quinta-feira, 16 de novembro de 2023

A origem do Sistema Modular na Terra do Folclore


                                   Ex-professores do SOME visitam Escola, em Curuçá

   


           Com novas pesquisas que tem como objeto de estudos o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME temos novas versões e possibilidades de explicações sobre a origem dessa importante política pública para a sociedade paraense, assim como, a sua estrutura e funcionamento, que completou 43 anos no último dia 15 de abril. Atualmente, o estudo na Linha de pesquisa 1- Educação, Estado e Sociedade na Amazônia, tendo como Tema do Projeto de mestrado: O Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) em Comunidades Ribeirinhas na Amazônia Paraense: desafios e perspectiva da educação itinerante, da ex-professora do SOME Antelmara de Sousa Silva, pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM é uma em fase de estudos. 





                                      Historiador Paulo Henrique com os professores

        

           


          Algumas matérias para esta página eletrônica, enfatizamos  que durante muitos anos, a organização administrativa do ensino de 2º Grau (atualmente Ensino Médio) no nosso Estado estava sob a responsabilidade da Fundação de Educação do Pará – FEP, hoje extinta, surgindo a Universidade Estadual do Pará – UEPA, em seu lugar. Na década de 70, durante a gestão do governador Tenente Coronel Alacid da Silva Nunes, temos pressões de políticos e comunidades que desejavam continuidade em seus estudos, reivindicaram junto à base política aliada do governador que os atendessem com o curso de Segundo Grau sem ter que se deslocar para a capital ou localidades urbanas que tivessem esta modalidade de ensino, que naquele período tinha 83 municípios no Estado e apenas 18 possuía a oferta, tendo uma demanda muito grande de interessados e interessadas em continuar seus estudos. O governador então pediu à FEP que encontrasse uma maneira de atender à reivindicação das comunidades interessadas. A FEP que na época tinha na Superintendência Geral o Professor Manuel Viegas Campbell Moutinho, criou equipes de técnicos, que se deslocaram até as comunidades para fazer as diagnoses das necessidades urgentes para atender os alunos e a alternativa encontrada pela equipe técnica foi através de módulos da Grade Curricular do Segundo Grau.



             

                                        

                                         Professores no auditório do prédio






                    Ex-alun@s do SOME (1ª turma, Odilon Ataíde e 2ª turma, Iris do Socorro)

       Após a beleza, a homenagem aos mortos, durante finados, que é um pouco exótica... como disse o cantor, compositor, escritor, professor e amigo Otácio Ruy, curuçaense e membro da Academia de Letras de Curuçá, um grupo de ex-professores do Sistema Modular (Cláudio Paixão, Ribamar Oliveira, Rosemary Barbosa, Nonato Bandeira, Fátima, Inês, incluindo duas ex-alunas e ex-professoras; Iris do Socoro, Curuçá e Selma Félix: Nova Timboteua) estiveram no dia 03 de novembro no palácio, popularmente “Casarão”, prédio antigo de funcionamento do SOME no município de Curuçá.  Os educadores foram recebidos pelo Presidente da Fundação o historiador, escritor e professor Paulo Henrique que fez  um relato histórico e cultural do município de Curuçá e da importância do SOME para a comunidade  curuçaense. Foram visitados vários ambientes da Fundação, como o auditório onde recebemos uma verdadeira aula e exposição do resgate de história e memória enfatizada pelo Presidente da Instituição; sala de música, local de funcionamento de projeto da escola de música para a comunidade, o que chamou muita atenção dos presentes; o ambiente externo da Fundação que funciona como apresentações de eventos e atividades realizadas pela instituição e empréstimo para outras entidades e instituições; a exposição entre outras atividades, deixando os visitantes interessados e interessadas; sala de funcionamento do arquivo público da Fundação também chamou muito atenção dos ex-professores do SOME pela organização e conservação da documentação desde o século XVIII aos dias atuais, o que outros municípios deveriam seguir o exemplo e valorizar os documentos para sociedade atual e futura. 

