Blog do Riba
Espaço democrático que trata de assuntos como educação, política, economia e cultura.
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quarta-feira, 18 de setembro de 2024
Experiências Poéticas de um Professor
domingo, 15 de setembro de 2024
Homenagem dos Professores do SOME para o Professor Ribamar Oliveira
Prof. Ribamar e irmãs |
Profs Ribamar, Rosivaldo e Nonato |
Profs Kleber Piedade e Ribamar |
Profª Beatriz intervindo |
Ribamar e Wanda Rocha |
Profª Adriana Silva |
Prof. Valdivino Cunha na coordenação da homenagem |
Professores, esposas e familiares |
Intervenção do Prof. Vinicio Nascimento |
Profs, e amigos |
composição da mesa |
Ribamar e professores |
Ribamar e profs |
Prof. Nonato Bandeira |
Representante de alun@s |
Intervenção do Prof. Ribamar |
Ribamar e profs. |
Ribamar e profª Ellen Marvão |
Profs.Valderina, Ribamar, Rosivaldo e Nonato |
Intervenção da profª Valderina |
Profª Lucidéia Lira intervindo |
sábado, 14 de setembro de 2024
Experiências Poéticas de um Professor (Pré-lançamento)
Hoje, às 19 horas , pré-lançamento do livro Experiências Poéticas de um Professor, do educador Ribamar Oliveira e tendo como convidado o poeta e escritor Carlos Alberto Prestes.
Assista na página eletrônica do Facebook de Ribamar Oliveira
Não perca!
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
O Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME no município de Bujaru
CANÇÃO PARA BUJARU
Ó menina Índia!
Que todas as manhãs molha os pés
Às margens do rio
O rio que te banha
Que te batizou
E fez de vosmicê
Seu senhorio...
Ó menina Índia!
Dos verdes cabelos compridos
Cacheados de cipós
Olhos cor da noite, que, ao luar,
reluzem
Como faróis a guardar tuas águas
Imaginárias águas de botos encantados
A entoar o canto do carimbó...
Ó menina Índia!
Tua pena escreveu a história
de teus antepassados
Das sesmarias
Da ordem Carmelita
Braço da Corte portuguesa que
colonizou
A Amazônia minha...
Ó Bujaru! Que encantos! Que memórias!
Das ruinas da fazenda Bom Intento
Do engenho que traz o sangue português
da colonização
Da igreja imponente no meio de ti
Da vista do rio que te guarda
E reverencia teu chão...
Ó que noites poéticas!
Que manhãs iluminadas!
Porque acorda o teu morador
Na friagem da manhã
Vai à feira da cidade
Há movimento na rua
Nas praças
No mercado
O jornaleiro passa apressado
Grita a notícia do dia
Eu sei... Eu sei...
A cidade acordou.
Carlos Prestes
Marudá, 05. 09.2024
No dia 15/04/2024 passado, o Sistema de Organização
Modular de Ensino – SOME completou 44 anos nos rincões do Estado do Pará que
tem uma longa história de existência e resistência. O surgimento desta política
pública foi fruto de debates e longas discussões iniciadas na década de 70,
tendo como eixo norteador a educação cubana entre outras. Durante este período,
a Fundação Educacional do Pará – FEP, na época responsável pela gerência do
ensino superior e ensino do 2º grau, era coordenada pelo então Superintendente
Geral, professor Manoel Campbell Moutinho. Além desse reitor, foi feita uma
comissão formada por técnicos e professores que gestaram e implementaram esta
importante política pública da Amazônia paraense que tem contribuído, sobretudo,
na construção da cidadania e formação da população rural, de assentamentos, de
ramais, de estradas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas paraenses. Diante da
conjuntura, resolvemos rememorar alguns aspectos da trajetória do SOME, desde sua origem até os dias atuais, principalmente,
o SOME no município de Bujaru.
Para tratar de SOME, uma temática tão
singular na história da educação no Pará é necessário rebuscarmos e atentarmos para
a matéria “Resgate da História e Memória
do SOME”, publicada no Blog do Riba (Ribaprasempreblogspot.com), esta que está ligada à luta dos estudantes concluintes do 1o
grau, da Vila de Marituba, região metropolitana de Belém, que desejavam dar
continuidade em seus estudos no 2o grau.
