Carlos Alberto Prestes
LUNDU
Mas que dança é essa
Que todo mundo quer dançar?
Gente de São Paulo, Minas Gerais, Nordeste,
Gente até do Pará...
Ah! É uma dança de requebros
Muito sensual,
Que bota de frente homem e mulher
Numa batalha de movimentos e rebolados
Que nunca se viu igual...
Mas que dança é essa
Que homem e mulher escorregam como muçum?
É dança apreciada nos terreiros populares
E nos salões da elite,
Diante das estrelas ou do céu azul...
Não se espante, não!
Pois que ela saiu de terras da África
Pros nobres salões da Europa.
E quando o negro veio pro Brasil forçado
Na valentia da chibata,
Trouxe essa ginga pra lembrar das alegrias
De outrora...
Oh, que canto!
Que são esses batuques e castanholas?
Essas violas e flautas que, quando tocados,
Inspiram o negro, o mestiço, o branco?
É o lundu! Sim é o lundu!
A resistência do negro desterrado de Angola.
O lundu que virou marajoara
Que virou chorado
Que virou cultura
Que virou samba no pé.
Obs: ilustração da capa: a sensualidade e a graça do lundu, disponível em: afreaka.com.br
IV – LUNDU (OU LUNDUM)
Fonte: Wikipedia.org / Johann Moritz Rugendas, a dança do lundu, 1835 / Dowload Scientific Diagram.
O
Lundu, que é uma espécie de dança e canto, surge depois da Modinha, em fins do
século XVIII, e é praticado por alguns grupos em alguns lugares do país, principalmente
no norte e nordeste, mas tem suas origens na África, trazido por escravos de
Angola. Este ritmo vem da resistência dos povos africanos em manter sua cultura
viva e existente. É composto por ritmos muito mais agitados por tambores, com
uma introdução que não tem necessariamente instrumento de corda. Em muitas
ocasiões, essa música era construída com notas repetidas. Inicialmente, era só
ritmo mesmo, com o canto vocal vindo só depois. É muito mais alegre e parecido
com o que vamos conhecer depois como samba, o qual, segundo Andrade (1972),
dará origem ao samba. O Lundum era um gênero musical pra ser dançado. Na
ilustração acima, pode-se ver, claramente, o lundu sendo dançado por pessoas
brancas, observados por brancos e negros, acompanhados por um músico com uma
viola ou bandolim, numa demonstração clara de que o lundu já havia chegado à
elite e havia contagiado as classes mais abastadas.
Segundo
Armelin (s.d.), no site Afreaka.com.br:
O Lundu, de acordo com o pesquisador,
jornalista e crítico musical José Ramos Tinhorão, tem sua origem na palavra
calundu: um culto africano praticado no Brasil durante o período colonial e
apontado por muitos historiadores como a formação inicial do Candomblé. O Lundu
ainda é relacionado com a combinação entre umbigada africana e fandango
europeu.
Essas duas expressões musicais – a modinha e o
lundu – acabam se constituindo numa espécie de DNA de diversos outros gêneros
musicais, que apresentam as suas características principais. O samba, por
exemplo, é um gênero musical derivado diretamente do lundu (a coreografia, o
ritmo). Já a modinha era uma música de salão, feita e tocada dentro das casas;
o lundu era feito e apreciado fora das casas, inclusive por causa do aspecto
coreográfico da dança, cujos elementos coreográficos e musicais tinham advindo
das várias culturas que participaram da formação de uma sociedade
luso-brasileira (LIMA, 2001 e 2006). Esses elementos coreográficos podem
atender à seguinte descrição: “os estalidos dos dedos à guisa de castanholas, a
alternância das mãos ora na testa, ora nas ancas e os movimentos nas pontas dos
pés, que nos remetem aos passos do fandango espanhol” (TINHORÃO, 1974, p. 45; LIMA,
2001 e 2006 apud LIMA, 2010).
Armelin (s.d), no site Afreaka.com.br afirma
que:
Em 1902, a Casa Edison, primeira
gravadora brasileira, produziu o primeiro disco de Lundu no país, intitulado
“Isto é bom” e escrito e cantado por Xisto Bahia – grande ator, cantor e
compositor do ritmo. Nesta época já havia uma forte ligação entre música e
teatro, conhecida como teatro de costumes, porta de entrada para músicos de
onde a cultura brasileira viu surgir grandes sucessos.
José Veríssimo faz referência ao ritmo do
Lundum (é assim que ele o chama) em sua obra Cenas da vida Amazônica, 4ª
edição, mais recente, quando diz:
O Lundum é uma dança que admite todas as
outras.
As castanholas da jota, a
morbideza da tarantela, os passos sedutores do bolero, os passos insípidos da
quadrilha, as voltas rápidas da valsa, o sapateado do cateretê, o requebro
lascivo do fandango, a arrogância do fado (VERÍSSIMO, 2013, p. 292).
