terça-feira, 7 de maio de 2019

O campo e a educação modular na Amazônia paraense





Quando pensei em escrever este texto, estava relendo a obra de Raymond Williams “O Campo e a Cidade”, da Companhia do Bolso, tendo com suporte três dicionários: Dicionário de Conceitos Históricos, da Editora Contexto; Dicionário das Ciências Históricas, da Editora Imago e o Dicionário de Educação do Campo, da Expressão Popular.




Willians (2011) trabalha com conceitos entre Cidade e Campo, muito interessante e as ideias que estão ao seu redor, que frisaremos principalmente o Campo, que é nosso interesse em relacionar com a educação modular na Amazônia paraense.  O Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, a partir de 2014, com a Lei Nº 7.806 torna-se uma política pública após 35 anos de existência no estado do Pará.  No dia 15 último, o SOME completou 39 anos de educação funcionando em diversas localidades, sob o gerenciando da Secretaria Estadual de Educação – SEDUC.




Segundo o autor a ideia que se tem do Campo parte da palavra inglesa the country que pode ser considerada toda sociedade ou uma parte do rural. Fica evidente a relação entre Cidade e Campo na história da sociedade humana, partindo do princípio que é do Campo que é extraído a sobrevivência dos trabalhadores rurais e o comércio dos meios de subsistência, tanto do homem do Campo, como da Cidade. Portanto, com base na ideia do autor, temos diversos alunos, que vivem do campo explorando e extraindo a matéria prima, como as comunidades quilombolas, comunidades de ribeirinhos que vivem da pesca, comunidades indígenas nas florestas, comunidades de assentamentos e trabalhadores que sobrevivem dos produtos da terra. Essa é à base da clientela dessa política pública, considerada uma das maiores de inclusão social da Amazônia.




Outro aspecto importante para ressaltar da obra em questão, trata o campo como associado à forma natural como o ser humano que vive em um ambiente calmo, de paz, inocência e virtudes simples, segundo o autor, diferente da realidade de Cidade. O Campo para Willians se associa também ideias negativas, como do “atraso ignorância e limitação” e continua: “A realidade histórica, porém, é surpreendentemente variada. A ´forma de vida campestre´ engloba as mais diversas práticas _- de caçadores, pastores, fazendeiros e empresários agroindustriais -, e sua organização varia de tribo ao feudo, do camponês e pequeno arrendatário à comuna rural, dos latifúndios e plantations às grandes empresas agroindustriais capitalistas e fazendas estatais”.  Para descortinar essa ideia histórica que vem sendo abordado desde antiguidade, temos que entender a luta política da educação básica do campo, seus meandros e o cenário dentro do contexto dos direitos humanos, nas áreas rurais de nosso país nas últimas décadas. Isso também é importante enfatizar o papel do educador do SOME, como estimulador e provocador de sua relação nos movimentos sociais do Campo e seus desafios e não só trabalhar com conteúdos, envolvendo os atores sociais enquanto sujeitos de um processo de mobilizações e mudanças.




As comunidades rurais são dispersas e nucleares, como era Grã-Bretanha, assim como podemos perceber em outros locais do mundo. Para Willians essa concepção em estudo faz uma das diferenças em relação à Cidade, porém estão associadas em virtude de uma série de situações e contextos, inclusive, já frisados acima. No Some e o Campo da Amazônia paraense onde funcionou e se encontra em funcionamento as localidade onde possui a estrutura dessa política pública não é muito diferente dessa ideia abordada pelo autor, já que temos uma escola polo, sendo a maioria pertencente ao município, que serve de base para receber ou aluno (a)s de localidade circunvizinhas. O deslocamento da clientela do Some é realizado através do Programa do governo federal que é o transporte escolar. Vans, Ônibus, Kombi, motor de popa, rabeta, canoa, casco, entre outros veículos são os meios de transportes utilizados que são pagos pelo governo federal, através de verbas públicas destinadas para esse programa.




O autor da obra busca através desse contexto fazer a relação de sua vida pessoal do campo como a relação à cidade, dentro do aspecto cultural, discutindo o mundo de trabalho. Suas ideias e objetos de estudos que vem desde antes da Revolução Industrial me serviram para fazer essa contextualização em relação à educação do campo, com ênfase a política pública do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, no momento atual.

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