Mais uma obra produzida pelos alunos do Sistema de Organização Modular de Ensino- SOME, produzida através de eixos temáticos, tendo como recurso metodológico a história oral, sob as responsabilidades dos professores Ribamar de Oliveira, Valdivino Cunha e Valdecir Silva, na localidade de "Nova Providência", município de Bujaru.
Alunos
- Pesquisadores
Abigail Gomes da Silva
Aleson Conceição dos Santos
Alice Ferreira de Sales Vidal
Aluisio Mendonça Favacho Junior
Andreia Garcia
Antônio Junior Meireles
Chielson Meireles de Morais
Dina Santos Trindade
Elen Cristina de Oliveira
Elizama Silva Gomes
Gisane Nazaré da Conceição
Gisele Bagata da Silva
Helen do Carmo Santos
Jaiane da Cunha Silva
Laurilene Santos da Silva
Lauriely Santos da Silva
Marcos Paulo Santos Trindade
Neidiane Dionisio Trindade
Klayvyanne Thayser lima
Kamila Conceição da Silva
Wilker Trindade França
Raise da Silva da Trindade
Ronilson Odilson dos Santos Pantoja
Samara Trindade Pereira
Simiele Dias Pereira
SUMÁRIO
Apresentação...............................................................................................
05
Dedicatória.............................................................................................
.... 06
Agradecimentos...........................................................................................07
Histórico......................................................................................................08
Economia.....................................................................................................11
Educação.....................................................................................................17
Conferência Municipal de Educação...........................................................23
Plantas Medicinais.......................................................................................26
Personalidades Importantes da Comunidade...............................................30
Informantes.................................................................................................,36
Entrevista....................................................................................................
37
Anexos.........................................................................................................55
APRESENTAÇÃO
Chegando pela primeira
vez na localidade de Nova Providência, ouço o canto dos pássaros e sinto o
cheiro das plantações em redor, assim como uma nova experiência para minha
aprendizagem.
Essas trocas de
experiências com a comunidade vêm como a melhor forma de conhecer a localidade.
É buscando suas origens, histórias e memórias com os membros mais antigos, que
revivem o passado longínquo, tão perto do presente.
Cada comunidade tem
suas histórias, seus personagens que foram seus desbravadores ou deram-lhe uma
identidade construíram sua história, no caso da comunidade Nova Providência, a família
Silva, sem dúvida, tem um papel importante no desbravamento desse pedaço de
chão, estabelecendo amor, ousadia e sonhos. Alguns aspectos encontrados
tornam-se fundamentais, como elementos de identidade da comunida Nova
Providência.
Esta comunidade é
formada quase na sua totalidade por uma única família, daí, há um nível de
familiaridade muito próximo, lá quase todos tem relação de parentesco. Ao que tudo indica, seus
antepassados foram de remanescentes de quilombos, muito embora ainda não se
pode afirmar com absoluta certeza tendo em vista que ainda não foi realizado um
diagnóstico a esse respeito.
Quando assumimos esse
compromisso, juntamente, como o 1º, 2º 3º ano dos alunos matriculados no
Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, do ano de 2017, sabíamos que
teríamos alguns desafios, entre eles o registros que poderiam contribuir com o
desenvolvimento e construção da história e memória dessa localidade.
Os temas a serem
pesquisados foram divididos nas três séries do ensino médio para que pudessem
fazer o levantamento dos dados, conforme, o tema da equipe que foi sorteado com
os informantes que poderiam contribuir com esse resgate histórico e cultural,
tendo a história oral, como recurso metodológico utilizado durante o processo
desse levantamento para a pesquisa. Com essa fonte oral, o informante revive e
pontua aspectos que servem como elemento, que será transcrito e refeitos com
parágrafos que o grupo ficou responsável.
Aos trabalhadores e
trabalhadoras que lutam por sua suas sobrevivências e uma sociedade melhor e
fraterna.
AGRADECIMENTOS
A Secretaria de Estado
de Educação (SEDUC) que realizou convênio com o município de Bujaru,
proporcionando a oportunidade aos alunos da localidade de Nova Providência e circunvizinhas
de estudar o ensino médio;
A comunidade escolar e
diversas pessoas das diversas localidades em torno de Nova Providência que
contribuíram direta ou indiretamente para que fosse desenvolvido esse trabalho;
Somos gratos aos alunos
do ensino médio do I Módulo do ano de 2018, que dispuseram a pesquisar, colher
e contribuir na construção desta Coletânea de Textos;
Ao Sistema de
Organização Modular de Ensino (SOME) em proporcionar essa oportunidade em
contribuir na História de Nova Providência, Bujaru e do Estado do Pará;
Aos informantes, pois
sem eles não teríamos fontes para a construção e conclusão do Trabalho.
De acordo com os dados
estatísticos do Censo Demográfico do ano de 2010 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o estado do Pará possui uma área de extensão
territorial de 1.247.950,003 km². Dentro deste espaço se encontra o município
de Bujaru, com um território de 990.399 km², que abriga uma população total de
28.016 habitantes, sendo que residem na região da zona rural do município seria
de 9.385, correspondendo 53,3% de homens e 8.211 habitantes do sexo feminino,
correspondendo 46,7%, dentre os quais podemos destacar os povos das águas e das
florestas como: os quilombolas, os extrativistas, os agricultores familiares,
os ribeirinhos, os pescadores dentre outros. O município possui 20.397
eleitores, correspondendo 72% da população total, sendo 10.003 do sexo
feminino, correspondendo 49,04 eleitoras e 10.384 do sexo masculino,
correspondendo 50.91 de eleitores.
A Vila de Nova
Providência localiza-se no município de Bujaru, na região nordeste do Estado do
Pará. Da Vila para a cidade de Bujaru é aproximadamente de 24 Kms, sendo 17 Kms
da PA – 140 e 07 Kms de ramal. A Comunidade de Nova Providência é simples, mas
corre atrás de seus objetivos e o que já foi conquistado, em prol da
comunidade, que tem sua história, através da contagem dos idosos que ainda
vivem na comunidade. O ramal,segundo eles, foi uma conquista recente, pois,
antigamente, quando ainda não havia o ramal como existe hoje, para se chegar à
PA – 140 era caminhando, com acessos precários.
Com tempo, a comunidade foi crescendo e desenvolvendo, sendo, inclusive,
construída uma escola no ramal, que foi foi, sem dúvida mais importante
conquista. Com a construção do ramal, houve
uma maior intercâmbio com as comunidades de seu entorno, como São Lopes, Jutaí,
São Benedito entre outras, além, claro da Providência. Vale frisar também a
importância do transporte que facilitou a vida dos membros das comunidades,
através do ônibus, que passava de madrugada; além de escoamento da produção
nessas localidades. As pessoas se deslocavam para comprar e vender suas
mercadorias em Bujaru como farinha,
tapioca, o coco, limão e açaí,entre outro produtos da agricultura de
subsistência. Além de Bujaru, pequenos agricultores se arriscavam com a venda
de mercadorias em Belém, como a pupunha, limão, coco e farinha.
Para os antigos
moradores, a Providência só começou a nascer, a partir da chegada de algumas
pessoas, na década de 50, do século passado, como o Senhor Jovelino Tavares da Silva e sua família que se estabeleceram e
fundaram uma pequena Vila, com poucas casas e poucos moradores. Para esses moradores
e seus descendentes que contribuíram com a expansão da Vila. O nome
Providência, quer dizer, que antes não tinha nada, mais tudo se providenciou,
portanto, revertendo todo o contexto social e geográfico da localidade.
Segundo os
antigos moradores, é importante enfatizar que os descendentes de
escravos que primeiro habitaram a vila eram cearenses fugitivos da seca que se
uniram em matrimônio com os descendentes de portugueses que se estabeleceram
nesta região, inclusive, notando resquícios de presença dos portugueses e
engenhos em algumas partes na beira do rio Bujaru. Para eles, este lugarejo era
um verdadeiro paraíso, pois segundo os antigos moradores, a base de sua
economia eram as plantas nativas na beira do rio e de igarapés, que serviam
como fonte de sobrevivência.
Outro aspecto
fundamental que contribuiu com o desenvolvimento da comunidade foi à chegada da
energia elétrica, principalmente, o comércio que foi beneficiado fazendo
surgir, inclusive, umas “baiuquinhas” e lanchonetes.
ECONOMIA
Uma das principais
fontes de subsistência econômica da comunidade e região é a dedicação exclusiva
com os derivados da produção da mandioca, notadamente a farinha que a exemplo
de muitas comunidades é um produto básico da alimentação assim como para a
comercialização.
Desde a chegada dos
primeiros moradores nessa região que a produção e comercialização dos derivados
da mandioca, como a farinha, a farinha de tapioca, a goma, o tucupi entre
outros são cultivados e proporcionam a subsistência e renda familiar.
A Farinha: A produção ainda
é realizada quase nos mesmos moldes de tempos atrás, com pequenos avanços, um
desses avanços é a colocação da mandioca para ficar de molho que até bem pouco
tempo era feito exclusivamente nos igarapés e hoje, com a chegada da energia,
da água encanada, da perfuração de poço artesanal, os galões de água, pouco a
pouco vão substituindo o igarapé, até porque os igarapés estão sendo impiedosa
e impunemente dizimados com o avanço da
monocultura dos dendezais, trazidas por
empresas como a Biovale. Chamamos atenção aqui para chegada dessas e de outras
empresas do agronegócio. Elas estão trazendo um grande prejuízo tanto do ponto
de vista social quanto ambiental. Social porque essas empresas estão praticando
os “cercamentos modernos” O que difere dos cercamentos atuais daqueles
praticados no período da Revolução Industrial é que este diferentemente daqueles,é
que eles “compram”irrisoriamente os lotes dos pequenos agricultores que tempo depois percebem que caíram numa
grande do capitalismo. Os prejuízos ambientais também são devastadores. Eles
estão sendo extintos impunimente e aqueles que ainda restam estão cada vez mais
contaminados em virtude de toneladas de agrotóxicos que são jo9gados em seus
leitos mantando peixes e tantos outros seres vivos neles.
A farinha tradicional
produzida pelos moradores da Comunidade de Nova Providência e suas adjacências
tem todo um processo que exige todo um calendário anual e participação dos
membros da família, enquanto mão de obra, inclusive, algumas vezes com ajuda de
vizinhos e amigos.
A equipe responsável pela parte
das atividades econômicas entrevistou vários membros da comunidade, sendo a
farinha de mandioca, um dos principais recursos econômicos da área, assim como
da localidade e como toda produção passa por vários processos.
O processo que se dá para se chegar ao produto final que é a
farinha, passa por várias etapas que começa com a derrubada, brocagem, a queima
e o plantio (manicuera). Depois dessa etapa vem a capinagem ( mais de uma),
coleta da maniva, o transporte para o retiro. No retiro tem descascagem, a
moagem a secagem, a torragem, a ensacagem, o transporte e finalmente a venda ou
o consumo.
O sobretalho que sempre
foi imposto as mulheres deste os tempos mais remotos e que ganhou maior
visibilidade a partir de Revolução Industrial prevalece ainda hoje, seja no
campo ou na cidade. Em todo o processo produtivo da mandioca este sobretrabalho
fica bem escancarado. Diferentemente de outros ramos produtivos, na mandioca
não há divisão social do trabalho, não ficando portanto, para a mulher a tarefa
“menos pesada”, não. Ela participa ativamente desde a derrubada até o
beneficiamento final, embora, via de regra quando esta farianha é feita para a
venda, geralmente, é o homem que administra o dinheiro, ou seja, mantém-se vivo
uma carga maior de sobretralho. Um fato interessante que se observa no tocante
ao cultivo da mandioca e que precisa de um estudo mais aprofundado é que
muito homens, no ficam em casa ou no comercio e são as mulheres que vão à roça.
O cenário é propício
para as discussões acerca das relações de gênero, pois o histórico de lutas e
organização é possível deduzir que as mulheres de Nova Providência,
possuem uma visão particular e
diferenciada de seu papel na sociedade, pois ao
passarem por todos estes processos de lutas e
empoderamento elas começam a perceber a importância do seu papel na sociedade e
passar também a buscar os seus direitos.
Nesse trabalho buscou
analisar as relações de gênero e como vem se dando a participação das mulheres
deste novo espaço rural e relacionar não só os dados referentes à produção, mas
identificar o papel da mulher nesse espaço, ou seja, saber quais as
atividades exercidas por elas e se essas atividades são
valorizadas, ou se são consideradas apenas como uma ajuda.
Eis algumas imagens que
retratam uma das realidades da sociedade amazônica, em especial, na comunidade
de Nova Providência. Apesar dos “urbanóides” não terem a dimensão das
dificuldades e valorizar a produção da farinha.
Outra atividade econômica
importante para os moradores da Comunidade de Nova Providência é a produção e
comercialização do açaí, importante produto e utilizado como principal fonte de
alimentação, principalmente, no período do verão, fase salutar como fonte de
renda familiar. Para os membros antigos da Comunidade, a maioria dos açaizeiros
é nativa, havendo em pequena escala a plantação desse importante produto da
mesa dos paraenses.
A educação do estado do
Pará como um todo, não vai bem há bastante tempo e nesta comunidade não é
diferente. Ela padece de infraestrutura com falta de salas de aulas, falta de
sala para professores, material didático, entre outros. O desinteresse por
parte dos alunos também é uma marca forte. Em visita recente da coordenadora do
SOME, Joseana esta comprometeu-se em não medir esforços no sentido de
viabilizar recursos para a construção de mais salas de aula para atender a
demanda dos alunos do SOME.
O
prédio atual funciona aulas do fundamental e médio nos turnos da manhã, tarde e
noite. O prédio tem 326 alunos, 12 professores, 32 funcionários e até hoje o
colégio teve 04 diretores. A diretora atual chama-se Ana Lúcia Garcia. A Escola
possui 03 escolas anexas. O uniforme da escola passou a ser as cores vinho e
amarelo.
Para
a atual Diretora da Escola, Ana Lúcia Garcia da Silva, a Escola Nova
Providência foi inaugurada no ano de 1984, sendo apenas do município. Em 2006,
começou a construção do prédio da Escola do Estado e no ano seguinte, com o
aumento do número de turmas as aulas passaram ser realizadas no prédio do Estado.
Neste momento, abriram as matrículas para os alunos do Sistema de Organização
Modular de Ensino – SOME, que começou a funcionar também no ano de 2007.
Segundo
Ana Garcia, quem não mediu esforços para que houvesse uma Escola Estadual, na
Vila Providência, foi um estudo realizado pela Secretaria Municipal de
Educação, visto que, três comunidades seriam contempladas com uma Escola Polo.
Porém, não podemos deixar de ressaltar que tivemos apoio de pessoas da
comunidade, como Dona Cléia Tavares e Luzia Tavares (Vereadora neste período),
pais de alunos e comunidade em geral que participavam ativamente das reuniões
com intuito de trazer a obra para Providência.
A
primeira Diretora da Escola Nova Providência, com apoio da comunidade, foi a
Professora Ana Lúcia Garcia da Silva.
Com
a inauguração da Escola em Nova Providência, as comunidades circunvizinhas e a
comunidade foram beneficiadas e muitas melhorias foram propiciadas com o
desenvolvimento. A informante diz: “Antes de qualquer coisa quero” que fique
entendido que a escola do município é a Escola Municipal de Ensino Fundamental
“Nova Providência”, porém, na última reunião realizada na comunidade para
construção da escola ficou decidido por todos os membros da comunidade que
estavam presentes, inclusive eu, Ana Garcia, que o nome da Escola do Estado
seria Escola Estadual “Belarmina Soares”, matriarca da comunidade. Esta Escola
foi uma conquista pra esta comunidade porque antes de sua existência os alunos
quando terminavam a 4ª série (hoje, 5º ano) precisavam se deslocar para as
cidades e na maioria das vezes os pais não tinham condições de manter os filhos
em casa de parentes, as meninas por sua vez geralmente serviam de empregadas
domésticas e poucas seguiam com os estudos e os meninos em sua maioria ficavam
para ajudar os pais no serviço da roça. Após a construção da Escola, os alunos
da comunidade e de comunidades vizinhas tiveram mais oportunidades para
concluírem seus estudos, inclusive, aquelas pessoas que estavam paradas sem
poder concluir o ensino médio. Hoje, acredito que mais de 200 alunos inclusive
pais e mães de famílias já concluíram o ensino médio e temos ainda muitas
gerações que precisam se formar.
Já
a Professora e Orientadora Pedagógica Maria Claudete Gomes da Silva abordou em
sua entrevista que a Escola atende três localidades, além da Vila, a Foz do Jutaí,
sendo a Escola Municipal N. Sra. Das Graças, Castelão e o início do Km 17, com
a Escola Municipal Fernando Guilhon. A
Professora e Orientadora Claudete Silva
aborda em sua entrevista que um problemas sérios que a escola enfrenta,
é ausência dos pais no acompanhamento da aprendizagem dos filhos, indisciplina
de alguns alunos que a escola está tentando combater, assim como uso
desordenado de drogas em que os adolescentes estão envolvidos, evasão escolar
entre outros. Enfatizou os projetos desenvolvidos na Escola, com base no
calendário escolar.
