“Todos os cubanos que sonharam e
sonharão, com a liberdade são, sem exceção, poetas” . Arciniegas
Com a expansão da elite europeia em
busca de privilégios, terras, riquezas e fortunas em outros continentes a
partir do século XV, além da política econômica utilizada através do Sistema
Colonial, que criaram um conjunto de medidas através da intervenção do Estado impondo seus
princípios em que as colônias teriam que obedecer. Com a chegada no Novo Mundo,
algumas características principais vão ser enfatizadas através dos metais
preciosos e a sua prática, assim como, o início da exploração colonial. Neste
primeiro momento, com algumas mudanças diante da nova realidade foi através do
tráfico e comércio, com o ultramar. Portanto, uma nova ordem estava sendo
imposto pela Europa Ocidental.
Diante do contexto frisado e levando em consideração todo o processo de um novo sistema vigente, o continente latino-americano vai fazer parte deste cenário que inclusive vai atingir o mar do caribe, em 28 de outubro de 1492, com a chegada Cristóvão Colombo à querida e principal Ilha de Cuba, no arquipélago, incluindo a Ilha da Juventude e outras, com aproximadamente 200 mil habitantes. Em virtude de sua localização privilegiada e com chuvas tropicais, esta Ilha, é considerada um paraíso para os turistas e uma das mais visitadas do mundo, atualmente. Cuba teve a ocupação e colonização pelos espanhóis só a partir de 1510, sendo o centro estratégico de organização que possibilitou novas conquistas, como o México e outras regiões entre a Flórida e o norte da América do Sul. As ocupações realizadas tinham como base as encomienda, mecanismo utilizado para manutenção das relações entre os espanhóis e os povos originários. Segundo algumas estimativas em relação aos povos originários cubanos antes de 1492 variam em 100 mil a 500 mil.
Desde a chegada de Cristóvão Colombo, Cuba
torna-se uma colônia espanhola, mesmo assim, durante todos esses anos, os
nativos se organizam politicamente e criam movimentos pela sua independência,
como aconteceram em vários momentos no século XIX, sem sucessos em suas investidas.
Logo depois, Cuba passa para dominação norte-americana. Com a Paz de Paris,
Cuba passa a pertencer a Flórida, tratado assinado no dia de 10 de fevereiro de
1763 entre França, Portugal, Espanha e Grã-Bretanha.
Por ter o privilégio estratégico e geopolítico,
desde o início da colonização, Havana, passar a agregar o intercambio
comercial, principalmente, por ter o seu porto como base das trocas,
aglutinando as embarcações que faziam os transportes das mercadorias das colônias
para as metrópoles, tendo o açúcar, café e o tabaco como os principais produtos.
Com isso, faz com que a Ilha de Cuba se transforme em feitoria, proporcionando
mudanças profundas no ambiente, como a utilização da mão de obra, concentração
de terras e sua importância para o mercado. Como esta torna-se a Ilha do açúcar
e dos escravos proporciona um mercado satisfatório para a Espanha, que era uma
das principais potências neste período na América, assim como o resto da Europa.
Vale destacar, que um breve período de dez meses, em 1762, os ingleses se
apropriaram de Havana e vizinhança, inclusive introduzindo 10.000 escravos
negros vendidos aos colonos sob seu poder por preços baixos. Importante frisar
que os colonos cubanos recebem o recado das elites, que teriam que produzir o
máximo possível da produção de açúcar para o país inglês que seriam
recompensados, mesmo não sendo estimados e provocando saques em terras que não
concordassem com sua forma de dominar o território. Com o decreto da liberação
do livre comércio no continente, levando com que os mercadores percebem que tem
apenas que competir com seus concorrentes inglês, em outras áreas percebem que não
é o ideal, como viam Jamaica e Barbados.