O texto a seguir foi desenvolvido
pelo Professor Ribamar Oliveira, Editor do Blog do Riba:
Por vários anos, a organização
administrativa do ensino de Segundo Grau (atualmente Ensino Médio) no nosso
Estado, ficou sob a responsabilidade da Fundação de Educação do Pará - FEP,
hoje extinta, surgindo a Universidade Estadual do Pará - UEPA, em seu lugar. Na
década de 70, em pleno período da Ditadura Militar, durante a gestão do
governador Tenente Coronel Alacid da Silva Nunes, alunos da então Vila de
Marituba, hoje município da região metropolitana de Belém, concluintes
pertencentes a diversos interiores do curso de Primeiro Grau (Atualmente Ensino
Fundamental Maior), desejando dar continuidade a seus estudos, mas não tendo
condições de arcar com os custos dessa continuidade em Belém, reivindicaram
junto à base política aliada do governador, que os atendessem com o curso de
Segundo Grau sem ter que se deslocar para a capital. O governador, então, pediu
à FEP que encontrasse uma maneira de atender à reivindicação das comunidades e,
claro, aos interessados. A FEP, que na época tinha à frente de sua Direção o
Professor Manuel Campbell Moutinho, criou equipes de técnicos, que se
deslocaram até as comunidades para fazer as diagnoses das necessidades urgentes,
para atender os alunos, e a alternativa encontrada pela equipe técnica foi
através de blocos ou módulos de disciplinas da Grade Curricular do Segundo
Grau.
Uma equipe de professores permanecia
na localidade por um determinado período de dias letivos (hoje são 50 dias
letivos), ministrando um Módulo de determinadas disciplinas. Finalizado um
período, outra equipe se deslocava para a comunidade para ministrar mais um
Módulo de disciplinas, até que todas as disciplinas da respectiva série fossem
ministradas durante o ano. Surgia, assim, o Sistema de Organização Modular de
Ensino – SOME.
A avaliação efetuada pela FEP
concluiu pela viabilidade de se implantar o atendimento aos alunos das
comunidades do interior do Estado com Ensino de Segundo Grau por Módulos de
disciplinas, o que veio a ocorrer a partir da década 80 nas sedes dos
municípios que ainda não tinham o ensino de 2o Grau implantado.
Inicialmente,
o SOME foi implantado em quatro municípios paraenses: Igarapé-Açu, Nova
Timboteua, Igarapé-Miri e Curuçá. O Estado do Pará foi o pioneiro neste tipo de
projeto no país e serviu de modelo para outros Estados, como o Amapá, Amazonas,
e mais 14 depois, e alguns países como o México. sendo regularizado pela
resolução nº 161 de 03 de novembro de 1982, do Conselho Estadual de Educação. O SOME passa a ser administrado pela
Secretaria de Estado de Educação (SEDUC). Nesse ano, as prefeituras dos
municípios beneficiados com a implantação do sistema, participavam
informalmente do funcionamento do “Ensino Modular”.
A partir de
1986 foi elaborado um convênio padrão, que passou a ser firmado pelas
prefeituras interessadas na implantação do SOME. De acordo com o documento, era
de competência do município arcar com uma moradia digna para o professor. Esta
devia atender condições adequadas de conforto, higiene e segurança para os
servidores residirem durante o período de atividades na localidade,
observando-se os seguintes parâmetros: a) ter serviços de água, energia e gás
(onde tais serviços já sejam do serviço público geral); b) a moradia deve ser
preferencialmente para professores do SOME/SEDUC; c) ter mobiliário básico
(geladeira, fogão, mesas, cadeiras, camas com colchões); d) ter utensílios
domésticos como louças, panelas, talheres, material de limpeza, etc. No dia 18
de abril de 1991, o Conselho Estadual de Educação - CEE aprovou as normas
regimentares para a estrutura e o funcionamento do SOME.
A
criação do SOME enquanto projeto alternativo e, atualmente, uma política
educacional pública, com atuação na educação no campo, merece algumas
reflexões, uma delas é que ele vinha assegurar o atendimento de 2º grau (hoje
ensino médio) para diversos municípios, adequando-se à realidade de cada um
deles, mesmo com as carências estruturais que são peculiares aos municípios
brasileiros, em especial, no chão da Amazônia paraense (deficiência nos
sistemas de comunicações, de transporte, de saúde, educacional). Outro aspecto
relevante dizia (e ainda diz) respeito a uma grande demanda de jovens
interiorizados que precisavam avançar em seus estudos, e os municípios naquela
época (como ainda hoje) não dispunham de uma infraestrutura mínima que
atendesse a esse clamor e, assim, fez-se necessário o estabelecimento de
parcerias entre os Governos Municipais e o Governo Estadual, cada um com papeis
muito claros, nem sempre cumpridos.