O
Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, enquanto política pública do
Programa de Educação do Campo, da Secretaria Estadual de Educação do Estado do
Pará – SEDUC, em convênio com os municípios, no ano de 2017 teve 30.350 alunos
matriculados, em 465 localidades de 98 municípios. Importante ressaltar, que a
SEDUC, mantém em funcionamento no mesmo ano, 898 escolas em todo o Estado,
sendo 144 escolas localizadas na zona rural, além de 41 anexos.
Sabemos
que a educação enquanto política pública estadual e nacional tem como base um
projeto econômico, voltado para o crescimento rural, dentro do modelo
capitalista que vivenciamos, onde principalmente as metas destas são claros
dentro dos interesses políticos, de quem manipula a sociedade.
Nessa
ideia perpassa a educação enquanto fonte produtiva, através da ideologia
dominante, onde só os mais capazes é que conseguem galgar um lugar ao sol.
O
educador brasileiro Gaudêncio Frigotto, em sua obra A Produtividade da Escola Improdutiva, aborda: “A educação passa
então a constitui-se num dos fatores fundamentais para explicar economicamente
as diferenças de capacidade de trabalho e consequentemente as diferenças de
produtividade e venda”. Logo deduzimos que a população tem o direito de
continuidade do sistema vigente, com igualdades de oportunidades e acesso a
bens. Diante desse contexto, os diversos segmentos de trabalhadores que vivem
nos campos, nas florestas, quilombolas e indígenas tem assumido e através de
muitas lutas, como aconteceu no dia 23 de novembro de 2017, a ocupação da
Seduc, pelos segmentos de vários municípios onde o SOME atua, tem pressionado
as oligarquias dominantes no estado e nos municípios com o intuito da
concretização de seus objetivos.
Mesmo
assim, com diversos interesses em jogo, o Sistema de Organização Modular de
Ensino (SOME) que originou-se da elaboração e execução da antiga Fundação
Educacional do Pará (FEP), que desde o final da década de 70 e início da década
de 80 do século passado ficava responsável pela gerência do ensino superior e
ensino de 2º grau. Através da pressão de alguns setores políticos,
principalmente, neste momento de 12 prefeitos, a instituição começa em fase
experimental, a implantação deste projeto especial, a partir do dia 15 de abril
de 1980, por 04 municípios que são os seguintes: Curuçá, Igarapé-Açu, Nova
Timboteua e Igarapé-Miri, sendo regularizado pela resolução nº 161 de 03 de
novembro de 1982, do Conselho Estadual de Educação.
O
interessante é que a criação do SOME como uma alternativa para a educação no
campo merece algumas reflexões. Começamos a abordar que neste momento assegura
o atendimento de 2º grau para diversos municípios, adequando-se a realidade e
mesmo com as carências infra estruturais (deficiência nos sistemas de
comunicações, de transporte, de saúde, educacional) do campo. Não podemos
desconsiderar outro aspecto, a demanda que necessitava estudar neste nível e
que não seria necessária a construção de escola, mas precisariam de recursos
humanos qualificados, principalmente, professores com curso superior, para
atuarem nas atividades docentes neste nível.
Gostaria
de frisar de que no final de década de 80, o antigo ensino médio encontrava
funcionando em 16 dos 83 municípios, nas sedes dos municípios onde se
encontrava o maior número da população e lógico a demanda de discentes. Onde
seus principais objetivos eram possibilitar aos alunos do campo a conclusão de
seus estudos no ensino médio; democratizar as oportunidades educacionais no
campo, a fim de garantir a permanência dos alunos em seu lugar de origem e
garantir um ensino de qualidade que levará desenvolvimento e justiça sociais as
diversas regiões do Estado.
O
SOME trabalha em parceria com as prefeituras municipais, através de convênios
com a SEDUC. As prefeituras respondem pelo custeio de moradia e alimentação dos
professores, apesar de algumas não cumprirem, durante o tempo de duração de
cada módulo. A SEDUC garante o pagamento dos salários dos professores, mais a
gratificação para deslocamento para o professor, como estímulo a interiorização
e localidades de difícil acesso.
Com
o SOME são desenvolvidas atividades como: cursos de capacitação para
professores do ensino fundamental, seminários, palestras, festivais de mitos e
lendas, teatro, encontros intermunicipais, oficinas pedagógicas e feiras
culturais. Dessa forma, parte da carga horária do professor é destinada a
projetos de intervenções.
A
política pública Some dentro deste contexto com o seu surgimento e sua
trajetória como uma forma alternativa de atendimento e expansão do ensino médio
presencial no estado do Pará, buscando um suporte teórico e metodológico que
dirija suas ações pedagógicas. Na sua gênese elabora suas ações educativas
formando cidadão socialmente crítico e atuante que compreenda o contexto global
e onde está inserido, tendo a tendência pedagógica identificada como “pedagogia
libertadora”, representada pelo educador Paulo Freire.
O
SOME hoje atua em 98 municípios e 463 localidades no Estado, com aproximadamente
30 mil alunos e 1.100 professores. A política educacional pública que surgiu
como alternativa com certeza, ainda vai durar muito mais, enquanto não aparecer
outro projeto ou programa presencial, para atender a população do campo, das
florestas e das águas.
Desde
a criação do SOME, que é a maior política pública de inclusão social do Estado,
o Ensino Médio Modular já garantiu a conclusão do ensino fundamental e médio de
mais de 500 mil estudantes. A metodologia do projeto proporciona um ensino de
qualidade, na medida em que evita a fragmentação do trabalho escolar. O
importante que equipes de professores de disciplinas específicas ficam à
disposição de cada escola por espaço razoável de tempo, dessa maneira
concentrando todos os esforços aos participantes. Outra vantagem é o
atendimento individualizado que pode ser dado aos estudantes com dificuldades
de aprendizagem que atua na educação do campo. Como alternativa de ensino médio
e como preparação para o ensino médio regular nesta trajetória educacional através
da denominação SOME em seu processo educativo sem dúvida nenhuma outra
modalidade de ensino tem oferecida uma grande contribuição e significativa
universalização do ensino médio na educação no campo.
Os
educadores e funcionários da Escola Nova Providência participaram da II
Conferência Municipal de Educação do Município de Bujaru, tendo como tema
“Plano Municipal de Educação: desafios e possibilidades para uma educação de
qualidade”, realizada pelo Fórum Municipal de Educação e Secretaria Municipal
de Educação, nos dias 19 e 23 de março de 2018.
O
Fórum Municipal de Educação – FME tinha definido pela realização da Conferência
Municipal de Educação – COMED 2018 e pelas etapas preparatórias nas
instituições de ensino da rede denominadas de Encontros Pré-conferência, o que
aconteceu na Escola de Nova Providência, com a participação de vários segmentos
da comunidade escolar.
Foram
realizados os Encontros Pré-conferência nas instituições de ensino da rede
municipal, visando fomentar debates e discussões sobre o Plano Municipal de
Educação, de forma ampla e participativa.
A
II Conferência Municipal de Educação teve como objetivo principal mobilizar a
sociedade bujaruense para intensificar o monitoramento e avaliação do
cumprimento do Plano Municipal de Educação, suas metas e estratégias,
garantindo o direito à educação de qualidade a todos.
Entre
os outros objetivos do evento foi possível analisar, validar e/ou alterar o
Documento-Referência da 3ª CONAE, organizado em oito eixos;
Monitorar
e avaliar o cumprimento do Plano Municipal de Educação com destaque específico
ao cumprimento das metas e das estratégias intermediárias, sem prescindir uma
análise global do plano, e proceder as indicações de ações, no sentido de
promover avanços nas políticas públicas educacionais;
-Relacionar
o cumprimento das Diretrizes, Metas e Estratégias contidas nas Leis de
aprovação e no Plano Municipal de Educação;
-Eleger
delegados para a Conferência Estadual de Educação – CONEE 2018.
CAUSOS, CRENÇAS, MITOS E LENDAS
É
comum as Vilas ou pequenas cidades ouvir histórias e relatos mitológicos. Na
Vila Nova Providência não é diferente. Segundo D. Andreia Garcia, aqui na
comunidade existe uma história de uma pessoa que altas horas da noite gritam
como se fosse um caçador, por trás da escol,a seguindo o braço do igarapé. Segundo
ela, muitas pessoas já tentaram esperar no meio do caminho, porém, ele passa e
ninguém ver.
