quinta-feira, 4 de agosto de 2022

SALA DE AULA: UM PROJETO PEDAGÓGICO DE VIDA (Peça Teatral): Parte X

 



                                                    Carlos Alberto T. Prestes



CENA 11

 

Personagens: 

Professores(as): Paulo, Ivani e Laura

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O professor Paulo, a professora Ivani e a professora Laura entram na sala dos professores. Dentro da sala, uma mesa comprida no centro, com oito cadeiras; um grande armário com os nomes de todos os professores; uma lousa branca com caneta automática; no centro da mesa, uma garrafa térmica com café e outra com leite; no outro lado da sala, um filtro ligado na tomada para beber água gelada. O professor Paulo vai até o filtro de água e enche o copo descartável e bebe. Enche de novo e bebe novamente. Depois diz:

PROFESSOR PAULO: Que tal, colegas. O que vocês acharam do encontro de hoje?

PROFESSORA IVANI: Eu achei promissor. Gostei da boa vontade da professora Sônia e do professor Damasceno que se dispuseram vir aqui conosco nos ajudar.

PROFESSORA LAURA: ah, eu tô amando. Adoro ouvir as explicações da professora Sônia. Ela sempre tem tudo sobre controle. E é assim mesmo. Temos que ter planejamento e fazer tudo com organização, ou seja, um passo de cada vez.

PROFESSOR PAULO: (Olhando pra professora Laura) Você tem razão, colega. Às vezes, a gente parece com os nossos alunos: queremos logo partir pro final da partida. Mas tem que ter paciência, tem que saber esperar.

PROFESSORA IVANI: (Olhando em volta, levanta da mesa e vai até onde estava a garrafa térmica com café quentinho, preparado pela dona Mirtes, merendeira da escola) O café está quentinho, gente. Vocês querem também um pouco?

PROFESSOR PAULO: Eu quero, mas deixa que eu mesmo pego pra mim (E levanta da cadeira e vai até aonde estava a garrafa térmica. Pega um pouco de café num copo descartável, mistura com leite e volta para a mesa. Nesse momento, a professora Ivani já estava sentada também em volta da mesa, tomando café e puxando conversa).

PROFESSORA LAURA: Eu não tomo café, só chá ou suco. O café me tira muito o sono e eu acabo tendo dificuldade pra dormir à noite quando chego em casa, apesar do cansaço que sinto por ficar praticamente o dia todo fora de casa.

PROFESSOR PAULO: Pior é que eu sei disso, mas não consigo deixar de tomar pelo menos um gole de café em cada intervalo que eu tenho de aula. Às vezes, levo um copo bem cheio de café pra sala de aula, e vou tomando aos poucos, à medida que estou explicando alguma coisa pros alunos. E eu fumo também. Esse vício que eu sei que faz muito mal pra saúde, que acaba com o nosso pulmão e pode nos trazer um câncer, eu sei de tudo isso. Quem não sabe? Propaganda é que não falta contra o cigarro.

PROFESSORA IVANI: Já dizia a propaganda “Fumar é prejudicial pra saúde”, mas quem já fuma a muito tempo, não tá nem aí. E ainda tem gente que diz que é mais fácil morrer num assalto, ou com bala perdida, ou num acidente de trânsito do que do pulmão por causa do cigarro.

PROFESSOR PAULO: Mas eu não fumo em sala de aula, não. Eu só fumo em lugares onde eu sei que não incomoda ninguém. Tenho consciência de que a fumaça do cigarro faz mal para as pessoas, pois elas podem respirar essa fumaça a, pelo menos, dois metros de distância ou mais. Amanhã, vamos pedir pra dona Mirtes fazer uma garrafa térmica com chá de camomila ou cidreira, pra professora Laura.

PROFESSORA LAURA: Ainda bem que eu não tenho esses vícios. Nem fumo, nem gosto de café. Tenho gastrite. Não é fácil pra quem tem gastrite. Minha alimentação é feita à base de dieta com uma nutricionista. Por isso, tenho que ter muito cuidado pra não me alimentar fora de hora. Vocês sabem que o nosso horário de almoço é uma bagunça, né?

PROFESSORA IVANI: É, às vezes, eu me pego almoçando 3 horas da tarde, e às vezes, acabo merendando coxinha, pastel com suco, pela rua mesmo. Muitas vezes, o meu almoço foi isso. Quantas vezes não comi coxinha com suco do seu Beto, aqui na frente da escola?

PROFESSOR PAULO: É, parece que as nossas histórias em algumas partes se parecem muito. Comer fora do horário, lanchar na rua, protestar contra os baixos salários, contra a falta de políticas públicas para capacitar o professor, reclamar da carga horária desumana que faz com que a gente tenha que dar aula em mais de uma escola pra conseguir sobreviver. Não digo nem ter uma vida digna, mas sobreviver.

PROFESSORA LAURA: É, professor, educar é pra quem gosta, pra quem ama fazer isso. Não é pra qualquer um não. A gente tem que ter convicção de que estamos fazendo algo de bom pela humanidade, que estamos sendo úteis, que o que fazemos está valendo a pena.

PROFESSORA IVANI: (Com um olhar de resignação) Mas bem que o governo poderia dar mais atenção aos professores. A gente vê tanto discurso lindo, impecável, nas assembleias legislativas, em comícios a favor do professor: que o professor é o mestre de todos os outros mestres, que ensina todas as profissões, que é a base do desenvolvimento da sociedade, que é um herói, que isso, que aquilo... Droga, gente! Eu não quero ser herói de nada, não quero ser a base de nada, nem quero ser mestre de ninguém, muito menos ser homenageada com uma estátua no centro da cidade depois de morta. Do que adianta todos esses títulos se nós não somos, na realidade, respeitados pelo governo? Por essa sociedade hipócrita? Tudo o que eu quero é respeito, é ser reconhecida pelo meu trabalho, que a minha profissão seja realmente valorizada, que eu possa criar meus filhos com dignidade.

PROFESSOR PAULO: Eles valorizam o professor até um determinado ponto. Quando o assunto chega em aumento de salário, a conversa encerra, é desculpa pra cá e desculpa pra lá pra justificar o não atendimento de aumento do salário do professor. Às vezes, até admitem que o professor precisa ter um salário mais digno, mas inventam um montão de desculpas, pra dizer que o estado está endividado, que tem que obedecer à lei de responsabilidade fiscal, que, assim que der, o professor vai ser beneficiado com um salário melhor, mas não passa disso. Vocês sabem. Continuamos ralando. É por essas e outras que muita gente não quer mais ser professor, fazer licenciatura. Pergunta pros alunos. Faz uma pesquisa e vai ver que a maioria não quer saber de ser professor. Depois pergunta: por quê? E eles vão dizer aquilo que todos já sabemos: “professor ganha pouco”, “o professor se sacrifica muito e não é reconhecido”, “o professor é desvalorizado”, “é uma profissão nobre, mas não é reconhecida” e por aí vai.

PROFESSORA LAURA: Sabe de uma coisa? O papo tá bom, mas eu vou me embora que já está na minha hora. Tenho aula em outra escola daqui a pouco. E essa nossa conversa não vai dar em nada. Só raiva e decepção com o governo. E eu não quero descontar nos meus alunos.

PAUSA: Todos se levantam, pegam seus materiais, seus livros e se retiram da sala dos professores.

PROFESSOR PAULO: Eu tô indo pra São Brás agora. Tenho duas aulas pra dar no Augusto Meira. Alguém precisa de carona?

PROFESSORA IVANI: Eu tô de carro.

PROFESSORA LAURA: Eu também tô de carro.

PAUSA: E SAIRAM TODOS OS TRÊS. CADA UM RUMO AOS SEUS NOVOS DESAFIOS.

 

FIM DA DÉCIMA PRIMEIRA CENA

 

CENA 12

PERSONAGENS:

ALUNAS: Laíla, Deise, Thaís, Fabíola, Ana Cristina e Roniquele.

As alunas, ao saírem da reunião, se dirigem para o refeitório da escola, onde pedem um refrigerante Coca Cola de 1 litro e quatro pastéis pra repartir entre elas. A campainha tocou às 11h55, fim de aula. Logo os corredores da escola foram tomados pelos alunos que saíam apressados, entre falatórios, gargalhadas e conversas, parecia que estavam saindo de uma prisão, ou de um campo de futebol, tamanha era a euforia de todos.

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ANA CRISTINA: Meninas, vocês estão entendendo tudo direitinho sobre a explicação do projeto pra escola? Vocês têm dúvidas? Falo isso, porque essa parte teórica, de muita explicação, às vezes a gente acaba se enrolando com isso.

RONIQUELE: Eu acho que estou entendendo um pouco, sim. Esta primeira parte, pelo que eu entendi, é para entender sobre a construção do projeto, pra responder a algumas perguntas sobre o que se pretende fazer. Eu acho. Laíla, tu entendeste alguma coisa?

LAÍLA: Eu acho que tinha que ser mais direto. Muita explicação confunde, não?

DEISE: É, mais vamos ver como vai ficar quando começar na prática. Ainda tá tudo meio nublado.

FABÍOLA: Talvez amanhã a professora Sônia clareie a nossa mente.

THAÍS: Ah, meninas, eu tô empolgada com esse projeto. Tô torcendo pra começar logo ele na prática. Estamos no mês de agosto. Será que a gente começa o projeto ainda esse ano? Ou será que vai começar só no ano que vem? Tomara que eles não desistam, afinal de contas, a maioria dos professores dão aulas em outras escolas também. Eles não são exclusivos daqui do Paulo Freire. Por isso que eu acho que pode demorar.

