“Não sei... Se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos no coração das pessoas. Muitas vezes basta ser colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura...Enquanto durar”. Segundo a vida para a poetisa e contista Cora Coralina, que foi uma importante escritora brasileira.
Vou tentar fazer algumas considerações relacionadas à vida pela escritora e meu aniversário que aconteceu, ontem. Fico pensando, mais um ano de vida que se vai bem vivida entre amigos e familiares, logo oficialmente, porém, esqueceram-se da lembrança que fiquei nove meses em gestação no útero de minha mãe. Assim, como na História do Brasil, em que os primeiros homens que chegaram ao território são apenas “formadores do povo brasileiro”, inclusive, recebendo a denominação de “Índios”, que não concordo. Assim como o Brasil, o meu nascimento só tem validade histórica a partir de uma certidão de nascimento. Que História é essa em que parte de nossa vida é deixado de lado, por quê? Na certidão minha vida só começa a contar a partir do nascimento em 1º de julho de 1958.
Quando trato de memórias, vêm alguns conceitos básicos, como as lembranças, os esquecimentos... E autores que influenciaram em minha forma de pensar. Sem aprofundar, vale ressaltar alguns momentos vividos nesta longa trajetória. Se for pelo lado cultural, na década do meu nascimento, podemos perceber através do estilo musical a explosão da bossa nova, mesmo sendo fixo na memória social.
De lá pra cá, temos a linha do tempo, importante para reflexões e acontecimentos durante esse período. Na década de 1960, com a chegada de empresas multinacionais, alguns hábitos da população brasileira começam a mudar, inclusive com a tomada do poder político pelos militares, uma verdadeira ditadura, desestruturando algumas instituições importantes como o fechamento do Congresso Nacional, época de terror, inclusive, que precisa ainda ser revista algumas mortes do período. Na década de 70, não vai ser diferente com a Ditadura militar. No estilo musical nas duas décadas podemos perceber o surgimento e a consolidação da Musica Popular Brasileira – MPB, estilo musical de minha preferência, principalmente no vinil. Na década de 80, com o processo de redemocratização, com as diretas, já! Saímos para as ruas com os enfrentamentos na efervescência das lutas dos trabalhadores. Década que entro na Universidade, com objetivos e sonhos.
Nesta trajetória sempre aprendi muito, às vezes penso que sei alguma coisa, quando começo a refletir e percebo que não sei nada, apenas tenho algumas experiências, queria poder ter 18 anos com essas vivências, faria muito pela sociedade. Portanto, tudo passa! Não podemos fugir do tempo, tanto que ele passa e leva os amores, assim como os desgostos, mentiras, falsidades, “amizades” e muitas dores, parafraseando Pedro Bial. Já Belchior enfatiza muito bem minhas reflexões: “Que viver é melhor que sonhar”.
Por isso, “Eu vi muitos cabelos brancos/Na fronte do artista/O tempo não para e, no entanto ele nunca envelhece/Aquele que conhece o jogo/Do fogo das coisas que são/É o sol, é o tempo, é a estrada/É pé e é o chão. (Caetano Veloso).
2020, em tempos de pandemia quando festejar aniversário fica no segundo plano pois é necessário o isolamento social. No entanto, graças a tecnologia fui homenageado com muitas felicitações.
Por estar de quarentena no Cumaru, Vigia de Nazaré, agradeço de coração todas as homenagens que recebi nesta data tão importante de minha vida, dos amigos e familiares. Fora Bozo, Já!
Ribamar Oliveira
OBSERVAÇÃO: Estive no berço no dia 1º de julho, em virtude de várias felicitações, resolvi escrever o texto pelas homenagens.