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domingo, 31 de julho de 2022

X Fórum Social Pan-Amazônico no Canal ACJM Bahia CEBRAPAZ








 

Assita a atividade do Movimento Cabano em Apoio as Lutas pela Autodeterminação do Povos - MOCAP, no X Fórum Social Pan-Amazônico, realizado na Universidade Federal do Pará - UFPA, no dia 30/07/2022. 

X Fórum Social Pan-Amazônico (MOCAP no Fórum)

 









64 anos de Bloqueio e Cuba Vive e Resiste, foi o tema de uma das tividades realizadas, ontem, no X Fórum Social Pan-Amazônico, sob a responsabilidade do Movimento Cabano em Apoio as Lutas e Autodeterminação do Povos - MOCAP, no Mirante, UFPA. Apresentações culturais, exposições sobre o tema, e debates, com intervenções de lideranças de movimentos sociais, populares e partidárias foram os recursos utilizados que foram produtivos para os presentes. A programação foi um sucesso!































sábado, 30 de julho de 2022

X Fórum Social Pan-Amazônico - FOSPA2022BelémPará

 




HOJE 30 DE JULHO  2022 MOCAP NO 10°  FOSPA   -  Fórum Social Pan-Amazônico  


               Venha participar da nossa mesa, onde discutiremos o bloqueio dos EUA a Cuba e o reflexo em seu povo e como Cuba constrói a sua resistência para manter sua soberania e ser solidária com outros povos. Será discutido, também, como o colonialismo (externo e interno) usa ferramentas nos países latino-americanos para submetê-los a sua exploração e impedir a autonomia de seus povos, agravando ainda mais o extermínio das comunidades tradicionais Pan-Amazônicas.    

                

Data : 30/07/2022                   

         

Hora : 16 Horas       

                       

Local : Casa dos Povos e Direitos (Mirante do Rio UFPA)  sala 308

sexta-feira, 29 de julho de 2022

SE ESTA RUA FOSSE MINHA

 





O POEMA NA AREIA

 

Areias do mar de Marudá!

De onde as águas me vêm banhar

Águas salgadas que molham meus pés

Águas que vão e vêm

Enquanto eu escrevo na areia

Estas palavras...

Areias do mar de Marudá!

As palavras uma hora vão ser

Invadidas por essas ondas

Elas vão se apagar

Mas ainda elas estão cá

Diante de todo esse céu

Pulsando pra serem achadas...

Águas do mar de Marudá!

Que águas!

Que melodia sinfônica!

Chuá... chuá...

Eis o canto das ondas na praia

A serestar este poema

Que foi escrito nas tuas areias

Oh, Marudá!

O poema... nas tuas areias

Nas tuas areias... o poema

Com uma ponta de galho seco

Vai sendo escrito..

A água a se balançar

E a te embalar

Até se apagar pelas águas

Que te vão borrar – o poema

Ou pelos pés que vão te pisar

Sem te notar – o poema

Oh, areias do mar de Marudá!

(Carlos Alberto Prestes)



     “Se esta rua, se esta rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar, com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes, só pro meu, só pro meu amor passar”. Ah, se todos os gestores públicos tivessem conhecimento dessa belíssima canção e a transcrevessem para reflexão na folha de rosto do seu programa de governo! Como não seriam as ruas das cidades? Como não seriam as ruas de Marudá? Porque todas as vezes que o gestor colocasse os olhos sobre o programa, iria se deparar com essa bela canção.


     Segundo alguns sites de pesquisas, Marudá é um distrito de Marapanim, foi instituído em 1914 pela lei nº 1.464, de 31 de agosto. Localiza-se no nordeste paraense, a 160 km da capital. É um lugar ainda rústico, com belas praias, como as da orla de Marudá, o Crispim, e agora também a do Lembe. É um lugar turístico, ou, pelo menos, era o que deveria ser, mas, infelizmente, não podemos fechar os olhos para o que vemos, não podemos simplesmente apenas romantizar o lugar, sabendo da sua real situação. E uma das questões sérias a ser tratada é a realidade das ruas deste distrito de grande potencial turístico, uma realidade bem diferente do que vemos na canção.


