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terça-feira, 3 de setembro de 2019

O SOME e a qualidade do ensino na escola pública



Comemorações dos 36 anos do SOME/ Forquilha/Tomé Açu




O presente texto é fruto de quase três décadas dedicados ao Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, enquanto uma política pública da Secretaria estadual de Educação do Estado do Pará, tratando de alguns temas relacionados à qualidade do ensino na escola pública, através de experiências vivenciadas nos interiores da Amazônia paraense.




O SOME política pública a partir de 2014, foi originado com a elaboração e execução da Fundação Educacional do Pará – FEP, gerenciadora do 2º Grau, hoje Ensino Médio, nos idos das décadas de 1970 e 1980. Com a pressão política de alguns setores do estado que não eram beneficiados por esse projeto, o governador do Estado Alacid da Silva Nunes, solicita para o Diretor Geral da Fundação Educacional do Estado do Pará - FEP, uma proposta de implantação de 2º Grau nos interiores que não possuíam. Depois de realizadas diagnoses em vários municípios pela equipe técnica, o Professor e Diretor Geral da FEP Manoel Campbel Moutinho idealiza o projeto em funcionamento até o momento, que o ano que vem completará 40 anos de implantação em mais de 100 municípios.




A educação pública é complexa quando o assunto é colocado em questão de análise, principalmente relacionando com as oportunidades educacionais às classes subalternas da zona rural do Estado. Isso provoca pensar em muitos aspectos, como desempenho dos alunos, professores, escolas e sistema educacional envolvido.


Situação de algumas salas do SOME
                                             

Quando aborda-se a qualidade do ensino, envolvendo questões importantes e complexas, pode-se frisar a situação do aluno do campo, ribeirinho, quilombola e indígena. Sabe-se que cada uma dessas categorias possui seu modo de vida e realidades específicas. O aluno do campo, como exemplo, aquele que trabalha com a terra, tem uma visão clara de que período deve plantar e colher sua produção. É esse aluno que ajuda na renda familiar, com sua mão de obra importante no processo produtivo e participa desse cenário, característico amazônico. Acorda cedo, esse cedo de madrugada, na sua maioria das vezes na roça, que fica na colônia, ou seja, bastante distante de sua residência, como por exemplo, na produção da farinha de mandioca, que tem todo um processo de cultura rudimentar. Esse aluno de populações subalternas dos interiores do estado, que deseja seu desempenho melhor. Diante da atual conjuntura, como cada realidade e cada turma é diferente da outra, tem-se que dosar o ensino melhor e produtivo com a realidade do aluno, quando é possível aprofundar o conhecimento, faz-se com a certeza que muitos quando chegam a casa querem mais é relaxar, descansar o corpo pensando no dia seguinte. Assim também, acontece com o aluno quilombola, ribeirinho e indígena que participa do processo produtivo. E, aí, vem em mente, como não se esforçar e pensar a qualidade do ensino na escola pública em regiões distantes e rincões da Amazônia paraense.





Quando se trata do professor na qualidade do ensino da escola pública vinculados ao Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, temos algumas considerações interessantes para abordar. O profissional dessa política voltada para a educação difere de outras modalidades de ensino. O profissional faz seu deslocamento de sua residência com destino às localidades que irão desenvolver suas práticas educativas, deixando família, amigos e vida social. Ao longo dessa trajetória, a metodologia de cada um difere, com empenho procurando a melhoria da qualidade do ensino através de atividades que deixam marcas nos municípios e localidades por onde passam, como seminários, apresentações de teatros, festivais, feiras culturais e de ciências, jogos internos das escolas, xadrez, pipas, grupos de leituras, apresentação na XXXIII Feira do Livro, entre outras. Até o ano de 2003, os professores do SOME tinham dedicação exclusiva para o projeto, sendo as decisões centralizadas na sede da SEDUC. Com a desestruturação a partir de julho de 2003, através da Secretária Estadual de Educação, Rosa Cunha, o poder de decisão fica nas mãos da Unidade Regional de Ensino - URE e Escolas Sedes, proporcionando assim a entrada de muitos professores com outros vínculos, descaracterizando o perfil do SOME.



Encontro do SOME/Abaetetuba/2009



Atualmente, o SOME desenvolve atividades de funcionamento em 98 municípios, em quase 400 localidades e mais de 1000 professores. Apesar de toda luta da categoria dos professores por reivindicações justas, sempre levam uma educação digna e de qualidade. Cresceu ao longo desses 39 anos e hoje se configura como una política modus operandi, leva cidadania para todos pautado na informação e no letramento da realidade, com isso atingindo metas, contribuindo para melhoria educacional populacional e trabalhando a inclusão social.






Professora Ester Oliveira, Conceição Brayner e Giselle/2010





O foco principal do texto foi propor discussões sobre a qualidade do ensino na escola pública dos interiores da Amazônia paraense.

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