ANA CRISTINA: Ah, eu não tô nem aí. Se der deu, se não der, paciência. Eu só sei é que eu não posso ficar reprovada de jeito nenhum. Tenho que passar. Já estou no oitavo ano. Para o ano, se Deus quiser, vou fazer o nono ano. Depois vem o ensino médio. Daqui pra lá, tenho quatro anos pela frente até chegar no vestibular. Quero me formar, quero trabalhar pra ajudar minha família.

RONIQUELE: A minha família é evangélica. Minha mãe é bem tranquila, mesmo nas dificuldades. Mas quem não passa por altos e baixos nessa vida? Minha mãe diz pra mim que quando eu começar a trabalhar e ganhar o meu dinheiro, é pra eu abrir uma conta de poupança no banco e guardar uma parte do meu salário pro futuro. Ela diz que não precisa ajudar em casa, que ela e o papai já têm o suficiente.

THAÍS: Ah, gente! Minha família não é rica, mas também não é pobre. Pobre que eu digo, é que não passa necessidade. Acho que não somos pobres, somos remediados, pois temos uma casa pra morar, temos um carro particular, meu pai tem um comércio bem suprido em Muaná que vende pra muita gente, pois somos de lá, e vou pra lá em todas as minhas férias escolares. A gente tem casa lá e casa aqui em Belém, por isso que a gente vive lá e aqui.

DEISE: E tu gostas de ir pra lá?

THAÍS: EU A-DO-RO. Conheço muita gente em Muaná. Tenho muitos primos e primas. Só tu vendo. Quando chega julho, a parentada vai toda pra lá. A gente passeia muito, anda de rabeta, toma banho de igarapé, banho de rio, tem festa à noite, tem festival do A-ÇA-Í. Nossa! A fruta que eu mais gosto. Vou dizer uma coisa pra vocês: eu não como se não tiver A-ÇA-Í. nem que seja a água do açaí eu tenho que tomar. Quando eu me casar, todos os bolos, os doces, e alguns pratos de comida vão ser feitos com A-ÇA-Í. E pode anotar logo aí o sorvete.

FABÍOLA: Olha que eu já vi gente gostar de açaí, mas como a Thaís é a primeira vez. Eu gosto de açaí, mas não tanto assim. Lá em casa, açaí é só quando dá pra tomar. Se der pra comprar, compra. Se não der, não compra. Depende também do período. Tem tempo que o açaí está muito caro, sobe muito o preço. E aí, a gente fica um tempo sem comprar, mas quando baixa o preço a gente volta a botar na mesa de novo.

ANA CRISTINA: E namorado? Ninguém tem namorado aqui não?

RONIQUELE: Eu tenho um paquera lá da igreja evangélica que eu frequento. A gente conversa nos intervalos do culto e, às vezes, ele acompanha a gente até em casa. Quando a mamãe entra, a gente se dá uns beijinhos.

ANA CRISTINA: Também tenho um fã na minha igreja, mas a mamãe marca em cima, não dá espaço. Já combinamos se falar uma vez fora da igreja, noutro dia, perto de casa. Quando cheguei lá, ele tava muito nervoso, o rosto parecia um pimentão vermelho, porque ele tinha a pele clara e cabelos castanhos claros. Ele pegou na minha mão e disse que gostava de mim. Eu disse que gostava dele também. Ele perguntou se eu queria namorar com ele e eu disse que sim. Trocamos o nosso primeiro beijo e, desde esse dia, estamos namorando escondidos.

LAÍLA: Minha mãe diz que eu não tenho idade pra pensar em homem. Diz que eu tenho que estudar e cuidar do meu futuro; que quando eu tiver na idade, tudo vai acontecer naturalmente; que vai aparecer alguém que goste de mim de verdade.

DEISE: Quantos anos você tem Laíla? E o que seu pai diz?

LAÍLA: Vou fazer treze anos em novembro. Sabe o que meu pai diz? Que o meu namorado é o cinto dele.

DEISE: kkkkk. É isso mesmo que meu pai fala pra mim. Minha mãe é pedagoga, trabalha em escola também. Então, ela me orienta muito sobre sexo, namoro, que tudo tem seu tempo; que a gente não pode sair por aí transando sem responsabilidade e botando filho no mundo sem ter nenhuma estrutura, maturidade.

THAÍS: E a sua mãe está com toda a razão. Quantas moças da nossa idade estão indo todo dia de manhã cedo pro posto de saúde fazer pré-natal? Olha o tamanho da barriga! Gente, são moças que não entendem nada da vida ainda, que não têm condições de sustentar nem elas mesmas; que nem sabem cuidar de um bebê. E como fica a vida de uma moça dessas? Pra piorar, o pai some, porque também é um moleque, é jovem, não entende nada de responsabilidade, nem de bebês. No final das contas, a moça fica com o filho ou empurra pra avô, para de estudar pra criar filho e a criança é que acaba pagando o pato.

RONIQUELE: Na minha classe, desistiu uma menina, colega nossa, a Geovana. Ela tem dezoito anos, é bonita e estudiosa, mas acabou engravidando do Lucas do oitavo ano. Tinha dias que não aparecia nenhum dos dois na escola. Um dia, a orientadora mandou chamar os pais da Geovana, porque ela havia contado que estava faltando pra ajudar sua mãe no trabalho de casa. A mãe disse que era tudo mentira, que ela nunca pediu pra filha faltar aula pra ajudar nos afazeres de casa. Dois meses depois, a barriga da Geovana começou a crescer e já aparecia. Todo mundo ficou sabendo na escola. Vocês também sabem disso, não é?

FABÍOLA: Sim, eu soube. E o resto da turma também.

THAÍS: Sim, eu também soube pela rádio cipó.

RONIQUELE: Então, o que aconteceu é que a Geovana abandonou a escola com vergonha de mostrar a barriga e o Lucas sumiu do mapa. Os pais dela foram falar com os pais dele, mas ele tem dezessete anos e a Geovana tem dezoito. Não pode obrigar a casar, ele é de menor ainda. Mas os pais dele disseram que vão ajudar a criar a criança.

ANA CRISTINA: Eu é que não quero isso pra mim. Namoro escondido, mas é tudo com respeito. Só é escondido porque meu pai não quer que eu namore de jeito nenhum. Ele diz que só depois de eu me formar. Mas quem segura sentimento? Sentimento é sentimento. Só tem que ter cuidado. E a gente não vai pra lugar nenhum não. A gente fica lá no canto da rua de casa conversando. Ele tem medo de ir lá em casa, depois que o papai falou que não quer saber de ninguém com história de namoro enquanto não terminar os estudos. E não é do ensino médio não. Ele tá falando de estudo superior, de universidade.

DEISE: A Laíla fica só ouvindo essa conversa de vocês. Cuidado com o que vocês falam. A Laíla ainda é muito nova.

LAÍLA: Eu não quero nem saber. Se entra por um ouvido, sai pelo outro. Da Geovana, então, se cair nos ouvidos da orientadora essa conversa e ela quiser saber quem anda falando, eu vou dizer que não sei de nada, que nem sabia que a Geovana tava grávida. Se a mamãe pensar que eu tô nomeio dessa fofoca, ela me mata.

PAUSA: TODAS CAEM NA RISADA: Kkkkkkkkk

 

 

FIM DA DÉCIMA SEGUNDA CENA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CENA 13

 

PERSONAGENS:

PROFESSORES(AS): Sônia, Damasceno, Laura, Zenilda, Salomão, Socorro, Ivani, Paulo e Inácio.

ALUNAS: Laíla, Deise, Thaís, Fabíola, Ana Cristina e a Roniquele

São 10 horas da manhã de quarta-feira, 13 de abril de 2005. Quando a professora Sônia e o professor Damasceno chegam à escola Paulo Freire, está começando o recreio. Dão bom dia ao porteiro e se dirigem diretamente para a sala de reuniões, onde os outros professores e as alunas representantes de classe já estavam esperando. A professora Sônia entra e coloca os seus materiais sobre a mesa e, em seguida o professor Damasceno faz o mesmo.

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PROFESSORA SÔNIA: Bom dia, gente!

TODOS RESPONDEM: Bom dia, professora!

PROFESSOR DAMASCENO: Bom dia, pessoal!

TODOS RESPONDEM: Bom dia, professor!

PROFESSORA SÔNIA: Bem gente, sem mais delongas, hoje nós iremos avançar no nosso projeto. Vamos dar visibilidade ao que queremos, às nossas ideias. Ou seja, vamos formar uma estrutura. E, para isso, queremos saber uma coisa. O professor Damasceno vai explicar pra vocês.

PROFESSOR DAMASCENO: Gente, nós queremos saber se algum de vocês, professores, desenvolveu ou está desenvolvendo algum trabalho de pesquisa com os alunos em sala de aula, uma atividade. Um trabalho que vocês achem interessante.

PROFESSOR INÁCIO: Eu estou ensinando gramática pros meus alunos do 4º ano através da leitura de histórias. É uma forma que encontrei para tirar o medo que todo estudante tem de estudar gramática. Acabar com essa história de que gramática e matemática são os bichos papões dos estudantes. Estou tentando fazer eles entenderem também que se pode estudar gramática sem medo, com prazer, com a certeza de que ela tem sentido e é útil no seu cotidiano.

PROFESSOR DAMASCENO: Muito bem. Nós podemos agregar essa atividade ao projeto pedagógico da escola. Sabem como?