     Quero cantá-la, Marudá, em versos e prosas; quero levar teu nome para o resto do Brasil, para que saibam que no Pará há praias dignas de serem visitadas, tão belas quantas tantas outras em outros estados. Mas pra que isso aconteça, é preciso que a gestão pública faça a sua parte pensando nas necessidades da população, sem amarras políticas, sem barganhar favores. Sabemos que há muitos veranistas em Marudá, pessoas que compraram terrenos e levantaram casas para que, no mês de julho e feriados longos, pudessem refugiar-se nesse aprazível lugar, a 160 km de Belém. Mas o que vemos? Cada vez, mais veranistas estão deixando de visitar Marudá; cada vez mais, vemos placas de venda na frente das casas não só de veranistas, mas de nativos também. Quem são esses veranistas? São gente como a gente que têm parentes no distrito, ou que visitaram uma vez, levados por quem já conhecia o lugar, gostaram e foram comprando terreno, e limpando, e construindo casa, tudo de acordo com as possibilidades de cada um.


     No entanto, quando retornamos duas décadas e meia no tempo, encontramos uma Marudá muito parecida com a que conhecemos e frequentamos hoje. Ruas sem asfalto, terra batida e pedregulhos, tortas, muitas com buracos cavados pelas chuvas. Assim, é a situação da Rua Progresso que corta a Avenida principal do distrito. Desde a década de 90 que ela tem essa aparência, e, talvez, assim ainda deva fica por outras décadas, porque entra prefeito, sai prefeito, vem eleição e mais eleição e tudo fica como dantes no castelo Abrantes. Nada muda, ou quase nada. Isso é exemplo de apenas uma rua, mas são tantas as ruas que sofrem com a chegada das águas que vão fazendo filas de rios, formando laguinhos aqui e ali, que me lembra aqueles tempos das brincadeiras de pular macaca (joga a pedra, Lua ou estrela? Pula um, pula dois, pula três quadrados).


     Quantos gestores públicos já passaram por Marudá durantes essas décadas? Quantas promessas feitas que dariam pra encher um milhão de cadernos. O que se fez com elas? Onde foram parar? E o povo dessa comunidade? Onde está a voz do povo de Marudá que ninguém ouve? Os centros comunitários? As associações organizadas? A terra, as árvores, as praias, os pescadores, as pessoas humildes clamam por ajuda, porque já se vê a olho nu o descaso de nossos gestores públicos. O que mais impressiona, ou talvez nem tanto, pelo fato de já se ter criado um hábito pernicioso por parte da administração pública, que faz com que o povo observe inerte o seu desgoverno, é que o outro lado da rua, a mesma rua chamada Progresso, cortada pela pista, está em fase de acabamento da manta asfáltica. Quero acreditar nisso, pois, por enquanto, o que se vê lá é mais parecido com borra de café jogada sobre a rua. E isso se repete em mais outra rua, sempre do lado esquerdo da avenida principal, do mesmo lado de quem entra no distrito. Outra coisa que chama a atenção: alguns moradores relataram que ouviram dizer que a Rua Progresso já estava asfaltada. Como? A rua já está asfaltada sem estar? Quem falou isso? Isso é caso para se verificar na secretaria de obras do município, pois a rua continua sem o ladrilho, sem a beleza do diamante que resplandece ao luar; a rua continua com uma paisagem triste. Sem asfalto.