Em fins da
década de 70, o antigo ensino médio funcionava somente em 18 dos 83 municípios,
nas sedes dos municípios onde se encontrava a maior demanda de discentes. O
SOME nasceu com o objetivo de possibilitar aos alunos do campo, a conclusão de
seus estudos no ensino médio, bem como democratizar as oportunidades
educacionais no campo, a fim de garantir a permanência dos alunos em seu lugar
de origem e garantir um ensino de qualidade, com justiça social e inclusão
educacional às diversas regiões paraenses.
Em função do
contexto geopolítico e outras particularidades o SOME funciona em forma de
módulos, totalizando 04 módulos anuais, de forma que ele se equipara ao ensino
regular em termos de carga horária. Os módulos são formados por blocos de
disciplinas, com duração de 50 dias letivos. Ao final do ano letivo, que
corresponde a 200 dias, o aluno conclui uma série, sempre obedecendo às
exigências curriculares legais. As localidades atendidas são agrupadas em
circuitos e, durante o ano letivo, os professores são divididos em equipes que
se deslocam, em forma de rodízio, pelas localidades que integram o circuito.
O SOME, hoje,
atua em 98 municípios e aproximadamente 500 localidades no Estado, com cerca de
40 mil alunos e perto de 1200 professores (todos com licenciatura plena em suas
respectivas disciplinas). O projeto que surgiu como alternativa, com certeza,
ainda vai durar mais 44 anos, enquanto não aparecer outro projeto presencial,
para atender a população do campo, das florestas e das águas.
SOME é, sem
dúvida, a maior política pública de inclusão social do Estado e já garantiu a
conclusão do ensino fundamental e médio de mais de 1 milhão de estudantes.
Professores, alunos e comunidade em geral têm consciência da grande
contribuição e significativa universalização do ensino médio na educação no
campo proporcionada pelo SOME. Há dez anos, a comunidade escolar deu um salto
significativo, que foi a criação da Lei do SOME, publicada em 29 de abril de
2014, porém, não atendendo todas as demandas, principalmente, dos educadores
que atuam nesta modalidade de ensino.
Em que pese
todos os problemas enfrentados, os embates que já tivemos no campo político nas
tentativas de melhorá-lo cada vez mais, ele segue sua trajetória na busca por
uma educação inclusiva e de qualidade. Viva o SOME, viva os guerreiros e
guerreiras que fazem do SOME uma ferramenta indispensável no processo
educacional do Estado do Pará.
O SOME em Bujaru ( 2003 – 2024)
O texto tem
como principal objetivo abordar aspectos importantes de um dos maiores projetos
de inclusão social da Amazônia, que é o Sistema de Organização Modular de
Ensino – SOME, partindo da premissa que é a atividade que inaugura em termos de
produção de texto, sendo bibliográfica e utilização da metodologia da história
oral, com entrevistas orais e escrita, em um primeiro momento escrito para
apresentação em reunião pedagógica entre os professores do Módulo antes do
início do I módulo, lotados na EEEFM “D. Mário Vilas Boas”, escola sede do
município de Bujaru, no ano de 2018.
A Avaliação
Diagnóstica do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME no Estado do
Pará, que é um relatório preliminar da pesquisa realizada pela Fundação
Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia – FIDESA deixa bem nítida a
importância da pesquisa e o objetivo que foi “avaliar a estrutura e
funcionamento do SOME e propor diretrizes para a melhoria qualitativa somente
no que diz respeito ao ensino médio”. Para a pesquisa, o SOME “visa garantir a
oferta de ensino fundamental e médio aos alunos que moram em regiões em que não
haja a oferta desses níveis no ensino regularmente pelo poder público” ( FIDESA
-2003).
Dados
levantados pela pesquisa junto ao Departamento do SOME, no ano de 2002, apontam
que o projeto estava presente em 87 municípios da Amazônia paraense,
distribuídos geograficamente em 47 sedes, 144 distritos e 191 localidades,
sendo atendidos 22.338 alunos, com 591 professores. Importante levantarmos o
questionamento quanto ao crescimento do SOME e a interiorização do ensino médio
nas zonas rurais dos municípios do Estado do Pará.
O SOME que
foi implantado pelo Governo do Estado do Pará, no ano de 1980, “Como proposta
alternativa de atendimento de expansão do Ensino Médio presencial no território
paraense, em resposta ao número elevado de alunos egressos do ensino
fundamental sem atendimento escolar devido à carência de infraestrutura dos
municípios, que impossibilitava a oferta do ensino médio” (ibidem).