DEISE: Como professor?

PROFESSOR DAMASCENO: Levando essa ideia para as outras disciplinas, através do diálogo em sala de aula. Um professor de matemática, por exemplo, pode trabalhar assuntos como cálculo, equações, divisões, somas, multiplicações explorando temas do cotidiano, quando vamos à feira, à padaria comprar pão, à lotérica pagar um carnê, ao cabeleireiro, ao supermercado; um professor de geografia pode explorar o espaço geográfico tanto de um livro quanto do próprio entorno da escola, da rua, do bairro e mostrar os contrastes entre a região onde a escola está situada, ou onde os alunos moram, em relação a outras regiões do país e até mesmo em relação à zona rural; um professor de história pode orientar o seu aluno a recontar uma história que ele tenha lido e, depois, passar para as histórias contadas pela história como estão nos livros didáticos; confrontar heróis imortalizados pela história com heróis do dia-a-dia que você conhece, como bombeiros, policiais, feirantes, bancários, empregadas domésticas, mães solteiras, pais solteiros, e assim por diante, identifica-los, procurar ver semelhanças e diferenças entre eles.

PROFESSOR INÁCIO: Acho que estou entendendo. O senhor quer dizer, passar as disciplinas pedagógicas, que estão entravadas nas suas próprias regras, de forma mais livre, mais prática, como o nosso falar do dia-a-dia. Ou seja, tornar as disciplinas úteis para o estudante.

PROFESSOR DAMASCENO: Isso, você entendeu! Vamos dar vida, sentido às disciplinas. Tirar elas dos livros e traze-las para as ruas, para as nossas vidas.

PROFESSORA SÔNIA: Estamos nos entendendo. Os assuntos de sala de aula podem se tornar em ensaios de peças de teatro, em artigos publicados no jornalzinho da escola, em artigos científicos publicados na revista da escola, em contos, em crônicas, em crítica literária ou científica, todos feitos aqui na escola, enfim, o professor tem que saber explorar o talento do aluno de modo organizado, trabalhando uma atividade de cada vez com todos, dividindo as equipes por aquilo com que o aluno se identifica, mas sem que eles deixem de explorar as demais atividades. É assim que a gente vai descobrindo a nossa identidade, os nossos talentos. E, depois, mais tarde, você vai se pegar falando: “puxa, eu nem sabia que sabia fazer isso!”

ANA CRISTINA: Mas a gente não tem jornalzinho aqui na escola, muito menos revista.

PROFESSORA SÔNIA: Se não tem, vamos criar. Isso faz parte do projeto, da nossa aprendizagem. Vamos criar uma equipe de alunos para administrar o jornalzinho, uma equipe para administrar a revista científica, outra para administrar a revista literária, uma equipe para administrar as peças de teatro, uma equipe para administrar as publicações de livros autorais ou coletâneas dos alunos.

THAÍS: E quem são as equipes que vão administrar? Eu quero fazer parte de uma delas.

PROFESSOR DAMASCENO: Os alunos que vão fazer parte dessas equipes, a gente vai ver depois, mais pra frente, assim como os nomes do jornalzinho, das revistas científica e literária, a escola de teatro e a editora.

FABÍOLA: Eu também quero participar de uma dessas equipes.

RONIQUELE: Eu também quero, mas será que a gente vai saber fazer isso? Administrar revistas, jornalzinho, editora, não é muita responsabilidade?

PROFESSORA SÔNIA: Não se preocupe, Roniquele, as equipes vão ser orientadas em todas essas questões. Os professores vão estar dando sempre apoio em tudo, afinal é um trabalho integrado.

PROFESSORA LAURA: Eu estive trabalhando com meus alunos do 5º ano a respeito do relacionamento que eles têm com o livro. A Deise sabe disso. Ela é a representante dessa turma. Neste trabalho, alguns livros que estão mal conservados, eu estou incentivando os alunos a reconstruírem o livro; além disso, eles também estão sendo incentivados a criarem suas próprias histórias, baseadas em ficção ou histórias reais. Depois disso, pretendemos coloca-los em exposição para serem emprestados por outros alunos.

DEISE: A turma toda tá muito empolgada com esse trabalho. Tá todo mundo doido pra terminar e ver o resultado.

PROFESSOR DAMASCENO: Ótimo! Que notícia boa. Isso pode ser repassado pra todas as outras turmas também. O importante pra dar certo é que todos se apoiem. Um trabalho de cada vez, mas todos fazendo juntos. Isso é um projeto político pedagógico.

PROFESSORA SOCORRO: Eu também trabalhei com meus alunos do 6º ano a história dos livros, o que é contracultura e a importância de valorizarmos o que é nosso. Inclusive, a partir desse diálogo que tivemos, surgiu a ideia de fazer um projeto sobre o resgate da música popular brasileira, através de pesquisas e por etapas. Essas etapas foram divididas por equipes.

PROFESSORA SÔNIA: Vamos aproveitar e desenvolver esse projeto, e também levar para as outras turmas. Afinal, é uma boa oportunidade para colocar os alunos em contato com a música de qualidade, a música como arte, trabalhando autor e obra, através da história da nossa música brasileira e regional. Isso vai ser muito bom pra contrapor essa anticultura musical que nós ouvimos por ai, e que está fazendo a cabeça dos nossos jovens, principalmente a americanização do gosto musical do brasileiro jovem e adolescente, que desconhece um Pinduca, um Paulo André Barata, um Nilson Chaves, um Cartola, um Chico Buarque, um João Bosco, um Clube da esquina, um Vinícius de Moraes, um Luiz Gonzaga, um Cazuza, e por aí vai.

PROFESSOR SALOMÃO: Podemos criar um festival de cultura escolar, onde poderemos programar apresentações musicais, recitais de poesias, contos, crônicas, defesa de pesquisas científicas, artigos literários, apresentação teatrais com textos escritos pelos próprios alunos...

LAÍLA: Varal de poesias? Como é isso?

PROFESSORA LAURA: Sim, no pavilhão das salas de aula do curso de pedagogia, na UFPA, toda semana tinha as quintas culturais, com participação de músicos e poetas que se apresentavam num pequeno palco improvisado com um microfone; quem era cantor, cantava; quem era poeta, declamava o poema; além do varal de poesias, esculturas, quadros e artesanatos espalhados no salão. Varal de poesias, Laíla, é como um varal de roupas estendidas, só que em vez de você estender roupas, você estende folhas de papel sem pauta com poesias escritas nelas, e prende com o prendedor de roupa ou com clip.

PROFESSORA ZENILDA: Eu também andei falando sobre vários assuntos com os meus alunos do 7º ano. Falamos sobre a agressão à mulher, sobre organizar uma biblioteca, sobre a importância de se ler a bíblia e o que ela tem a ver com caráter, valores éticos e morais, que são tão fundamentais para a família, e, também, cada aluno vai construir o seu próprio portfólio, que será feito com as anotações de todos os assuntos discutidos em sala de aula.

PROFESSOR DAMASCENO: Ótimo, essa atividade pode ser distribuída para todas as turmas. Todos terão o seu portfólio no final do ano. Ou seja, o resultado de tudo aquilo que eles desenvolveram, discutiram e aprenderam durante o ano.

PROFESSORA IVANI: Eu tive uma experiência muito boa com os meus alunos do 6º ano. Nós estudamos, pesquisamos e fizemos uma análise sobre a obra A Professora Maluquinha. Discutimos as ações e o modo da professora maluquinha dar aula. Eles adoraram.

THAÍS: Sim, eu gostei muito. Na verdade, eu amei a professora maluquinha e o professor do filme Sociedade dos poetas mortos. É assim que eu quero ser um dia, quero fazer a diferença.

PROFESSORA SÔNIA: Olha, eu acho que esse projeto vai ser revolucionário. É nesse sentido pedagógico da professora maluquinha e do professor “Capitão, meu capitão!” de Sociedade dos poetas mortos que queremos dar ênfase aos nossos trabalhos.

PROFESSOR DAMASCENO: Professora Ivani, vamos adotar essa obra da Professora Maluquinha em todas as turmas. Vamos também adotar esse filme Sociedade dos poetas mortos, além de outros filmes, como parte da grade curricular da escola. Vamos criar um CinEscola. O que acham?

PROFESSOR PAULO: Eu acho uma excelente ideia. Vamos colocar no projeto.

PROFESSORA IVANI: Meu Deus! Se tudo isso der certo, essa escola vai ser notícia internacional. Não consigo nem imaginar.

PROFESSOR SALOMÃO: É, mas a responsabilidade vem junto também.

PROFESSOR INÁCIO: Pra mim vai ser uma honra participar desse projeto. Mesmo que acabe o meu estágio, eu vou querer participar como voluntário. Sei que vai ser uma experiência única.

PROFESSORA SÔNIA: Tudo bem, Inácio. Pode deixar que, quando for preciso, eu justifico as tuas faltas nas minhas aulas na Universidade. E vou falar também com os outros professores que tu estás participando de um projeto aqui na escola Paulo Freire. Bem, agora tenho um lembrete pra vocês. Gente, não esqueçam de uma coisa: vocês precisam reunir com todos os seus alunos, todos de uma vez, ali, no ginásio da escola, e repassar todas essas informações pra eles. Vocês têm que fazer com que eles comprem a ideia, o projeto. E pra que isso aconteça, eles têm que se sentir parte, contribuintes do projeto, procurando se envolver nas equipes de trabalho, seja de maneira física ou intelectual, cultural, social. Professor Damasceno, finalize.