     Que paradoxo! Uma rua chamada Progresso, aonde o progresso nunca chegou. Uma rua que mistura capim com pedregulho; uma rua sem meio fio, sem sarjeta por onde escorrer as águas das chuvas; uma rua sem calçada na frente das casas, aonde se poderia juntar as famílias nas portas, nos fins de tarde, pra jogar conversa fora; uma rua com crateras formadas pelas enxurradas, em que se tenta tapa-las com resto de entulhos de construção para que os carros possam transitar sem atolar; uma rua com pouca luminosidade, que chaga a disputar com os vagalumes que voam por ali; uma rua aonde os finos canos da COSANPA não conseguem chegar à maioria das casas. E tudo isso por que não há planejamento, não há saneamento básico em Marudá. A luminosidade dos postes é tão precária, tão fraca, com muitas luzes ainda amareladas, que causa insegurança sair à noite por medo de assalto. Se a situação já é assim nas principais ruas, imaginem nas outras transversais, onde muitas delas são totalmente escuras, sem iluminação.


     Marudá merece mais atenção dos gestores públicos; merece ser tratada com respeito. Não dá pra imaginar que nenhum gestor público sequer, ainda não teve seus olhos voltados para as maravilhas que a natureza deste lugar oferece. E não somente as praias, mas os igarapés, as trilhas, as vilas, os passeios de barcos, os balneários. Não é possível que não haja nenhuma assessoria debruçada em projetos de desenvolvimento do turismo nesta região, e, principalmente, o turismo ecológico.


     Marudá é uma localidade pobre, com um comércio pobre, porque as pessoas estão cada vez mais pobres, com poucos empregos de carteira assinada, e isso faz com que muitos jovens e adolescentes procurem o caminho mais fácil de sobreviver: se tornam assaltantes ou vendedores de drogas. E isso traz uma estatística perturbadora: muitos jovens estão morrendo antes de completar dezoito anos de idade. As unidades de atendimento socioeducativo (cerca de 3 unidades de semiliberdade e 8 unidades de internação) situadas na região metropolitana de Belém, onde jovens infratores (socioeducandos) cumprem pena sob a guarda do estado, estão repletas de jovens adolescentes, onde cerca de 70% deles estão envolvidos com drogas. Sem desenvolvimento, não há crescimento de ofertas de emprego. Sem emprego e trabalho, a pobreza aumenta até chegar a um estado de miséria, e a miséria gera violência e aumento da criminalidade. Ou seja, uma coisa leva a outra. É o tão falado efeito dominó. Não adianta ter uma casa toda gradeada, segura, com alarme eletrônico e vigilância noturna vinte e quatro horas, se em algum momento você vai ter que sair para a rua, trabalhar, pegar o transporte coletivo, passear no shopping, andar, viver. A violência pode acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar, porque uma parte da sociedade está excluída, desfavorecida de bens, lutando pela sobrevivência nas esquinas das ruas. E quando a fome bate à nossa porta, os seres humanos viram bestas feras, deixam de raciocinar. Então, a mente para de pensar e o ser humano passa a ser guiado pela frieza do coração. E o resultado é roubo, assassinato, sequestro, assalto, latrocínio. O ser humano perde a sua identidade e se torna um ser irreconhecível, como no poema O bicho, de Manuel Bandeira, em que um homem disputa com ratos os restos de comida numa lixeira qualquer, numa rua qualquer. A quem devemos responsabilizar por tudo isso? Pelo ser humano ter chegado a um estágio tão deplorável? A quem responsabilizar? À família? Aos pais? Às empresas? Ao poder público? À sociedade? A quem?...


     Turismo com responsabilidade traz benefícios a qualquer comunidade. O que está faltando pra apostar no turismo em Marudá? Que a prefeitura faça o que é dever dela fazer. Levar asfalto pras ruas apenas de quem é eleitor leal, não condiz com o juramento de posse de gestores públicos e, pelo contrário, só faz politizar as verbas públicas, trazendo prejuízos enormes para toda a comunidade.


