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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

DESCORTINANDO A HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA – PARTE 1(cont.) DO SÉCULO XVIII AO SÉCULO XIX: O LUNDU

 




                                                                          Carlos Alberto Prestes



LUNDU

             

Mas que dança é essa

Que todo mundo quer dançar?

Gente de São Paulo, Minas Gerais, Nordeste,

Gente até do Pará...

Ah! É uma dança de requebros

Muito sensual,

Que bota de frente homem e mulher

Numa batalha de movimentos e rebolados

Que nunca se viu igual...

Mas que dança é essa

Que homem e mulher escorregam como muçum?

É dança apreciada nos terreiros populares

E nos salões da elite,

Diante das estrelas ou do céu azul...

Não se espante, não!

Pois que ela saiu de terras da África

Pros nobres salões da Europa.

E quando o negro veio pro Brasil forçado

Na valentia da chibata,

Trouxe essa ginga pra lembrar das alegrias

De outrora...

Oh, que canto!

Que são esses batuques e castanholas?

Essas violas e flautas que, quando tocados,

Inspiram o negro, o mestiço, o branco?

É o lundu! Sim é o lundu!

A resistência do negro desterrado de Angola.

O lundu que virou marajoara

Que virou chorado

Que virou cultura

Que virou samba no pé.

 

 Obs: ilustração da capa: a sensualidade e a graça do lundu, disponível em: afreaka.com.br



  IV – LUNDU (OU LUNDUM)

 


Fonte: Wikipedia.org / Johann Moritz Rugendas, a dança do lundu, 1835 / Dowload Scientific Diagram.

 

O Lundu, que é uma espécie de dança e canto, surge depois da Modinha, em fins do século XVIII, e é praticado por alguns grupos em alguns lugares do país, principalmente no norte e nordeste, mas tem suas origens na África, trazido por escravos de Angola. Este ritmo vem da resistência dos povos africanos em manter sua cultura viva e existente. É composto por ritmos muito mais agitados por tambores, com uma introdução que não tem necessariamente instrumento de corda. Em muitas ocasiões, essa música era construída com notas repetidas. Inicialmente, era só ritmo mesmo, com o canto vocal vindo só depois. É muito mais alegre e parecido com o que vamos conhecer depois como samba, o qual, segundo Andrade (1972), dará origem ao samba. O Lundum era um gênero musical pra ser dançado. Na ilustração acima, pode-se ver, claramente, o lundu sendo dançado por pessoas brancas, observados por brancos e negros, acompanhados por um músico com uma viola ou bandolim, numa demonstração clara de que o lundu já havia chegado à elite e havia contagiado as classes mais abastadas.

Segundo Armelin (s.d.), no site Afreaka.com.br:

O Lundu, de acordo com o pesquisador, jornalista e crítico musical José Ramos Tinhorão, tem sua origem na palavra calundu: um culto africano praticado no Brasil durante o período colonial e apontado por muitos historiadores como a formação inicial do Candomblé. O Lundu ainda é relacionado com a combinação entre umbigada africana e fandango europeu.

Essas duas expressões musicais – a modinha e o lundu – acabam se constituindo numa espécie de DNA de diversos outros gêneros musicais, que apresentam as suas características principais. O samba, por exemplo, é um gênero musical derivado diretamente do lundu (a coreografia, o ritmo). Já a modinha era uma música de salão, feita e tocada dentro das casas; o lundu era feito e apreciado fora das casas, inclusive por causa do aspecto coreográfico da dança, cujos elementos coreográficos e musicais tinham advindo das várias culturas que participaram da formação de uma sociedade luso-brasileira (LIMA, 2001 e 2006). Esses elementos coreográficos podem atender à seguinte descrição: “os estalidos dos dedos à guisa de castanholas, a alternância das mãos ora na testa, ora nas ancas e os movimentos nas pontas dos pés, que nos remetem aos passos do fandango espanhol” (TINHORÃO, 1974, p. 45; LIMA, 2001 e 2006 apud LIMA, 2010).

Armelin (s.d), no site Afreaka.com.br afirma que:

Em 1902, a Casa Edison, primeira gravadora brasileira, produziu o primeiro disco de Lundu no país, intitulado “Isto é bom” e escrito e cantado por Xisto Bahia – grande ator, cantor e compositor do ritmo. Nesta época já havia uma forte ligação entre música e teatro, conhecida como teatro de costumes, porta de entrada para músicos de onde a cultura brasileira viu surgir grandes sucessos.

José Veríssimo faz referência ao ritmo do Lundum (é assim que ele o chama) em sua obra Cenas da vida Amazônica, 4ª edição, mais recente, quando diz:

O Lundum é uma dança que admite todas as outras.

