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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Experiências Poéticas de um Professor

















Aconteceu, ontem, uma mesa eletrônica o pré-lançamento do livro Experiências Poéticas de um Professor, na página eletrônica do Facebook do poeta e autor Ribamar Oliveira. 

Os poetas, professores e escritores Ribamar Oliveira e Carlos Alçberto Trindade Prestes participaram da mesa apresentando o livro. A mesa eletrônica foi um sucesso, com participação e comentários de diversos autores e poetas. 

Segundo o poeta Ribamar Oliveira, autor do livro, se encontra aguardando a chegada da gráfica para agendar o lançamento.

O livro já se encontra a venda e quem desejar adquirir, basta entrar em contato com o autor. 

domingo, 15 de setembro de 2024

Homenagem dos Professores do SOME para o Professor Ribamar Oliveira

 


Prof. Ribamar e irmãs


Há seis anos as principais lideranças do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME programaram uma confraternização de muitas que o professor Ribamar Oliveira recebeu. O evento aconteceu na sede do Cassazum com um dia alegre e festivo.

A confraternização foi um sucesso, eis as imagens do dia.


Profs Ribamar, Rosivaldo e Nonato

Profs Kleber Piedade e Ribamar

Profª Beatriz intervindo

Ribamar e Wanda Rocha

Profª Adriana Silva



Prof. Valdivino Cunha na coordenação da homenagem

Professores, esposas e familiares

Intervenção do Prof. Vinicio Nascimento 

Profs,  e amigos 

composição da mesa

Ribamar  e professores

Ribamar e profs

Prof. Nonato Bandeira

Representante de alun@s

Intervenção do Prof. Ribamar

Ribamar e profs.

Ribamar e profª Ellen Marvão

Profs.Valderina, Ribamar, Rosivaldo e Nonato





Intervenção da profª Valderina

Profª Lucidéia Lira intervindo





sábado, 14 de setembro de 2024

Experiências Poéticas de um Professor (Pré-lançamento)

 




Hoje, às 19 horas , pré-lançamento do livro Experiências Poéticas de um Professor, do educador Ribamar Oliveira e tendo como convidado o poeta e escritor Carlos Alberto Prestes. 


Assista na página eletrônica do Facebook de Ribamar Oliveira


Não perca!


                                            




quinta-feira, 5 de setembro de 2024

O Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME no município de Bujaru

 



CANÇÃO PARA BUJARU

 

Ó menina Índia!

Que todas as manhãs molha os pés

Às margens do rio

O rio que te banha

Que te batizou

E fez de vosmicê

Seu senhorio...

 

Ó menina Índia!

Dos verdes cabelos compridos

Cacheados de cipós

Olhos cor da noite, que, ao luar, reluzem

Como faróis a guardar tuas águas

Imaginárias águas de botos encantados

A entoar o canto do carimbó...

 

Ó menina Índia!

Tua pena escreveu a história

de teus antepassados

Das sesmarias

Da ordem Carmelita

Braço da Corte portuguesa que colonizou

A Amazônia minha...

 

Ó Bujaru! Que encantos! Que memórias!

Das ruinas da fazenda Bom Intento

Do engenho que traz  o sangue português

da colonização

Da igreja imponente no meio de ti

Da vista do rio que te guarda

E reverencia teu chão...

 

Ó que noites poéticas!

Que manhãs iluminadas!

Porque acorda o teu morador

Na friagem da manhã

Vai à feira da cidade

Há movimento na rua

Nas praças

No mercado

O jornaleiro passa apressado

Grita a notícia do dia

Eu sei... Eu sei...

A cidade acordou.

 

Carlos Prestes

Marudá,  05. 09.2024

 

          

No dia  15/04/2024 passado, o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME completou 44 anos nos rincões do Estado do Pará que tem uma longa história de existência e resistência. O surgimento desta política pública foi fruto de debates e longas discussões iniciadas na década de 70, tendo como eixo norteador a educação cubana entre outras. Durante este período, a Fundação Educacional do Pará – FEP, na época responsável pela gerência do ensino superior e ensino do 2º grau, era coordenada pelo então Superintendente Geral, professor Manoel Campbell Moutinho. Além desse reitor, foi feita uma comissão formada por técnicos e professores que gestaram e implementaram esta importante política pública da Amazônia paraense que tem contribuído, sobretudo, na construção da cidadania e formação da população rural, de assentamentos, de ramais, de estradas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas paraenses. Diante da conjuntura, resolvemos rememorar alguns aspectos da trajetória do SOME, desde  sua origem até os dias atuais, principalmente, o SOME no município de Bujaru.

Para tratar de SOME, uma temática tão singular na história da educação no Pará é necessário rebuscarmos e atentarmos para a matéria  “Resgate da História e Memória do SOME”, publicada no Blog do Riba (Ribaprasempreblogspot.com), esta que está  ligada à luta dos estudantes concluintes do 1o grau, da Vila de Marituba, região metropolitana de Belém, que desejavam dar continuidade em seus estudos no 2o grau. 