     Senhor gestor, se esta rua fosse sua, não mandaria ladrilhar? Não somente esta rua, mas todas as ruas que cortam a pista principal de Marudá deveriam ser asfaltadas sistematicamente, em sequência, uma após a outra, e não uma aqui e outra aculá, de fulano sim, de sicrano não, porque esse é parente de vereador e o da outra rua não. O que se precisa é acabar com esse tal de apadrinhamento coronelista e medieval. Assim como “a Praça Castro Alves é do povo”, a prefeitura é do povo, a gestão pública é do povo, Marudá é do povo, e a verba pública também é do povo. Quem elege o prefeito é o povo, e o governo deve ser do povo, pelo povo e para o povo. Investimento em asfalto sim, iluminação pública de qualidade sim, porque isso diminui o medo das pessoas de saírem às ruas, e também diminuem as propensões a assaltos. É preciso fazer parcerias com o estado, buscando mais segurança para a comunidade; investir em eventos culturais nos fins de semana, com apresentação de bandas locais e shows de carimbó, dança do boto, passarinhada, peças teatrais, na praça principal, em frente à orla; incentivar concursos de poesia, conto, crônica e música na praça; incentivar os diversos tipos de esporte (vôlei, basquete, futebol, ping-pong, xadrez, etc.) na escola local; criar bolsas de estudos para alunos com as melhores notas; fazer parcerias com os comerciantes locais, a fim de que abram vagas para o “Meu primeiro emprego” em meio período para jovens estudantes das escolas púbicas; organizar passeios turísticos por terra ou por mar através de associações comunitárias; criar associação de barracas de vendedores artesãos e artigos diversos na calçada da orla da praia de forma permanente, no horário noturno; fazer parcerias com empresa de transportes coletivos para melhorar as condições de transportes Marudá-Belém e Belém-Marudá; criar mais praças públicas bem iluminadas; divulgar os eventos culturais através das redes sociais, imprensa escrita e televisiva, etc., etc., etc.


     Com eventos culturais bem planejados pros finais de semana, pode-se conseguir atrair a atenção de turistas de várias partes do território paraense e da capital para estarem nos finais de semana em Marudá, porque algo interessante está acontecendo ali. Com a presença do turista, hotéis e pousadas não irão mais funcionar somente nas férias de julho, mas o ano inteiro. Consequentemente, o consumo irá aumentar no distrito, o capital de giro irá desenvolver o comércio local, que vai precisar contratar mais trabalhadores locais.  Assim, empregos formais e trabalhos informais vão surgindo à medida que o turismo for se desenvolvendo, crescendo até atingir toda a região.


     Mas para que isso aconteça, é preciso ter visão de futuro; é preciso planejamento, buscar apoio de comerciantes, donos de pousadas, hotéis, empresários, associações de trabalhadores locais e, acima de tudo, ser honesto com as verbas públicas.


       Ah, se esta rua fosse minha!

 

Prof. Carlos Prestes

Curitiba, 21 de julho de 2022

 


X Encontro Internacional Social Pan-Amazônica - FOSPA

 

Local do evento: Restaurante do Boá



O Fórum Social Pan-Amazônico que teve início no dia 28, vai até o dia 31 de julho, que está sendo sediado na cidade amazônica de Belém do Pará, teve o dia todo atividades.  







Hoje pela manhã, foi dado continuidade a programação organizada pelas entidades responsáveis pelo Fórum. A atividade auto gestionária foi realizada no Restaurante do Boá, em Combú, tendo como tema Educação Popular, Intercultural e Comunitária na Pan-Amazônia.



O Blogueiro com o Professor José Nery



A metodologia utilizada pelos professores Responsáveis Jaqueline Freire, Salomão Hage e João Colares. Os participantes foram recebidos com acolhida com o cantor e lider espiritual Edson Catendê e sua equipe. Depois foram orientados para formação de grupos  para responderem Como a Anazônia Educa . Após muios debates e discussões entre os militantes de movimentos sociais e populares, cada grupo fez uma apresentação relacionada as temas discutidos. 




Travessia de Combu/Belém



A atividade foi interessante, discursiva, produtiva e um sucesso. O Blogueiro esteve participando. 