E mais
adiante, ele descreve:
A viola e a flauta cansaram.
Cansar é uma fatalidade.
A cara dos tocadores metia dó.
Rubros, suados, com os cabelos espetados
úmidos, olhos e bocas abertas, estavam grotescos.
Pararam.
Último som e nota, como diz o poeta.
O lundum cessou.
Houve uma chuva de bravos.
Os homens à mulher, as mulheres ao
homem.
Ela foi cair exausta em uma das redes.
Dizem que foi aquele o seu último
lundum. Depois de mulher do vaqueiro, teve de cuidar nos filhos e ninguém mais
a viu nas festas do divino (VERÍSSIMO, 2013, p. 296).
Por volta do século XIX, o Lundu foi considerado um
ritmo dominante nas festas e apresentações, tendo-se se tornado popular e, com
isso, sendo aceito pelos brancos. Entretanto, em fins do século XIX e início do
século XX, o Lundu deixa de ser considerado como um símbolo de identidade negra
no país e, diante de uma sociedade conservadora e elitista (imagine-se num
período de transição do Império brasileiro para uma República militarizada,
dominada pelos grandes latifundiários), passam a ser proibidas as suas
apresentações por ser considerada uma dança que imitava o ato sexual, o que
caracterizava, na época, um atentado ao pudor. No entanto, o Lundu não seria
deixado de ser praticado por todos, uma vez que, alguns escravos, continuavam a
cultuar o canto e os ritmos do Lundu de forma escondida, longe dos olhos da
sociedade. Tempos depois, a proibição da prática do Lundu perdeu o seu vigor e
terminou por cair no esquecimento. Assim, o Lundu passou a ser aceito pela
sociedade e praticado por simpatizantes, preservando sua característica
principal, que é a sensualidade. Também, tornou-se uma manifestação folclórica,
passando a fazer parte da nossa cultura. Assim Mukuna e Tinhorão descrevem a
dança do lundu: “O
requebro das ancas, outro elemento que participa da coreografia do lundu,
juntamente com um movimento circular dos quadris, tem origem nas culturas negras
trazidas para a colônia brasileira” (MUKUNA, 2006, apud LIMA, 2010, p. 208).
“Porém, um elemento de importância vital para o lundu, ou outras danças de
linhagem africana, e que será uma das mais citadas características das danças
de origem negra nestas terras, é a umbigada” (Tinhorão, 1974, p. 45; Mukuna,
2006, p. 80-85). Neste contexto, “o movimento consiste no ato dos dançarinos,
no auge de sua expressividade, chocarem o ventre, um contra o outro, na altura
do umbigo” (LIMA, 2010, p. 208).
Atualmente, essa dança é praticada em alguns
estados do Brasil, como no nordeste, mas, principalmente, na Região Norte e,
mais especificamente, na Ilha de Marajó, no Pará, como bem retratou José
Veríssimo em seu célebre livro de contos Cenas
da vida Amazônica, já exemplificado neste artigo.
A seguir, iremos descobrir como o lundu se adapta à região norte, mais especificamente à região marajoara, e como ele se desenvolve adquirindo características próprias da cultura local, surgindo, dessa aculturação, as variações de lundu marajoara e lundu chorado.
4.1 O LUNDU MARAJOARA
Fonte:
pportalparamazonia.blogspot.com (Lundu marajoara)
Certamente, o ritmo, a dança, o canto designado
lundu espalhou-se pelo território brasileiro, alcançando e encantando as
diversas classes sociais e, no decorrer da Primeira República, nas primeiras
décadas do século XX, foi considerado, também, como o precursor do samba.
Salles em seu Vocabulário crioulo:
contribuições do negro ao falar regional amazônico, faz a seguinte
afirmação a respeito desse gênero musical, no contexto específico da região
Amazônica:
Variante
lundum, voz corrente na Amazônia. Espécie de samba de roda, dança e canto comum
em todo o Brasil desde o século XVIII. Desaparecida ou pouca estimada, nas
cidades, ainda permanece em vastas regiões, com adaptações locais. A área do
lundum é muito extensa no Pará (baixo Amazonas, Óbidos; zona guajarina, Igarapé
Miri e Abaetetuba; baixo Tocantins, Cametá; principalmente a ilha do Marajó).
Maior efervescência na ilha do Marajó: lundu marajoara, que se compõe de pares
soltos em que os cavalheiros cortejam as damas. Sua principal característica
coreográfica é o rebolado de quadris dos homens (SALLES, 2003, p. 163-164).
Salles afirma que, até no momento em que esta obra
havia sido publicada, tanto a dança, como os versos e a música não haviam sido,
ainda, suficientemente pesquisados. Denota-se que, há muito o que se buscar em
relação a informações sobre este gênero musical vindo da África, e que deitou
raízes em território brasileiro, juntamente com a modinha, levando ao
aparecimento de diversos gêneros musicais, a partir do início dos anos 1900.