Outra
história contada por alguns membros da comunidade que seria perto da foz do
Jutaí, existe uma cobra grande que forma um redemoinho e que quem por ali
passar é engolido, segundo relato, recentemente(21018) um cachorro tentou
atravessar o rio Bujaru, porém, foi tragado pela referida cobra. Existem
inúmeros relatos de pessoas que viram pessoas virarem Matinta Pereira.
Segundo
alguns moradores, antigamente, quando nascia uma criança do sexo feminino, era
tradição aqui na comunidade, a mãe enrolar essa criança com um cueiro e sair em
um mangal, segundo relatos dos antigos moradores, quando a mãe fazia isso com a
criança, estava benzendo a filha para que a iara não levasse essa criança para
o fundo do rio.
PLANTAS
MEDICINAIS
Vejo que é necessário
pontuar alguns aspectos sobre as plantas medicinais na localidade de Nova
Providência. Diante da situação, a busca pelos moradores das ervas primárias do
lugar com as seguintes considerações: será que nossos antepassados frequentavam
a medicina alopática ou os farmacêuticos com a regularidade que adotamos nos
dias atuais? Com certeza que isso não acontece se levarmos
em consideração se recorresse à memória dos nossos idosos ou aos registros
literários em que os antepassados que viviam e vivem no campo, às vezes até se
orgulhavam de nunca terem tomado medicação industrializada.
Com certeza, o ponto de
vista é porque tinham um ambiente ou modo de vida diferente, logo se deduz que
sua alimentação se encontrava menos saturada de produtos químicos ou
conservantes. Não podemos negar que as plantas de quintais, de brejos, matas
virgens, pastos serviam como próprio laboratório produzido domesticamente.
Diante deste fato,
muitas dessas ervas recolhidas dessas plantas se transformam em chá ou xarope
enriquecido pelo mel, que é muito utilizado na confecção de remédios caseiros.
À medida que se perde a
memória das próprias feições das ervas medicinais e neste caso faz-se com que o
homem do campo se torne dependente dos produtos dos laboratórios obtendo alívio
rápido, mas ao preço de efeitos colaterais ou condicionando o organismo o que
nossos antepassados não precisavam e eram curados com algumas doses de chá,
xarope, tinturas etc.
Eis algumas plantas de
Nova Providência utilizadas para a produção de remédios caseiros:
Diarreia
Casca de cajueiro,
casca de ameixeira, casca de mangueira, verônica e casca de taperéba.
Modo
de Fazer
Coloque todas as cascas
dentro de uma panela, após lavar bem, com ½ litro de água e ferva em dez
minutos e tome um copo, como água, com um espaço de tempo.
Inflamação
Ingredientes
Unha de gato e verônica
Modo
de Fazer
Misture as plantas e
coloque no fogo, com meio litro de água até ferver, depois de fervidas coe para
ficar só o líquido, espere esfriar e beba, como se fosse água normal.
Ataque
de vermes
Ingredientes
Querosene e tabaco
Modo
de Fazer
Misture tudo e passe na
barriga
Gripe
Ingredientes
Feijão quandú O, folha
de limãozinho, manjericão e favacão
Modo
de Fazer
Misture todos os
ingredientes em uma panela, com um litro de água, coloque no sereno, de manhã
cedo lave a cabeça com o remédio.
Dor
de Garganta
Plantas
Indiaroba, Alho e Mel
Modo
de Fazer
Tira o olho da
Indiaroba, mique bem o olho e misture tudo com mel e coloque na geladeira e
fique tomando.
Dor
no Peito
Ingredientes
Mastruz
Modo
de Fazer
Bota o mastruz com a
água e beba, se sobrar coloque na geladeira e fique bebendo
Ferimento
Ingrediente
Casca de xixi
Banana branca
Pião
Modo
de fazer
Raspar a casca de xixi
misture com o leite banana branco, amasse a folha do pião, misture tudo e passe
no ferimento com dois ou três dias, já vê o resultado.
Hemorroida
de Sangue
Ingrediente
Casca de jutaí
Unha de gato
Verônica
Pariri
Marupazinho
Casca de caju do mato
Jumpidá
Pirarucu
Borboletinha
Jucá roxo
Modo
de Fazer
Corta tudo, esmigalha um por um e ferve tudo por 30 minutos. Coloque
na geladeira e vai tomando até ficar bom
Personalidades Importantes das Comunidades
Uma das
páginas importantes ressaltarmos nessa atividade pedagógica é escolhermos
algumas personalidades que tem importância para comunidades, pois achamos
fundamental, tratarmos com respeito e consideração pelos bons serviços
dedicados a uma ou outra localidade.
Entre elas
temos o Senhor Messias Silva,
nascido no ano de 1938, no sítio Bujaruba, no município de Bujaru. Filho de
paraenses trabalha como lavrador, quando pré-adolescente e adolescente também
se dedicou ao ramo de lavrador. Segundo seu Messias, não é uma vida muito fácil
e quando ainda adolescente não seguiu mais o caminho da família.
Segundo ele
hoje mora só, solteiro e tem 23 netos e 7 bisnetos, diz que aqui se sente feliz
e realizado nesse lugar. Grandes
experiências, grandes lutas, mais também grandes vitórias. É evangélico e diz
que sua maior e melhor vitória foi ser curado pelas mãos fortes do Senhor, diz
ter fé e está caminhando para morar no céu. Sua grande expectativa é de
construir uma casa e ter uma vida com Cristo.
Outra
pessoa em destaque pelos alunos foi a Senhora Simiana Melo dos Santos, filha do Sr. Gregório Melo dos Santos e
Maria Lima. Segunda a informante a criação de antigamente era que os filhos não
apanhavam, só dos pais olharem eles já sabiam que os pais estavam querendo
falar alguma coisa, as crianças respeitavam todos os tios e tias e eles tomavam
benção dos irmãos mais velhos.
Quando os
pais estavam conversando os filhos não iam à sala ou no local onde eles
conversavam, os pais não gostavam que os filhos se intrometessem nas conversas
dos mais velhos.
Os estudos
de antigamente eram só com cartilhas com o alfabeto, os recreios eram com várias
brincadeiras, como: bandeirinhas, queimada, petecas, bolas entre outras.
Quando iam
pra escola as crianças levavam suas merendas em latas, quando chegavam da
escola iam trabalhar na roça com os pais.
Quando iam
pra a escola eram a pé ou canoa remando, não tinha transportes, não era ramal,
eram caminhos muitos longos para poder chegar à escola.
Quando
alguém fazia alguma coisa de errado na escola recebiam os castigos tais como:
apanhavam nas mãos com régua chamado palmatória, deixavam os alunos de joelho
em cima dos caroços de milhos, os alunos ficavam virados de frente para a
parede no cantinho da sala de castigo, entre outros.
Muitos
deixavam os estudos para trabalhar com os pais.
Eram poucas
as séries de antigamente só ia até a 1ª série ou até a 2ª série, era uma
dificuldade grande.
Tinha as
festas que eram algumas pessoas tocando instrumentos, como: o pandeiro, violão,
viola flauta, vitrola que eram colocados os discos.
Tinha as
danças para eles se divertirem que eram o carimbo, bolero, lambada, tango e
discoteca.
A
iluminação não era energia elétrica, eram lamparinas feitas de garrafas ou
lampião feito de latas.
As compras
eram baratas com mirres, compravam muitas coisas e comidas. Depois do dinheiro
mirres que foi produzido o cruzeiro e depois o cruzado. Tinham que trabalhar
muito para conseguirem o dinheiro.
As
mercadorias tinham de ser de boa qualidade para venderem por um bom preço.
Arroz tinha que ser abanado, as bananas tinha que ser grandes.
O açaí era
amassado nas mãos em aquidá e peneira. As refeições eram feitas em panelas de
barros, sendo que as pessoas mesmo que faziam as panelas.
As roupas
eram feitas pelas mãos das costureiras para poderem usar, os panos eram
comprados em tecidos e os nomes, eram: Brim, amescoa para fazerem suas vestimentas,
tergal, etc
Não
poderíamos deixar a história de vida e a contribuição de Dona Cléia Tavares da Conceição para a Comunidade de Nova Providência.
Nascida nesta comunidade em 01 de janeiro de 1968, portanto, possui 50 anos.