Prof. José Nery, Jaqueline Freire e o Blogueiro 

quinta-feira, 28 de julho de 2022

X Fórum Social Pan - Amazônico


 

MOCAP, uma das entidades participativa


 X Fórum Social Pan-Amazônico teve início hoje, em Belém do Pará, cidade das mangueiras, com a participação de movimentos sociais, populares, partidos políticos de esquerda; além de diversas entidades representativas de nove países. 







Tendo como principal objetivo do Fórum, que foi idealizado há 20 anos atrás seria a junção           dos seguimentos, como ribeirinhos, povos originários, trabalhadores camponeses e urbanos, que defendem a Amazônia, incluindo, os povos tradicionais.


Sendo o Fórum uma rede de articulações dos diversos movimentos, segundo o pré candidato a deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores - PT, em se tratando da Marcha de Abertura  o professor Vinício Nascimento, enfatiza:" O Fórum está bem representativo, muita gente apoiando a luta pela vida e pela democracia do país". 





Já para o Coordenador do Movimento Cabano em Apoio as Lutas e Solidariedade a autodeterminação do Povos - MOCAP, diz que a Marcha da Abertura com no Fórum: "A importância do Fórum é uma grande junção dos povos e resistência ao capitalismo; além da luta pela autodeterminação dos povos"


A Marcha da Abertura que aconteceu pela parte da tarde, nas ruas de Belém do Pará, tinha aproximadamente cinco mil pessoas e foi um sucesso as participações das lideranças nas intervenções, durantes sua trajetória. O Blogueiro esteve presente.

 



terça-feira, 26 de julho de 2022

Rebeldia Nacional Cubana

                                                                                                                                                                  

Há 69 anos temos um momento histórico importante de resistência, construção de uma das maiores revoluções do mundo e que serviu como acontecimento de referência inicial para a Revolução Cubana.


Início da década de 50 do século passado, articulações e mobilizações por alguns grupos se sobressaem na luta e resistência contra o imperialismo norte-americano. Assim, aconteceu com a tomada de assalto do quartel de Moncada, no dia 26 de julho de 1953, antecedendo, portanto, esta revolução, com 131 jovens idealistas sob liderança de Fidel Castro, Raul Castro e Abel Santamaria, objetivando a luta armada contra o todo poderoso Fulgêncio Batista, representante do imperialismo ianque, no território cubano.

 

 Mesmo não sendo um sucesso militar para as forças revolucionárias de Fidel, teve um significado importante para continuidade do movimento em prol da liberdade de Cuba. 


No total de seis militantes foram mortos durante a ação e 55 foram presos, assim como torturados e assassinados durante o processo de ocupação do quartel, inclusive, um dos líderes jovens, Abel Santamaria. Fidel e Raul foram presos e condenados. Em 1955, são anistiados e foram para o México dando início a formação do Movimento 26 de julho.


Fora de Cuba, os jovens do Movimento 26 de julho se organizaram e se mobilizaram para seus retornos que aconteceu em dezembro de 1956, proporcionando o início da guerrilha em Sierra Mestra. Triunfando com a consolidação da Revolução em 1º de janeiro de 1959, Fidel e seus militantes assumem o poder político em Cuba e diz que sem Moncada não haveria a revolução. Viva a Revolução Cubana!

domingo, 24 de julho de 2022

UMA EXPERIÊNCIA NOS RIOS DE ABAETETUBA


     Isto não é ficção, é uma história real, de pessoas reais que aconteceu nos idos de... algumas décadas passadas. E vamos começar por onde se deve começar. Pois bem, essa história tem seu ponto de partida em Belém do Pará, na secretaria estadual de educação. Não é um conto. É uma crônica da vida como ela é. Sem fantasias, sem estrelismo, sem super-heróis com capas voadoras e olhos com poderes de energia nuclear. Então, tudo começa assim. O Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, política pública que tem 42 anos de atividades pedagógicas, pelos interiores do Estado do Pará, abriu processo seletivo em 2011 para o referido setor da Secretaria Estadual de Educação – SEDUC, sendo que, na ocasião, foram chamados diversos professores para atuarem no ensino médio.