PROFESSOR DAMASCENO: Pois é gente! Lição para casa: amanhã, pela manhã, sem falta, vocês professores, vão reunir todos os seus alunos, de todas as séries, na quadra de esportes da escola e passar todas as informações do projeto que está sendo criado para ser desenvolvido aqui nesta escola. Peçam sugestões de nomes para as atividades a serem desenvolvidas, e, também, montem com eles, as equipes. Amanhã sem falta. Hoje é quarta-feira, 13 de abril. Amanhã vocês reúnem com os alunos e nós viremos aqui na sexta-feira pra terminar o projeto. Ok?

PROFESSORA LAURA: Ok, professor!

TODOS: Ok!                                 FIM DA DÉCIMA TERCEIRA CENA

 

CENA 14

 

PERSONAGENS:

DIRETOR: Arthur

PROFESSORES(AS): Sônia, Damasceno, Laura, Zenilda, Salomão, Socorro, Ivani, Paulo e Inácio.

ALUNAS: Laíla, Deise, Thaís, Fabíola, Ana Cristina e a Roniquele

Sexta-feira, 15 de abril, é manhã, 7h30 da manhã, na frente da escola os alunos e alunas se amontoam ao ouvir o barulho da campainha de entrada. De três a cinco vão passando pelo portão, sob o olhar atento de seu Murilo, porteiro da escola. Logo, todos entram. Os professores vão chegando um a um e se dirigem para a sala dos professores, ao lado da sala da orientadora. Às 7h45 chegam à escola Paulo Freire a professora Sônia com o professor Damasceno. Entram, vão até à sala dos professores e, em seguida, todos dirigem-se para a sala de reuniões, onde estiveram reunidos na quarta-feira. As alunas representantes de turmas também. Entram, sentam. Logo, em seguida, chega o diretor e professor Arthur, que, também, se encaminha em direção a uma cadeira e se senta. Na frente do quadro de escrever havia uma mesa e duas cadeiras. O professor Damasceno sentou numa delas e a professora Sônia permaneceu de pé ao lado da mesa. Silêncio total. Até que a professora Sônia iniciou a reunião.

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PROFESSORA SÔNIA: Bem, gente, fizeram o dever de casa? Reuniram com os alunos no ginásio?

PROFESSOR PAULO: Sim, professora. Nós reunimos ontem pela manhã com todos os nossos alunos dos turnos da manhã e da tarde.

PROFESSOR SALOMÃO: Foi muito produtiva a conversa que tivemos com eles. Na verdade, à medida que íamos passando as informações sobre o projeto que está sendo discutido, eles retornavam com perguntas, querendo saber como seria, quais os tipos de atividades que iam ser desenvolvidas, como funcionariam as equipes, se seriam feitas as atividades todas ao mesmo tempo, ou se seriam separadas, uma de cada vez.

PROFESSORA LAURA: Sim, isso mesmo. Eu gostei muito do retorno que eles deram. Eles ficaram muito curiosos. Querem saber como vão participar, quando vai começar...

PROFESSORA SOCORRO: Os meus alunos já estão até se organizando em equipes, querem desenvolver a pesquisa sobre a História da Música popular Brasileira. Tem alguns alunos que querem, inclusive, fazer uma pesquisa só da música regional paraense. Até eu já estou querendo começar logo isso.

PROFESSORA IVANI: Há alunos com diversos talentos, que cantam bem, que escrevem poesias, fazem contos, outros que atuam muito bem no palco. Só vocês vendo; eles estão inquietos pra mostrar os seus talentos. Querem ficar famosos aqui na escola. Querem ser reconhecidos.

PROFESSORA SÔNIA: E temos que incentiva-los a desenvolver seus talentos. Temos que fazer isso aflorar. Aí, sim, nós teremos uma escola comprometida com a formação do caráter do aluno, dando a ele a oportunidade de fazer aquilo que ele gosta. De mostrar a sua arte.

PROFESSOR DAMASCENO: Bem gente, então vamos começar a dar vida ao projeto. Vamos organiza-lo assim: 1ª ETAPA: tema, justificativa, problema, objetivo geral e específico, fundamentação teórica, indicação metodológica, custo do projeto ou orçamento, cronograma, referências. 2ª ETAPA: Organização das atividades.

PROFESSOR DAMASCENO: Tema é o assunto da pesquisa. É de interesse científico? Precisa ser provado? Pode ser investigado? Existe material bibliográfico sobre este assunto? Há familiaridade com o tema? Creio que sim. Então, o tema do projeto é “Projeto Político Pedagógico: Uma forma de combater a evasão e a repetência escolar.”

PROFESSORA SÔNIA: Bem, quando eu tenho a intenção de justificar um projeto, eu tenho que procurar mostrar a relevância dele, como ele pode contribuir para uma determinada área da sociedade. Então, eu pergunto pra vocês: em que esse projeto político pedagógico pode contribuir no âmbito social? Sejam objetivos.

PROFESSOR SALOMÃO: Respondendo objetivamente, eu acho que ele pode tornar mais dinâmico o ensino-aprendizagem nas escolas públicas.

PROFESSORA LAURA: Pode possibilitar que o aluno aprenda a gostar de estudar, porque as aulas vão se transformar em ações, das quais ele ou ela vai participar.

PROFESSORA ZENILDA: Eu creio que vai ajudar a desenvolver o caráter do aluno, através de uma formação mais completa e, com isso, haverá menos violência nas ruas, menos famílias chorando pelos seus filhos, e a sociedade estaria mais estruturada, mais segura.

PROFESSOR PAULO: Esse projeto é importante no sentido de descobrir talentos que poderiam se perder, por falta de oportunidade.

PROFESSORA SOCORRO: Esse projeto envolve arte, literatura, ciência, conhecimentos, que darão uma formação intelectual, social, cultura e científica mais completa aos nossos alunos.

DIRETOR ARTHUR: Eu acho que esse projeto vem em boa hora. Nós que estamos no dia-a-dia da escola, conhecemos os problemas que envolve todo o nosso sistema educacional. Vivenciamos constantemente problemas familiares, problemas entre alunos, uso de drogas, enfim, tudo aquilo que vocês já estão cansados de saber. Então, esse projeto, como vai trabalhar o coletivo, envolve a família, pais, filhos e a escola. Eles vão ter oportunidade de fazer coisas que normalmente não fazem em casa, vão poder mostrar seus trabalhos, desenvolver seus talentos pra comunidade. Sim, porque nós vamos abrir as portas da escola pra comunidade poder assistir os festivais culturais.

THAÍS: Puxa vida! Depois do que o diretor acabou de falar, eu acho que tem tudo pra dar certo. Tá todo mundo muito animado. As minhas colegas todas só falam nesse projeto. Imaginem só, eu, Thaís Nogueira, com um microfone potente na mão, recitando um poema num palco grande e alto da escola, a minha voz saindo em duas grandes caixas, com um monte de gente assistindo. Vai ser o máximo.

DEISE: (demonstrando impaciência)

- Ninguém merece. Só tu mesma, né Thaís?

PROFESSORES E ALUNAS: (Risos)

RONIQUELE: Eu acho que esse projeto também pode ajudar a diminuir os problemas familiares, as preocupações dos pais com os filhos, melhorando as relações familiares.

PROFESSOR DAMASCENO: Muito bem. Já temos as sugestões para a nossa justificativa. Agora, quanto ao problema, qual é o problema que queremos solucionar, resolver, ou, pelo menos, tentar resolver?

PROFESSOR INÁCIO: Podemos dizer que a evasão escolar e a repetência são dois dos problemas.

PROFESSOR SALOMÃO: Concordo com o professor Inácio. Acho que esse projeto vem de encontro à evasão escolar e à repetência. Afinal, o aluno deixa a escola porque não sente atração nas aulas; e repete pelo mesmo motivo: não tem incentivo, motivação pra aprender.

PROFESSORA IVANI: Essa escola, assim como outras escolas de periferia, tem problemas com o consumo de drogas no seu interior, formação de gangues e violência entre alunos, e até com desrespeito aos professores. Mas acredito que, se trabalharmos para que o aluno se sinta inserido no processo de construção da sua identidade, através da participação deles nas atividades escolares desenvolvidas em conjunto com professores e alunos, dando responsabilidade a eles, fazendo com que percebam que estão sendo valorizados, e que são úteis e fundamentais neste processo, creio que podemos ajudar a mudar a vida deles pra melhor.

PROFESSORA SÔNIA: Tudo bem. Então, já temos um problema formalizado: a questão da evasão escolar e a repetência. Agora, aonde queremos chegar? Qual o nosso objetivo geral? Esta é a etapa do projeto na qual se indica o que se pretende com o desenvolvimento da pesquisa e quais os resultados que se procura alcançar.

PROFESSORA ZENILDA: Creio que o nosso objetivo geral é anular ou pelo menos diminuir a evasão escolar e a repetência na escola Paulo Freire.

PROFESSORES: (Todos concordam).

PROFESSOR DAMASCENO: Bem, então vamos aos objetivos específicos. Esses objetivos devem ser formulados a partir das questões de estudo ou questões norteadoras, ou das hipóteses. O conjunto desses objetivos específicos deverá atender ao que foi proposto no objetivo geral.

PROFESSOR PAULO: Bem, eu penso que um dos objetivos é identificar o que leva à evasão escolar e à repetência, ou seja, as causas.

PROFESSORA LAURA:  Acredito também que devemos investigar as consequências dessa evasão e repetência.

