Comemorações dos 36 anos do SOME/ Forquilha/Tomé Açu |
O presente texto é fruto de quase três décadas dedicados ao
Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, enquanto uma política pública
da Secretaria estadual de Educação do Estado do Pará, tratando de alguns temas
relacionados à qualidade do ensino na escola pública, através de experiências
vivenciadas nos interiores da Amazônia paraense.
O SOME política pública a partir de 2014, foi originado com a
elaboração e execução da Fundação Educacional do Pará – FEP, gerenciadora do 2º
Grau, hoje Ensino Médio, nos idos das décadas de 1970 e 1980. Com a pressão
política de alguns setores do estado que não eram beneficiados por esse projeto,
o governador do Estado Alacid da Silva Nunes, solicita para o Diretor Geral da
Fundação Educacional do Estado do Pará - FEP, uma proposta de implantação de 2º Grau nos interiores que não possuíam.
Depois de realizadas diagnoses em vários municípios pela equipe técnica, o
Professor e Diretor Geral da FEP Manoel Campbel Moutinho idealiza o projeto em
funcionamento até o momento, que o ano que vem completará 40 anos de
implantação em mais de 100 municípios.
A educação pública é complexa quando o assunto é colocado em
questão de análise, principalmente relacionando com as oportunidades
educacionais às classes subalternas da zona rural do Estado. Isso provoca
pensar em muitos aspectos, como desempenho dos alunos, professores, escolas e
sistema educacional envolvido.
Situação de algumas salas do SOME |
Quando aborda-se a qualidade do ensino, envolvendo questões
importantes e complexas, pode-se frisar a situação do aluno do campo, ribeirinho,
quilombola e indígena. Sabe-se que cada uma dessas categorias possui seu modo
de vida e realidades específicas. O aluno do campo, como exemplo, aquele que
trabalha com a terra, tem uma visão clara de que período deve plantar e colher
sua produção. É esse aluno que ajuda na renda familiar, com sua mão de obra importante
no processo produtivo e participa desse cenário, característico amazônico.
Acorda cedo, esse cedo de madrugada, na sua maioria das vezes na roça, que fica
na colônia, ou seja, bastante distante de sua residência, como por exemplo, na
produção da farinha de mandioca, que tem todo um processo de cultura
rudimentar. Esse aluno de populações subalternas dos interiores do estado, que deseja
seu desempenho melhor. Diante da atual conjuntura, como cada realidade e cada turma
é diferente da outra, tem-se que dosar o ensino melhor e produtivo com a
realidade do aluno, quando é possível aprofundar o conhecimento, faz-se com a
certeza que muitos quando chegam a casa querem mais é relaxar, descansar o
corpo pensando no dia seguinte. Assim também, acontece com o aluno quilombola,
ribeirinho e indígena que participa do processo produtivo. E, aí, vem em mente,
como não se esforçar e pensar a qualidade do ensino na escola pública em
regiões distantes e rincões da Amazônia paraense.
Quando se trata do professor na qualidade do ensino da escola
pública vinculados ao Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, temos
algumas considerações interessantes para abordar. O profissional dessa política
voltada para a educação difere de outras modalidades de ensino. O profissional
faz seu deslocamento de sua residência com destino às localidades que irão
desenvolver suas práticas educativas, deixando família, amigos e vida social. Ao
longo dessa trajetória, a metodologia de cada um difere, com empenho procurando
a melhoria da qualidade do ensino através de atividades que deixam marcas nos
municípios e localidades por onde passam, como seminários, apresentações de
teatros, festivais, feiras culturais e de ciências, jogos internos das escolas,
xadrez, pipas, grupos de leituras, apresentação na XXXIII Feira do Livro, entre
outras. Até o ano de 2003, os professores do SOME tinham dedicação exclusiva
para o projeto, sendo as decisões centralizadas na sede da SEDUC. Com a
desestruturação a partir de julho de 2003, através da Secretária Estadual de
Educação, Rosa Cunha, o poder de decisão fica nas mãos da Unidade Regional de Ensino
- URE e Escolas Sedes, proporcionando assim a entrada de muitos professores com
outros vínculos, descaracterizando o perfil do SOME.
Encontro do SOME/Abaetetuba/2009 |
Atualmente, o SOME desenvolve atividades de funcionamento em
98 municípios, em quase 400 localidades e mais de 1000 professores. Apesar de
toda luta da categoria dos professores por reivindicações justas, sempre levam
uma educação digna e de qualidade. Cresceu ao longo desses 39 anos e hoje se configura como una política modus operandi, leva cidadania para todos pautado na informação e no letramento da realidade, com isso atingindo metas, contribuindo para melhoria educacional populacional e trabalhando a inclusão social.
Professora Ester Oliveira, Conceição Brayner e Giselle/2010 |
O foco principal do texto foi propor discussões sobre a
qualidade do ensino na escola pública dos interiores da Amazônia paraense.
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