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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Andanças nas estradas do Pará

 


        No ano de 2001, fui deslocado para desenvolver minhas práticas educativas no município de Canaã dos Carajás. Este, localizado na região sudeste do Estado do Pará, surgiu, a partir do assentamento, através do projeto Carajás, implantado pelo Grupo Executivo das Terras do Araguaia e Tocantins (GETAT). Município recém-emancipado, pelas atividades dos projetos, tornava-se um atrativo maior para grande quantidade de pessoas que vinham de outros Estados em busca de emprego, principalmente com a forma de relações trabalhistas, através do serviço terceirizado.

A distância entre Belém e o município de Canaã é de 764,9 km, com aproximadamente 12 horas de viagem. O turno das aulas contribuía para que eu e o colega saíssemos de Belém, de carro particular, por volta das cinco horas da manhã e chegássemos, aproximadamente, por volta das 18 horas de algumas das segundas-feiras, já que não era toda semana que vínhamos em Belém. Geralmente, era de 15 em 15 dias.

Essas andanças nas estradas ajudavam a conhecer ainda mais o nosso Estado. Naquele ano, o chão era piçarra mesmo, com muita poeira, mas pra nós era um lazer e diversão, como quem tem bem menos idade, apesar do compromisso e responsabilidade com uma das maiores políticas públicas de inclusões sociais da Amazônia.

Neste módulo, o funcionamento do SOME era apenas pela parte da noite, com mais um profissional que revezava os horários de aulas durante este turno. Em princípio, com número pequeno de alunos nas turmas; porém, à medida que se dava o andamento das práticas educativas chegavam mais pessoas para se matricularem no ensino médio. A escola era arejada, ventilada, construída através da velha planta do ex-governador Hélio Gueiros, com doze salas de aula, porém apenas quatro turmas em funcionamento, sendo duas turmas do primeiro ano e uma de todos os restantes das séries.

Partes significativas dos alunos trabalhavam nos projetos ao redor da sede do município, o que fez com que percebêssemos, como consequência imediata, que os alunos apresentavam uma fisionomia cansada e sonolenta durante o transcurso das aulas, trazendo um enorme desgaste à produção. Mesmo assim, sempre buscávamos alternativas, descontração e atividades que pudessem estimular os alunos a participarem das aulas. Lembro-me desse período como se fosse hoje: em um momento, nas atividades, um dos alunos estava tão distraído que trocou meu nome pelo do outro professor. Quando peguei a folha de atividade, percebi logo os nomes trocados, porém, as questões propostas estavam respondidas perfeitamente, o que me chamou a atenção. Claro, chamei o aluno e mandei apenas acrescentar meu nome.

        São essas experiências marcantes, como as andanças nas estradas, atravessando um município e outro, que faziam com que não só sentíssemos as diferenças econômicas e culturais, principalmente, mas víssemos essas diferenças expostas aos nossos próprios olhos. Olhos de pesquisadores. Rememorar me deixa feliz, apesar das diversidades que vivenciamos durante alguns períodos e contextos. Assim, como o reconhecimento de parte dos governantes do Pará, para que se interessem, realmente, por essa política pública.

 

Texto: Ribamar Oliveira (Ex SOME)

Revisão: Carlos Prestes (Ex SOME)

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

 





Divulgação da Lista de Livros de Professores do SOME - Sistema de Organização Modular de Ensino (SEDUC/Pará)






Com a intenção de prestigiar, divulgar e valorizar as iniciativas vindas da parte de profissionais da educação que tiveram ou têm a sua biografia ligada à história do SOME, queremos pedir a todos os mais de mil professores do modular que participem dessa campanha, quer comprando o livro, quer ajudando a divulgar nos diversos grupos do SOME e em outros grupos de  amigos , no Facebook, Twitter , nos contatos privados , ou seja, nas diversas ferramentas das redes sociais , esse trabalho ímpar na história da nossa cultura amazônica . São de autores que enveredam pelos seguimentos da educação,  artes, cultura, filosofia,  temáticas sociais, folclore, lendas e outros tantos assuntos, como é o caso das obras:


1.  "Amor e Razão", de Valdo Rosário, com preço ainda não divulgado. Será lançado no início de dezembro.


