sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Os professores e a política




                                                                             Valdivino Cunha da Silva*




O professor Ribamar, pediu-me que fizesse minhas considerações em seu blog, sobre a importância do professor no exercício da política. Ele defende a tese de que seriam  os professores  os mais aptos a exercerem um cargo eletivo na política. Não corroboro com sua opinião, o máximo que me aproximo desse ponto seria uma defesa em torno de formação, tendendo a defender os sociólogos como aqueles que do ponto de vista técnico e social seriam quem reuniriam as melhores condições para o exercício da politica. Não é uma defesa em causa própria (pelo fato de  eu ser  sociólogo) é um argumento técnico.



As leis eleitorais brasileiras não estabelecem categorias de profissionais que concorram a cargos políticos, se assim fizessem muitos médicos não se elegeriam a custa imoral da laqueadura de mulheres pobres brasileiras ou dentistas que se elegem a custa de dentaduras, ou ainda, em troca de água potável (pasmem!) ou à custa de outras misérias presentes em todas as regiões brasileiras, notadamente nas regiões norte e nordeste.




Max Weber em sua “Ciência e Política: duas vocações” destacam dois aspectos relevantes quanto a isso. “Viver para a Política ou viver da Política.” Essa me parece ser a grande questão a ser debatida. Para o famoso sociólogo alemão, quem vive para a Política, deve está sempre na busca de soluções  à vida coletiva. Do ponto de vista do poder, o valor pessoal e a ética são elementos fundamentais para o exercício da coisa pública que deveria está acima dos interesses pessoais.




Na análise weberiana, o homem sério vive a serviço de algo, que contribui inclusive para dar significado a sua vida. Segundo Weber, “... todo homem sério, que vive para uma causa, vive também dela”.  Dessa forma, o político profissional, ou seja, aquele que vive da política, que é quase a totalidade do caso brasileiro, não tem mérito porque é beneficiário de seus próprios interesses, sejam eles econômicos,  sociais ou políticos e eles estão, portanto, sempre na condição de “político profissional” e fazem da politica um instrumento ilícito, de enriquecimento fácil e imoral.  Weber destaca ainda que: “... em condições normais, deve o homem político ser economicamente independente das atividades que a atividade política lhe possa proporcionar...” Não ouso dizer que ele, Weber, um dos clássicos da sociologia, esteja errado, mas ser economicamente independente não é garantia do bom exercício da política, pois,  os vampiros não se satisfazem com a quantidade de sangue que sugam, eles querem sempre mais.



               *O autor é Sociólogo e Educador do SOME - Seduc/Pa.

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