Para a
SEDUC, a efetivação do SOME que seria implantado, teria que possuir algumas características,
no ano de 2002, entre elas: Distância de centros urbanos e onde esta distância
determine a impossibilidade de deslocamento de alunos para locais em que haja
oferta de Ensino Médio; Demanda real e potencial reduzida, desaconselhando a
construção de escolas de nível médio destinadas ao funcionamento de cursos
regulares de ensino médio; clientela composta de pessoas de faixas de idade
diversas e acima da faixa adequada para o Ensino Médio e grande carência de
recursos humanos qualificados para a docência no Ensino Médio.
Com isso, a
partir de 2003, tendo como uma das principais finalidades a expansão de
oportunidades na área educacional, especificamente, no ensino médio, a
Secretaria de Educação do Estado do Pará – SEDUC, passou a oferecer o Sistema
de Organização Modular de Ensino – SOME, nas localidades do município de
Bujaru, para os estudantes filhos de trabalhadores rurais, ramais, estradas, ribeirinhos
e quilombolas. Ressalto que, os devidos critérios utilizados pela SEDUC como
ferramenta de seleção para atendimento aos municípios demonstravam a
precariedade da oferta de ensino médio regular no Estado do Pará, em virtude de
vários fatores, entre eles, a dimensão territorial de nosso Estado, que
superava muitos países. Não podemos esquecer que, nesse momento, a Amazônia
paraense recebe grande fluxo de pessoas, vindo de outros Estados,
principalmente os nordestinos, provocando a explosão demográfica; além dos
níveis de desenvolvimento socioeconômicos das regiões do Pará serem muito
diferentes umas das outras. Portanto, grandes impactos contribuíram com a
desestruturação e avanço do ensino médio regular na zona rural da Amazônia
paraense.
O município
de Bujaru vem de origens indígenas, quilombolas e ribeirinhas, sendo que, os
primeiros habitantes da região, faziam os deslocamentos entre os rios Moju,
Capim e Acará, com grande fluxo migratório, que vai provocar a intensificação
da cultura da cana de açúcar no século XIX, com a criação de vários engenhos
pela região. No rio Bujaru tinham os engenhos Itaporanga, São Luís, São
Joaquim, Nazaré e Santa Ana e Cateanduba. Logo, se deduz que tinha muitos
escravos, somados com os sitiantes que trabalhavam na produção dos
engenhos. Com o tempo e com o processo
de transição e consolidação da República, muitos dos engenhos foram abandonados
nessa região, alguns antigos escravos receberam como recompensa, outros foram
vendidos, mas o que podemos notar neste período é que foram se tornando
agricultores, principalmente com a produção de milho, arroz, feijão, onde
muitos continuaram caçando nas matas em grandes quantidades de caça do mato e
pescando nos igarapés e rios, formando famílias e ocupando as antigas fazendas.
A fundação de Bujaru foi no dia 30 de dezembro de 1943.
Atualmente o
município de Bujaru, limita com os municípios de Santa Izabel do Pará,
Benevides, Acará, Concórdia do Pará, São Domingos do Capim e Inhagapi, com a
distância da capital de 72 Km e, de acordo com os dados estatísticos do Censo
Demográfico do ano de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o estado do Pará possui uma área de extensão territorial de
1.247.950,003 km². A população do Estado do Pará é de 8.116.132 e, dentro deste
espaço, se encontra localizado o município de Bujaru, com um território de 994.691
km², que abriga uma população total de 24.383, sendo que os que residem na
região da zona rural do município seriam 9.385, correspondendo a 53,3% de
homens e 8.211 habitantes do sexo feminino, correspondendo a 46,7%, dentre os
quais podemos destacar os povos das águas e das florestas, como: os
quilombolas, os extrativistas, os agricultores familiares, os ribeirinhos, os
pescadores, dentre outros. O município possui 20.397 eleitores, correspondendo
72% da população total, sendo 10.003 do sexo feminino, correspondendo a 49,04
eleitoras e 10.384 do sexo masculino, correspondendo a 50.91 de eleitores
(2018), localizado no nordeste do Estado do Pará. O município tem três
candidatos à Prefeitura e 94 candidatos a vereador para disputar eleições de
2024, segundo o TSE, sendo a eleição no dia 6 de outubro do corrente ano.