Pessoas que passaram pelo Pará, de viagem,
relataram, durante sua passagem, o encontro que tiveram com esse novo gênero
musical. Por outro lado, há registros históricos, oriundos de pesquisas, que
descrevem o gênero musical chamado lundu, como se pode observar no trecho a
seguir:
Há documentos
musicais coligidos por M. de Andrade Melodias
registradas por meio não mecânicos, 1946: 37). Dança favorita de negros e
mulatos no Grão-Pará, como testemunharam em 1820 os viajantes germânicos Spix e
Martius (vd. Mulato). Rayol falou do revira, nome que se dá no Pará ao baile
popular, nos idos de 1826, e grafou lundum: “O revira começou logo por um
lundum, que era nesse tempo uma das danças favoritas dos festins populares” (I.
1865: 223) (SALLES, 2003, p. 164).
E, assim, há registros que mostram o lundu sendo
conhecido até nas regiões mais distantes da Amazônia. Bates[1] (1944) relata que
presenciou essa dança ser praticada pelos índios em Barreiros de Cararaucu:
As danças eram
todas do mesmo tipo, isto é, diversas variedades de landum, dança erótica,
semelhante ao fandango, que primitivamente tinham aprendido com os portugueses.
A música consistia de duas violas de cordas de arame, tocadas alternadamente
pelos rapazes (BATES, 1944. p. 328).
Não estranhem a palavra landum descrita por Bates se referindo ao lundum. É penas uma
variação da mesma. Nos escritos de
Salles, ele afirma que:
O Comte de
Gabriac, na viagem pela América do Sul (Promenadde
a travers l’Amérique du Sul, Paris, 1868), passou pelo Pará e observou que
os paraenses “amam apaixonadamente a música e não há uma casa sem piano, violão
ou bandolim”. Diz que os portugueses do Pará tocavam o bandolim duma maneira
muito especial. Os negros revelavam a mesma disposição para a música e
dedilhavam seus cavaquinhos repetindo incessantemente o mesmo ponteado do
lundum (SALLES, 2003, p. 164).
José
Veríssimo também conheceu esse ritmo musical, como já foi comentado
anteriormente. Naquele contexto, José Veríssimo descreveu em páginas literárias
o lundum que conheceu – o lundum de Óbidos. Ele também observou que esse lundum
(como ele trata no texto) era dançado ao som de uma flauta e violão, onde os
músicos tocavam e cantavam. Tal qual se observou na 4ª edição de 2013 de Cenas da vida amazônica, a coreografia
admitia tudo, como Veríssimo primeiramente descreve em suas primeiras
publicações de Primeiras Páginas e Scenas da vida amazônica, novamente o
trecho: “as castanholas da jota, a morbidez da tarantela, os passos sedutores
do bolero, os passos insípidos da quadrilha, as voltas rápidas da valsa” (VERÍSSIMO,
1878, pp. 89-99) Primeiras Páginas e
(VERÍSSIMO, 1886, p.244-250) Scenas da
vida amazônica.
[1] BATES, Henry Walter (8 de fevereiro de 1825 – 16 de fevereiro de 1892): A partir do século XVII iniciou-se na Amazônia toda uma movimentação de viajantes/naturalistas atraídos pela biossociodiversidade dessa região, dominada por uma floresta tropical. Bates Foi um naturalista e explorador inglês, famoso por sua viagem à Amazônia, onde passou 11 longos anos. Levando de nosso território mais de 14 mil espécies que havia coletado. Assim que Bates passou a organizar e descrever sua enorme coleção, foi publicada a obra “A origem das espécies”, de Charles Darwin. A partir de então, Bates passou a ter uma ideia completamente nova a respeito do que havia visto na selva amazônica. – Fonte: uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redação/2010/02/2019/conheca-a-historia-de-henry-bates-naturalista-que-passou-11-anos- na-floresta-amazonica.htm
Essas
enumerações, segundo Salles, que aparecem nas obras de José Veríssimo e que,
antes dessas edições, foram escritas no Liberal
do Pará, confirmam o quão longe chegaram esses tipos de danças, uma vez que
Óbidos dista 108 km de Santarém, e 781 km de Belém. Assim como José Veríssimo,
Óbidos é a cidade natal de outro grande escritor brasileiro – Inglês de Sousa –
que, também, teve contato com o lundum, como se vê nos trechos abaixo:
Contemporâneo e
conterrâneo de José Veríssimo, Herculano Marcos Inglês de Sousa, também lançara
o lundum como dança preferida pela população de Óbidos no seu romance O Cacaulista, primeira edição 1876, cuja
ação decorre em Óbidos, em 1866 (SALLES, 2003, pp. 164-165).