A
informante tem seis filhos, desde que nasceu nos afirma que sempre viveu nesta
comunidade e nunca saiu. Segundo ela, que continua seu relato de história de
vida, que sempre contribuiu muito para sua comunidade, principalmente, na área
de educação.
D. Cléia
Conceição lutou por uma educação melhor, devido as dificuldades que a
comunidade enfrentava, mesmo pequena, sonhou com uma educação mais cheias de
vantagens e melhorias, sendo um dos seus maiores sonhos.
A educação
na comunidade era de péssima qualidade e ela tinha um desejo de ver sair de sua
comunidade através dos estudos, pessoas que seriam médicos, advogados,
secretarias, essa era a maior felicidade de Dona Cleía Tavares da Conceição.
Através de
uma educação melhor ela sabia que sua comunidade teria esse grande avanço, não
para ela, mais para os seus filhos e seus netos.
Segundo D.
Cleia desejava que alguém em sua comunidade tivesse oportunidades e coisas que
ela não teve, porque abandonou seus estudos para ajudar as pessoas em sua
comunidade, porque só ali só havia uma pequena escola de madeira e lá só
estudavam crianças de 1ª à 4ª séries. Então D. Cleia lutou e conseguiu uma
escola de boa qualidade, um bom transporte porque antes os alunos vinham para a
escola, andando pelo caminho ou vinham de canoa e hoje eles tem o barco e
ônibus escolar.
Agora nossa
informante se sente feliz que apesar das lutas e dificuldades ela trouxe a Nova
Providência uma educação de qualidade e dizer que teve um dos seus sonhos
realizados. Hoje, a Providência é uma nova comunidade, tem uma escola melhor,
transporte de boa qualidade para os alunos, porque antes andavam em caminhões
para se deslocar para outra comunidade para poder estudar porque em sua Vila não tinha uma boa
escola.
Ela nos
relata também em sua história que um dia se candidatou a vereadora para tentar
conseguir melhores e benefícios para a comunidade, ela teve ajuda de outros
políticos que ajudaram como o Senhor Emanuel Muniz, contribuindo na melhoria da
educação junto com D. Cleia.
Atualmente D.
Cleia Conceição é uma pessoa que luta pela melhoria da comunidade Nova
Providência e através disso ela abandonou seus estudos e hoje D. Cleia não tem
emprego, vive da agricultura, mas através das circunstâncias da vida ela veio
adoecer, ela é diabética e teve AVC, onde somente tem ajuda dos filhos e de seu
esposo que se chama Manoel.
Segundo o
grupo que entrevistou D. Cleia, ela contribuiu muito com a comunidade e hoje
precisa da ajuda e apoio da comunidade.
Plantio do açaí
O açaí
ocupa sem dúvidas alguma, ao lado do peixe e da farinha de mandioca um papel
relevante na vida do paraense, seja do ponto de vista social, seja do ponto de
vista econômico. As populações tradicionais enquadram o açaí em duas
categorias, o açaí de inver e o de verão. O de inverno é mais saboroso e mais abundante
e consequentemente, mais barato, se enquadrando na lógica da lei da oferta e da
procura. Já o açaí de verão não tem o mesa qualidade, muito embora em função da
escassez ele se torna mais caro.
Esse
período dura em torno de três a quatro meses. De acordo com os informantes os
dois períodos juntos duram em torno de 8 a 9 meses. O açaí para os agricultores
tradicionais funciona apenas como complemento de renda assim como reforço
alimentar.
Informantes
Ana Lúcia
Garcia da Silva
Andreia
Garcia da Silva
Dóris Cordeiro
da Silva
Maria Claudete
Gomes da Silva
Cleia
Tavares da Conceição
Márcia
Nazaré Novaes Machado Carvalho
Messias Trindade
da Silva
Josias
Nascimento Amaral
Jovelino
Tavares da Silva
Manoel Cordeiro
da Silva
Severino
Cipriano Meireles
Simeão Marques
da Silva
Simiana
Melo dos Santos
Apoio:
Ribaprasempre.blogspot.com
(Blog do Riba)
ENTREVISTAS:
Entrevista com o Senhor Severino Cipriano Meireles
Os alunos
pesquisadores do projeto entrevistaram o informante Severino Cipriano Meireles,
que achou interessante a entrevista e sentiu felizardo por esse trabalho. O Seu
Severino que possui uma idade avançada falou que durante sua idade de estudante
era muito difícil estudar, tanto saber ler e escrever, como era difícil tirar o
primário e frisa “então nem se fala na
época em que eu estudava tudo era difícil só os pais que tinham condições de colocar
os filhos na escola esses estudavam até se formar mais aqueles que eram bem
pobrezinhos poucos frequentavam a escola porque os filhos tinham que ajudar os
pais no roçado”.
Segundo ele,
“eu estudei até a primeira série. A minha primeira professora na época tinha a
quarta série ela ensinava os alunos a ler e escrever, depois que o aluno
aprendia se ele quisesse se formar tinha que ir para a cidade trabalhar em casa
de família ou se tivesse parente ia para casa desses parentes para continuar a
estudar para ver se conseguia se formar. Nessa época quem tinha a quinta série
tinha um estudo alto hoje em dia não é mais assim. Para ele, A escola era um
salão não muito grande que estudava uma turma de alunos só tinha uma
professora, não tinha servente, zelador, ou diretora, quando era para fazer a
limpeza da escola, a comunidade se reunia para capinar ao redor da escola ou
lavar, fazer a limpeza geral da escola”.
Para seu
Severino, quanto a merenda escolar, ressalta que “nessa época não tinha merenda
nas escolas nós era que tinha que levar de casa a merenda quando tinha comida
minha mãe colocava em uma lata de leite um pedaço de peixe com farinha era o
que eu levava para merendar na escola quando era tempo de muitas frutas a gente
a ajuntavam para comer isso também, era nossa merenda”.
Seu
Severino Meireles abordou, também, “que tomava água dos igarapés, não tinha
água encanada, nem poço nessa época, podia-se beber a água dos igarapés, hoje
em dia, não podemos mais. Também, não existia banheiro, as necessidades
fisiológicas eram feitas no mato, mesmo; assim como não tinha transporte
escolar, nessa época, eu ia andando mais de três quilômetros até a escola todos
os dias porque não havia estradas na época, só era caminhos que nem dava para
andar duas pessoas uma no lado da outra de tão estreito que era o caminho”.
Ressaltou “que
tinha o sonho de se formar, mais não tive oportunidade, meus pais achavam que
eu teria um futuro melhor se eu fosse trabalhar na roça, essa era a visão que
eles tinham”.
Algumas
questões foram frisadas, por nosso informante, entre eles a educação dos
filhos, onde diz, “estudaram sim mais nenhum deles conseguiu se formar ou fazer
faculdade porque eu era muito pobre, não tinha condições de mandar eles para
Belém para estudar porque aqui só conseguiram ler e escrever aqui, aluno nenhum
conseguia se formar. Pra se fazer faculdade, os pais tinham que mandar para
cidade para trabalhar em casa de família para poder estudar e eu não confiava
em mandar meus filhos porque eu não tinha parente na cidade, meus parentes
moravam no interior da Paraíba, eu sou paraibano, vim para o Pará com doze
anos, já meus filhos, não se formavam porque eu não tinha condições financeiras
para manter eles na escola e com isso eles tiveram que ir para o roçado comigo
para ajudar nas despesas de casa. Eles não viraram bandidos, todos são
trabalhadores e pais de família e vivem bem”.
E continua,
“No tempo que eu frequentava a escola e na época dos meus filhos, também, o
aluno sabia o que era respeito, eles respeitavam a professora, na época tinha
mais professores, era muito difícil a gente ver um professor homem, era mais
mulheres e aluno tinha que respeitar a professora como se fosse uma mãe, nós
tínhamos que tomar sua benção dela se nós não tomasse sua benção ou
desobedecesse ela ficava de castigo de
joelho no milho, de cara para parede e se respondesse as perguntas erradas
levava palmatória na mão, ficavam inchadas e esses castigos eram ordem dos pais
e se eu levasse castigo na escola, quando eu chegava em casa ainda levava uma
boa surra”.