Com
documentos cedidos para este artigo e, sendo diretora, naquele momento, da
Escola Sede “D. Mário de Vilas Boas”, a Professora Iracema Heitor da Silva observa
que em 2001 houve a solicitação, conforme Ofício nº 069/2001, de 17 de maio de
2001, com assinaturas do Prefeito Miguel Bernardo da Costa, da Secretária
Municipal de Educação, Rosângela Maria
Vasconcelos Gomes e dela (diretora), para implantação do Sistema de Organização
Modular de Ensino – SOME, que passaria a atender o ensino médio no município. E
a exposição de motivos da implantação enviada para a Secretaria Estadual de
Educação, aos cuidados da responsável pelo projeto, Professora Nádia Eliane
Cortez Brasil, do Departamento do SOME, diz o seguinte, no primeiro parágrafo:
”A implantação do Projeto SOME, em nível de ensino médio, faz-se necessário
pelo fato de que nosso município conta hoje com um quadro de 7.310 alunos da
rede municipal de ensino, sendo que, 5.160 destes alunos, se encontram na Zona
Rural. A esse número soma-se, ainda, 79 alunos que pertencem ao quadro do
Estado. São alunos que cursam o ensino médio e precisam deslocar-se todos os
dias de suas casas, alguns saem 03h00min horas (Manhã) para apanhar o
transporte escolar e chegar até a sede do município”. A exposição frisa, também,
que, em virtude do crescimento de alunos, o transporte escolar já não contempla
confortavelmente toda clientela atendida, causando a superlotação dos ônibus e
fazendo com que os alunos corram riscos diante de tal situação.
A Professora
Iracema Heitor, enfatiza na entrevista que, com a implantação do SOME em
Bujaru, em 2003, ficou o gerenciamento, em um primeiro momento, à Prefeitura
Municipal, que só após o desmantelamento do SOME pela então Secretaria estadual
de Educação, Rosa Cunha, quando retirou 60% da gratificação de deslocamento,
passagens de aviões, material didático, Convênio com municípios, entre outros,
é que o SOME passou a ser gerenciado pela Escola Sede, ou seja, só a partir do
segundo semestre. Neste momento, saíram do SOME 192 Professores, por não
concordarem com a política autoritária e nefasta para a educação do Estado,
inclusive, minha pessoa. E, continua, o Ofício foi solicitando a implantação
das localidades de Ponta de Terra (24 alunos), Km 29 (Com 29 alunos), São
Raimundo (60 alunos), São Sebastião (29 alunos), São Lopes (32 alunos), Santana
(15 alunos) e Santa Maria (34 alunos). Mesmo com a solicitação de sete
localidades, com números suficientes de demanda, a SEDUC só liberou dois polos
que foram os de São Raimundo e o da Curva. As outras localidades foram sendo
implantadas gradativamente, menos a Vila Santana e Santa Maria, que, até o
momento, não foram liberadas. Os alunos de Santana se deslocam para o Km 29, a
fim de estudar. A informante ressalta, através de documentos, a solicitação
para implantações do SOME no município e a importância da Casa dos Professores
como base para muitos professores que se deslocavam de outros municípios ou da
capital do Estado, Belém.
Segundo a ex-coordenadora,
Simone Soares Sampaio, o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, em
Bujaru, foi implantado em 2003, em dois polos, na Curva e São Raimundo,
funcionando só com primeiro ano e, gradativamente, foram aumentando as turmas e,
em 2005, completou as séries seguintes”. E Continua: “A partir de 2006 o número
de polos aumentou, sendo implantado nas localidades de São Sebastião, São
Lopes, Providência e Ponta de Terra, tendo seu início na localidade de
Traquateua, em 2007, e no Km 20, que era chamado de Providência II, como se
fosse a extensão do polo de Providência, já que o número de turmas era bastante
pequeno”.
Para o
Professor Valdivino Cunha da Silva sua história tem uma relação prazerosa com o
SOME e com o município de Bujaru, pois, concomitantemente, foi lá que iniciou
sua carreira profissional no magistério, como professor de Sociologia. O
referido professor iniciou suas atividades docentes na localidade de São
Raimundo. Segundo ele, as medidas para melhorias da educação no município, caso
tivesse poderes, injetaria um maior volume de recursos financeiros, sendo que
esse aporte de recursos seria aplicado no sentido de melhorar o exercício da
docência, garantir a universalidade e a qualidade da merenda escolar.