     A estrutura e o funcionamento do SOME nos municípios era da seguinte forma, uma equipe de professores permanecia na localidade por um determinado período de 45 dias letivos (hoje são 50 dias letivos) através de módulos de disciplinas, sendo que as equipes se deslocavam e permaneciam nas  quatro localidades onde se originou o SOME, ministravam aulas e aplicavam avaliações nesses 45 dias letivos para concluir a matéria curricular das disciplinas ofertadas a cada módulo que eram 4 durante um ano letivo, ou seja, outra equipe se deslocava para a comunidade para ministrar mais um módulo de disciplinas, até que todas as disciplinas da respectiva série fossem ministradas durante o ano. Caso faltasse uma disciplina em um módulo desses, após o término do ano letivo, tem a reposição para cobrir a necessidade, o que não prejudicaria os alunos e alunas durante o ano letivo, principalmente, quando eram aprovados em concursos ou vestibulares. Importante destacar, que até julho de 2003, os professores do Sistema Modular eram dedicação exclusiva o que era uma de suas características, a partir deste período a Secretaria Estadual de Educação Rosa Cunha, desestrutura o SOME com a centralização das decisões políticas através da Unidade de Regionais de Ensino – URE e Escola Sede. Neste caso, no município de Curuçá, a Escola de funcionamento do Sistema Modular foi na Escola Estadual Prof. "Olinda Verás Alves". Também importante ressaltar, que os educadores e alunos da primeira turma do SOME começaram suas atividades pedagógicas em local provisório, uma sala cedida da Escola Estadual Prof. "Candorina Campos", enquanto se organizava o espaço onde funcionaria definitivamente a então Escola Estadual de 2º grau Prof. Olinda Verás Alves", com 2 turmas, do curso do magistério, com 60 alunos, sendo uma turma a tarde e a outra pela parte da noite.  

          Segundo o historiador Paulo Henrique explicando a frente do prédio da Escola com suas fachadas, com alguns estilos europeus, com as três deusas que são: Minerva, deusa da sabedoria, da arquitetura e da engenharia; do lado esquerdo, Marryanne que simboliza a Republica, na base dela está escrito a República e daqui é um Índio, que representa o Brasil. Esses dados, esses levantamentos só foram possíveis com a restauração. O prédio foi construído em 1895, mas antes dele, já existia uma primeira construção, que é da década de 1830. Este estilo neoclássico incorporando arteneau quando foi incorporado as bandeiras de ferro  e as vidraças é do final do século XIX, até a década de 1920 ainda estava a arteneau, depois vai se acabando, portanto, o neoclássico acabou se inspirando nas características  das antiguidades clássicas gregas e romanas, então estamos vendo as colunas com artetraves na base de cada uma em funções na parte de cima, que são as beirinhas, os enfeites na base, e lá em cima também, muito parecidas com da Grécia antiga e as pinhas na fachada significava poder, significava que a família ou a pessoa tinha, muita influência, poder de mando, socialmente e politicamente daquela época, final do século XIX, faz também voltar para a história da eira, beira. Dois casarões que estão na praça pertencentes ao antigo Intendente e de grande influência que é o patrono dessa praça, o Senhor Horácio Barbosa Lima. Também abordou que o Poder Executivo foi implantado no município em 1890”. O Historiador falou também um pouco sobre a Cabanagem no município, alguns conflitos, entre as forças legalistas e as tropas dos cabanos que até hoje continua viva como momentos históricos e importantes dos movimentos populares e sociais tanto municipal quanto estadual. 

           São dados importantes levantados em exposições pelo Historiador Paulo Henrique, atualmente é o Diretor do Palacete Barbosa de Lima onde funcionou o SOME a partir de 15 de abril de 1980, inclusive, com toda formalização e presença de autoridades no dia da implantação no município, fez seu relato complementado pela ex-aluna, pertencente a segunda turma do SOME Iris do Socorro R. Gomes que é curuçaense e depois formada em Pedagogia  e pós graduada em Gestão Escolar e Letramento que se tornou professora do SOME por 14 anos. A visita foi um show e sucesso com muito aprendizado e produtividade.


                                 Ex-alunas do SOME, das primeiras turmas, em Curuçá

       Ressalte-se que durante esse processo de avaliação efetuada pela Fundação Educacional do Pará - FEP concluiu pela viabilidade de se implantar o atendimento aos alunos das comunidades do interior do Estado com Ensino de Segundo Grau através de bloco de disciplinas; o que veio a ocorrer a partir da década 80 nas sedes dos municípios que ainda não tinham o ensino de 2o Grau implantado.


                                     Professores em ambiente externo da Instituição

       De início, em fase experimental temos o SOME sendo implantado em quatro municípios paraenses: Igarapé-Açu, Nova Timboteua, Igarapé-Miri e Curuçá. O Estado do Pará foi o pioneiro neste tipo de projeto no país e serviu de modelo para outros Estados como o Amapá, Amazonas;  diversos municípios, como o modular municipal do ensino fundamental, como no município de Concórdia do Pará, entre outros e diversos modelos para outros países, como o México.... Alguns levantamentos realizados.

                      Professores em roda de conversa sobre a memória e história de Curuçá





2 comentários:

  1. Que bom dessa origem e dinâmica do Some. Nao è atoa que ja se passaram mais de 43 anos de sua fundaçao e ele, o Some, continua sendo importante para as comunidades do interior paraense. Viva o Some!

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  2. Que trabalho resgatador! Parabéns! O SOME de fato é muito importante para os jovens paraense que atuam no campo. É um programa de Política Pública que tem levado esperança há mais 43 anos por esse Pará a fora. Que orgulho fazer parte desse gigante.

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