As castanholas da jota, a morbideza da tarantela, os passos sedutores do bolero, os passos insípidos da quadrilha, as voltas rápidas da valsa, o sapateado do cateretê, o requebro lascivo do fandango, a arrogância do fado (VERÍSSIMO, 2013, p. 292).

E mais adiante, ele descreve:

A viola e a flauta cansaram.

Cansar é uma fatalidade.

A cara dos tocadores metia dó.

Rubros, suados, com os cabelos espetados úmidos, olhos e bocas abertas, estavam grotescos.

Pararam.

Último som e nota, como diz o poeta.

O lundum cessou.

Houve uma chuva de bravos.

Os homens à mulher, as mulheres ao homem.

Ela foi cair exausta em uma das redes.

Dizem que foi aquele o seu último lundum. Depois de mulher do vaqueiro, teve de cuidar nos filhos e ninguém mais a viu nas festas do divino (VERÍSSIMO, 2013, p. 296).

Por volta do século XIX, o Lundu foi considerado um ritmo dominante nas festas e apresentações, tendo-se se tornado popular e, com isso, sendo aceito pelos brancos. Entretanto, em fins do século XIX e início do século XX, o Lundu deixa de ser considerado como um símbolo de identidade negra no país e, diante de uma sociedade conservadora e elitista (imagine-se num período de transição do Império brasileiro para uma República militarizada, dominada pelos grandes latifundiários), passam a ser proibidas as suas apresentações por ser considerada uma dança que imitava o ato sexual, o que caracterizava, na época, um atentado ao pudor. No entanto, o Lundu não seria deixado de ser praticado por todos, uma vez que, alguns escravos, continuavam a cultuar o canto e os ritmos do Lundu de forma escondida, longe dos olhos da sociedade. Tempos depois, a proibição da prática do Lundu perdeu o seu vigor e terminou por cair no esquecimento. Assim, o Lundu passou a ser aceito pela sociedade e praticado por simpatizantes, preservando sua característica principal, que é a sensualidade. Também, tornou-se uma manifestação folclórica, passando a fazer parte da nossa cultura. Assim Mukuna e Tinhorão descrevem a dança do lundu: “O requebro das ancas, outro elemento que participa da coreografia do lundu, juntamente com um movimento circular dos quadris, tem origem nas culturas negras trazidas para a colônia brasileira” (MUKUNA, 2006, apud LIMA, 2010, p. 208). “Porém, um elemento de importância vital para o lundu, ou outras danças de linhagem africana, e que será uma das mais citadas características das danças de origem negra nestas terras, é a umbigada” (Tinhorão, 1974, p. 45; Mukuna, 2006, p. 80-85). Neste contexto, “o movimento consiste no ato dos dançarinos, no auge de sua expressividade, chocarem o ventre, um contra o outro, na altura do umbigo” (LIMA, 2010, p. 208).

Atualmente, essa dança é praticada em alguns estados do Brasil, como no nordeste, mas, principalmente, na Região Norte e, mais especificamente, na Ilha de Marajó, no Pará, como bem retratou José Veríssimo em seu célebre livro de contos Cenas da vida Amazônica, já exemplificado neste artigo.

A seguir, iremos descobrir como o lundu se adapta à região norte, mais especificamente à região marajoara, e como ele se desenvolve adquirindo características próprias da cultura local, surgindo, dessa aculturação, as variações de lundu marajoara e lundu chorado.  


 4.1 O LUNDU MARAJOARA

                    

                 

                       Fonte: pportalparamazonia.blogspot.com (Lundu marajoara)


Certamente, o ritmo, a dança, o canto designado lundu espalhou-se pelo território brasileiro, alcançando e encantando as diversas classes sociais e, no decorrer da Primeira República, nas primeiras décadas do século XX, foi considerado, também, como o precursor do samba. Salles em seu Vocabulário crioulo: contribuições do negro ao falar regional amazônico, faz a seguinte afirmação a respeito desse gênero musical, no contexto específico da região Amazônica:

Variante lundum, voz corrente na Amazônia. Espécie de samba de roda, dança e canto comum em todo o Brasil desde o século XVIII. Desaparecida ou pouca estimada, nas cidades, ainda permanece em vastas regiões, com adaptações locais. A área do lundum é muito extensa no Pará (baixo Amazonas, Óbidos; zona guajarina, Igarapé Miri e Abaetetuba; baixo Tocantins, Cametá; principalmente a ilha do Marajó). Maior efervescência na ilha do Marajó: lundu marajoara, que se compõe de pares soltos em que os cavalheiros cortejam as damas. Sua principal característica coreográfica é o rebolado de quadris dos homens (SALLES, 2003, p. 163-164).  