     Dentre os professores, um se apresentou para o coordenador geral e este lhe disse que iria manda-lo para uma comunidade quilombola ribeirinha, no município de Abaetetuba. O professor olha para o coordenador a sua frente e, sem esperar mais nada, pergunta se seria possível lhe enviar para um local onde houvesse estrada, chão batido, onde pudesse pisar com segurança sem correr o risco de afundar os pés literalmente  nas águas desconhecidas do Abaeté. Pois assim, dizia, trabalharia muito mais feliz. No entanto, recebe a notícia de que só havia vaga naquela localidade para onde foi designado. Era pegar ou largar.



     Não houve jeito, teve que se contentar com o que a sorte lhe reservara. Levantou-se, deu meia volta e despediu-se. Tomando o caminho da rua, foi para casa muito pensativo, muito provavelmente, pensando na aventura que seria essa viagem por águas completamente desconhecidas para ele. Será que não corria o risco da embarcação afundar? Será que isso já não tinha acontecido antes com algum outro professor, ou outra pessoa qualquer?



     Aquele professor nunca havia feito qualquer tipo de viagem por rio; era homem da cidade, urbano, gostava de morar na selva de pedras, estava acostumado com o dia-a-dia das buzinas infernais, com o congestionamento do trânsito, com a poluição do cigarro e das fábricas que vão envenenando o ser humano de pouquinho em pouquinho sem que perceba, ou, se percebe, já nem liga.



     Aquela notícia da sua partida imediata chegara aos seus ouvidos na quinta-feira, e, no domingo, já teria que estar viajando para a sede do município, porque, na segunda-feira, bem cedinho, teria que se deslocar para a localidade onde iria exercer suas funções de educador. E não teve jeito. Teve que ir de rabeta mesmo. E o que é uma Rabeta? É um pequeno motor de propulsão que, acoplado na traseira de pequenas embarcações ou barcos, é conduzido manualmente, com a ajuda de um bastão que determina as direções. Por extensão, é uma pequena embarcação com esse motor, ou seja, uma canoa motorizada.


    No domingo, no horário da tarde, pega o ônibus que o levaria à rodoviária, no centro de Belém, em São Brás. Ao chegar, encontra com alguns professores que iriam para o mesmo município que ele. Apresentaram-se, foi um momento de descontração e entrosamento do grupo. Tomaram o ônibus e partiram rumo à Abaetetuba. A viagem não foi longa, mas deu tempo de conversarem e se conhecerem melhor. Ao chegarem à sede do município, dirigiu-se ele e parte dos professores para um hotel, onde passariam a noite. Outra parte do grupo foi para a casa de amigos ou parentes.



     No outro dia, bem cedo, acordam e encaminham-se para o refeitório, a fim de tomar o café da manhã com pão quentinho e manteiga. Todos já devidamente preparados com suas mochilas nas costas. A equipe desse professor era composta por três pessoas: ele e mais dois professores. Depois do desjejum, um dos amigos toma a iniciativa de convidá-los para se deslocarem até um porto particular, de onde sairiam numa rabeta em direção à localidade onde foram lotados.