2. "Educação na Amazônia em repertórios de saberes: O Sistema Modular de Ensino ",  de Marina Costa, Ribamar Oliveira e Sérgio Bandeira, que está sendo vendido à R$ 40 reais; 




3. "Educação no campo da Amazônia Paraense", de Arodinei Gaia, com o preço de R$ 30 reais; 


4.  "Formação Colaborativa e Docência: As possibilidades e os desafios", de Eulália Vieira, com o preço de 40 reais , e que pode ser encontrado na Confraria do livro, na Cipriano Santos, 211,  esquina com a Nina Ribeiro, e no contato:  (91) 985887920 ; 




5. Professor Silvio dos Anjos

 

a) "Brincando com as Palavras"(poesia),  


b) "Eles foram _ Eu fiquei" (romance),  


c) "Os Escravos" (romance) e 


d) "A pior viagem do mundo" (romance, aventura), de Silvio dos Anjos (sem preço). 






6. " Viajantes do Giz", do prof. Arogas; 


7. "Silenciados negros no ensino de História" do prof. João Furtado; 


8. "Lendas e Visagens de Moju" da professora  Ana Márcia; 




9. Professor Arnaldo Rodrigues


a) "Cabeleira: o papa chibé em prosa e verso"  (poemas e contos), 


b) "Flores na Praia Grande" (romance tipo folhetim, que tem como ambiente a ilha de Mosqueiro), 


c) "Sonetos para Belém e Outros Poemas" (em parceria com outros autores) do prof. Arnaldo Rodrigues. 


10. "O Ensino Modular em pequenas comunidades da Amazônia" do prof. Dr. Francisco Edson Oliveira. 


11.  "José Veríssimo: Raça, Cultura e Educação"  (dos autores  Dra. Sônia Araújo, Dr. Celso  Vaz, dr. Telmo Araújo, Dra Maria do Socorro França e prof. Especialista Carlos Prestes)  -  esgotado 


Toda obra tem um custo , esforço, sonhos, expectativas e suor, muito suor de seu criador ou criadora.  Criamos a expectativa dentro de nós mesmos , de ver nossas criações sendo folheadas, mexidas e remexidas, nas mãos  do leitor ávido pela sua leitura.  Talvez essa seja a grande recompensa do criador : o prazer de ver sua obra sendo lida por outros , além dele próprio. 


E quando a compramos e a lemos, não  percebemos nas suas entrelinhas , as noites, os dias, as madrugadas intermináveis na frente do computador onde "Beneditino escreve, na paciência e no sossego, trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua". Isso: Beneditino sofre e sua pra dar vida à obra.  Por isso, o valor material passa a ser simbólico, irrelevante, porque não compra, nem concebe a dedicação  de seu autor. 


Portanto, compremos,  prestigiemos as obras de nossos amigos  poetas, escritores, dramaturgos, filósofos, historiadores , porque, valorizando-os, estaremos valorizando a nós mesmos , à nossa história, à nossa biografia. 


Então, vamos às compras?


Obs:  podem ser acrescentadas outras obras e autores que não foram anunciadas até o momento. 


Atenciosamente,


Prof. Carlos Prestes

domingo, 15 de novembro de 2020

VAZA PANDEMIA...

        *Maria Fátima de Oliveira


Lembrar da eleição,  é lembrar do Jurunas, bairro marcado predominantemente pelos partidos da direita. A nossa alegria começava com o visual  nas portas, janelas e onde pudesse usar o vermelho para tirar o brilho do "amarelão". Um fato marcante era a habitual  feijoada do PT, assim denominada pela D. Preta, dona da casa/ nosso QG,  também conhecida como "Pretinha". Mas, no final da tarde estávamos interagindo com os vizinhos do "amarelão", tudo organizado por ela que fazia questão da política da boa vizinhança. .


Ao raiar do dia já estávamos indo para o Jurunas, votar  e fazer  boca de urna , é claro.!


À tarde, o agito aumentava com muito bate boca, denúncias e correria da polícia,  fazer boca de urna escondido ?? Como ?? Tirava todo e qualquer acessório vermelho e saíamos distribuindo os santinhos .Era um ir e vir atrás de ônibus para ganhar o voto dos indecisos, às vezes dava certo..ufa !!  Muita confusão, muita correria, mas éramos nós da esquerda que fazíamos a diferença. Nem vou entrar no mérito das conquistas sociais e econômicas da esquerda no Brasil.


Fizemos sim a diferença, porque incomodávamos àqueles que até hoje querem tirar nossas conquistas adquiridas com tantas lutas.


Hoje, a eleição está mais calma, no entanto, os santinhos e a dinheirama continuam valendo para aqueles que usam da politica para se auto promover e governar para a sua família, intensificar a perda dos nossos direitos  .


Esse é o país que eu não quero que governa através do ódio,  da intimidação e das regalias ..


Vaza pandemia, queremos fazer eleição  como sempre fizemos, porque a luta e árdua. .


Boa eleição, vote certo !!