Salles afirma que, até no momento em que esta obra havia sido publicada, tanto a dança, como os versos e a música não haviam sido, ainda, suficientemente pesquisados. Denota-se que, há muito o que se buscar em relação a informações sobre este gênero musical vindo da África, e que deitou raízes em território brasileiro, juntamente com a modinha, levando ao aparecimento de diversos gêneros musicais, a partir do início dos anos 1900.

Pessoas que passaram pelo Pará, de viagem, relataram, durante sua passagem, o encontro que tiveram com esse novo gênero musical. Por outro lado, há registros históricos, oriundos de pesquisas, que descrevem o gênero musical chamado lundu, como se pode observar no trecho a seguir:

Há documentos musicais coligidos por M. de Andrade Melodias registradas por meio não mecânicos, 1946: 37). Dança favorita de negros e mulatos no Grão-Pará, como testemunharam em 1820 os viajantes germânicos Spix e Martius (vd. Mulato). Rayol falou do revira, nome que se dá no Pará ao baile popular, nos idos de 1826, e grafou lundum: “O revira começou logo por um lundum, que era nesse tempo uma das danças favoritas dos festins populares” (I. 1865: 223) (SALLES, 2003, p. 164).

E, assim, há registros que mostram o lundu sendo conhecido até nas regiões mais distantes da Amazônia. Bates[1] (1944) relata que presenciou essa dança ser praticada pelos índios em Barreiros de Cararaucu:

As danças eram todas do mesmo tipo, isto é, diversas variedades de landum, dança erótica, semelhante ao fandango, que primitivamente tinham aprendido com os portugueses. A música consistia de duas violas de cordas de arame, tocadas alternadamente pelos rapazes (BATES, 1944. p. 328).

Não estranhem a palavra landum descrita por Bates se referindo ao lundum. É penas uma variação da mesma.  Nos escritos de Salles, ele afirma que:

O Comte de Gabriac, na viagem pela América do Sul (Promenadde a travers l’Amérique du Sul, Paris, 1868), passou pelo Pará e observou que os paraenses “amam apaixonadamente a música e não há uma casa sem piano, violão ou bandolim”. Diz que os portugueses do Pará tocavam o bandolim duma maneira muito especial. Os negros revelavam a mesma disposição para a música e dedilhavam seus cavaquinhos repetindo incessantemente o mesmo ponteado do lundum (SALLES, 2003, p. 164).

            José Veríssimo também conheceu esse ritmo musical, como já foi comentado anteriormente. Naquele contexto, José Veríssimo descreveu em páginas literárias o lundum que conheceu – o lundum de Óbidos. Ele também observou que esse lundum (como ele trata no texto) era dançado ao som de uma flauta e violão, onde os músicos tocavam e cantavam. Tal qual se observou na 4ª edição de 2013 de Cenas da vida amazônica, a coreografia admitia tudo, como Veríssimo primeiramente descreve em suas primeiras publicações de Primeiras Páginas e Scenas da vida amazônica, novamente o trecho: “as castanholas da jota, a morbidez da tarantela, os passos sedutores do bolero, os passos insípidos da quadrilha, as voltas rápidas da valsa” (VERÍSSIMO, 1878, pp. 89-99) Primeiras Páginas e (VERÍSSIMO, 1886, p.244-250) Scenas da vida amazônica.


[1] BATES, Henry Walter (8 de fevereiro de 1825 – 16 de fevereiro de 1892): A partir do século XVII iniciou-se na Amazônia toda uma movimentação de viajantes/naturalistas atraídos pela biossociodiversidade dessa região, dominada por uma floresta tropical. Bates Foi um naturalista e explorador inglês, famoso por sua viagem à Amazônia, onde passou 11 longos anos. Levando de nosso território  mais de 14 mil espécies que havia coletado. Assim que Bates passou a organizar e descrever sua enorme coleção, foi publicada a obra “A origem das espécies”, de Charles Darwin. A partir de então, Bates passou a ter uma ideia completamente nova a respeito do que havia visto na selva amazônica. – Fonte: uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redação/2010/02/2019/conheca-a-historia-de-henry-bates-naturalista-que-passou-11-anos- na-floresta-amazonica.htm

Essas enumerações, segundo Salles, que aparecem nas obras de José Veríssimo e que, antes dessas edições, foram escritas no Liberal do Pará, confirmam o quão longe chegaram esses tipos de danças, uma vez que Óbidos dista 108 km de Santarém, e 781 km de Belém. Assim como José Veríssimo, Óbidos é a cidade natal de outro grande escritor brasileiro – Inglês de Sousa – que, também, teve contato com o lundum, como se vê nos trechos abaixo:

Contemporâneo e conterrâneo de José Veríssimo, Herculano Marcos Inglês de Sousa, também lançara o lundum como dança preferida pela população de Óbidos no seu romance O Cacaulista, primeira edição 1876, cuja ação decorre em Óbidos, em 1866 (SALLES, 2003, pp. 164-165).