PROFESSORA SOCORRO: Já que tratamos das causas e consequências, creio que devemos também apontar meios que combatam a evasão e a repetência.

PROFESSORA SÔNIA: Estamos indo muito bem. Agora, qual será a nossa fundamentação teórica? Bem, gente, a fundamentação teórica ou marco teórico deve fornecer a opção teórica que irá balizar a investigação, informando os principais teóricos que serão consultados.

PROFESSOR DAMASCENO: Deve, também, apresentar estudos realizados por esses teóricos sobre o tema escolhido. Bem, esse é o momento de fazer uma revisão bibliográfica a respeito do assunto que queremos desenvolver. Isso vai dar segurança à investigação.

PROFESSORA SÔNIA: Aí, nesse momento, vamos dialogar com os autores, registrar as fontes, fazer um fichamento das citações, apontar pontos de ideias que se aproximam e as que se distanciam. Então, que obras vocês já pesquisaram para fundamentarmos o nosso trabalho?

PROFESSOR SALOMÃO: Pedagogia do oprimido, de Paulo Freire.  Esse livro se tornou um título que é referência na literatura para profissionais da área de educação. A razão para isso é que ele retrata um dos problemas mais sérios na educação do Brasil, o analfabetismo em adultos, e os dilemas de quem o vive no dia a dia. 

PROFESSOR PAULO: Conversas Com Quem Gosta de Ensinar, do educador Ruben Alves. Esse livro apresenta a perspectiva dos educadores quanto ao ensino no Brasil. Ele ainda se aprofunda sobre os reais papéis do professor e do educador no sistema acadêmico e como o segundo foi deixado de lado à medida que novos planos educacionais foram implementados no país.

PROFESSORA IVANI: Educar na Esperança em Tempos de Desencanto, de Pablo Gentili e Chico Alencar. Esse livro aborda com profundidade os problemas hierarquizados no ensino público brasileiro. Questões como o desencanto na atividade docente, a precária infraestrutura, a desistência por parte dos estudantes e a capacitação bastante rasa em colégios de todo o país, reforçam o discurso sobre a necessidade de uma reforma pedagógica, afim de que se valorize não apenas o ambiente escolar, mas o papel do professor e o respeito ao aluno, que é o instrumento que motiva todo o processor educativo e social.

PROFESSORA LAURA: Educação não é privilégio, de Anísio Teixeira. Ele aborda várias questões, que fazem parte das discussões na área da educação, como: Quais as razões da disparidade entre ensino público e privado? O que está por trás da evasão escolar e do baixo engajamento mesmo em atividades extracurriculares?

PROFESSORA ZENILDA: A Importância do Ato de Ler, de Paulo Freire. Esta obra nos instiga a responder a uma pergunta: Como valorizar a educação em um país onde mais da metade da população não tem a leitura como um hábito? Enquanto expõe as construções históricas e culturais que provocaram o desinteresse soberano acerca dos livros e textos, ele também apresenta, em paralelo, os efeitos desse desinteresse generalizado na política, na alfabetização e, inclusive, na construção da identidade do eu social e da malfadada liberdade de consciência.

PROFESSOR INÁCIO:  Organização do Currículo por Projetos de Trabalho — O conhecimento é um caleidoscópio, de Fernando Hernández e Montserrat Ventura. É uma obra que debate e questiona o ato de educar. A cada página, fomenta-se a discussão sobre a ausência de um espaço de interações e vivências que é substituído por uma esfera escolar que privilegia única e exclusivamente a área da sala de aula. Para os dois escritores, a aprendizagem é mais do que um conteúdo pronto e um repasse diário dele no modo automático.

PROFESSOR SALOMÃO: Evasão e fracasso escolar, da autora Lucila Diehl Tolaine Fini, da Faculdade de Educação – UNICAMP. Essa obra resume diferentes formas de análise da evasão e do fracasso escolar, presentes na literatura educacional brasileira, e propõe uma perspectiva diferente: que se estude o fracasso escolar como fracasso da Escola.

PROFESSORA SOCORRO: Fracasso Escolar e Aprendizagem: Leitura, linguagem oral, mediação, de Maria Claudia Ramos Cabete Pereira. É uma dissertação de mestrado, da Universidade Federal de Mato Grosso, na qual a autora afirma que pesquisas têm mostrado que crianças em fase de pré-adolescência, apesar de submetidas ao processo de escolarização e alfabetização dentro de uma proposta inovadora e voltada para o enfrentamento do fracasso escolar, continuam apresentando problemas de aprendizagem de leitura.

PROFESSOR PAULO: Reprovação Escolar, renúncia à educação. São Paulo: Xamã, 2003, de Vitor Paro. O autor analisa a autonomia da reprovação escolar e explicações múltiplas, abrangendo dimensões socioculturais, psicológicas, institucionais e didático-pedagógicos, para reafirmar o caráter educativo da escola, tomando medidas que removam condicionantes da reprovação. 

PROFESSORA SÔNIA: Muito bem. Temos alguns autores para fazermos uma revisão bibliográfica. Esses textos nos darão consistência quanto ao tema pesquisado. Bem, agora vamos nos deter na metodologia a ser usada. O que é metodologia? Esse termo pode ser definido como uma sistematização para alcançar um resultado. Ou seja, o autor escolhe qual o método que irá usar para atingir seus objetivos. Neste caso, faremos uma pesquisa exploratória, que permite fazer um levantamento bibliográfico e o uso de entrevistas. Ela tem também como prioridade tornar explícito o problema quanto aos seu objetivo; quanto ao seu delineamento, faremos uma pesquisa ação, que se caracteriza por estar em estreita relação com uma ação ou problema coletivo. A pesquisa será também quantiqualitativa, pois colheremos informações e examinaremos cada caso separadamente, afim de construirmos um quadro teórico, mas também faremos a utilização de estatísticas, para que apresentemos dados concretos, pautados em números, porcentagens, sobre a questão da evasão escolar e da repetência no âmbito das escolas públicas estaduais de Belém e, particularmente, da escola Paulo Freire, e como esse projeto poderá ajudar a minimizar esses dados estatísticos. É uma pesquisa que envolve teoria e prática. Ou seja, vamos fazer o levantamento bibliográfico necessário, fazer fichamentos das obras, analisa-las para nos apoderarmos de informações que aprofundem nosso conhecimento sobre o assunto da pesquisa e, a partir daí, partiremos para outra fase do projeto, que é colocá-lo em prática, desenvolve-lo na escola. Só depois de todo esse processo é que vamos ver os resultados.

PROFESSOR DAMASCENO: E ainda, no contexto da metodologia, faremos a coleta de dados que requer: Seleção dos sujeitos participantes da pesquisa, entrevista e observações, questionários ou formulários, análise dos dados, recursos humanos, recursos materiais e orçamento. E tudo isso irá constar num cronograma. E pra que serve o cronograma? Bem, ele é construído pelo próprio pesquisador e visa relacionar as atividades e o tempo de duração dessas atividades, que podem ser divididas em partes ou etapas. No cronograma é inserido também os meses em que ocorrerão as atividades. Mas vamos montar o cronograma só depois de terminarmos a 2ª etapa.

PROFESSORA SÔNIA: Bem, vamos à 2ª etapa do projeto. Aqui veremos as tarefas que iremos desenvolver na prática com os alunos da escola Paulo Freire. Nós listamos várias atividades que foram ou estão sendo desenvolvidas por professores. Essas atividades serão trabalhadas de forma coletiva, mais ampla, com a intenção de que todos os alunos e professores participem de um projeto único. Nesse sentido, vamos trabalhar as seguintes atividades: 1) A praticidade das disciplinas além das salas de aula, que será desenvolvida em todas as turmas, com todos os professores, em todas as disciplinas; 2) O Resgate da Música Popular Brasileira e da música regional Paraense; 3) O Festival de Cultura Popular, com apresentações musicais, recitais de poesias, contos, crônicas, defesa de pesquisas científicas, artigos literários, apresentação teatrais com textos escritos pelos próprios alunos; 4) Ensaios de peças de teatro; 5) Artigos ou crítica literária em sala de aula; 6) Artigos científicos em sala de aula; 7) Contos, Crônicas, Poesias em sala de aula; 8) Construção de um Portfólio por aluno; 9) Leitura e análise do livro A Professora Maluquinha.

PROFESSOR DAMASCENO: Gente, pra que se possa dar visibilidade a estas diversas atividades, formaremos equipes que serão responsáveis pela organização e visibilidade de seus participantes. E todas essas equipes terão lideranças que serão compostas por alunos. Então, criaremos os seguintes suportes de apoio: 1) uma equipe que irá administrar a Rádio escolar, em que priorizará a divulgação de músicas que fazem parte do projeto; 2) uma equipe para organizar o Festival de Cultura Popular; 3) uma equipe para organizar os recitais periódicos de Música, Poesia, Contos e Crônicas; 4) uma equipe para administrar a Editora da escola; 5) uma equipe que irá administrar o Jornalzinho Paulo Freire; 6) uma equipe que irá administrar o CinEscola; 7) uma equipe para administrar a Revista Literária ou Cultural; 8) uma equipe para administrar a Revista Científica.

PROFESSOR LAURA: Mas eles vão organizar estes suportes, formar equipes, escolher líderes, organizar festivais, e tudo mais sozinhos? Sem apoio de ninguém?