Com a saída dos ingleses dos territórios do mar do caribe, os proprietários de engenhos cubanos mesmo sendo muitos fortes, ainda tinham dúvidas, em virtude de algumas situações que aconteciam como o momento que passou Saint-Domingue francês (Haiti), onde os negros expulsam seus proprietários, levando a criação de um Estado livre a escravidão, governados pelos nativos, ex-brancos e ex-escravos.
“Antemural das Índias e chave do Novo
Mundo” era a denominação dada pelos espanhóis a Cuba e até 1898 foi colônia da
Espanha, portanto, três séculos subordinado ao capital metropolitano europeu. Com
este contexto, Cuba cresceu bastante, só para ter ideia, entre 1787 e 1841, a
sua população passou de 176 mil para quase um milhão, segundo o Instituto de
História de Cuba, do ano de 1994. Também enfatiza que neste período, a
composição racional o número de brancos
caiu de uma ligeira maioria para 41,5%, havendo então 43,3% de escravos e 15,2%
de negros e mulatos livres.
Logo a dependência nas relações de Cuba com
EUA, contribui efetivamente com o último, principalmente, quando se mantem a
ligação entre os oceanos Pacífico e Atlântico. Assim, os EUA precisavam manter
as áreas do mar do Caribe, através da criação das bases militares e garantiu a
proteção para construção do canal do Panamá, no ano de 1914.
Neste contexto, a resistência cubana
continua em defesa de sua independência e um dos momentos considerados
importantes neste processo histórico, temos a do início de 1895, sob liderança
de José Marti. Este era um poeta, intelectual, pensador, ativista político, professor
e jornalista, que utilizava as táticas de paralisações dos trabalhos nas
fazendas; além de provocar incêndios nos canaviais. Com toda essa pressão que
vinha da produção da cana de açúcar, principal produto explorado nas fazendas
para o mercado europeu e espanhol, a potência espanhola se ver obrigada
conceder a independência para Cuba, em 25 de novembro de 1897. Em pouco tempo, em
1º de janeiro de 1899, portanto, dois anos, uma junta militar americana assume
o governo, tendo um general no comando, mas em 1902, as forças militares
americanas são retiradas, porém, com a tutela do EUA, com a emenda Platt, tratava
que Cuba não poderia fazer acordo sem autorização dos EUA e intervenção interna
dos EUA em Cuba, em caso de necessidade.
Vale ressaltar que neste momento
decisivo pela consolidação de sua independência, o pensador José Marti enfatiza
o sentimento de Simón Bolivar, um dos principais líderes pelas independências
na América latina, que disse o seguinte: - Os Estados Unidos (...) parecem
destinados pela Providência a disseminar a miséria na América em nome da
liberdade”. Frase produtiva e real da conjuntura vivenciada. Logo em seguida, os
Estados Unidos anunciaram a Doutrina Monroe, em 1823, com a possibilidade de
policiar o hemisfério. Então, o poeta José Marti faz suas reflexões, em que no
ano de 1891, produz seu ensaio, chamado de “Nossa América”, em se tratando de
América latina, advertindo a ameaça dos EUA na América. E diz: Nossa América
está correndo outro risco que não vem de dentro, mas surge de diferença em
origens, métodos e interesses entre as duas metades do continente (...). O
desprezo do nosso terrível vizinho, que nos desconhece, é o maior perigo para
nossa América (...). Por sua ignorância, ele pode nos cobiçar (...).
Na década de 1930, os descontamentos populares iniciam indo atingir
a Universidade, que tinha sido fechada em 1931; greve geral nas fábricas,
inclusive um geral, em 1933 sob liderança do ditador general Gerardo Machado. Com
essa situação, Fulgêncio Batista como chefe do exército e respeitado do país
através de sua base militar, com a aprovação da nova Constituição, em 1940, em
Cuba, Batista é eleito Presidente e doze anos depois retorna através de um
golpe depondo Carlos Socorrás. Com o poder na mão e membro do Partido Liberal controla
a política cubana neste período com interesses para os norte-americanos.