Salles cita outras personagens que tiveram
contato com o lundum na região amazônica, como O. Condreau “que viu dançar o
lundu e o gambá na ramada do negro Raimundo dos Santos, líder dos mocambeiros
do rio Curuá, proximidades de Alenquer” (CONDREAU, 1900, p. 10-11 apud SALLES,
2003, p. 165).
Santa-Anna
Nery (1889, p. 85) assim descreve a coreografia do lundu:
O lundu é muito popular e
se dança em todo o Brasil. É de origem negra. É executado da seguinte maneira:
os dançarinos estão todos sentados ou de pé. Um par se levanta e começa a
festa. Quase não se mexem no início: estalam os dedos como se fossem
castanholas, levantam os braços, balançam-se molemente. Pouco a pouco o
cavaleiro se anima: evolui em torno da dama, como se a fosse enlaçar. Ela fria,
desdenha as investidas. Ele redobra de ardor e ela conserva a soberana
indiferença. Agora, ei-los face a face, olhos nos olhos, quase hipnotizados
pelo desejo. Ela se agita, lança-se; os seus movimentos se tornam mais
sacudidos e se aceleram numa vertigem apaixonada, enquanto a viola suspira e os
assistentes, entusiasmados, batem palmas. Depois ela para, ofegante, exausta.
Seu parceiro prossegue a sua evolução por um instante e, em seguida, vai
provocar outra dançarina, que sai da roda, e o lundu recomeça, febricitante e
sensual.
O
historiador Artur Viana diz que “o lundum substituía nos bailes populares as
velhas danças europeias” que, no entender do historiador eram sem graça e
monótonas (SALLES, 2003, p. 165). O historiador assim se refere ao se deparar
com o lundu:
Eram lânguidos requebros
do corpo; passos cadenciados em ritmos caprichosos, ora avançando, ora recuando;
meneios de garridice provocadora; posições múltiplas, pondo em relevo as formas
do corpo, tudo sem regras convencionais e obrigatórias, ao sabor da maior ou
menor habilidade dos que dançavam (VIANA, 1905, p. 381 apud SALLES, 2003, p.
165).
Salles faz diversas observações a
respeito de dados coletados sobre a adaptação do lundum no contexto regional,
ou mais especificamente, no Pará. Nesse contexto “Inglês de Sousa indica o
lundum ou chorado entre as danças vulgares nas cercanias de Óbidos” (O
cacaulista, 1876) (SALLES, 2003, p. 165).
Salles afirma que o lundu teve e
ainda tem uma importância muito grande no que tange à assimilação da cultura
negra na sociedade brasileira, incorporando uma mistura de elementos culturais
indígenas e europeus, que se identificaram de maneira muito forte na região
amazônica, chegando ao ponto de Salles afirmar que o lundum é um produto da
criatividade dos povos da Amazônia, citando o negro Cirilo Silva, entre os mais
notáveis.
Ele
cita também as coletas iniciais do compositor José D. Brandão (1865-1941). Veja
o texto que foi remetido a Mário de Andrade (SALLES, 2003, p. 166):
Senhora dona me diga
Quem pergunta quer saber:
Quem parte daqui agora
Onde vai amanhecer?
Sinhá Leocádia
Do Ribeirão,
Fale co’a gente
Não seja má não!
Está me olhando
Co’esses olho matador,
Parece que estão dizendo:
Quero ser o seu amor.
4.2 O LUNDUM CHORADO
Fonte:
youtube.com – dança do lundu.
Além
do Lundu Marajoara, o Lundum Chorado também foi amplamente
disseminado, senão no resto do Brasil, pelo menos no Pará. Foi descrito por Luís
Demétrio Juvenal Tavares, poeta e jornalista de grande talento, nascido em
Cametá a 21 de junho de 1850 e falecido em 1907. Publicou várias obras, como Pyrilampos (1877), Paraenses (1877), Viola de
Joana (1887), Versos antigos e
modernos (1889) e os livros de contos Vida
na roça, Casos e mais casos, Serões de Mãe Preta, além de Musa Republicana.
Assim
Francisco Manoel Brandão[1], outro escritor de Óbidos,
descreve o Lundu em seu livro Terra Pauxi
(1955, p. 90-91):
O lundu é dança de origem
africana e o banto de Angola seria o
seu maior “aficionado”! Dança de fundo sensual, para mim teve seu termo de
imitação coreográfica na evolução das aves quando em conluio amoroso. A
submissão total do elemento feminino está na dança quando o cavalheiro estende
o braço, e, com a ponta do paletó ou da blusa, improvisa uma espécie de asa
aberta, sob a qual se abriga a dama conquistada! É o domínio completo do
dançarino-conquistador e a adesão total da eleita./ Essa dança eu a conheci no
rio Trombetas. Era dançada por um “par” de cada vez. Não tinha recitativo nem
cantoria. Ao ritmo de uma música alegre e saltitante, o cavalheiro saia
sapateando, se requebrando, estalando os dedos à guisa de castanhola, em busca
da dama. Chegava perto dela, fazia um “saracoteio” coreográfico como preâmbulo
de conquista, assim uma espécie de convite ao amor, e ela saia, toda sestrosa,
cheia de dengo e malícia, se ‘peneirando” ou dele fugindo como “quem não quer,
mas querendo”./ No lundu do Trombetas e adjacências não houve dançador angolas,
cabinda, benguela ou outro bantu qualquer que fosse capaz de dança-lo tão bem
como o meu tio Zé Ferreira (BRANDÃO, 1955, p. 90-91).
