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segunda-feira, 30 de maio de 2022

A HISTÓRIA E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO COMO CIÊNCIA E DISCIPLINA: O TEMPO, A HISTÓRIA E O CONHECIMENTO

 

                                                         

                           Carlos Alberto T. Prestes

 

        Que é a História para que alguém possa moldar a sua essência dentro de sua própria particularidade e perspectivas? Histórias dos povos, culturas, costumes, tradições, línguas, descobrimentos, guerras heróis imortalizados, história de gente, do anônimo que escreveu a história sem saber que fazia (faz) parte dela.


        O tempo relaciona-se intrinsecamente com a história, deixando mesmo de ser uma abstração indefinida para tornar a si e ao fato histórico algo palpável e concreto, com períodos cronológicos que definam mais o objeto de estudo. No entanto, história não é simplesmente uma disciplina que narra fatos cronológicos ou coisas do passado. Nesse contexto, ela estaria perdida, relegada ao conteúdo de um livro morto, com suas páginas amareladas, esquecido em algum lugar de uma biblioteca pública ou particular. Como a gramática padrão da língua portuguesa, presa ao conteúdo de um livro com regras fixas, que não consegue acompanhar o avanço da linguagem, tendo mesmo que passar por revisões de nomenclatura periodicamente, a fim de não ficar tão desatualizada em relação à língua falada. Ao invés disso, história é a constante transformação de pensamento, de ideias, de atitudes, de hábitos e costumes culturais, de conhecimento e perspectivas; nunca está satisfeita consigo mesma, e quer ir sempre além de onde já chegou.


        Enquanto o olhar do profeta procura desvendar os acontecimentos futuros, a mente do historiador procura estudar os acontecimentos passados para entender o presente. Isso obriga o historiador, acima de tudo, a ser um cientista minucioso, detalhista, cuidadoso, atento e perseverante, para que seu objeto de estudo apresente provas fidedignas de sua legitimidade enquanto fato histórico.


        História é ciência, e a História como ciência não pode ser confundida com um documento qualquer estagnado no tempo, sem função, repetitivo e decoreba... Não pode ser entendida apenas como uma marcadora de datas, de acontecimentos importantes. História é infinitamente maior que isso. É ler, ver, ouvir, contar o outro que está diante de nossos olhos, mas que não percebemos por causa de nossa cultura, nossos costumes, nossa educação que nos impõe um ensino-aprendizagem ainda formal, não questionador e absolutista, camuflando a verdadeira história, os personagens reais, o herói comum que o historiador, auxiliado pela arqueologia, antropologia, paleontologia, literatura, sociologia, registros escritos ou  desenhados, objetos e outros, tenta tirar da inércia do tempo para a dinâmica de um mundo novo, onde o homem é um questionador por excelência. Assim, a ciência da história é feita das minúcias que envolvem o homem em seu meio social.


        Logo se vê que a ciência da Educação tem contribuído muito para oficializar a história patriótica de grandes heróis e das nações, parecendo que os fatos se deram de maneira isolada, sem a participação popular. Por isso,


A escola, núcleo resistente da sociedade, espaço feito de tijolos, ideias e virtualidades, mesmo se é “avançada”, mesmo se desfruta de meios de ensino de última geração, mantém seus atores e suas atrizes (ditos por alguns agentes) em constante atuação, produzindo cenas que são a expressão de um conjunto de normas e regras que a sociedade e essa máquina chamada educação pensaram para eles (LOPES; GALVÃO, 2001, p. 24).

        

              A disciplina História da Educação não tem, necessariamente, suas origens ligadas à ciência histórica ou conhecimento, mas é importante salienta-la, pois nasceu dentro das escolas normais, no final do século XIX e, posteriormente, nos cursos de pedagogia, nas faculdades de filosofia, como uma prática pedagógica restrita a essa área da educação, a partir da necessidade de se conhecer mais especificamente e profundamente, os mecanismos que regem tão complexo termo chamado “Educação”, elementos fundamentais para reflexão e entendimento de outras disciplinas e ciências que participam da construção (ou reconstrução) do pensamento humano.


        Assim, percebe-se que a História e a História da Educação estão interligadas por fontes de pesquisas as mais diversas possíveis, análises e investigação cuidadosa dessas fontes que, de uma maneira ou de outra, possam contribuir para a verdade histórica do período que se está vivendo.