PROFESSORA SÔNIA: Não, professora Laura. Eles vão ser orientados por vocês. Mas entendam uma coisa: são eles que vão tomar as decisões, sempre em equipe. Eles vão se sentir inseguros, vão achar que não conseguem, que é muita responsabilidade. Então, cabe a vocês incentiva-los, tirar as dúvidas, mostrar o caminho certo, e aí, eles vão tomar as decisões corretas, e, aos poucos, vão se sentir mais seguros, vão adquirindo experiência.

PROFESSOR SALOMÃO: E o cargo que eles irão ocupar? Tem um prazo de validade ou será indeterminado?

PROFESSOR DAMASCENO: Essas equipes deverão permanecer no cargo por um período de um ano ou dois anos, pra dar oportunidade pra outros alunos. Mas isso também irá ser votado pelos alunos. Inclusive com inscrição de chapas.

PROFESSORA SOCORRO: Êta pau! A coisa vai ferver. Tá ficando bom. Tô gostando.

PROFESSORA IVANI: Mas isso tudo demanda despesa. Como vamos montar uma rádio, uma editora, revista, palcos, jornalzinho, cinema? Temos que ter espaço pra isso, computadores, microfones, sistema de som, outros materiais.

PROFESSOR PAULO: Na escola pública, nada é fácil. Aliás, quando se trata de educação, cultura, fica mais difícil ainda. Mas nós que trabalhamos em escola pública, estamos acostumados com dificuldade. Nós vamos conseguir esse material. Vamos conseguir recursos. Eu estou otimista.

PROFESSOR SALOMÃO: Eu tenho algumas ideias. Já levantamos recursos em uma outra escola em que trabalho. Era pra formatura dos estudantes do 9º ano e um passeio pra Salinas. Lá, pedimos colaboração das famílias, e podemos fazer a mesma coisa aqui e levantar um fundo de participação. Podemos abrir uma conta em nome de três ou quatro pessoas, com a representação de professores e alunos.

PROFESSORA ZENILDA: Nós também poderemos contribuir financeiramente pra ajudar. Acho justo que todos participemos não só com ideias e organização, mas com uma pequena parcela de contribuição em dinheiro também. Temos quantos professores aqui nos turnos da manhã e tarde?

DIRETOR ARTHUR: No turno da manhã, temos quinze professores; no turno da tarde, temos dez professores. Isso porque alguns dão aula de manhã e de tarde aqui na escola.

PROFESSORA ZENILDA: Isso quer dizer que temos em torno de vinte e cinco professores. Se cada um de nós contribuir com cem reais, teremos, no final de cada mês, dois mil e quinhentos reais. Se o diretor, a supervisora, a orientadora e os técnicos também contribuírem, chegaremos na casa dos três mil reais facilmente, no final de cada mês. Agora imaginem cada família, ou pelo menos, 50% das famílias contribuindo com trinta a cinquenta reais por mês. Nós temos aqui no mínimo umas cem famílias representadas pelos alunos.

DIRETOR ARTHUR: Com certeza eu vou dar a minha contribuição.

PROFESSOR INÁCIO: Sim, podemos estabelecer um percentual para os professores que puderem e quiserem ajudar. Algo como cem reais por mês, ou mais, ou menos.

PROFESSORA LAURA: Podemos também pedir ajuda pra SEDUC.

PROFESSOR SOCORRO:  Pedir pra SEDUC é perda de tempo. É muita burocracia. Se for depender dela, a gente vai esperar uns dez anos pra começar esse projeto. A gente já tem problema com carga horária, cada vez diminuem mais e a gente tem que correr de uma escola pra outra pra pegar, pelo menos, duzentas horas. Imaginem se eles vão quere bancar projeto.

PROFESSORA SÔNIA: Gente, todas as sugestões são muito boas e bem vindas, mas precisamos organizar nossas ideias sobre o orçamento. Por isso, vamos colocar todas as possibilidades. Quem serão nossos possíveis colaboradores? Vamos enumerar: nº 1) as famílias dos alunos; nº 2) os professores, supervisores, orientadores, diretores, técnicos da escola; nº 3) comerciantes e empresários, gerentes de supermercados do bairro; nº 4) podemos fazer também rifas, bingos na escola nos finais de semana.

DIRETOR ARTHUR: As rifas e os bingos são uma boa ideia, mas quem iria procurar esses comerciantes, empresários, gerentes de supermercados?

PROFESSOR DAMASCENO: Vamos dividir o pessoal em equipes de, pelo menos, dois professores e três ou quatro alunos. Vamos pedir ao diretor da escola, professor Arthur, pra providenciar um documento formal, pedido de doação com assinatura da direção, com carimbo da escola e um crachá com identificação do nome, profissão e foto do professor ou do aluno.

DIRETOR ARTHUR: Também podemos criar o selo Amigos da Escola e fixar na frente da loja ou supermercado, ou empresa, ou comércio que fizer doação pra escola. Podemos também fixar os selos no muro da frente da escola.

PROFESSORA IVANI: Sim, gostei da ideia. E sabem mais o quê? Podemos reunir com os pais de alunos e pediremos pra quando forem fazer compras, que deem preferência pros estabelecimentos comerciais que tenham o selo Amigos da Escola.

PROFESSOR PAULO: E quando os comerciantes souberem disso, vão querer participar com doações, porque sabem que podem ter o retorno com mais clientes, além de estarem fazendo um trabalho social no bairro.

PROFESSORA SÔNIA: Bem gente, então vamos montar o cronograma? Dividiremos o cronograma em três etapas: a primeira etapa constará das informações teóricas; a segunda etapa constará das entrevistas, questionários, estatísticas, resultados; a terceira etapa constará das atividades práticas. O professor Damasceno vai desenhar um cronograma no quadro de giz e transcrever a primeira etapa. Mais antes, vou colocar aqui do lado direito do quadro um esboço de como ficará o pré-projeto: a sequência será essa:

1) Tema

2) Justificativa

3) Problema

4) Objetivos: geral e específicos

5) Fundamentação teórica

6) Indicação metodológica

7) Custo ou orçamento

8) Cronograma

9) Referências

 - Agora sim. Vamos lá, professor.

PROFESSOR DAMASCENO: (Começa a desenhar o cronograma).

- Muito bem, pessoal! O cronograma será nesse modelo. Agora, vamos colocar as atividades da primeira etapa, que são as atividades teóricas. Então, vamos lá.

 

1ª ETAPA

Atividades Teóricas

Meses/ano 2005

Abr

Mai

Jun

Jul

Ag

Set

Out

Nov

Dez

Construção do pré-projeto

X

 

 

 

 

 

 

 

 

Revisão bibliográfica

X

X

 

 

 

 

 

 

 

Leitura e fichamento das obras  

 

X

X

 

 

 

 

 

 

Análise de textos

 

 

X

X

 

 

 

 

 

Introdução

 

 

 

 

X

 

 

 

 

Capítulo 1: Evasão

 

 

 

 

X

 

 

 

 

Capítulo 2: Repetência

 

 

 

 

 

X

 

 

 

 

FABÍOLA: Todo esse tempo, professora, pra fazer a pesquisa teórica?

PROFESSORA SÔNIA: Sim, de abril até setembro. É preciso, pois temos que fazer fichamentos, análise dos textos, construir os capítulos e isso dá trabalho, requer tempo. Bem, agora, gente, vamos colocar o quadros das atividades que serão feitas na segunda etapa. O professor Damasceno vai escrever pra gente.

PROFESSOR DAMASCENO: Tudo certo até aqui?

PROFESSORES: Sim!

ALUNAS: Sim!

PROFESSOR DAMASCENO: Então, vamos continuar.

2ª ETAPA

Atividades Externas Previstas

Meses/ano 2005

Ago

Set

Out

Nov

Dez

 

 

 

 

Entrevistas semi-estruturadas

X

 

 

 

 

 

 

 

 

Formulários ou questionários

 

X

 

 

 

 

 

 

 

Análise das entrevistas

 

 

X

 

 

 

 

 

 

Análise dos formulários ou questionários

 

 

X

 

 

 

 

 

 

Dados estatísticos  

 

 

 

X

 

 

 

 

 

Resultados parciais

 

 

 

 

X

 

 

 

 

Conclusão da etapa teórica

 

 

 

 

X

 

 

 

 

 

- Tá ficando tudo muito claro, agora, não está?

PROFESSOR SALOMÃO: Só uma coisa, professor. Quem é que vai estar à frente desta pesquisa? Tô falando tanto das atividades da primeira etapa quanto da segunda etapa. É muita coisa, tanto da parte teórica quanto das entrevistas. Vocês já têm uma ideia de como vão fazer?

PROFESSOR DAMASCENO: Todas as atividades de todas as etapas, serão distribuídas por equipes de trabalho. Cada equipe irá ficar com uma parte das atividades para desenvolver. E nessas equipes vão entrar, também, alunos e alunas.

PROFESSORA IVANI: Tranquilo, professor. Muito bom. Dá pra entender, agora, o passo a passo.

ANA CRISTINA: Ôxi! É a primeira vez que participo de um projeto de verdade. Nunca pensei que tivesse tanta coisa envolvida. Mas tô achando muito legal.

FABÍOLA: Eu também tô gostando muito. Acho que isso vai trazer muita experiência pra gente.

LAÍLA: Ainda bem que a gente vai ter a ajuda dos professores pra orientar a gente.

PROFESSOR SALOMÃO: Mais vocês vão aprender muito com esse projeto, vão adquirir experiência. E quando tiverem cursando uma universidade, não vão ter dificuldades pra desenvolver o TCC de vocês.