Melhoraria também a infraestrutura, incluindo a Casa dos Professores, as
escolas e o transporte escolar. Faria um grande seminário com todos os
seguimentos envolvidos com a educação de Bujaru para levantar e hierarquizar as
demandas. O informante ressalta que o deixa orgulhoso fazer parte dessa
política pública inclusiva, e, feliz, quando vê, de vez em quando, alunos do
SOME sendo aprovados nos vestibulares. Segundo o Professor, isso comprova a
importância do SOME para as localidades interiorizadas deste Pará, e faz dele
uma das políticas pública mais inclusiva; assim como quando se vê diante de
ex-alunos do SOME que se tornaram professores, o que é sinal de que a semente
vingou e deu frutos. (...) Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende
ensina ao aprender.
Na
localidade de Ponta de Terra O SOME foi extinto em 2013 em função do
descompromisso da Direção da Escola D. Mário com a comunidade, já que desejava
a saída do SOME, prejudicando muitos
alunos e alunas, uma vez que, com a implantação do regime regular, o quadro de
docentes não estava completo e, sendo a maioria contratados, diferente dos
educadores do SOME, que são professores concursados e efetivos, muitos
possuindo especializações e mestrados. Um grande retrocesso e precariedade para
a educação bujaruense, fazendo com que alguns alunos que tinham condições se
deslocassem para Bujaru sede, o município de Santa Izabel e Belém.
Na época da
implantação, o quadro de professores do SOME era completo, sendo um dos
pioneiros o Professor de Espanhol e Língua Portuguesa Railson Fernandes
Elmescany e a Professora Nazaré Laurido, de Língua Portuguesa. Segundo o
Professor Railson, nos polos que tinha, neste momento, era São Raimundo e Curva,
e passaram dois professores que eram: Enock, de matemática e França de
Geografia. E continua: neste período foram cortadas 60% de gratificação dos
professores, o que fez com que os professores parassem de trabalhar nas duas
localidades de funcionamento, sendo contratado para trabalhar no KM 29, Curva,
com algumas turmas, sua primeira localidade de trabalho pelo SOME, com as
mesmas dificuldades que ainda temos hoje, como as Casa para Professores. Nos dois
primeiros anos que trabalhou na Curva, dormia numa maca, inclusive, algumas
vezes, quando retornava à noite das aulas, geralmente, encontrava sangue no
corredor. Provavelmente, D. Graça tinha feito algum curativo. Neste momento,
era sujeito a aceitar essa situação, até porque era novo e precisava trabalhar.
O informante ressalta que, em São Raimundo, a Diretora era Conceição Vera e, no
Km 29, a Nilcelene. Railson, diz que, com a chegada do novo Prefeito Emanoel
Muniz, solicita a ampliação a partir de 2005 e chegando novos professores, como
Célia Machado, de Biologia; ele, Denis Heitor, de Matemática, João Wanzeller,
de Matemática; Girvânia Mesquita, de Geografia. Na entrevista, realizada no dia
12 de maio de 2018, frisou um dado cômico de sua experiência no SOME nesses
quinze anos, que aconteceu na localidade de São Raimundo, em 2003. Naquele
momento, não tinha energia e trabalhava com a disciplina de Artes, sobre as
atividades pedagógicas voltadas para lendas e mitos da região, e falava-se
muito em Matin, Curupira e outras lendas. Quando foi numa certa noite, segundo
o linguajar dos moradores, foi “amassado” pela Matinta Perera e Matin, já que
não conseguia falar, não conseguia se mexer e assim aconteceram outras vezes.
Finalizando sua conversa, informou que com a expansão, a partir de 2005, o SOME
assume o fundamental em São Raimundo e Ponta de Terra, aumentando o número de
alunos, assim como carga horária para os professores.
Nesses 21
anos de implantação do SOME no município de Bujaru, podemos observador que esta
modalidade de ensino deu uma grande contribuição e desenvolvimento para o
município.
Ressalto que,
com a ocorrência anotada em 2005, a Secretaria Estadual de Educação do Estado
do Pará – SEDUC, através da portaria 064/05, definiu a classificação dos
municípios e localidades pelas categorias A, B e C, considerando o nível de
dificuldade de acesso às localidades, nos termos estabelecidos pelo decreto nº
390/2003, 30%, 60% e 100%. Isso provoca desestruturação no quadro de
professores na época, contribuindo com a descentralização do SOME, ficando sob
responsabilidade das Unidades Regionais de Educação – URES e Escolas Sedes,
tirando toda responsabilidade do Departamento do Sistema de Organização Modular
de Ensino – SOME que ficava na sede da Secretaria Estadual de Educação – SEDUC,
em Belém do Pará. Logo, as oligarquias municipais controlam a educação e, em
especial, o SOME, sendo inclusive removidos professores com outros vínculos,
que não era só do estado. Em 2003, foi o marco histórico pela descaracterização
do SOME e da educação interiorizada na Amazônia paraense.