Salles cita outras personagens que tiveram contato com o lundum na região amazônica, como O. Condreau “que viu dançar o lundu e o gambá na ramada do negro Raimundo dos Santos, líder dos mocambeiros do rio Curuá, proximidades de Alenquer” (CONDREAU, 1900, p. 10-11 apud SALLES, 2003, p. 165).

Santa-Anna Nery (1889, p. 85) assim descreve a coreografia do lundu:

O lundu é muito popular e se dança em todo o Brasil. É de origem negra. É executado da seguinte maneira: os dançarinos estão todos sentados ou de pé. Um par se levanta e começa a festa. Quase não se mexem no início: estalam os dedos como se fossem castanholas, levantam os braços, balançam-se molemente. Pouco a pouco o cavaleiro se anima: evolui em torno da dama, como se a fosse enlaçar. Ela fria, desdenha as investidas. Ele redobra de ardor e ela conserva a soberana indiferença. Agora, ei-los face a face, olhos nos olhos, quase hipnotizados pelo desejo. Ela se agita, lança-se; os seus movimentos se tornam mais sacudidos e se aceleram numa vertigem apaixonada, enquanto a viola suspira e os assistentes, entusiasmados, batem palmas. Depois ela para, ofegante, exausta. Seu parceiro prossegue a sua evolução por um instante e, em seguida, vai provocar outra dançarina, que sai da roda, e o lundu recomeça, febricitante e sensual.

O historiador Artur Viana diz que “o lundum substituía nos bailes populares as velhas danças europeias” que, no entender do historiador eram sem graça e monótonas (SALLES, 2003, p. 165). O historiador assim se refere ao se deparar com o lundu:

Eram lânguidos requebros do corpo; passos cadenciados em ritmos caprichosos, ora avançando, ora recuando; meneios de garridice provocadora; posições múltiplas, pondo em relevo as formas do corpo, tudo sem regras convencionais e obrigatórias, ao sabor da maior ou menor habilidade dos que dançavam (VIANA, 1905, p. 381 apud SALLES, 2003, p. 165).

            Salles faz diversas observações a respeito de dados coletados sobre a adaptação do lundum no contexto regional, ou mais especificamente, no Pará. Nesse contexto “Inglês de Sousa indica o lundum ou chorado entre as danças vulgares nas cercanias de Óbidos” (O cacaulista, 1876) (SALLES, 2003, p. 165).

            Salles afirma que o lundu teve e ainda tem uma importância muito grande no que tange à assimilação da cultura negra na sociedade brasileira, incorporando uma mistura de elementos culturais indígenas e europeus, que se identificaram de maneira muito forte na região amazônica, chegando ao ponto de Salles afirmar que o lundum é um produto da criatividade dos povos da Amazônia, citando o negro Cirilo Silva, entre os mais notáveis.

Ele cita também as coletas iniciais do compositor José D. Brandão (1865-1941). Veja o texto que foi remetido a Mário de Andrade (SALLES, 2003, p. 166):

Senhora dona me diga

Quem pergunta quer saber:

Quem parte daqui agora

Onde vai amanhecer?

 

Sinhá Leocádia

Do Ribeirão,

Fale co’a gente

Não seja má não!

 

Está me olhando

Co’esses olho matador,

Parece que estão dizendo:

Quero ser o seu amor.


4.2 O LUNDUM CHORADO



                                           Fonte: youtube.com – dança do lundu.


Além do Lundu Marajoara, o Lundum Chorado também foi amplamente disseminado, senão no resto do Brasil, pelo menos no Pará. Foi descrito por Luís Demétrio Juvenal Tavares, poeta e jornalista de grande talento, nascido em Cametá a 21 de junho de 1850 e falecido em 1907. Publicou várias obras, como Pyrilampos (1877), Paraenses (1877), Viola de Joana (1887), Versos antigos e modernos (1889) e os livros de contos Vida na roça, Casos e mais casos, Serões de Mãe Preta, além de Musa Republicana.