RONIQUELE: O que é um TCC, professor? O que é isso?

PROFESSORA ZENILDA: Querida, TCC significa Trabalho de Conclusão de Curso. É um projeto de pesquisa que todo estudante universitário desenvolve no final do curso. Ele escolhe um tema pra pesquisar, e desenvolve esse tema em capítulos e depois faz as suas conclusões. Ele defende o TCC diante de uma banca de professores, que podem aprovar ou não o seu trabalho, ou podem aprova-lo com ressalvas, pra que você faça algumas modificações, alguns ajustes no texto. Tipo esse projeto que estamos desenvolvendo aqui na escola, que vocês estão participando.

RONIQUELE: Ah, sim! Entendi!

THAÍS: Eu também entendi. Então, quer dizer que a gente já está aprendendo como fazer um projeto de pesquisa?

DIRETOR ARTHUR: Isso mesmo. E vocês já vão chegar à universidade sabendo fazer e desenvolver um projeto. Isso é uma enorme vantagem, pois a maioria dos estudantes quando chegam na universidade, encontram muitas dificuldades para fazer projeto de pesquisa. Eles têm dificuldade pra criar um título pro seu trabalho; dificuldade pra fazer a revisão bibliográfica; dificuldade, principalmente, pra desenvolver os capítulos.

PROFESSORA LAURA: É, eu tive muita dificuldade, logo de início, pra encontrar um tema pro meu TCC que ainda está em desenvolvimento. Eu bolava um tema, levava pra professora, e ela mandava refazer por vários motivos. Uma das coisas que eu aprendi é que você tem que delimitar o tema, ou seja, enxuga-lo o máximo possível pra facilitar o seu trabalho, porque, caso contrário, o tema fica muito aberto, vago, com vários direcionamentos, e os objetivos se perdem. Eu só fui entender isso, quando entrei pro grupo de pesquisa da professora Sônia. É lá que eu estou aprendendo a pesquisar, a fazer trabalhos científicos. Eu já fiz até um artigo sobre José Veríssimo, que é o foco da nossa pesquisa, não é isso, professora Sônia?

PROFESSORA SÔNIA: É isso mesmo, Laura. A professora Laura, pra quem não sabe, é uma bolsista muito aplicada, muito dedicada à pesquisa científica que estamos desenvolvendo. Tenho certeza de que em breve ela será professora da Universidade Federal do Pará. E vamos trabalhar juntas, vamos ser colegas de pesquisa.

PROFESSORA LAURA: Deus lhe ouça, professora! Deus lhe ouça!

PROFESSORA SÔNIA: Bem, gente, o papo tá bom, mas nós temos que seguir em frente. Vamos passar para a próxima etapa, a terceira, que são as atividades práticas. O professor Damasceno, novamente, vai fazer o cronograma desta etapa no quadro de giz, pra vocês verem. Professor! É com você.

PROFESSOR DAMASCENO: Gente, aqui está o cronograma das atividades práticas que iremos desenvolver. Vamos começar pelos colaboradores financeiros, a formação de equipes e dos estúdios e espaços que essas equipes irão administrar. Nesta etapa, que é a terceira, organizaremos os recursos ou ajuda financeira. Aqui está.

3ª ETAPA

Recursos ou Ajuda Financeira

Meses/ano 2005 – 2006

Ago    

Set    

Out   

Nov   

Dez   

Jan

Fev

Mar

Abr

Colaboradores financeiros: famílias dos alunos

X

X

X

X

X

 

 

 

 

Colaboradores financeiros: Professores, supervisores, orientadores, diretores, técnicos da escola.

X

X

X

X

X

 

 

 

 

Colaboradores financeiros: comerciantes e empresários, gerentes de supermercados do bairro.

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Rifas e bingos

X

 

X

 

X

 

X

 

X

PROFESSOR PAULO: E as equipes que irão administrar as atividades, os espaços de encontro? Vão ser escolhidas por nós?

PROFESSORA SÔNIA: A escolha das equipes será por votação, com formação de chapas para disputar cos cargos oferecidos. Os interessados em ocupar um destes cargos, formam uma chapa e vão de sala em sala fazer a sua propaganda, tentar convencer os demais alunos porque eles devem votar naquela chapa. A que for mais votada fica.

PROFESSORA SOCORRO: Muito bom. Gostei desse lance de formação de chapas e votação. Vai ser, ao mesmo tempo, uma aula de cidadania.

PROFESSORA ZENILDA: Isso mesmo. Vai ser muito bom pros alunos. Vão aprender a escolher melhor seus representantes.

THAÍS: Eu sei que eu vou me candidatar. Vou formar logo uma chapa com algumas meninas.

PROFESSORA IVANI: Calma, Thaís. A formação das chapas ainda está um pouco distante.

PROFESSORA SÔNIA: Isso mesmo. A escolha dos representantes das chapas só será em outubro, mas vocês já podem começar a se organizar a partir de agora, se quiserem. É bom, porque vocês vão criando táticas, treinando falar em público, vão buscando temas dentro da proposta do projeto que vocês querem defender. Mas vamos olhar aqui pro quadro agora. A quarta etapa está organizada deste jeito, e começa em outubro deste ano. Nós estamos em abril, portanto, faltam seis meses ainda. Temos aqui os seguintes itens e meses.

4ª ETAPA

Criação de Equipes para gerenciar:

Meses/ano 2005 – 2006

Out

Nov

Dez

Jan

Fev

 

 

 

 

O Festival de Cultura Popular: Teatro, Música, Danças Folclóricas, Recital e Varal de Poesias, Contos e Crônicas.

X

 

 

 

 

 

 

 

 

A Rádio Escolar

X

 

 

 

 

 

 

 

 

A Editora Escolar

 

X

 

 

 

 

 

 

 

O Jornalzinho Paulo Freire

 

X

 

 

 

 

 

 

 

O CinEscola

 

 

X

 

 

 

 

 

 

A Revista Literária ou Cultural

 

 

 

X

 

 

 

 

 

A Revista Científica

 

 

 

 

X

 

 

 

 

 

RONIQUELE: Eu tô achando tudo muito maravilhoso, mas me preocupa uma coisa.

PROFESSORA SÔNIA: O que Roniquele?

RONIQUELE: Onde vai ficar o espaço da administração cultural? A rádio? A editora? O jornalzinho? O cinescola? As salas de produção de revistas?

PROFESSORA SÔNIA: Bem, isso teremos que ver com a direção da escola. Vamos ver as possibilidades.

DIRETOR ARTHUR: A sala de supervisão não está sendo ocupada. Podemos usa-la pra alguma dessa funções, ou talvez até duas.

PROFESSOR PAULO: Sim, podemos dividir o espaço pra duas equipes formarem os seus escritórios. Isso já é um bom caminho andado.

PROFESSOR SALOMÃO: Também temos aqui na escola, pelo menos duas salas de aula que não estão sendo utilizadas. Elas são grandes, maiores do que a sala de supervisão. Precisamos de quantas equipes?

PROFESSOR DAMASCENO: Pelo menos de sete equipes. Sim, pelo cronograma são sete.

PROFESSOR SALOMÃO: Então, fechamos a conta. Duas equipes vão ocupar a sala da supervisão. Sobram cinco equipes. Podemos colocar três equipes numa sala de aula e as outras duas na outra sala de aula.

PROFESSORA SÔNIA: Pronto. Fechado. Vamos à próxima etapa, que é muito importante. São as atividades de sala de aula. Elas vão seguir os seguintes critérios:  

5ª ETAPA

Atividades de sala de Aula:

Meses/ano 2006

Mar  

Abr  

Mai  

Jun  

Ag  

Set

Out

Nov

Dez

Estudo das disciplinas com ênfase no dia-a-dia da Comunidade (em todas as turmas)

X

X

X

X

X

X

X

X

X

O Resgate da Música Popular Brasileira e da Música Regional Paraense (em todas as turmas)

X

X

 

 

 

 

 

 

 

Desenvolvimento de Artigos ou crítica literária em sala de aula (em todas as turmas)

 

 

X

X

 

 

 

 

 

Desenvolvimento de Artigos científicos em sala de aula (em todas as turmas)

 

 

 

 

X

X

 

 

 

Criação de Contos, Crônicas, Poesias em sala de aula (em todas as turmas)

 

 

 

 

 

 

X

X

 

Construção de um Portfólio por aluno (em todas as turmas)

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Leitura e análise do livro A Professora Maluquinha e outras obras (em todas as turmas)

 

X

X

 

X

X

 

X

X

FABÍOLA: Não é muita coisa, não, professora? Tudo isso durante o ano todinho?

PROFESSORA SÔNIA: Aparentemente, sim. Mas essas atividades serão distribuídas por etapas. Ninguém irá faze-las ao mesmo tempo. Estão vendo no quadro? Com exceção do primeiro item (estudo das disciplinas) e do sexto item (construção do portfólio) que serão ministrados durante o ano todo, as outras atividades serão desenvolvidas de dois em dois meses. Não está claro no quadro?

DEISE: Sim, professora! Está bem explicado no quadro.

PROFESSORA IVANI: Além do mais, gente, vocês vão se divertir fazendo essas atividades. Vocês vão gostar tanto, que nem vão ver o tempo passar.

PROFESSOR INÁCIO: Já pensou gente, vocês irão aprender um monte de coisas da música popular brasileira. Irão aprender com mais profundidade sobre a vida dos cantores e compositores, o contexto histórico, político e social.