Para Salles (2003) o lundum espalhou-se também para
os lados do Baixo Tocantins e região das ilhas do golfo marajoara,
caracterizando-se principalmente pela dança, acompanhada sempre por uma pequena
orquestra de músicos e cantadores que animavam as reuniões festivas. Na opinião
de Tavares (1900. P. 49-50) esse lundum se caracterizava por ser “um lundum
chorado e cheio de desafios”. Na descrição de Salles (2003, p.167) “desafiam-se,
em quadras, dois cantadores músicos: um, tocador de harmônica; outro, tocador
de rabeca.”
Salles (ibidem, p. 167) também vai buscar nos
dicionários uma compreensão mais objetiva para esse gênero musical: “apesar da
abundante documentação indicada, e da extensa bibliografia que ainda se poderia
reunir, os léxicos regionais, em sua quase totalidade, omitiram o t”. Apenas
Magalhães (1911. p.38) faz esse registro, descrevendo que é um “certo canto
popular; nome de uma dança de negros. Amuo; zanga”. Faz referência também ao
adjetivo lunduzeiro: “Que tem o
habito de se amuar; zangado” (ibidem, p. 38). Quanto à etimologia da palavra, Mendonça
(1973, p. 144) assim se refere:
Os autores concordam em atribuir-lhe
origem conguesa ou quimbunda; não lhe dão, porém, étimo algum. Lundu também se chama a música que
acompanha a dança. Como o lundu era
uma festa que acompanhava a colheita no campo, é possível se prenda sua origem
ao cafre landu, consequência, o que
se segue a um ato.”
Salles
(2003) faz uma enumeração de comentários envolvendo diversos autores acerca da
origem do lundu:
Da lição de A. Nascentes “De
origem africana”. Segundo Moraes, diz Beaurepaire Rohan em seu Dicionário de vocábulos brasileiros, é
vocábulo conguês e bunda. Cannecattin diz na introdução ao seu Dicionário, p.
112: “E os bailes que chamam (abundos e congueses) lundus, batuques e outros
usos menos abomináveis”. M. Soares considera um africanismo (Revista
Brasileira, 15/05,1880). N. Lopes (s.d., p.147): “Provavelmente do quicongo
Lundu, nome de um país perto de Kingoyi”.
(Laman, 1964), i.é, o país de origem dos quiocos. Lundu é também um
topônimo de Moçambique. Veja-se também calundu, antigo culto afro-brasileiro
(SALLES, 2003, p. 167).
Em resumo, Lundu-chorado é uma “modalidade do
Lundu largamente conhecida e disseminada no Pará. Referências em Belém, Marajó,
Bragança, baixo Tocantins, baixo Amazonas, comprovam a larga difusão” (SALLES, 2003,
p. 167). Inglês de Sousa, natural de Óbidos, no Pará, na obra O cacaulista (1876), faz referência ao
lundu, bem como Juvenal Tavares em sua obra Vida
na roça (1901, p. 49-50) refere-se a “um lundum chorado e cheio de
desafios”, na região do baixo Tocantins. Segundo J. Braga citado por M. Andrade[2], o lundu-chorado é uma
“modalidade de lundu que, segundo Tolentino, caracterizava-se por ser mais
lento” (ANDRADE, 1989, p. 282). Pinto de Carvalho comenta a coreografia da
dança do lundu como “o cúmulo da indecência, o sublime do canalhismo, o que
jamais impediu que o bailassem nas salas de primor” (ibidem, p. 282). Tó
Teixeira também fez anotações do lundu-chorado, como um estilo de dança e
música muito apreciada, tocada e dançada em Belém (SALLES, 2003).