        O homem, não importa a que classe social ele pertença, é um ser histórico, pois a história nasceu com ele, só existe em função dele, e é a ele a quem ela serve. Aliás, as ciências só existem porque o homem existe; sem ele, não haveria conhecimento, nem ciência... Não haveria história pra ser estudada, pesquisada, analisada nem contada.


        A teoria do conhecimento nos convida a refletir sobre a Verdade, levando-se em consideração que, o sistema educacional, compreende o Conhecimento ou a Verdade como descoberta. Porém, conhecimento não é uma palavra mágica, transcendental, que cai do céu de uma hora para outra.


        Por trás dessa “descoberta” há um processo de construção do conhecimento que requer estudo, leitura, pesquisa, investigação, e que pode durar anos e até a vida toda. Nenhuma descoberta vem do acaso. Isso só pode vir a acontecer quando o estudante não recebe informações sobre a produção do conhecimento científico, a fim de capacitá-lo a desfazer mitos e tabus, e a construir uma História mais coerente, lógica e verdadeira.


        Deste modo, reconstruímos a história pouco a pouco, concordando aqui, discordando ali; errando aqui, acertando ali, para que um dia a humanidade possa olhá-la e reconhecer-se como parte integrante e fundamental dela.


        Ao passo que a história enquanto ciência estuda o homem, a sociedade em que vive, sua cultura em diferentes épocas, momentos e lugares, sempre optando por uma investigação rigorosa dos fatos, análise de objetos encontrados e pesquisados para se chegar a um conhecimento mais aprofundado do objeto de estudo, a História da Educação está particularmente atrelada ao campo do ensino. Isso não quer dizer que ela não seja importante para se compreender o passado das sociedades. É claro que ela é importante, pois muito do que ela nos diz sobre instituições escolares, suas metodologias, práticas pedagógicas, objetos de sala de aula, recursos materiais, entre outras coisas, são provas testemunhais importantíssimas que moldam uma época, o lugar, os costumes, as pessoas. Na verdade, a história que conta a história da Educação tem um caráter utilitarista, voltado para a formação de professores e professoras, e é isso que dificultou sua constituição como uma área de pesquisa propriamente dita.


        Entre os anos 50 e 60, temos conhecimento dos primeiros campos de pesquisa na área de História da Educação. Foram criados, por exemplo, o centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, no Rio de Janeiro, e os Centros Regionais de Pesquisas Educacionais, nos estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Estes centros tiveram contribuição importante para o desenvolvimento de pesquisas na área de educação, assim como impulsionaram a realização de investigações em História da Educação.


        De que maneira essas fontes poderiam contribuir para um melhor entendimento da disciplina História da Educação, analisadas pelos olhos da história enquanto ciência? É que, além das fontes escritas, existem outros tipos de documentos arrolados em processos históricos, que evidenciam e comprovam determinado fato histórico. Podemos encontrar isso nos próprios costumes de uma época: o ritual das fardas, as meias com sapato preto, as carteiras perfiladas, a mesa do professor, o formato do lápis, da caneta, a estrutura interna e externa da escola, a arquitetura da construção do prédio escolar, a roupa do professor, o modo de dar aula, o hasteamento da bandeira, os alunos perfilados para cantarem o hino nacional antes do início das aulas, etc.


        É claro que, hoje, no Brasil, como em outros países, o campo da pesquisa está muito mais avançado do que a algumas décadas atrás. Hoje, temos outras fontes de estudo que nos ajudam a compreender melhor a História da Educação, que são, por exemplo: a Sociologia, a Antropologia, a Teoria Literária e a Linguística. Estas ciências, também estudam o objeto da educação através de pesquisas que possibilitam ao historiador ter uma visão mais próxima e concreta da realidade do objeto de observação, e que está, no momento, em estudo.


        Bem, a história sempre será uma constante busca do conhecimento e da verdade. Sempre estará atrás de evidências que possibilitem formar um raciocínio lógico e verdadeiro a respeito de determinado assunto. Será sempre uma ciência crítica e investigativa à procura de fragmentos para justificar, assim como contribuir para o reconhecimento da História da Educação como ciência, além de ser trabalhada como disciplina de curso.

 

  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GLENISSON, Jean. Iniciação aos estudos históricos: capítulo I: O conteúdo do termo História. 3ª ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 1979.

______. Iniciação aos estudos históricos: capítulo II: O tempo da História. 3 ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 1979.