PROFESSORA SOCORRO: Vão aprender a interpretar a letra da música a partir da relação dela com o contexto histórico e social. Aí sim, quando vocês começarem a entender a importância de determinada música pra aquele momento histórico e social, e que a música como arte é, na verdade, um veículo de comunicação, de denúncia, de protestos, de posicionamento, de construção, desconstrução e reconstrução da realidade, aí sim, vocês vão passar a amar a nossa música popular brasileira, com tantas letras belíssimas, tantos cantores e compositores maravilhosos e talentosíssimos.

PROFESSORA ZENILDA: Gente, nem toda música é arte. Podem até chamar de cultura, mas não é arte. A arte é pra ser admirada, analisada, comentada, vivida em toda a sua força e esplendor. A composição, a bela composição, quando se encontra com o ritmo e a voz, cria uma melodia que penetra suave nos ouvidos, e pode gerar nostalgia, saudosismo, raiva, indiferença, motivação, adrenalina, reflexões, reflexões e mais reflexões.  

PROFESSOR SALOMÃO: Além do mais, vivemos num tempo em que tudo vira música. Qualquer um é agora compositor. Qualquer porcariazinha que fazem por aí, jogam na internet e viraliza, se torna sucesso, um fenômeno. Lembram do homem da caneta azul?

ANA CRISTINA: (Risos)

- Quem não lembra, professor? Quer que eu cante?

PROFESSOR SALOMÃO: Canta, Ana.

ANA CRISTINA: Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letras/Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letras.”

PROFESSOR SALOMÃO: Tá bom, Ana. Vejam só esse refrão. E o homem virou fenômeno, mesmo que seja um fenômeno passageiro, mas virou. Enquanto que, grandes artistas, grandes cantores e compositores estão esquecidos, não são chamados em programas de TV, não são tocados nas rádios. E sabem por que? Porque não estão na moda. Não servem pra essa nova geração.

PROFESSORA LAURA: Posso dizer uma coisa, professor?

PROFESSOR SALOMÃO: Claro.

PROFESSORA LAURA: Gente, principalmente vocês meninas: Ana Cristina, Thaís, Laíla, Roniquele, Deise, Fabíola, vocês já pararam para ouvir uma música como essa do Nilson Chaves: “O sol da manhã rasga o céu da Amazônia/Eu olho Belém da janela do hotel/As aves que passam fazendo uma zona/Mostrando pra mim que a Amazônia sou eu...”

PROFESSOR SALOMÃO: “Que tudo é muito lindo/Õuouououou/É branco é negro é índio/Êeeeô...”

PROFESSORA SOCORRO: “No rio Tietê mora a minha verdade/Sou caipira, suburbano dos matos/Um caipora que nasceu na cidade/Um curupira de gravata e sapato...”

PROFESSORA IVANI: “Sem nome, sem dinheiro/Ôuouououou/Sou mais um brasileiro/Êeeeô...”

PROFESSOR PAULO: Olhando Belém enquanto uma canoa desce o rio...”

PROFESSOR INÁCIO: E um curumim assiste da canoa/Um Boeing riscando o vazio/Eu posso acreditar que ainda dá pra gente viver numa boa/Os rios da minha aldeia são maiores que os de Fernando Pessoa...” (bis)

PROFESSOR DAMASCENO: “Molhando meus olhos de verde floresta/Sentindo na pele o que diz o poeta/Eu olho o futuro e pergunto pra insônia/Será que o Brasil nunca viu a Amazônia...”

PROFESSORA SÔNIA: “Eu vou dormir com isso/Ôuouououou/Será que é tão difícil/êeeeô...”

DIRETOR ARTHUR: “Olhando Belém enquanto uma canoa desce o rio...”

PROFESSORA SOCORRO: “E um curumim assiste da canoa/Um boeing riscando o vazio/Eu posso acreditar que ainda dá pra gente viver numa boa/Os rios da minha aldeia são maiores que os de Fernando Pessoa...” (bis)

PROFESSOR SALOMÃO: “E o sol da manhã/Rasga o céu da Amazônia.”

PROFESSORA LAURA: Tão vendo, meninas? Eu só comecei a música e os outros professores se encarregaram de cantar. Perceberam como a letra e a melodia são lindas? Perceberam como elas falam poeticamente de Belém, da cidade de vocês? Da nossa cidade?

THAÍS: É muito bonita essa música mesmo, professora. A letra, a melodia. Me lembro dos meus pais chegando aqui em Belém de barquinho popopô, vindos de Muaná, e aportando ali, no trapiche da Estrada Nova.

PROFESSORA SÔNIA: E isso é só o começo. Perceberam como tem outras atividades interessantes? Como aprender a escrever artigos literários e científicos, fazer crônicas, poesias, criar contos. E o melhor é que vocês vão poder divulgar isso, através das revistas, da rádio, dos festivais culturais. Mas, por enquanto, vamos dar continuidade ao nosso assunto. Vamos pra outra etapa, a sexta. Professor Damasceno, dê prosseguimento.

PROFESSOR DAMASCENO: Pois não, professora. Bem, gente, já apaguei os outros cronogramas pra ter espaço na lousa. Agora, vamos prestar atenção neste sexto e último cronograma. Vejam que as atividades de sala de aula serão apresentadas ao público em dois momentos: nos meses de junho e dezembro.

6ª ETAPA

Festival de Ciências e Cultura Popular: Apresentação das Atividades Desenvolvidas em sala de Aula

Meses/ano 2006

 

Jun

 

 

 

 

 

Dez

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apresentação do Projeto O Resgate da Música Popular Brasileira e da música regional Paraense, por década (contexto histórico, biografia do autor e acompanhamento musical)

 

X

 

 

 

 

 

X

 

Apresentação de Artigos ou crítica literária.

 

X

 

 

 

 

 

X

 

Apresentação de Artigos científicos.

 

X

 

 

 

 

 

X

 

Apresentação de Contos, Crônicas e Poesias (varal de poesias)

 

X

 

 

 

 

 

X

 

Apresentação de peça teatral criada pelos próprios alunos.

 

X

 

 

 

 

 

X

 

Apresentação de danças folclóricas e regionais

 

X

 

 

 

 

 

X

 

Festival de filmes

 

X

 

 

 

 

 

X

 

 

RONIQUELE: Professor Damasceno, todas essas atividades vão ser apresentadas no festival de ciências e cultura?

PROFESSOR DAMASCENO: Exatamente.

DEISE: Mas tudo só num dia?

PROFESSOR DAMASCENO: Não. Vamos fazer uma programação pro festival. Ele deve se estender por, pelo menos, três dias: sexta, sábado e domingo.

PROFESSORA SÔNIA: Isso, pra que todas as atividades possam ser apresentadas sem pressa. Iremos também formar um corpo de jurados pra eleger os três primeiros trabalhos, com direito a prêmio.

DIRETOR ARTHUR: Vamos criar uma galeria de quadros aqui, na escola, com as fotos dos festivais de cada ano.

PROFESSORA LAURA: Isso, muito bom, diretor!

PROFESSORA SÔNIA: Bem, gente! Felizmente, acabamos o cronograma. Agora é arregaçar as mangas e botar a mão na massa.

PROFESSOR DAMASCENO: E a primeira providencia que vamos tomar hoje é organizar as atividades da primeira etapa com vocês, que é essa aqui no quadro:

Construção do pré-projeto

Revisão bibliográfica

Leitura e fichamento das obras  

Análise de textos

Introdução

Capítulo 1: Evasão

Capítulo 2: Repetência

 

PROFESSORA SÔNIA: Todos vão fazer um pouco de cada nesta fase. Mas vamos dividir algumas tarefas. Cada um de vocês vai ler uma obra, fazer fichamento e analisa-la. A introdução vai ficar por conta de dois de vocês. E vamos dividir vocês em dois grupos: um grupo vai escrever o primeiro capítulo e o outro grupo vai escrever o segundo capítulo. Assim fica mais fácil e terminamos mais rápido. Entenderam?

PROFESSORES: (Todos dizem que sim).

FABÍOLA: E nós, professora? Como a gente fica?

PROFESSORA SÔNIA: Vocês vão fazer parte desse grupo, desde o início. Hoje é sexta-feira, 15 de abril. Segunda-feira, começaremos essa primeira etapa. Vamos cuidar de colocar o pré-projeto no papel e ir atrás da bibliografia. Ou seja, atrás de livros pra sustentar nosso trabalho científico.

PAUSA: Eram 11h35mm, o dia, lá fora estava quente, o sol estava tinindo. Na escola, os alunos se preparavam para sair, esperando o final de aula. Os professores se espalharam pelos corredores, cada um atrás de seus afazeres. O diretor foi para a sua sala com a supervisora, comentando o resultado da reunião. Pareciam bastante animados. A professora Laura se dirigiu para a sala dos professores em companhia do professor Paulo e da professora Ivani. Entraram, e, ali, ficaram conversando por alguns minutos até quando bateu a campainha. Era hora de ir embora. Lá fora, a professora Sônia se dirigiu para o seu carro, entrou e sentou-se ao volante, pensativa. No outro lado da rua, o professor Damasceno entrava em seu carro também, olhou para a escola, ligou o carro e saiu lentamente. Em seguida, a professora Sônia também saiu, deixando pra trás apenas a fumaça do carro.

 

FIM DA DÉCIMA QUARTA CENA

ÚLTIMO ATO

  

 

Prof. Carlos Alberto T. Prestes

(Ex-SOME, pesquisador, poeta e escritor)

 

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