Assim Francisco Manoel Brandão[1], outro escritor de Óbidos, descreve o Lundu em seu livro Terra Pauxi (1955, p. 90-91):

O lundu é dança de origem africana e o banto de Angola seria o seu maior “aficionado”! Dança de fundo sensual, para mim teve seu termo de imitação coreográfica na evolução das aves quando em conluio amoroso. A submissão total do elemento feminino está na dança quando o cavalheiro estende o braço, e, com a ponta do paletó ou da blusa, improvisa uma espécie de asa aberta, sob a qual se abriga a dama conquistada! É o domínio completo do dançarino-conquistador e a adesão total da eleita./ Essa dança eu a conheci no rio Trombetas. Era dançada por um “par” de cada vez. Não tinha recitativo nem cantoria. Ao ritmo de uma música alegre e saltitante, o cavalheiro saia sapateando, se requebrando, estalando os dedos à guisa de castanhola, em busca da dama. Chegava perto dela, fazia um “saracoteio” coreográfico como preâmbulo de conquista, assim uma espécie de convite ao amor, e ela saia, toda sestrosa, cheia de dengo e malícia, se ‘peneirando” ou dele fugindo como “quem não quer, mas querendo”./ No lundu do Trombetas e adjacências não houve dançador angolas, cabinda, benguela ou outro bantu qualquer que fosse capaz de dança-lo tão bem como o meu tio Zé Ferreira (BRANDÃO, 1955, p. 90-91).

Para Salles (2003) o lundum espalhou-se também para os lados do Baixo Tocantins e região das ilhas do golfo marajoara, caracterizando-se principalmente pela dança, acompanhada sempre por uma pequena orquestra de músicos e cantadores que animavam as reuniões festivas. Na opinião de Tavares (1900. P. 49-50) esse lundum se caracterizava por ser “um lundum chorado e cheio de desafios”. Na descrição de Salles (2003, p.167) “desafiam-se, em quadras, dois cantadores músicos: um, tocador de harmônica; outro, tocador de rabeca.”

Salles (ibidem, p. 167) também vai buscar nos dicionários uma compreensão mais objetiva para esse gênero musical: “apesar da abundante documentação indicada, e da extensa bibliografia que ainda se poderia reunir, os léxicos regionais, em sua quase totalidade, omitiram o t”. Apenas Magalhães (1911. p.38) faz esse registro, descrevendo que é um “certo canto popular; nome de uma dança de negros. Amuo; zanga”. Faz referência também ao adjetivo lunduzeiro: “Que tem o habito de se amuar; zangado” (ibidem, p. 38).  Quanto à etimologia da palavra, Mendonça (1973, p. 144) assim se refere:

Os autores concordam em atribuir-lhe origem conguesa ou quimbunda; não lhe dão, porém, étimo algum. Lundu também se chama a música que acompanha a dança. Como o lundu era uma festa que acompanhava a colheita no campo, é possível se prenda sua origem ao cafre landu, consequência, o que se segue a um ato.”

Salles (2003) faz uma enumeração de comentários envolvendo diversos autores acerca da origem do lundu:

Da lição de A. Nascentes “De origem africana”. Segundo Moraes, diz Beaurepaire Rohan em seu Dicionário de vocábulos brasileiros, é vocábulo conguês e bunda. Cannecattin diz na introdução ao seu Dicionário, p. 112: “E os bailes que chamam (abundos e congueses) lundus, batuques e outros usos menos abomináveis”. M. Soares considera um africanismo (Revista Brasileira, 15/05,1880). N. Lopes (s.d., p.147): “Provavelmente do quicongo Lundu, nome de um país perto de Kingoyi”.  (Laman, 1964), i.é, o país de origem dos quiocos. Lundu é também um topônimo de Moçambique. Veja-se também calundu, antigo culto afro-brasileiro (SALLES, 2003, p. 167).

Em resumo, Lundu-chorado é uma “modalidade do Lundu largamente conhecida e disseminada no Pará. Referências em Belém, Marajó, Bragança, baixo Tocantins, baixo Amazonas, comprovam a larga difusão” (SALLES, 2003, p. 167). Inglês de Sousa, natural de Óbidos, no Pará, na obra O cacaulista (1876), faz referência ao lundu, bem como Juvenal Tavares em sua obra Vida na roça (1901, p. 49-50) refere-se a “um lundum chorado e cheio de desafios”, na região do baixo Tocantins. Segundo J. Braga citado por M. Andrade[2], o lundu-chorado é uma “modalidade de lundu que, segundo Tolentino, caracterizava-se por ser mais lento” (ANDRADE, 1989, p. 282). Pinto de Carvalho comenta a coreografia da dança do lundu como “o cúmulo da indecência, o sublime do canalhismo, o que jamais impediu que o bailassem nas salas de primor” (ibidem, p. 282). Tó Teixeira também fez anotações do lundu-chorado, como um estilo de dança e música muito apreciada, tocada e dançada em Belém (SALLES, 2003).