O Senhor
Severiano Meireles ressalta, também, que a educação de hoje “é mais fácil
porque tem escolas em que quase todas comunidades, transporte que passa na
porta da casa do aluno que mora na beira do ramal, na beira do rio, assim como
os barcos, portanto, hoje só não estuda quem não quer. Meus netos tem todas as
facilidades que eu e os pais deles não tiveram, mas pensam que querem estudar,
recebemos queixa da professora que eles não querem fazer os trabalhos, não
prestam atenção na aula, brigam com outros colegas e a professora não pode dá
castigo, que não pode mais fazer isso, que os pais não deixam. A facilidade de
estudar é maior do que antigamente. Essa facilidade veio com escolas com mais
salas, mais professores com mais séries para o aluno terminar o ensino,
enquanto a dificuldade veio por conta do comportamento do aluno, que são maus
educados, não respeitam as professoras e são rebeldes, querem
estar em
cima dos professores, esse é mais um problema que os professores tem que
encarar”.
O recado
que o seu Severino Meireles deixa é o seguinte: “Estudantes e jovens, estudem
não desistam e que se formem para que seja alguém na vida, aproveitem as
oportunidades porque dificilmente elas voltam, então, aproveitem e respeitem os
professores, pois sem eles vocês não chegam à profissão nenhuma”.
Entrevista
com Josias Nascimento Amaral
Para o Coordenador
pedagógico e Presidente do Conselho Escolar da Escola Nova Providência Josias
Nascimento Amaral que contribuiu através de uma entrevista realizada no dia 22
de março de 2018. Para ele, a história daqui da comunidade, as informações que
se tem é a partir da chegada dele nesta Comunidade quando começou a trabalhar
nessa área de educação desde 2005 já que está no Polo a partir do concurso que
foi feito 2006 pelo município de Bujaru, quando estava como Prefeito Emanuel
Muniz. Mais antes disso “a gente já vinha trabalhando nessa área entre os municípios
de Tomé-açu, Concórdia do Pará e Bujaru através dos movimentos sociais desde
1999”.
Fazia parte e ajudava
na coordenação do próprio Movimento dos Trabalhadores Sem Terra-MST. Nessa
época o Coordenador geral no MST no estado era o Senhor Nonato Coelho. E aí a
gente desenvolveu um trabalho não só na
área da agricultura, mas trabalhar também na área da Educação, inclusive, nós
formamos a coordenação de educação nós
tentamos trazer o Pronera para essa área já que a gente percebeu que tinha
muita gente precisava estudar mas aí você trabalha com alguns empecilhos da
própria política, assim como não tem uma política pública voltada para
educação, mesmo assim, eles criaram um
meio para trabalhar e estudar.
Nesta área da Vila da
Providência, segundo o informante, os trabalhadores eram sem conhecimentos e de
baixa renda e isso também fazia com que atrapalhasse um pouco o desenvolvimento
e não possuindo uma perspectiva de
avançar nos estudos, a gente vê isso no final do ano, quando puxa o relatório
final da evasão escolar, nós fizemos um trabalho para desenvolver um projeto
chamado Fatos e fotos, indo visitar a
casa dos alunos a gente percebe como eles são fragmentados, o número de
famílias e isso é uma coisa também aqui que a gente vê que o baixo nível e
direto na educação, o número de família formada sem pai e pai que cria filho
sozinho não tem assim aquele cuidado em vê a educação como uma perspectiva de
mudança.
Ainda de acordo com o
entrevista ele acredita que tem que ter um trabalho voltado inclusive esse ano
que nós sentamos os técnicos da escola sentamos para ver o que e como vamos
desenvolver um trabalho para que eles sonhem no mínimo que eles sonhem com a
educação dos seus filhos que virão aí então à realidade dessa área como um todo
vejo assim isso não só aqui, no nacional, mas aqui falando diretamente daqui a
baixa condição financeira deles impede porque eles precisam estudar aí eles
precisam trabalhar, mas o rio não favorece um alimento, a caça é escassa. Então
a gente tem que trabalhar de alguma forma e aí só trabalho com a mandioca e a
mandioca eu não vejo nela uma perspectiva de renda e aí eles não têm a mente
voltada para fazer os derivados e produzir outros produtos através da Mandioca.
Aí eles então eles não
têm e não é dizer que eles não têm conhecimento, eu acredito que falta algo
para sistematizar o conhecimento que eles têm para avançar no campo da educação
e não é não, e não eu não vejo um grupo de pessoas estudando se não tem comida
para se alimentar, esse povo tem que
gerar comida eu vejo por esse lado aí se não tem comida ninguém estuda, a
comida serve como alimento de seu povo até porque o governo não tem uma
política nacional, estadual e municipal voltada para esse povo, trocar só a
base da economia daqui certo mais você acrescentaria outras atividades que
contribui na economia na comunidade, vejo algo para comer da agricultura
durante um certo período, mas eles não foram educados eles são poucos que tem
por si próprio, portanto, eles não enxergam isso no horizonte a gente percebe
uma diferença quanto a esse aspecto, essa de falar tem que falar daqui a
questão das terras que são quilombolas, ou seja, remanescentes de quilombos tem
todo o nome da base de uma discussão muito ampla já que esse processo de luta e
do movimento negro buscando sua
identidade mas por exemplo aqui nessa área que tem que trabalhar um
pouco a gente vai trabalhar em outra localidade que se identificam a me lembra
um dos pontos abordados na Comunidade do Galho, em 2013, no Encontro de
Integração dos Estudantes do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME e
o Professor Elias foi bem claro só em nós estamos numa comunidade de terras
quilombolas mas o pessoal não se reconhece.
Para o educador Amaral,
a Comunidade necessita de uma melhor organização com uma entidade forte aqui na
Vila Providência como ter internet e outras entidades lutando pelos direitos e
garantias dos negros na terra, já que precisam para eles. Para o informante, é
bem visível isso assim aos nossos olhos que estudamos um pouco e já
participamos de várias formações e movimentos sociais, já então nós precisamos
de pessoas que traz o conhecimento que vem conversar com esse povo e mostrar a
realidade e as leis. E aí que de fato o que eles são e qual o valor que eles
têm, durante os debates nas aulas de pedagogia na faculdade, quando estudava,
os professores abordaram que a própria natureza apaga na sociedade e coloca o negro
para baixo, com conceitos pejorativos, na qual deixa moral como o sentido da
palavra denegrir. Por que então essa palavra a cor clara como a coisa boa e a
cor negra como inferior que vem com o processo histórico, desde a chegada do
negro no Brasil. Aconteceu tudo isso aí, as pessoas têm a tendência de esconder
não é assim.
Outro aspecto que
podemos abordar dentro dessa discussão que é ampla e produtiva, percebeu que
hoje você ver que toda mulher com o cabelo com a chapinha, o enrolado,
encaracolado que o negócio é feio, tem que ser cabelo liso é uma forma e
característica do modelo europeu, então essas raízes é a forma que eu vejo a
foto da sociedade ocultando a gente é aí que nós temos que mostrar para os
outros que não tem na visão que nós temos que é marcar nossa identidade como
negra, não é ser negro não é ser tolo, ser feio não eu sou diferente dele tá
legal ainda bem que sou diferente deles porque o meu pensar também é diferente
deles.
E aí temos que mostrar
o homem pelo seu pensamento não é preciso atitude, qualidade, cor. Ainda bem
que tem várias coisas, que imagina se fosse tudo branco ou tudo vermelho, seria
bom, seria um tédio. Mas precisamos da diversidade, precisamos do homem do
campo formado infelizmente ele tá todo dolorido e você ouvir um estranho dizer
ele não dizer que a gente tem que fazer aí gostou tanto palavras que eu não
entendo e vi um cara lá de fora às vezes dá diz como é que vou ter que me
comportar tem como é que se diz como é que eu tenho que se divertir. Então tudo
isso é um pacto para quem não tem conhecimento porque não tem idade de estudar
e buscar um novo horizonte.
Mas precisamos sim dos
movimentos sociais, precisamos das entidades que defenda essa questão de
liberdade de trabalhar e desenvolver a outra atividade, que eu acredito em
relação à educação do campo, das cólicas no campo ela ainda não tem uma visão
para o campo não tem uma visão porque o quilombo de chegar e falar claramente
para o aluno a sua ligação de entidades assim e botar as qualidades até ditados populares nos diz assim sobre
muito que se tem que estudar para poder deixar a roça.