     Ao chegarem ao porto, o professor percebe rapidamente que havia vários outros professores e professoras procurando se arrumar no pequeno casco. Todos iriam viajar no mesmo casco que ele? Com certeza, o professor se fez essa pergunta várias vezes, quase não querendo acreditar naquela possibilidade. Quantos? Seis, sete, dez? E todo mundo se equilibrando, encostado um no outro, de costas para as águas. Quem sabe, aquele professor estivesse pensando: “Será que vale a pena passar por tudo isso pra ganhar um pouco mais, uma ajuda de custo, um adicional no contracheque?”.  Mas logo, logo, o gelo é quebrado e alguém apresenta o rabeteiro (o que pilota a rabeta) e convida o professor para entrar no casco. Com muito cuidado, conseguiu descer da ponte do porto para dentro da rabeta, agasalhando-se com alguma dificuldade junto dos outros colegas. Que momento sublime! Inusitado! Esses e outros pequenos momentos que ninguém podia imaginar, mas que iriam, depois de décadas, entrar para os anais das memórias do SOME. E que memórias. A história se imortaliza nos pequenos e quase despercebidos detalhes, coisas tão simples das quais muita gente pode achar que não vale a pena se debruçar sobre os papeis em branco, com pena e tinta, numa escrivaninha do quarto de dormir e escrever, e escrever, e escrever até a noite findar e os primeiros raios de sol adentrarem pelos vidros da janela e desmancharem a penumbra do quarto. Não! A obra não pode ficar pra depois, tem que ser escrita para que não se perca nas esquinas de pedras.



     Era a primeira aventura no mar daquele professor. Era um marinheiro de primeira viagem, estava inseguro sim, porque aquilo tudo era desconhecido para ele. Mas, ao se deparar com a tranquilidade dos outros que estavam a bordo, conversando animadamente, trocando informações, desejou uma boa viagem a todos e aceitou o seu destino. O rabeteiro deu a partida no motor, que roncou forte, soltando um pouco de fumaça; o barco começou a se movimentar e a se afastar do porto, enquanto o professor segurava firmemente com suas mãos na beira do casco atrás de si. Era visível o seu nervosismo, como que sentisse um calafrio passando entre suas espinhas. Ao mesmo tempo, via a tranquilidade das professoras e de seus colegas, pareciam acostumados àquela vida.



       - Seja o que Deus quiser! Pensou.



     Já subindo o rio, a rabeta se encontrava, volta e meia, com pequenas ondas, movimento que as águas faziam quando se deparavam com as embarcações. Esse balanço das águas que faziam chacoalhar a pequena embarcação provocava náuseas, enjoo e medo no professor, que via, assustado, o barco subir e descer o rio. Após duas horas e meia de viagem e um pânico silencioso vivido pelo nosso personagem principal (acho que somente ele sentiu isso), finalmente o rabeteiro encostou o casco na ponte da casa dos professores, desligou o motor e o barulho que estava deixando todo mundo surdo e sem poder conversar, cessou. Agora tudo era completo silêncio que dava pra ouvir o casco roçando a ponte e a corda sendo amarrada no tronco. Todos descem para a ponte em silêncio, carregando suas mochilas e, quem sabe, dentro delas, muitos sonhos, quilos e quilos de sonhos.



     Aquilo tudo foi uma verdadeira adrenalina, mas apenas o início da adrenalina para aquele professor. Uma experiência que ele não iria esquecer jamais em todos os anos de sua vida, passasse por onde passasse, estivesse onde estivesse, fizesse cinco ou quarenta anos, mesmo que conhecesse outros lugares, jamais esqueceria aquela inusitada experiência nos rios de Abaetetuba.



     É! Há certos caminhos que caminhamos, em que a educação nos faz refletir sobre o quão grande ela é. E percebemos que ela precisa de nós para melhorar o homem. Por isso, parodiando Milton Nascimento quando canta “todo artista tem que ir aonde o povo está”, eu digo: “Todo educador tem que ir aonde o aluno está”. E ponto final.

 

Por Prof. Ribamar Oliveira

Revisão Professor e Poeta Carlos Alberto Prestes

Belém, 24 de julho de 2022

sábado, 2 de julho de 2022

NASCE MIGUELITO FILHO: Um romance moduleiro

 

                             Por: Dinei Gaia*




O SOME é agraciado com mais uma obra que nasce pelas mãos de um moduleiro. Trata-se do lançamento do romance “Miguelito Filho: o apaixonado da Amazônia” que ocorreu em Cametá no dia 04 de junho de 2022. O romance é o novo livro do escritor cametaense João Batista Pantoja Pereira. João Batista é professor do SOME da 2 Ure - Cametá, onde leciona história. Esse é o terceiro livro do autor.