 

4.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS

- Caracteriza-se por um gênero musical e dança folclórica de origem afro-brasileira criada a partir dos Batuques dos escravos (de Angola e do Congo);

- Ritmos muito agitados, predominando os tambores;

- Usa muito notas repetidas;

- O objetivo do Lundu era o cortejo amoroso entre os casais numa roda de batuque;

- O ritmo e a dança foram sofrendo modificações no decorrer do tempo, porém a evidência maior é a sensualidade. Apresenta rebolados e “quebras” de quadris, característicos dos movimentos africanos;

- A dança começa com a mulher que vai ao centro do salão ou da roda, dançando de modo sensual, a fim de chamar a atenção do homem. Este se levanta e vai até o centro acompanhando os passos da mulher. Ela, entre charmes e recusas, acaba aceitando a companhia masculina;

- Coreografia e ritmo influenciaram o samba;

- Feito e cantado fora dos salões, principalmente por causa da dança; mas com o tempo, esse ritmo foi sendo adaptado para os salões, circos, teatros do Brasil e, mesmo em países latino-americanos, como: Argentina, Uruguai, peru, Chile e Bolívia;

- Há casos em que a temática trata-se de um jogo de sedução entre o negro escravizado com a senhora (chamada assim de “sinhá”, “nhanhá” ou “iaiá”), e dessa relação vemos um discurso de desejo e violência em que essa sinhá que, ao mesmo tempo despreza esse homem, mostra uma intimidade.

- Herdou da cultura europeia, a melodia e harmonia para a composição musical, bem como o estalar dos dedos, a postura corpórea e o acompanhamento do bandolim.

 

4.4 PRINCIPAIS LETRISTAS E COMPOSITORES

- Gregório de Mattos Guerra (1633-1696);

- Domingos Caldas Barbosa, nascido no Rio de janeiro (RJ), em 1740 e morreu em Lisboa (Portugal), em 9 de novembro de 1800;

- Xisto de Paula Bahia nasceu em Salvador (BA), em 06 de agosto de 1841 – morreu em Caxambu (MG), em 30 de outubro de 1894;

- Manoel Pedro dos Santos (1870-1944), de Santo Amaro da Purificação;

- Domingos Caldas Barbosa, nasceu no Rio de janeiro (RJ), 1740 – morreu em Lisboa (Portugal), em 9 de novembro de 1800;

 

4.5 ANÁLISE DE LETRAS MUSICAIS DE LUNDU OU LUNDUM

MÚSICA 1: ISTO É BOM (Autor: Xisto Bahia) (Interpretação de Nara Leão - 1978)

 

Yayá você quer morrer         

Quando morrer morramos juntos

Que eu quero ver como cabe

Numa cova dois defuntos

Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói

Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói

A saia de Carolina          

Me custou cinco mil réis

Arrasta mulata a saia

Que eu dou mais cinco e são dez

Isto é bom, isto é bom isto é bom que dói

Isto é bom, isto é bom isto é bom que dói

Mulata Levanta a saia     

Não deixe a renda arrastar

A saia custou dinheiro

Dinheiro custa ganhar

Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói

Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói

Os padres gostam de moças  

E os solteiros também

Eu como rapaz solteiro

Gosto mais do que ninguém

 

ANÁLISE:

Resumo histórico: O lundu Isto é bom foi o primeiro ritmo a ter registro fonográfico no Brasil, em 1902, exatamente 15 anos antes de Donga gravar o clássico samba Pelo telefone. Embora a gravação do lundu tivesse ocorrido no Rio de Janeiro, o autor e o intérprete eram baianos. O primeiro, o ator e compositor Xisto de Paula Bahia (1841-1894), de Salvador; o segundo, o cantor Baiano, registrado Manoel Pedro dos Santos (1870-1944), de Santo Amaro da Purificação. Também gravaram mais tarde este lundu, dentre outros, Jorge Veiga (1972), Nara Leão (1978) e a dupla Vitor da Trindade e Carlos Caçapava (2000), Juliana Ribeiro (2012).

Uso repetitivo de versos: Isto é bom, isto é bom isto é bom que dói / Isto é bom, isto é bom isto é bom que dói

O homem corteja a mulher: Yayá você quer morrer / Quando morrer morramos juntos / Que eu quero ver como cabe / Numa cova dois defuntos. Yayá.

O ritmo melódico inspira a sensualidade: dança sensual, rebolados, requebros de quadril, envolvendo os movimentos que a mulata faz com a saia. Com o levantar da saia para não arrastar no chão, percebe-se os contornos das pernas da mulata.

O que é bom? Ver a mulata dançando e mostrando toda a sua sensualidade.

Yayá ou sinhá pode ser referência a uma senhora (forma feminina de sinhô, “senhor”), e pode estar se desenvolvendo ali um jogo de sedução.