Esse dia veio um senhor
de Belém e ficou na minha casa e conversando comigo o celular deu área e caiu
uma mensagem do watzzap ele falou assim para mim, com esse celular e a tecnologia
avançada só pode ser dentro da capital lá na cidade onde possui o
desenvolvimento, eu falei para ele olha eu vou te mostrar uma coisa que tu não
produz lá, tirar semente de arroz e feijão para se plantar uma capital, se a
farinha se um X é castanho já que eu tenho tudo me olhando enquanto tem uma
piscina vale ver a minha como igarapé. Então são essas qualidades que a gente
tem que mostrar para o povo da cidade que nós temos, não é nem por isso também
dia também é só um velho, mas não somos iguais, habitamos lugar diferente
graças a Deus, mas temos esses impactos precisamos agora precisamos da
interação com a cidade, não vai ter graça vivemos separados seres que são
capazes de absorver o conhecimento e poder ajudar na construção das pessoas que
precisam, como no caso da gente do campo. E aí então esse é isso mostra que nós
não precisamos ter relacionamento não é isso que vai colocar Chegamos ao poder
e te digo assim um poder tão brilhante e tão vibrante, luminoso que muito se
chegam lá e fica cego.
Para o coordenador
técnico da Escola, o Professor Amaral, continua: “Nós temos algumas Comunidades
que são atendidas pela escola, além da Vila, temos alunos do km 17, do
Castanheiro, Foz do Jutaí, ramal do São Lopes, do próprio Jutaí, ribeirinhos
desde Itaporanga, assim, como alguns alunos atendidos pela escola que residem
próximo ao município de Concórdia, inclusive com as modalidades de ensino do
maternal ao nono ano e ensino médio, do Some, estudando nas várias modalidades
oferecidas pela escola. Ontem, conversando com alguns colegas de Campo Verde,
achamos muito interessante a troca de experiências entre a gente e que uns
funcionários do Some prejudique todo o trabalho dos outros professores que
trabalham com dignidade, compromisso e responsabilidade, que eu acredito que
essa modalidade tem proporcionado grandes alegrias e investimentos em educação
onde funciona, com ingressos de vários alunos nos cursos superiores,
principalmente, dessa região, porque tem que observar que os frutos que já
saíram eu até falei com a pessoa que tava lá nem conheço ele direito eu falei
você já viu alguém jogar pedras numa área que não tem fruto, e é
interessante, ele me olhou assim dizendo
isso porque se alguém te jogando pedra no mar que não tem fruta com dizer que
ele é doido não precisamos e reavaliar o
que está sendo colocado por que avaliar para nós tirarmos o joio no meio do
trigo, vamos pegar o que é bom e vamos ampliar, capacitar mais vamos mostrar
para eles que vem de fora porque tem coisas que vêm de fora ele não consegue
enxergar porque ele tá fora do quadro social que ele vivia na região que
precisa sentar trabalhando aqui nesse ponto eu vi a perspectiva que tem que
melhorar sim tem para não até porque se nós formos olhar para os frutos que
temos professores que nós temos na nossa própria escola hoje terminar a
graduação e passaram aqui passou pelo Some então tem muitas qualidades muitas
coisas boas que para que acontece infelizmente tem pessoas que no nosso meio
que sempre deixa a desejar mas nem por isso não podemos deletar algo que está
dando fruto nós temos que fazer é uma reunião entre todos os envolvidos para
tentar dirimir muitas dessas situações como essas aí entre outras, e outra
coisa nós tivemos uma discussão nós temos uma que tá estudando indo para fora
ela termina em e temos só uma professora que não tem ainda e não tem o nível
superior, já que só possui o ensino médio, mas os demais, todos têm a graduação concluído e o bom que nós temos a grande
maioria.
Diante de outros aspectos
temos que levar em consideração, segundo nosso informante, hoje no nosso polo teria
que ser seria feito de qualidade estamos bem em consideração com outro
comentário para nós possa contribuir para esse trabalho de história oral o que
eu acredito que nós deveríamos fazer quando o professor seja do quadro
Municipal, do estadual ou federal ou de uma escola particular que às vezes
parece que pessoas por aqui que é desse não é não é público acredito que nós
devemos fazer uma grande debate sobre a educação dos quilombos, assentados, ribeirinhos,
extrativistas e todas as áreas que a gente tivesse junto com trabalho era
chamar o grupo de professores daquela região para conversar sobre educação
daquela região. E aí sim verificar quem é assentados e nós temos para ficarmos
assim mesmo quem é de quilombos que é de regulação fundiária Qual é o que
é mente ele é de que ele é o que ele
representa e sistematizar o conhecimento em cima daquilo que Ele é porque às
vezes não nos damos para ela é seu não estudando né fazendo algo com as pessoas
que é de uma área mas nós falamos uma linguagem de uma outra área nós estamos
falando com pessoas do campo mas muitas das vezes na linguagem de ficar lá
dentro de Belém para ele se formar pegar um emprego em uma indústria e nós
sabemos que o país não tem emprego para todo mundo, isso é bem claro né, nunca vai ter emprego para todo mundo do campo
ficar no campo assim como não tem aquela escola agrotécnica de Castanhal
deveríamos ter pelo menos um polo numa área para a dimensão grande desconto
daqui para comer açúcar não temos uma e a outra era que a gente juntasse para
eles ter subsídio para ficar na terra igualmente, como incentivar a reforma
agrária que dar um basta para cada cidadão e ter aquele fomento com uma
habilitação e ter uma política mais ou menos voltado para isso mesmo não sendo
meu certo ponto enganoso com tantas pessoas no meio fazendo manobras mas
acredito que se nós trabalhamos com nossos jovens com a visão para eles ficarem
no campo valorizando essa ideia do campo e com professor ival tava falando a
linguagem do campo no futuro eu não vou dizer que nós não se resolveria o
problema do emprego mas um grande número de pessoas que não têm renda hoje E aí
teria acredito que chegaria no ponto de ter muito mais do que as pessoas que
hoje é empregado como professor como está além do que a gente imagina quando
você começa a produzir um produto o seu alimento que você tem na sua mesa para
aqueles que não tem nada como eu presenciei a situações que nós trabalhamos
durante a jornada aí no movimento e pessoas que não tinham nada e nem de nós
conseguimos algum subsídio para eles dentro de dois anos ou 3 anos nós voltamos
na área do meu camarada ele tinha arroz tinha feijão tinha um porco mas já
tinha uma moto já tinha um Retiro para quem não tinha nada então x até a forma
quando ele se posicionar no momento numa reunião ele já tinha orgulho de ser o
que ele era porque ele vive ele vive na cara dele não mudou algo imagina chegar
numa casa que só fala em mim agora e você faz um saco de palestra mostrar
trazer recursos através das férias Federal e com dentro de dois anos voltar
naquela casa e tem arroz farinha de feijão tem um pouquinho de dinheiro para
cativar o bico de galinha você vê que é
aquilo que eu falei no início não tem como educar não tem como ensinar você não
tem comida não tiver comida Não tem diálogo não tem amadurecimento eu acredito
que nós temos que se preocupar com combustível da vida de muitos eu vejo assim
hoje estão esquecendo eu vi eu presenciei uma cena no livro de uma história que
uma professora perguntar para o aluno onde era que fabricavam o arroz e feijão
e disse que era no supermercado né então a nós querer nós estamos voltando
alguma coisa assim das pessoas que vem depois de nós então nós temos que
conviver com a terra tem que ter Cielo nome Cidade Campo o conhecimento tem que
passar por essas esferas assim para que a gente tenha daqui mais uns anos
discente fazer umas histórico de vida e dizer Olha nós chegamos lá tava em 3%
hoje a gente tem seis e meio por cento do que a gente pensava em conquistar a
gente sabe que nós nunca vamos conseguir tudo como a gente imagina nunca o
nosso céu vai ser todo iluminado todo bonito e pintado como a gente quer mas
acredito em nós temos muito a ganhar muito a fazer tem muitas palestras muita
informação para fazer desse povo para mudar o quadro social.