O lançamento foi na residência do escritor, a beira da piscina, com música ao vivo e um saboroso coquetel a se degustar, um prenúncio do que é a leitura do livro. Estiveram presentes familiares, amigos, políticos, escritores, amigos da imprensa e os professores do Sistema Modular da região. Eu estive presente juntamente com os professores do SOME Benedito Lélio, Joelma Marques, Erivane e os escritores Arogas e Haroldo Barros.


Dias depois o livro esteve disponível para venda na reunião de planejamento do segundo módulo do SOME, onde os professores e professoras puderam adquirir a obra.


Falando especificamente do conteúdo da obra, esta é uma saborosa viagem pelos tempos de antigamente no interior cametaense, cenário onde a trama se desenrola.




Os personagens com nomes, apelidos e sobrenomes. Aliás, bastantes sobrenomes, retrato de uma época onde os nascidos eram herdeiros das alcunhas dos pais, avós, padrinhos ou qualquer figura a quem se queria homenagear. Uma característica da sociedade interiorana da Amazônia.


A história se apresenta enriquecida com o dialeto local, o famoso linguajar cametauês, bem como com o costume da poética vida ribeirinha, onde a vivência do caboco estava inteiramente interlaçada com as relações homem-natureza. Sendo o homem dependente dos favores prestados pela mãe natureza através do comer que vem da mata e dos rios. As crenças, as lendas, os saberes populares do ribeirinho que conhece o movimento das marés, a influência dos astros em nossas vidas e a cura que vem das ervas medicinais, são elementos que nos devolvem ao saudoso tempo, em que as dificuldades se misturavam com a vida simples e gostosa no interior.







 A vivência moduleira do autor, acaba por se tornar inspiração e combustível pra esse romance interiorano. Inclusive algumas localidades citadas como Cuxipiary e Parurú possuem o SOME.


Porém o 'estória' é histórica, pois se localiza na segunda metade do século XIX e vai até a primeira metade do século XX. Portanto, uma viagem pelos costumes de uma época que tempo já consumiu. É de fato, como uma viagem numa máquina do tempo, o que é uma contribuição para o ensino, pois o alunado leitor pode conhecer aspectos do interior no começo do século XX.


Interessante como o escritor João Batista debate temas, que hoje, são pautas de políticas públicas e de interesse geral para a consolidação de uma sociedade com respeito e direitos iguais. É assim que o racismo aparece, pois o personagem principal Miguelito Filho ou Epifânio, sofreu por conta da cor de sua pele. Apelidos como neguinho, cabeça seca, escurinho, cricri, falam por si, bem como a servidão, pois o preto era abraçado enquanto servia a alguém, desde que não ousasse cobiçar as ‘benesses’ da sociedade branca. Mas Miguelito não baixou a cabeça para o preconceito e foi além do que se imaginava.


Mas o outro lado também está presente. A amizade, a solidariedade, companheirismo e o amor. O amor em suas duas versões, o familiar quando Miguelito é recebido por sua nova família no Cuxipiary ao ser doado pelos pais alcóolatras e o amor de Telminha e Valéria, personagens que se apaixonaram pelo preto, pobre oriundo da colônia cametaense, e nunca olharam pra sua pele, mas sim pra sua essência.


Ah! O amor! Este fecha a trama, mas nos deixa no final, na última página, uma pulga atrás da orelha que só será respondida pela interpretação do amante leitor.


É um excelente romance regionalista. Mais um filho do SOME. Eu já li, agora recomendo a você.





*Arodinei Gaia de Sousa. Historiador, Escritor e Poeta paraense de Cametá.

Escola do Campo I

 

                                                               *Carlos Prestes

















*O autor é Poeta e Professor.