Através de
muitas reivindicações e lutas da categoria dos professores, em 29 de abril de
2014, por da Lei nº 7.886, o Sistema de
Organização Modular de Ensino – SOME foi estabelecido como Política Pública
Educacional do Estado do Pará, no âmbito da Secretaria de Estado de Educação.
(...) A
educação é política! Depois de descobrir que também é um político, o professor
tem de se perguntar: “Que tipo de política estou fazendo em classe?” Ou seja:
“Estou sendo um professor a favor de quem?”. Ao se perguntar a favor de quem
está educando, o professor também deve perguntar contra quem está educando. São
44 anos de SOME no Estado Pará, desses, 21 anos no município de Bujaru. Viva os
44 anos do SOME!
Informantes: Iracema Heitor da Silva, Maria Eliete da Silva Mesquita, Railson
Fernandes Elmescany, Simone Sampaio, Valdivino Cunha da Silva.
Bibliografia
Fundação Instituto Para o Desenvolvimento da Amazônia –
FIDESA. Relatório Preliminar da Pesquisa: Avaliação Diagnóstica do Sistema de
Organização Modular de Ensino – SOME no Estado do Pará, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Paz e Terra. 2003.
FREIRE, Paulo & Shor, Ira. Medo e Ousadia. Paz e
Terra. 2003.
OLIVEIRA, José Ribamar Lira e & outros (Org.). Contando
a História e a Memória de Nova Providência. Nova Providência, Bujaru. 2018.
OLIVEIRA, José Ribamar Lira e & outros (Org). São
Raimundo: Histórias e Memórias. São Raimundo, Bujaru. 2011.
_________________________________________ São Lopes:
História e Memória. São Lopes, Bujaru. 2012.
_________________________________________ Ponta de Terra:
História e Memória. Ponta de Terra, Bujaru. 2011.
Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia. Quilombolas de
Bujaru e Concórdia. Nº 11. 2006.
sábado, 13 de julho de 2024
CARTA ABERTA À POPULAÇÂO
Os participantes do I SEMINÁRIO SOBRE A POLUIÇÃO DO RIO TAPAJÓS, realizado nos dias 26, 27 e 28/11/92, no Esporte Clube Rodoviário, no município de Aveiro, promovido pelo SOME - Sistema de Organização Modular de Ensino de 2º Grau, que contou com a presença de uma equipe do GDA (Grupo de Defesa da Amazônia), após diversas palestras e discussões feitas sobre a questão mercurial no Vale do Tapajós, vem a público externar suas conclusões: em decorrência dos tipos de garimpagens praticadas, a atividade garimpeira tem lançado mais de 1200 toneladas de mercúrio no meio ambiente, causando a poluição do ar e do rio atingindo a flora e a fauna. Inclusive, a mudança da cor da água do Rio Tapajós deu-se devido o lançamento de grande quantidade de óleo diesel, detergentes, graxas e sabão. E isso afeta diretamente o homem da região que tem como alimento básico o peixe retirado desse mesmo rio contaminado; pois a quantidade de mercúrio lançado na água já ultrapassa o limite máximo tolerável. Isto significa que toda população que vive às margens do rio Tapajós está exposta ao perigo da contaminação. E os efeitos do mercúrio no ser humano são: dor de cabeça, problemas respiratórios, aborto, impotência sexual, tontura, tremores, perda da memória, queda de cabelo, nervosismo, dificuldade para andar e falar, paralisia dos braços e pernas, crianças nascidas com defeitos físicos, etc. Nota-se que os peixes do vale do Tapajós não apresentam mais seu característico sabor original, além de se conservarem mais que duas horas.
É claro que as riquezas minerais de uma região têm que ser exploradas e aproveitadas com a finalidade de haver melhorias na qualidade de vida dos habitantes da região, gerando divisas par o o país e propiciando o bem estar social.
Em consideração a isso, deve-se ressaltar que não se é contra a atividade garimpeira nem tampouco nega-se o direito de explorar essa mesma riqueza.
Denuncia-se, sim, a forma inescrupulosa e depredadora com essa atividade tem sido feita, resultando na contínua e brutal agressão do meio ambiente. Existem maneiras e técnicas de se conciliar o aproveitamento dos recursos minerais com a preservação da natureza.