Entrevista
com Manoel Cordeiro da Silva
Em entrevista com o
empresário e liderança comunitária o Senhor Manoel Cordeiro da Silva sobre
alguns aspectos de Nova Providência que tratou um pouco sobre a origem da
Comunidade abordando a carência principalmente na infraestrutura desde
antigamente e durante o período inverno, já que essa comunidade ribeirinha enfrenta
várias dificuldades nessa época do inverno principalmente no tempo da cheia,
isso já vem de longos anos, desde que eu me entendo, a minha mãe já falava,
meus avós já falava e são fatos que a gente ainda convive até hoje e sempre que
muita coisa já mudou, mas a gente ainda continua vendo as dificuldades porque
uma comunidade é de pouca estruturada de recursos, é humilde, os nossos pais no
meu caso a minha mãe e meu pai já é falecido zela e conta ainda história dos
nossos antepassados, principalmente, dela quando talvez não teve oportunidade
para ser sincero, minha mãe tem quase 80 anos de idade e é analfabeta por causa
que não teve condições ou não teve apoio para estudar, nem para se formar por
causa da dificuldade que tínhamos no município, antes era mais fraco que hoje, já que tem um pouco mais de facilidade devido
a gente já tem mais a vontade de querer que nossos filhos aprendam e eu no meu
caso tenho 3 filhas e o meu desejo é que elas sejam alguém aqui na Providência
e alguém que eu falo eu falo como uma professora ou alguma coisa se não for na
parte da educação mas que for na parte de cima uma coisa, mas que eu quero ter
interesse que elas sejam alguém aqui na nossa comunidade e contribuir e elas
possam de alguma forma contribuir para ajudar os outros também, ajudar aqueles
que precisam também eu como pai sou um interessado me esforço no trabalho para
ver essa coisa mas quando vejo a situação da comunidade já que a comunidade é
carente, a gente vê que você luta você é um lutador você conhece praticamente
acredito que todos os comentário pessoal da comunidade, com isso facilitaria
com que essas famílias você tem visto a melhoria econômica e ascensão das pessoas
você acha que há uma estação as pessoas permanecem na mesma situação não há
investimento, a pobreza continua a mesma coisa que vejo a questão da pobreza
ela ainda continua quase da mesma forma carência ainda grande de vida que a
gente não tem investimento não tem projeto para agricultura que nossa
comunidade não tem mais uma associação ou cooperativa voltada para agricultura,
na verdade, com certeza uma discussão sobre isso quando a aceitação da
comunidade quilombola . O que é se tornar um território quilombola é uma
questão de aceitação e você não sabe as vantagens de não tá não sabe é vantagem
eu acho que tem gente aqui que talvez não saiba nem o que significa ser
quilombola eu acho que tem sim pessoas aqui que somente os mais antigos, porque
eles não tiveram instrução não tiveram alguém para instruir para incentivar
para dizer para formar uma associação. O que acontece se você não tem
informação não sei se a forma de falar, mas correr um risco das pessoas como
muitas acontece em outros lugares tem vergonha de ser negro vergonha ser negra nesse país, pelo contrário,
deveria ser motivo de orgulho de quem construiu esse país que sustenta esse
país ainda é o negro e acho que nós
poderíamos estar fazendo para incentivar essa conscientização para nos
organizarmos essa comunidade a receber recursos federais por partes por ser uma
comunidade negra eu acredito que a gente deveria primeiramente se unir tem
alguém interessado em alguém que venha para nosso comunidade interessado
mostrar para nós aqui no caso nós negros da comunidade que isso é um gesto de
grandeza para nós gesto de grandeza porque através de uma Associação como ser
quilombola nós vamos conseguir unir a comunidade e elaborar projetos para
receber mais recursos para nossa comunidade o que queira a gente precisa de
recursos para nossa comunidade. Expo
Noivas em educação na melhor qualidade e eu acho que se vier no caso professora
aqui tá mostrando essa visibilidade para as pessoas para os alunos para nós que
vai tomar muito para nossa vida aqui na nossa Comunidade da Providência
conversando convidando algumas pessoas não presidente depois alguém que já teve esse benefício,
trazer alguém aqui também para mostrar vai ser muito bom para ouvir as pessoas que já conhecem
conhecendo a gente pode se interessar ou não, com certeza esse coletivo sim não tá do jeito que a gente
quer , não que a gente precisa que a gente gostaria que tivesse.
Mas o que eu posso
dizer que vamos dizer assim na minha família na minha casa posso ver que tá
indo num gesto agradável, minhas filhas estão estudando eu já tenho já hoje já
estou com uma filha fazendo faculdade começou daqui da Providência através dos
nossos professores que vem, mas em nível de estado tá normal acho que em nível
de município ainda falta melhorar muita coisa ainda que não tá do jeito que a
gente gostaria que estivesse, uma comunidade que é praticamente um pouco
atrasado de todos os lados tem uma duas três princesas de Alan 3 sala de aula e
sala de aula improvisadas para tirar para professor se ela que era uma
biblioteca inteira para computador 2 hoje é sala de aula não chega a ser 4 por
4 por 2 mais ou menos ali.
Eu como pai e como
morador eu fico observando que muitos professores estão dando aula em salas
inadequadas, sala da secretaria ou sala dos professores, tá sendo sala de aula
hoje. É verdade então ainda uma
dificuldade muito grande muita gente tem muito que avançar e a gente espera que
os nossos governantes tente olhar esse lado, que a gente é um lado carente
também melhorar mas nunca melhora, mas os pais pessoa vê se manifestam não aqui ó
eu até acredito que a nossa comunidade é uma comunidade calada e parada, aceita
tudo e não conversa com o professor e
não percebe a situação e o cotidiano dos educadores se ele vai dar uma boa aula
porque está nada não vai conseguir lá dentro daquela terrível sala do Professor,
já que não existe a questão política também voltada para a questão política
alguns têm medo e não tenta. E a gente não gostaria que fosse assim e gostaria
que as coisas da se de uma forma que a gente pudesse sorrir que as coisas fosse boa mas
infelizmente não é gente ainda não pode sorrir a gente convive com as
necessidades e com as dificuldade, mas se acomodar é pior se a gente não falar
ninguém, o incentivo de ajuda vai ser muito bom para nós comunidade é porque o
mais antigo aqui na nossa dan dan dan
vem para cá vai tomar o que é nosso Vamos acabar o medo que ficava ali hoje não
porque a gente já tem mais alguma outra visão né casa de farinha coletivo a
comunidade não tem um posto de saúde praticamente nenhuma igreja você só tem
uma aqui não tem ajuda não tem praticamente nada mesmo não tenho trabalho
voltado para comunidade melhoria e aí a gente convive com essas necessidades muito bem obrigado as atividades econômicas a comunidade aqui
ela é lá que tipo de atividade econômica agricultura né vaga de trabalho
autônomo e na verdade a gente não tem uma um trabalho mas só se ação voltado
para agricultura familiar a gente não tem um trabalho voltado para dizer sim
porque melhor e a nossa comunidade recursos financeiros são poucos e você sabe
que hoje quem vive de agricultura trabalhando juntos por uma comunidade que não
tem uma associação é um pouco difícil para organizar aí é muito difícil da
maioria aqui trabalha de roça farinha de mandioca mandioca sobreviva uma
família relação à questão quatro
aspectos desenvolvimento Estrada Caminhos
a gente já conseguiu uma estrada um ramal né mas que ainda é um ramal
que dá muito medo para as pessoas devido muita dificuldade das ladeiras no
inverno mas melhorou um pouco né melhorou um pouco e a gente já consegue
trafegar consegue ver mas ainda há muito
o que se fazer tá precisando de muita coisa para fazer a nossa comunidade Jeová
quais são as religiões que vocês têm que eu faço parte da Assembleia de Deus a
maioria aqui da Previdência é da Assembleia de Deus tem uma minoria que é
católico são as duas religião que quer que a outra aqui porque não entendeu Assembleia
de Deus aqui na providência ela não tem não tem nenhuma base assim gravada na
memória mas eu acho que ela tem aí jabuti Oi eu acho que já tem seus 40 anos 43
anos 40 anos de Assembleia de Deus né gente meus pais quando eu nasci linda não
fazia parte da igreja a igreja já depois de um tempo que eu venho Tava grande
que ele já entrou para igreja e aí continua até hoje né Bomba Patch cabana de
ouvir falar por aqui quantos quilômetros
dá daqui até lá está aí tem vem logo vamos supor pra chegar no Hospital daqui a
10 km de Jataí daqui para beira da estrada das comunidades que tem daqui para
lá km 17 que eu não sei assim o nome
dela né imagem de comunidade do Monte
Sinai é só essas duas que eu conheço qual o nome do rio que passa aí na frente
ao enterro de lazer né além do rio aí tu acha que ainda vão colocar para
juventude de lazer para a juventude se
joga no meu caso vamos supor assim na minha filha quando quer um lazer levar
elas para um outro lugar né um passeio alguma coisa para conhecer Salinas
Mosqueiro né ah tá legal Queria fazer mais alguma consideração que tu acha
importante para nosso trabalho agora bigode fino e que são pessoas que tão
interessado em ver um progresso na nossa comunidade em desenvolvimento a gente
só tem agradecer né poxa eu que sou carente de várias coisas se eu agradeço e
se um dia a gente conseguiu acredito que não sou eu mas minha família nós vamos
ficar muito feliz e eu vou ser um vírus que está no meio para ajudar para tomar
naquele que a gente fique for possível você com certeza beleza mas não é legal
olha assim que a gente vai que vai
Nenhum comentário:
Postar um comentário