4.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS
- Caracteriza-se por um gênero
musical e dança folclórica de origem afro-brasileira criada a partir dos
Batuques dos escravos (de Angola e do Congo);
- Ritmos muito agitados,
predominando os tambores;
- Usa muito notas repetidas;
- O objetivo do Lundu era o
cortejo amoroso entre os casais numa roda de batuque;
- O ritmo e a dança foram
sofrendo modificações no decorrer do tempo, porém a evidência maior é a
sensualidade. Apresenta rebolados e “quebras” de quadris, característicos dos movimentos
africanos;
- A dança começa com a mulher que
vai ao centro do salão ou da roda, dançando de modo sensual, a fim de chamar a
atenção do homem. Este se levanta e vai até o centro acompanhando os passos da
mulher. Ela, entre charmes e recusas, acaba aceitando a companhia masculina;
- Coreografia e ritmo
influenciaram o samba;
- Feito e cantado fora dos
salões, principalmente por causa da dança; mas com o tempo, esse ritmo foi
sendo adaptado para os salões, circos, teatros do Brasil e, mesmo em países
latino-americanos, como: Argentina, Uruguai, peru, Chile e Bolívia;
- Há casos em que a temática
trata-se de um jogo de sedução entre o negro escravizado com a senhora (chamada
assim de “sinhá”, “nhanhá” ou “iaiá”), e dessa relação vemos um discurso de
desejo e violência em que essa sinhá que, ao mesmo tempo despreza esse homem,
mostra uma intimidade.
- Herdou da cultura europeia,
a melodia e harmonia para a composição musical, bem como o estalar dos dedos, a
postura corpórea e o acompanhamento do bandolim.
4.4 PRINCIPAIS LETRISTAS E
COMPOSITORES
-
Gregório
de Mattos Guerra (1633-1696);
- Domingos Caldas Barbosa, nascido no Rio de
janeiro (RJ), em 1740 e morreu em Lisboa (Portugal), em 9 de novembro de 1800;
-
Xisto
de Paula Bahia nasceu em Salvador (BA), em 06 de agosto de 1841 – morreu
em Caxambu (MG), em 30 de outubro de 1894;
- Manoel Pedro dos Santos (1870-1944), de Santo
Amaro da Purificação;
- Domingos Caldas Barbosa, nasceu no Rio de janeiro
(RJ), 1740 – morreu em Lisboa (Portugal), em 9 de novembro de 1800;
4.5 ANÁLISE DE LETRAS MUSICAIS
DE LUNDU OU LUNDUM
MÚSICA
1: ISTO É BOM (Autor: Xisto Bahia) (Interpretação de Nara Leão - 1978)
Yayá você quer morrer
Quando morrer morramos juntos
Que eu quero ver como cabe
Numa cova dois defuntos
Isto
é bom, isto é bom, isto é bom que dói
Isto
é bom, isto é bom, isto é bom que dói
A saia de Carolina
Me custou cinco mil réis
Arrasta mulata a saia
Que eu dou mais cinco e são dez
Isto
é bom, isto é bom isto é bom que dói
Isto
é bom, isto é bom isto é bom que dói
Mulata Levanta a saia
Não deixe a renda arrastar
A saia custou dinheiro
Dinheiro custa ganhar
Isto
é bom, isto é bom, isto é bom que dói
Isto
é bom, isto é bom, isto é bom que dói
Os padres gostam de moças
E os solteiros também
Eu como rapaz solteiro
Gosto mais do que ninguém
ANÁLISE:
Resumo
histórico: O lundu Isto é bom foi o primeiro ritmo a ter
registro fonográfico no Brasil, em 1902, exatamente 15 anos antes de Donga
gravar o clássico samba Pelo telefone. Embora a gravação do lundu
tivesse ocorrido no Rio de Janeiro, o autor e o intérprete eram baianos. O
primeiro, o ator e compositor Xisto de Paula Bahia (1841-1894), de Salvador; o
segundo, o cantor Baiano, registrado Manoel Pedro dos Santos
(1870-1944), de Santo Amaro da Purificação. Também gravaram mais tarde este
lundu, dentre outros, Jorge Veiga (1972), Nara Leão (1978) e a dupla Vitor da
Trindade e Carlos Caçapava (2000), Juliana Ribeiro (2012).
Uso repetitivo de versos: Isto
é bom, isto é bom isto é bom que dói / Isto é bom, isto é bom isto é bom que
dói
O homem corteja a mulher: Yayá
você quer morrer / Quando morrer morramos juntos / Que eu quero ver como cabe /
Numa cova dois defuntos. Yayá.
O ritmo melódico inspira a sensualidade: dança
sensual, rebolados, requebros de quadril, envolvendo os movimentos que a mulata
faz com a saia. Com o levantar da saia para não arrastar no chão, percebe-se os
contornos das pernas da mulata.
O
que é bom? Ver a mulata dançando e mostrando toda a sua
sensualidade.
Yayá
ou sinhá pode ser referência a uma senhora (forma feminina de
sinhô, “senhor”), e pode estar se desenvolvendo ali um jogo de sedução.