A partir do início da década de 1940, a
guerrilha foi o caminho para os revolucionários e para a oposição da revolução,
sendo a principal forma de luta revolucionária para o terceiro mundo, portanto,
a partir deste período todos estavam voltados para a guerrilha, além, das
táticas sendo divulgadas pelos ideólogos da esquerda radical e críticos da
política soviética.
Durante a década de 1950 foi recheada de lutas guerrilheiras no terceiro mundo, tendo acontecido nos países que foram colônias, sendo a resistência da descolonização não sendo pacífica.
Com um golpe militar, em março de 1952, um
ex-sargento do exército de nome Fulgêncio Batista retorna à presidência da
república de Cuba, tendo no seu governo, como característica a corrupção
sistêmica, sendo o principal beneficiado por esse jogo de interesses, sendo o
poder e dinheiro suas principais prioridades. Como cordeirinho dos EUA,
Batista, debela toda fortuna que pudesse alcançar. Neste momento, a base
militar de Guatánamo, tinha sido consolidado pelos norte-americanos a partir da
intervenção bélica na guerra de independência cubana contra os espanhóis , em
1903. Como a Ilha de Cuba tinha uma produção de açúcar significativa, rum,
charutos e esportistas para o mercado americano, sempre recebia a visita dos grandes
empresários. Importante destacar que entre os cubanos tinham os descendentes
dos escravos africanos que produziam no cultivo da cana-de-açúcar, porém,
pagavam altos preços para suprir suas necessidades. O cenário cubano era que a
pobreza era generalizada; além de que os clérigos católicos não tinham a
preocupação com a questão social; a criminalidade era alta e o aproveitamento
escolar era baixo, com exceção da minoria rica.
Com a situação vigente, a sociedade
cubana possui os seus diversos seguimentos que se organizam politicamente,
como o Partido Ortodoxo. Diante da conjuntura política, para Fidel Castro,
acreditava que um golpe de estado sendo feito por pequeno contingente de
revolucionários armados era o suficiente para reverter a situação de Cuba, já
que em 1952, como principal liderança do Partido do Povo, saiu candidato e
frustrado com a participação dos membros do Partido, desligando logo em
seguida.
Em 26 de julho de 1953, reivindicou, mobilizou e organizou uma ação armada juntamente com os revolucionários, atacando o quartel de Moncada, principal do exército de Santiago de Cuba. Alguns militantes e revolucionários foram assassinados, torturados e outros foram presos, como foi o caso de Fidel Castro, no julgamento que aconteceu, como advogado, fez seu discurso espetacular, que no final diz: - A História me absorverá. Após pressões de todos os lados, é anistiado por Batista e conseguiu fugir para o exterior em busca de apoio e financiamento para organizar um novo golpe. Como sabemos, a ampliação do plano de ação, neste dia, teve também três ações, como a tomada do quartel de Bayamo, do hospital civil Saturnino Lora e do Palácio da Justiça, que infelizmente, não foi possível se efetivar.
A militância e o/a cidadão/cidadã consciente politicamente em defesa e solidariedade a
Cuba através das associações, entidades, partidos políticos progressistas,
movimentos sociais e populares reconhecem esta data, como uma das mais
importantes para Ilha e toda a esquerda da América Latina. Mesmo com ações e
tentativas frustradas dos combatentes, a partir deste momento, passou a denominar
“Movimento Revolucionário 26 de Julho” – MR 26-7 e foi o início da Revolução Cubana.
Viva a Rebeldia Cubana!
Referências
CHOMSKY, Aviva. História da
revolução cubana. Veneta. 2015.
LEITE, Maria do Carmo Luiz Caldas.
Cuba Insurgente: Identidade e Educação. Editora CRV. 2023.
POMER, Leon. As independências na
América Latina. Editora Brasiliense. 4ª Ed. 1983.
SERVICE, Robert. Uma História do
Comunismo Mundial Camaradas. DIFEL. 2015.
VALLADARES, Eduardo & BERBEL, Márcia. Revoluções do século XX