Além do fato de que essa imensa e rica região nunca esteve tão pobre. O progresso e a prosperidade ainda estão muito distantes. A extração do ouro pouco ou nada favorece a região e aos trabalhadores garimpeiros, apenas beneficia uma minoria privilegiada, uma vez que 70% da produção não fica na região, mas é escoada para outros países de forma clandestina. Diante desse quadro, fica evidente que estamos sendo espoliados de todas as formas: levam o nosso ouro e em troca deixam fome, a miséria, a doença, o sofrimento e a morte.
E, percebe-se um total descaso das autoridades em relação a situação acima mencionada. Não há nenhuma preocupação ou interesse em providenciar soluções.
É necessário que a população esteja esclarecida e alerta para esses problemas que diretamente lhes afeta e, numa ação organizada, pressionar essas autoridades e órgãos competentes para que estas despertem para a gravidade do problema e procurem tomar medidas concretas e urgentes para minimizar tal quadro, bem como abrir uma ampla discussão, envolvendo todos os setores organizados da sociedade no sentido de se chegar a uma futura solução
Somente unidos e organizados, poderemos expulsar o fantasma de uma tragédia que paira sobre nossa região.
domingo, 30 de junho de 2024
Os Saltimbancos da Educação
Recebi como doação da ex-professora Maria José Amaral Viana, ex-professora por muitos anos do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME, a revista Sala de Aula, Ano 1 - Nº 7, NOV 88 - Cz$ 200,00, qual fiz releitura da matéria Os Mestres Navegantes da Amazônia, que trata sobre uma das maiores políticas públicas educacionais da Amazônia. A capa da referida revista trás imagem tipicamente característica das viagens de deslocamentos dos modulindos e modulindas nos rincões interioranos do Estado do Pará. Segundo a revista a "trupe de Saltimbancos do Sistema Modular, no baixo Tocantins, 2º grau se espalha pelo interior do Pará". A Doutora e Professora Glória Maria Farias da Rocha, uma grande liderança da categoria dos educadores estadual, foi Presidente do Sindicato do Professores do Estado do Pará - SINTEPP, e uma das primeiras professoras desta política pública aparece na imagem se deslocando para o seu local de trabalho.
Segundo a revista, nos oitos anos de SOME no Estado, um grupo de 138 professores da Secretaria Estadual da Educação - SEDUC/PA atendia para formar novas gerações em escolas de 34 municípios e 12 localidades. Como projeto pioneiro e inovador, o Sistema Modular triplicou os cursos de 2º Grau nos últimos oito anos. Nas andanças dos Modulindos e Modulindas que conhecem o chão que pisam, foram apelidados de Saltimbancos da Educação, através do sistema de itinerantes por módulos.
Na entrevista para a matéria, a Professora Glória Rocha, enfatiza que para ingressar no modular, o professor deve ser forte, e diz: - Temos que renunciar a muita coisa e abrir mão da nossa privacidade. Naquele momento, com 78 homens e 60 mulheres, tendo em idade média 27 anos, sendo a maioria solteira. Para Albene Lis Monteiro, do Departamento do 2º Grau, aborda em entrevista que para muitos professores: - Há muita solidão e alguns professores tiveram problema de embriaguez. E continua, em se tratando de romance: - Houve um colega que se casou com uma aluna e também dois professores que estão noivos. Para Rosa Gomes da Costa, Coordenadora Geral do Modular: Eu mesmo já namorei com um ex-aluno. Relatos marcantes para reflexões.
Outros relatos de colegas do SOME e a contextualização histórica do Sistema Modular são abordados na matéria.
Uma releitura de domingo desta revista que tinha feito a leitura no ano de 1989, ano de minha entrada no SOME. Vamos continuar com algumas considerações sobre esta matéria, aguardem!
sábado, 25 de maio de 2024
LAPSUS
Um pai idoso e com Alzheimer. Um filho expulso de casa por ser gay e que agora volta pra cuidar desse pai doente. Frente à frente, eles revisitam a trajetória dessa relação, relembrando momentos de afeto e mágoa na busca de uma redenção. Um segredo entre eles.
O argumento de Marton Maués resulta na emocionante dramaturgia costurada por Mário Zumba e recheada de dor, perdão e amor. Assim nasce o projeto LAPSUS, da leitura dramática realizada pelos atores Marton Maués e Mário Zumba. Desde janeiro de 2023 o projeto já foi apresentado em residências, jornadas pedagógicas, centros culturais, pousadas, livrarias, quintais e na 1ª Mostra de Teatro Koringa.
E agora estará no Nosso Pátio Cultural.
Não perde!
Vamos ao teatro!
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