*Professora da rede estadual de educação.

sábado, 14 de novembro de 2020

O QUE SERÁ DE NÓS?

       *Antônio Carlos Moura

Quando analisamos o nosso Sistema Educacional, percebemos então o quanto estamos distante do ideal, daquilo que gostaríamos de ver como resultado dos esforços das pesquisas, das implementações que aplicamos a um povo, a uma Nação.


Os mestres olham com tristeza o aumento da criminalidade, da ignorância que perdura mesmo com nossa busca por um ensino mais acurado. Vemos os reflexos da falta de Educação, na escolha dos governantes, no aumento da miséria, na incompreensão para com os seus semelhantes, na prática do racismo... Temos a impressão que ao buscarmos o aparelhamento para um melhor  aperfeiçoamento educacional da sociedade, ela se afunda mais no abismo da desinformação, de desigualdade, dando-nos a impressão de que o nosso papel como professores e orientadores, segue no sentido retrógrado acelerado rumo ao caos sem precedentes e apocalíptico, como se o cocheiro perdesse o domínio das charretes. 


Resta-nos invocar ao Divino para que Ele venha em nosso socorro e nos ajude a conduzir, com equilíbrio, a turma por caminhos de luz.


*Educador da rede estadual de educação, lotado no Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O presidente e o palhaço ou vice versa...

 

                      *Valdir Ribeiro


            Não se sabe quem é que chega primeiro, se é o mandante ou o brincante. Quando chega um, o outro ainda está pelo caminho. Se o um se atrapalha o outro pisa de mansinho, seguindo aqui, parando acolá, lá se vão os dois, sem regras, pelo ampliado caminho.

            Assim, segue nossa vida, assim segue, a vida do povo, esperando o sorriso de um, esperando atitude do outro.

            Nesta confusão de imagens, ninguém sabe quem brinca. Se ele da um salto, o outro já tira a camisa, se o palhaço corre, o presidente veste a roupa. Se este apressa o passo, aquele sempre se esquiva.

            Lá se vão os dois sujeitos atrapalhados, brincando com a vida do povo. Tirando sarro de um, zoando com a vida do outro, mexendo com quem passa do lado. Sorrindo daqui para acolá, pisando em quem já está sendo pisado.

            O palhaço avisa:

            - Tomem cuidado!

            O presidente diz:

            - Não liguem para esse coitado!

            E vão seguindo caminho, falando besteiras hoje, dizendo bobagens amanhã e o tempo vai passando. O palhaço e o presidente comandando a multidão, ninguém entende bem, quais dos dois tem a razão. Um está enciumado porque o outro está bem, sendo aplaudido sem nada ter feito, apenas por estar sorrindo para quem de seu lado passa.

            O tempo fica nublado, o espaço, esfumaçado, aí o palhaço avisa:

            - O circo está queimando.

            - O presidente fala:

            Deixa de bobagem, é apenas um estilhaço.

            O palhaço dá um salto junto com o ´presidente, aí ninguém se segura é riso certo, os dois se abraçam sem distinção, o palhaço e o presidente sorrindo de toda gente, zombando de toda nação que pensava em ter razão escolhendo um deputado presidente, ou senão, um presidente palhaço.

            Quando um fala sério, ninguém percebe, pois o engano está virando um mistério.

            - Quem será o presidente?

            - Quem será aquele palhaço?

            A confusão está formada, diante dos dois sujeitos, agora, todos querem saber se os dois foram eleitos, pois um não sabe de nada, o outro... do mesmo jeito.

            E vão seguindo a viagem, percorrendo pelos caminhos, pedindo ajuda ao governo, logo depois ao prefeito para saber quem de fato é ocupante de direito, se o palhaço é o presidente ou este é aquele sujeito.

                                                                                             

* Dr. Valdir Ribeiro  é doutor em educação, músico, escritor, professor da rede estadual, lotado no Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME e ex aluno dessa importante politica pública que fez 40 anos no dia 15 de abril passado.. 

 

 

 

 

           

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Leitores do livro Educação na Amazônia em Repertório de Saberes: O SOME (VIII Parte)








Os Autores e Organizadores do livro Educação na Amazônia em Repertório de Saberes: O Sistema de Organização Modular de Ensino fazendo doação de um exemplar para UNIFAP/Campus de Santana, por meio do docente da Faculdade de Pedagogia historiador Dr. Raimundo Erundino Diniz. 










O ex aluno do SOME e Professor de Abel Figueredo Gedeon Alexandrino adquiriu seu exemplar que em vários trechos retratam sua realidade. Segundo o referido professor, a leitura será prazerosa, assim como contribuirá em sua formação e conhecimentos.