 

FONTES:

Isto é bom (compositor: Xisto Bahia - 1902 / intérprete: Baiano). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Pn08p-sNf9o&ab_channel=NossosRitmos

 

Isto é bom (Nara Leão - 1978) – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=521FpzC7uSo&ab_channel=NaraLe%C3%A3o-TemaNaraLe%C3%A3o-Tema

 

A mulata (Nara Leão - 1978) – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=521FpzC7uSo&ab_channel=NaraLe%C3%A3o-TemaNaraLe%C3%A3o-Tema

 

Isto é bom (Jorge Veiga – 1972) disponível em https://www.youtube.com/watch?v=BMhqbCImlsA&ab_channel=AntonioLucente

 

Isto é bom (Vitor da Trindade e Carlos Caçapava - 2000) disponível em https://www.youtube.com/watch?v=i7kY-RIBeO4&ab_channel=V%C3%ADtordaTrindadeeCarlosCa%C3%A7apava-Topic

 

Isto é bom (Juliana Ribeiro – 2012). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=BEE4pQ8jljs&ab_channel=MarcioSantosOliveira

 

MÚSICA 2: LUNDU – MEU SER ENCANTADO (Dan Miranda)

OBS: LUNDU MARAJOARA

 

Ê vaca velha! Ê boi!

 

O meu lundu nasceu

Em frente à cidade de Soure

A dança que vi por ali

Mexeu com o meu coração.

 

O meu lundu nasceu

Olhando a correnteza pequena

Uma rabeta deslizou serena

No rio para Cauari.

 

Encontrei com dona Maria do Chico

Ela dançou um lundu tão bonito

Com grande emoção no olhar

Visitei um grande vaqueiro da tapera

Preto Juvêncio, domador de boi

Nos campos do Marajó.

 

Ê vaca velha! Ê boi! – 2 vezes

 

Mulher, mulher, você me enfeitiçou

Fez parar minha cabeça

Antes que eu esqueça

Quero perguntar teu nome

 

De onde você vem

Pra onde você vai

É uma sereia

Um ser encantado.

 

Você me fez enlouquecer

Dominou o meu coração

Me ama na areia

Meu doce pecado.

 

ANÁLISE:

Repetição de palavras: “Ê vaca velha! Ê boi!”

Ritmo regionalizado, caracterizando o Marajó: cidade de Soure, rabeta, rio, campos do Marajó...

Predomínio de nomes comuns: Maria do Chico, preto Juvêncio, habitantes da região.

Uso de superstição e folclore: enfeitiçou, sereia, ser encantado.

Temas regionais: a composição descreve momentos do cotidiano da vida no Marajó, hábitos, costumes: “Visitei um grande vaqueiro da tapera” / ”Uma rabeta deslizou serena no rio para Cauari”.

Melodia: cadenciada, com uso de bandolim e tambores.

Exaltação da figura feminina: A mulher enfeitiça o homem com a sua sensualidade corporal, com seu rebolado dos quadris. Para a sociedade dominante do final do século XIX e início do século XX, a dança do lundu era um atentado ao pudor, aos bons costumes.

 

FONTE:

CD Grupo Cheiro do Pará.wmv. Lundu, ser encantado. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=aFwI6bkWaOw&list=RDZ02vzJCoFHI&index=2&ab_channel=DanMirandaDanMiranda

 

MÚSICA 3: CELEBRAÇÃO (Nei Lopes)

OBS: LUNDU-CHORADO

 

Sinhá na rede dormindo

Duas mucamas ao lado

Cena de um tempo passado

Que outro poeta escreveu

Em meio ao sono a senhora

Vai toda se amolengando

Está, por certo, sonhando

Com certo alguém que sou eu...

 

Eu não sou ralador

Para o coco ralar

Não sou de salvador

Nem Belém do Pará

Meu claro senhor

Olhe sua sinhá

Tá me olhando com dengo

Para me enfeitiçar...

 

Calma de flor de laranja

Pele de manga madura

Gostinho bom de verdura

Fonte fazendo chuá

Voz de viola chorando

Olhos como a estrela d’alva

Restos de origem fidalga

Eis o perfil da sinhá...

 

Eu não sou ralador

Para o coco ralar

Não sou de salvador

Nem Belém do Pará

Meu claro senhor

Olhe sua sinhá

Tá me olhando com dengo

Para me enfeitiçar...

 

Não por ser branca e senhora

Mas por ser boa e bonita

É que a senhora me agita

Faz-me a viola chorar

Claro senhor, não se atreva

Que eu tenho cá meus motivos

Eu só me faço cativo

Se for pra sua sinhá...

 

Eu não sou ralador

Para o coco ralar

Não sou de salvador

Nem Belém do Pará

Meu claro senhor

Olhe sua sinhá

Ta me olhando com dengo

Para me enfeitiçar.

 

ANÁLISE:

Estrofe 1: Descreve um lundu cadenciado que fala de uma sinhá - senhora de cor branca – dormindo na rede. Dormir na rede remete a um habito tipicamente paraense, ou de algumas regiões do Para, como Belém, Marajó, Santarém, baixo Amazonas, etc.

Mucamas eram escravas negras que serviam à sinhá, durante a escravatura no Brasil.

Amolengando: uma pessoa molenga, que fica mole, sem forças, desanimada, sonolenta

Estrofe 2: a personagem nega ser de salvador ou de Belém do Pará, nega ser dessas regiões. Uma senhora está provavelmente a olha-lo com interesse, como se estivesse flertando o rapaz (olhando com dengo...) e ele pede ao senhor, provavelmente marido da mulher que trate de prestar atenção nela, pois ela o queria enfeitiçá-lo (uma alusão às superstições de contos amazônicos), como o boto que enfeitiça a mocinha, ou a mãe d’água que leva o enfeitiçado pro profundo do igarapé.

Estrofe 3: aqui o rapaz faz uma descrição da mulher (sinhá), comparando-a com a própria natureza, com as frutas, verduras, riacho (Pele de manga madura /

Gostinho bom de verdura / Fonte fazendo chuá). Ele repara na voz da mulher como se estivesse chorando, como se entoasse um canto triste. Os olhos como a estrela d’alva, ou seja, eram brilhantes. Ela devia ter provavelmente um aspecto nobre (resto de origem fidalga) que enfim, denota generosidade, liberalidade, atitude. Enfim, ele derrama-se em elogios à mulher, buscando, para isso, a própria regionalidade.

Estrofe 4: a mulher é branca que lembra a mulher portuguesa. Ele também usa uma forma respeitosa quando se refere a ela. Ele a chama de senhora. Ela o atrai e há uma relação de cortejo amoroso entre ele e a senhora. Pode estar havendo um jogo de sedução entre o homem e a senhora (mas por ser boa e bonita / é que a senhora me agita / faz-me a viloa chorar.

 

 

FONTE: Celebração. Disponível em https://www.vagalume.com.br/nei-lopes/lundu-chorado.html. Acesso em 08.ag.2021.

 

Outras fontes:

Lundu – negro sol – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gBCO4RDbOh0&list=RDZ02vzJCoFHI&index=4&ab_channel=DanMirandaDanMiranda

Arraial do Pavulagem – música do litoral norte: Lundu Marajoara. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6nJ4AfBXnzQ&list=RDZ02vzJCoFHI&index=7&ab_channel=RafaelMirandaRafaelMiranda

Cultura Pai D’égua - Balé folclórico da Amazônia Brasil – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yTNHxwWnUI4&list=RDZ02vzJCoFHI&index=10&ab_channel=CulturaPaiD%27%C3%A9guaCulturaPaiD%27%C3%A9gua

Ilustrações (figuras de danças do lundu) – disponível em https://www.google.com/search?q=ilustra%C3%A7%C3%B5es+da+dan%C3%A7a+lundu-chorado&tbm=isch&ved=2ahUKEwjto

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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[1] Francisco Manoel Brandão, nasceu na cidade de Óbidos, no dia 10 de abril de 1907, onde passou a infância e adolescência. Segundo relatos em seu livro intitulado Terra Pauxis, quando criança quase perdeu a vida nas águas do Rio Amazonas. Aos 19 anos seguiu para o Rio de Janeiro. No decorrer de sua vida ocupou vários cargos, entre eles: advogado, escritor, poeta, folclorista, ensaísta, compositor, fotógrafo, oficial intendente do Ministério da Guerra, entre outros. Desenvolveu inúmeros trabalhos sociais, entre eles fundou a biblioteca Falada da Baixada Fluminense. Autor de poemas, livro, músicas e trabalhos artísticos. Faleceu no dia 02 de março de 1968.

[2] Mário de Andrade foi o grande mentor intelectual da Geração de 20, foi também poeta, prosador, pianista, funcionário público e, acima de tudo, um homem compromissado com o desenvolvimento cultural do Brasil.

Sua obra, dividida em livros de poesia, prosa de ficção, folclore, ensaios e história da música, é, até hoje, um marco na literatura nacional, pois introduz uma nova linguagem literária, que se apropria da língua do povo, diferentemente do academicismo parnasiano em voga até então. FONTE: Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/literatura/mario-andrade-1.htm. Acesso em 08.ag.2021.