Por: Arodinei Gaia
A escola de formação da rede municipal de Cametá buscava uma forma de dinamizar o processo de ensino da aula remota no período da pandemia. Foi ai que surgiu a ideia de trabalhar o conteúdo por meio de História em Quadrinho, o gibi.
O professor de matemática do Sistema Modular, Árison André, há tempo já fazia uso do gibi em suas aulas nas localidades ribeirinhas de Cametá, no entanto, vinha querendo incorporar a arte da HQ no ensino de forma mais ampla. A oportunidade surgiu quando a professora Rosana Estumano apresentou à Escola de Formação o projeto ambiental para a Semana do Meio Ambiente. Na discussão de como desenvolver o projeto o professor Árison apresentou a sua ideia, que logo foi aprovada por todos.
“A ideia foi ilustrar nossa realidade, e ilustrar como ferramenta de conscientização das crianças, a serem utilizadas pelo professor. Eles serão estimulados a fazer uso e transformar para suas realidades, ribeirinha, quilombola, colônias, dentre outras” (Diz o professor).
O trabalho é constituído de produção digital e/ou artesanal com a criação de jogos e historinhas, tudo com um valoroso cunho pedagógico dando dinâmica à situação didática da aula.
O mais importante é que as temáticas das histórias, o cenário e os elementos dos jogos são todos constituídos a partir da realidade do alunado, ou seja, o professor Árison André trabalha com o regionalismo, o que permite uma identificação maior dos estudantes com o recurso didático utilizado, promovendo assim uma interação e interesse dos estudantes pela aula.
Neste sentido o projeto vem ao encontro do ideal de ensino defendido pelo patrono da educação brasileira Paulo Freire, quando ele propunha a discussão consciente das problemáticas vivenciadas pelos alunos, como o problema ambiental, a partir do seu meio social. Trazer essa realidade para o formato do gibi permite que o discente, de forma mais prazerosa, conheça, entenda e interprete a sua vida social no bairro, no rio, na colônia, etc. Além de trazer para a escola algo que, por conta da tecnologia digital, se ausentou do convívio da garotada, que é a leitura de histórias em quadrinho através dos gibis, tão apreciada em outros tempos.
"Minha ideia é ressignificar a linguagem usada para mandar uma mensagem. Entendo que o gibi tem uma linguagem dinâmica e didática, com fácil leitura e interpretação." (prof. Árison André)
Inicialmente, o projeto está direcionado para classes de educação infantil, publicado por meios digitais, porém há a perspectiva que após as aulas remotas, haja uma tiragem impressa para alimentar a rede de ensino fundamental e quem sabe possa, um dia ser incorporado ao ensino médio.
Fazer um trabalho utilizando a arte não é novidade para o professor Árison André, uma vez que ele é protagonista do carnaval cametaense produzindo elementos alegóricos para Escolas de Samba, principalmente a Mocidade Independente de São Benedito, agremiação da qual faz parte atualmente, e da qual já se sagrou campeão do carnaval da terra do mapará.
Outras escolas de Samba como Verde Rosa e Favela já contaram com a habilidade artística do prof. Árisson construindo esculturas para carros alegóricos, bem para escolas em eventos pedagógicos culturais e estudantis.
A união da arte com o processo pedagógico em todas as disciplinas, é uma mistura que dar certo, pois além de facilitar a dinâmica didática do ensino- aprendizado permite que o estudante tenha gosto pelas aulas, e acrescentar a dose do regionalismo na mistura torna a ferramenta mais eficiente ainda, pois o discente deixa de ser um mero assimilador do conteúdo e passa a se sentir o próprio conteúdo administrado e pelos docentes.
O projeto foi apresentado como parte do I Webnário de Meio ambiente Semed-Cametá, Ações Sustentáveis em tempos de pandemia da covid-19, realizado no dia 04 de junho de 2021 e organizado pela equipe do Departamento Pedagógico e Escola de Formação do município cametaense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário