual é sua condição na sociedade. Para isso é necessário preparar outro discurso.


Eu estou muito mal satisfeito com maior parte dos discursos dos movimentos negros porque são repetitivo esses discursos, são pobres e não são mobilizadores realmente, exceto para choramingas. De que adianta continuar dizendo que os negros ganham menos no mercado de trabalho? Muito pouco! Todo mundo já sabe disso. Com pequenas variações é a mesma coisa sempre. De que adianta sair dizendo que há um preconceito aberto ou larvar? Todo mundo sabe disse, inclusive aqueles que comentem sabem que estão fazendo preconceito; muitos não sabem. Aí entra o papel de outro discurso, que é o discurso da conscientização a partir de novas palavras de ordem. Por exemplo, peço desculpa por falar de mim mesmo, mas quando nessa entrevista que tive o prazer de dá ao Roberto D’Abila que me perguntou a respeito do ressentimento dos negros em relação a sociedade branca. Eu disse, não, ao contrário, são os brancos que têm o ressentimento com relação os negros que conseguem acender socialmente, que já era um ensaio de produzir um outro discurso. Eu não vou aceitar discutir que os negros têm ressentimento por uma maneira muito simples: porque o nosso ressentimento, se existe, ele não é eficaz, ele não tem poder. O ressentimento que tem eficácia é do que tem poder. Então quando eu falo que é o branco que tem ressentimento, e tem, em relação ao negro que triunfa, não digo o branco em geral, mas um bonito grupo de pessoas brancas. É para exatamente reverter o discurso. É um exemplo de, como creio, que haveria que trabalhar nessa coisa do discurso que acho muito importante, inclusive para a recriação daquilo que repetem com muita frequência, a questão da autoestima. A autoestima ela pode ser parcialmente enfrentada a partir de outro discurso também. É isso, por isso, que não perdoo ao governo federal, e aos governos estaduais, que não põem seus recursos jornalísticos a disposição da produção do discurso da autoestima, o que não custaria muito, mas que tem que ver com as condições de nosso tempo, que tem que ser analisada e se propor outra coisa.



*Palestra proferida pelo professor Milton Santos e transcrita por Cristiano das Neves Bodart a partir de um audio que guardava desde a época que cursava a graduação. Infelizmente não sabemos onde foi proferida essa palestra.
Como citar esse texto:

SANTOS, Milton. Ser negro no Brasil. Palestra transcrita por Cristiano das Neves Bodart. Blog Café com Sociologia. 2016. Disponível em: . Acessado em: dia mês e ano.

domingo, 5 de novembro de 2017

Sessão Especial, na Alepa, sobre o Some




Faz uma semana que este evento ocorreu e só agora tive tempo de socializar aqui neste blog. É um resumo da Sessão Especial em defesa do Sistema de Organização Modular de Ensino, que aconteceu na segunda-feira, passado dia 30 de setembro.



O SOME e consequentemente a escola publica do Pará, em especial, esse modelo de educação da qual faço parte que já dura 37 anos leva educação está em processo de falência provocada conscientemente por aquelas autoridades responsáveis pela educação no Estado do Pará. O SOME atende a um publico especial que são os pequenos agricultores, quilombolas, ribeirinhos, atingidos por barragens, indígenas e outros segmentos rurais. O Governo do Pará tendo a frente o Governador Simão Jatene, quer a qualquer custo negar direito a educação a essas categorias que historicamente são excluídas das políticas públicas. A Sessão foi bem representativa, com número significativo de pessoas, incluindo alunos, pais de alunos, técnicos, pesquisadores na área de educação, sindicalistas, entidades, instituições e educadores. A Sessão Especial foi convocada pelos Deputados Estaduais do Partido dos trabalhadores – PT, Carlos Bordalo e Dirceu Tem Caten foi realizada pela parte da tarde, iniciando por volta das 14:30 hrs. Na mesa tinha os representantes da Seduc, o Secretário Adjunto José Roberto a Coordenadora do Some, Joseana; a representeante da Câmara Municipal de Belém, Vereadora Marinor Brito, o representante da Defensoria Pública, o representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará – Sintepp, Professor Thiago Barbosa, da Central Única dos Trabalhadores – Cut, Euci, e os Deputados Iran Moraes (PMDB), Airton Faleiro(PT), Dirceu Tem Caten(PT) e Carlos Bordalo(PT) e a representante do Conselho Estadual de Educação, Padovani.



Fui indicado pelas principais lideranças que atuam no Some e Sintepp, para fazer a defesa dessa importante política pública. Fui o primeiro a intervir na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, fazendo os cumprimentos aos membros da mesa e ao Presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Casa, Deputado Carlos Bordalo. Agradeci aos dois Deputados que convocaram a importante Sessão para os trabalhadores em educação, principalmente, do Some, em nome da categoria. Utilizei como base de minha fala nas produções escritas e discutidas dos professores do Some Valdivino Cunha, Eládio, Ivanildo entre outros, fazendo o contraponto e as diferenças SOME X SEI.  Havia organizado um vídeo para ser mostrado, mas em função do pouco tempo, não foi possível apresentar naquela oportunidade, porém, o vídeo se encontra no site do Sintep- Pa, que tem uma duração de 30 minutos,




Na introdução de minha intervenção, abordei a importância do Some, para o Estado ao longo desses 37 anos, retrospecto histórico da luta da categoria. Ressaltei em minha linha de defesa do SOME, que neste momento, ele corre um serio de extinção, em virtude da implementação do Programa Sistema Educacional Interativo – SEI que é absolutamente distinto do SOME, quer na sua concepção, objetivos, metodologia e processo democrático de criação, pois, enquanto o SOME é uma política pública de Estado, conforme a Lei 7806, de 29 de abril de 2014 e que já dura 37 anos, o SEI é um programa de governo que já tem data para iniciar e acabar. Já está provado que o SOME já deu e continuará dando certo, enquanto o SEI é uma aventura que foi criado para justificar os gastos de milhões de dólares tomado do BID. Finalizei minha fala convocando todos os segmentos sociais para fazermos uma frente em favor do SOME e contra o SEI.