FONTES:
Isto é bom (compositor: Xisto
Bahia - 1902 / intérprete: Baiano). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Pn08p-sNf9o&ab_channel=NossosRitmos
Isto é bom (Nara Leão - 1978)
– disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=521FpzC7uSo&ab_channel=NaraLe%C3%A3o-TemaNaraLe%C3%A3o-Tema
A mulata (Nara Leão - 1978) –
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=521FpzC7uSo&ab_channel=NaraLe%C3%A3o-TemaNaraLe%C3%A3o-Tema
Isto é bom (Jorge Veiga –
1972) disponível em https://www.youtube.com/watch?v=BMhqbCImlsA&ab_channel=AntonioLucente
Isto é bom (Vitor da Trindade
e Carlos Caçapava - 2000) disponível em https://www.youtube.com/watch?v=i7kY-RIBeO4&ab_channel=V%C3%ADtordaTrindadeeCarlosCa%C3%A7apava-Topic
Isto é bom (Juliana Ribeiro –
2012). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=BEE4pQ8jljs&ab_channel=MarcioSantosOliveira
MÚSICA
2: LUNDU – MEU SER ENCANTADO (Dan Miranda)
OBS:
LUNDU MARAJOARA
Ê
vaca velha! Ê boi!
O meu lundu nasceu
Em frente à cidade de Soure
A dança que vi por ali
Mexeu com o meu coração.
O meu lundu nasceu
Olhando a correnteza pequena
Uma rabeta deslizou serena
No rio para Cauari.
Encontrei com dona Maria do
Chico
Ela dançou um lundu tão bonito
Com grande emoção no olhar
Visitei um grande vaqueiro da
tapera
Preto Juvêncio, domador de boi
Nos campos do Marajó.
Ê
vaca velha! Ê boi! – 2 vezes
Mulher, mulher, você me
enfeitiçou
Fez parar minha cabeça
Antes que eu esqueça
Quero perguntar teu nome
De onde você vem
Pra onde você vai
É uma sereia
Um ser encantado.
Você me fez enlouquecer
Dominou o meu coração
Me ama na areia
Meu doce pecado.
ANÁLISE:
Repetição
de palavras: “Ê vaca velha! Ê boi!”
Ritmo
regionalizado, caracterizando o Marajó: cidade de Soure, rabeta, rio, campos
do Marajó...
Predomínio
de nomes comuns: Maria do Chico, preto Juvêncio, habitantes da
região.
Uso
de superstição e folclore: enfeitiçou, sereia, ser encantado.
Temas
regionais: a composição descreve momentos do cotidiano da vida no
Marajó, hábitos, costumes: “Visitei um grande vaqueiro da tapera” / ”Uma rabeta
deslizou serena no rio para Cauari”.
Melodia:
cadenciada, com uso de bandolim e tambores.
Exaltação
da figura feminina: A mulher enfeitiça o homem com a sua
sensualidade corporal, com seu rebolado dos quadris. Para a sociedade dominante
do final do século XIX e início do século XX, a dança do lundu era um atentado
ao pudor, aos bons costumes.
FONTE:
CD Grupo Cheiro do Pará.wmv.
Lundu, ser encantado. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=aFwI6bkWaOw&list=RDZ02vzJCoFHI&index=2&ab_channel=DanMirandaDanMiranda
MÚSICA
3: CELEBRAÇÃO (Nei Lopes)
OBS:
LUNDU-CHORADO
Sinhá na rede dormindo
Duas mucamas ao lado
Cena de um tempo passado
Que outro poeta escreveu
Em meio ao sono a senhora
Vai toda se amolengando
Está, por certo, sonhando
Com certo alguém que sou eu...
Eu não sou ralador
Para o coco ralar
Não sou de salvador
Nem Belém do Pará
Meu claro senhor
Olhe sua sinhá
Tá me olhando com dengo
Para me enfeitiçar...
Calma de flor de laranja
Pele de manga madura
Gostinho bom de verdura
Fonte fazendo chuá
Voz de viola chorando
Olhos como a estrela d’alva
Restos de origem fidalga
Eis o perfil da sinhá...
Eu não sou ralador
Para o coco ralar
Não sou de salvador
Nem Belém do Pará
Meu claro senhor
Olhe sua sinhá
Tá me olhando com dengo
Para me enfeitiçar...
Não por ser branca e senhora
Mas por ser boa e bonita
É que a senhora me agita
Faz-me a viola chorar
Claro senhor, não se atreva
Que eu tenho cá meus motivos
Eu só me faço cativo
Se for pra sua sinhá...
Eu não sou ralador
Para o coco ralar
Não sou de salvador
Nem Belém do Pará
Meu claro senhor
Olhe sua sinhá
Ta me olhando com dengo
Para me enfeitiçar.
ANÁLISE:
Estrofe
1:
Descreve um lundu cadenciado que fala de uma sinhá - senhora de cor branca –
dormindo na rede. Dormir na rede remete a um habito tipicamente paraense, ou de
algumas regiões do Para, como Belém, Marajó, Santarém, baixo Amazonas, etc.
Mucamas eram escravas negras
que serviam à sinhá, durante a escravatura no Brasil.
Amolengando: uma pessoa
molenga, que fica mole, sem forças, desanimada, sonolenta
Estrofe
2:
a personagem nega ser de salvador ou de Belém do Pará, nega ser dessas regiões.