LOPES, Eliana Marta Teixeira; GALVÃO, Ana Maria de Oliveira. História da Educação: Introdução, Rio de Janeiro, 2001.

CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 3 ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000, Coleção Prospectiva.


quinta-feira, 19 de maio de 2022

O Dilema da Casa dos Professores do SOME


                    

         Um dos fatos que desestruturou o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, foi a quebra do convênio que havia entre as prefeituras dos municípios e a SEDUC, em 2003, quando ocorreu o primeiro mandato do Governador Simão Jatene, que revelou-se um grande defensor da extinção do Sistema Modular. Esse fato deu início a um período turbulento de um tratamento indigno aos professores do SOME que tange ao quesito “habitação”, sem se falar em outros aspectos de igual importância. Nesse período, houve também por parte das prefeituras, a suspensão do repasse de um salário mínimo, referente a ajuda de custo ao professor, durante a sua estadia na localidade. Esses fatos possibilitaram que grande parte da infraestrura do SOME fosse desmoronando, inclusive com a saída de grandes profissionais pertencentes ao Sistema.


Antes de 2003, os educadores e as educadoras, lotados no SOME, gerenciado pela SEDUC/Pa, se deslocavam, na sua maioria, da “capital das mangueiras”, para desenvolverem suas práticas pedagógicas, tanto nos municípios perto, ou mais próximos de Belém, como também nos mais distantes, com o apoio da Secretaria de Educação, a qual, às vezes, proporcionava passagens aéreas para os rincões do Estado, como era o caso do sul do Pará. São Felix do Xingu é um exemplo desse fato. Com esse conjunto de possibilidades, o professor tinha o mínimo necessário para que tivesse condições de trabalho. Com esse desmonte do SOME, os convênios ficaram apenas oralmente, o chamado “boca a boca”, o que não deu mais estabilidade para a moradia do professor do módulo, o qual passou a vivenciar adversas situações, até mesmo constrangedoras. Por exemplo, há casas em que faltam utensílios básicos para o seu funcionamento como: cama, geladeira, mesa, entre tantos outros que são indispensáveis para uma boa estadia na mesma, enquanto que outras apresentam-se dignamente mobiliadas e possuem uma boa estrutura física. Também há situações em que os professores tinham que dividir o pagamento do aluguel da casa por falta da parceria com as prefeituras, assim como há situações em que os professores do SOME tem que dividir o imóvel com os professores do município, o que torna ainda mais difícil a situação, não só pelo número excessivo de pessoas, como também por se tratarem de pessoas pertencentes a esferas diferentes do executivo.


Nos anos anteriores a 2003, o quadro era bem diferente, pois a casa do professor do módulo se igualava a casa de um médico, ou de um juiz, já que tinha tudo que uma casa confortável requer.


Infelizmente, o que temos hoje é esse quadro incerto, em relação as moradias do professor do SOME, e até o apoio da comunidade já não é o mesmo de antes, quando a comunidade fazia de tudo desde o bom acolhimento do mestre, assim como a sua boa acomodação, que ali estava para levar a educação aos filhos da terra,       

                         

Quiçá, esse quadro mude futuramente com o cumprimento por parte dos novos gestores municipais, do convênio que existe e não é cumprido, e pelo restabelecimento da credibilidade e do real papel do professor do módulo nas comunidades onde o SOME atua.


Texto: Ribamar Oliveira, ex professor do SOME

Revisão: Professor Flávio Filho, Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME

quarta-feira, 4 de maio de 2022

88 anos do município de Belterra

 





Uma equipe de professores da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Pará, lotado no Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME, formada pelos professores  Maryanne Silva Guimaraes, Prof. Vianey Afonso e Maralise Costa resolveram através de uma exposição, homenagear o município de Belterra pela passagem de seus 88 anos, na escola municipal da Comunidade de Piquiatuba - Belterra.


Imagens do período áureo de Belterra



Segundo os professores, os alunos estão realizando uma exposição na qual explicam o ciclo de borracha em Belterra, desde  a identificação da espécie de seringueira utilizada nas plantações ordenadas em Belterra, o processo da retirada do látex, as ferramentas utilizadas e o contexto histórico dessa atividade dentro do município, o tema é em homenagem aos 88 anos da cidade de Belterra.



Alunas apresentando a história de Belterra





Equipamentos utilizados pelos trabalhadores do Seringal



Professores Organizadores da Exposição



Parabéns professores pela excelente atividade educativa e que os alunos jamais esquecerão!