Uma senhora está provavelmente a olha-lo com interesse, como se estivesse
flertando o rapaz (olhando com dengo...) e ele pede ao senhor, provavelmente
marido da mulher que trate de prestar atenção nela, pois ela o queria
enfeitiçá-lo (uma alusão às superstições de contos amazônicos), como o boto que
enfeitiça a mocinha, ou a mãe d’água que leva o enfeitiçado pro profundo do
igarapé.
Estrofe
3:
aqui o rapaz faz uma descrição da mulher (sinhá), comparando-a com a própria
natureza, com as frutas, verduras, riacho (Pele de manga madura /
Gostinho bom de verdura /
Fonte fazendo chuá). Ele repara na voz da mulher como se estivesse chorando,
como se entoasse um canto triste. Os olhos como a estrela d’alva, ou seja, eram
brilhantes. Ela devia ter provavelmente um aspecto nobre (resto de origem
fidalga) que enfim, denota generosidade, liberalidade, atitude. Enfim, ele
derrama-se em elogios à mulher, buscando, para isso, a própria regionalidade.
Estrofe
4:
a mulher é branca que lembra a mulher portuguesa. Ele também usa uma forma
respeitosa quando se refere a ela. Ele a chama de senhora. Ela o atrai e há uma
relação de cortejo amoroso entre ele e a senhora. Pode estar havendo um jogo de
sedução entre o homem e a senhora (mas por ser boa e bonita / é que a senhora
me agita / faz-me a viloa chorar.
FONTE: Celebração.
Disponível em https://www.vagalume.com.br/nei-lopes/lundu-chorado.html.
Acesso em 08.ag.2021.
Outras
fontes:
Lundu – negro sol – disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=gBCO4RDbOh0&list=RDZ02vzJCoFHI&index=4&ab_channel=DanMirandaDanMiranda
Arraial do Pavulagem – música
do litoral norte: Lundu Marajoara. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6nJ4AfBXnzQ&list=RDZ02vzJCoFHI&index=7&ab_channel=RafaelMirandaRafaelMiranda
Cultura Pai D’égua - Balé
folclórico da Amazônia Brasil – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yTNHxwWnUI4&list=RDZ02vzJCoFHI&index=10&ab_channel=CulturaPaiD%27%C3%A9guaCulturaPaiD%27%C3%A9gua
Ilustrações (figuras de danças
do lundu) – disponível em https://www.google.com/search?q=ilustra%C3%A7%C3%B5es+da+dan%C3%A7a+lundu-chorado&tbm=isch&ved=2ahUKEwjto
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Martins Fontes, 1972.
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Disponível em http://www.afreaka.com.br/notas/sensualidade-e-graca-lundu/.
Acesso em 30.mai.2021.
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Cândido de Melo Leitão. São Paulo: Ed. Nacional, 1944 (Brasiliana, v. 237 e
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au Rio Curua: 20 Novembre 1900 -7
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1903.
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primeiras manifestações da música popular urbana no Brasil. In: As Modinhas do Brasil. São Paulo: Ed.
da USP, 2001. Disponível em https://www.passeidireto.com/arquivo/40420923/a-modinha-e-o-lundu-no-brasil-em-as-primeiras-manifestacoes-da-musica-popular-ur.
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VIANA, Artur. Festas populares do Pará. In: Annaes da
biblioteca e Arquivo Público do Pará. Belém. V.4, pp. 373-389. 1905.
[1]
Francisco Manoel Brandão, nasceu na cidade de Óbidos, no dia 10 de abril de
1907, onde passou a infância e adolescência. Segundo relatos em seu livro
intitulado Terra Pauxis, quando criança quase perdeu a vida nas águas do Rio
Amazonas. Aos 19 anos seguiu para o Rio de Janeiro. No decorrer de sua vida
ocupou vários cargos, entre eles: advogado, escritor, poeta, folclorista,
ensaísta, compositor, fotógrafo, oficial intendente do Ministério da Guerra,
entre outros. Desenvolveu inúmeros trabalhos sociais, entre eles fundou a
biblioteca Falada da Baixada Fluminense. Autor de poemas, livro, músicas e
trabalhos artísticos. Faleceu no dia 02 de março de 1968.
[2]
Mário de Andrade foi o grande mentor intelectual da Geração de 20,
foi também poeta, prosador, pianista, funcionário público e, acima de tudo,
um homem compromissado com o desenvolvimento cultural do Brasil.
Sua obra, dividida em
livros de poesia, prosa de ficção, folclore, ensaios e história da música, é,
até hoje, um marco na literatura nacional, pois introduz uma nova
linguagem literária, que se apropria da língua do povo, diferentemente do
academicismo parnasiano em
voga até então. FONTE: Disponível em
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/mario-andrade-1.htm.
Acesso em 08.ag.2021.