O texto a seguir foi desenvolvido pelo Professor Ribamar Oliveira, Editor do Blog do Riba:

Por vários anos, a organização administrativa do ensino de Segundo Grau (atualmente Ensino Médio) no nosso Estado, ficou sob a responsabilidade da Fundação de Educação do Pará - FEP, hoje extinta, surgindo a Universidade Estadual do Pará - UEPA, em seu lugar. Na década de 70, em pleno período da Ditadura Militar, durante a gestão do governador Tenente Coronel Alacid da Silva Nunes, alunos da então Vila de Marituba, hoje município da região metropolitana de Belém, concluintes pertencentes a diversos interiores do curso de Primeiro Grau (Atualmente Ensino Fundamental Maior), desejando dar continuidade a seus estudos, mas não tendo condições de arcar com os custos dessa continuidade em Belém, reivindicaram junto à base política aliada do governador, que os atendessem com o curso de Segundo Grau sem ter que se deslocar para a capital. O governador, então, pediu à FEP que encontrasse uma maneira de atender à reivindicação das comunidades e, claro, aos interessados. A FEP, que na época tinha à frente de sua Direção o Professor Manuel Campbell Moutinho, criou equipes de técnicos, que se deslocaram até as comunidades para fazer as diagnoses das necessidades urgentes, para atender os alunos, e a alternativa encontrada pela equipe técnica foi através de blocos ou módulos de disciplinas da Grade Curricular do Segundo Grau.

Uma equipe de professores permanecia na localidade por um determinado período de dias letivos (hoje são 50 dias letivos), ministrando um Módulo de determinadas disciplinas. Finalizado um período, outra equipe se deslocava para a comunidade para ministrar mais um Módulo de disciplinas, até que todas as disciplinas da respectiva série fossem ministradas durante o ano. Surgia, assim, o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME.

A avaliação efetuada pela FEP concluiu pela viabilidade de se implantar o atendimento aos alunos das comunidades do interior do Estado com Ensino de Segundo Grau por Módulos de disciplinas, o que veio a ocorrer a partir da década 80 nas sedes dos municípios que ainda não tinham o ensino de 2o Grau implantado.

       Inicialmente, o SOME foi implantado em quatro municípios paraenses: Igarapé-Açu, Nova Timboteua, Igarapé-Miri e Curuçá. O Estado do Pará foi o pioneiro neste tipo de projeto no país e serviu de modelo para outros Estados, como o Amapá, Amazonas, e mais 14 depois, e alguns países como o México. sendo regularizado pela resolução nº 161 de 03 de novembro de 1982, do Conselho Estadual de Educação.  O SOME passa a ser administrado pela Secretaria de Estado de Educação (SEDUC). Nesse ano, as prefeituras dos municípios beneficiados com a implantação do sistema, participavam informalmente do funcionamento do “Ensino Modular”.

         A partir de 1986 foi elaborado um convênio padrão, que passou a ser firmado pelas prefeituras interessadas na implantação do SOME. De acordo com o documento, era de competência do município arcar com uma moradia digna para o professor. Esta devia atender condições adequadas de conforto, higiene e segurança para os servidores residirem durante o período de atividades na localidade, observando-se os seguintes parâmetros: a) ter serviços de água, energia e gás (onde tais serviços já sejam do serviço público geral); b) a moradia deve ser preferencialmente para professores do SOME/SEDUC; c) ter mobiliário básico (geladeira, fogão, mesas, cadeiras, camas com colchões); d) ter utensílios domésticos como louças, panelas, talheres, material de limpeza, etc. No dia 18 de abril de 1991, o Conselho Estadual de Educação - CEE aprovou as normas regimentares para a estrutura e o funcionamento do SOME.

          A criação do SOME enquanto projeto alternativo e, atualmente, uma política educacional pública, com atuação na educação no campo, merece algumas reflexões, uma delas é que ele vinha assegurar o atendimento de 2º grau (hoje ensino médio) para diversos municípios, adequando-se à realidade de cada um deles, mesmo com as carências estruturais que são peculiares aos municípios brasileiros, em especial, no chão da Amazônia paraense (deficiência nos sistemas de comunicações, de transporte, de saúde, educacional). Outro aspecto relevante dizia (e ainda diz) respeito a uma grande demanda de jovens interiorizados que precisavam avançar em seus estudos, e os municípios naquela época (como ainda hoje) não dispunham de uma infraestrutura mínima que atendesse a esse clamor e, assim, fez-se necessário o estabelecimento de parcerias entre os Governos Municipais e o Governo Estadual, cada um com papeis muito claros, nem sempre cumpridos.

           Em fins da década de 70, o antigo ensino médio funcionava somente em 18 dos 83 municípios, nas sedes dos municípios onde se encontrava a maior demanda de discentes. O SOME nasceu com o objetivo de possibilitar aos alunos do campo, a conclusão de seus estudos no ensino médio, bem como democratizar as oportunidades educacionais no campo, a fim de garantir a permanência dos alunos em seu lugar de origem e garantir um ensino de qualidade, com justiça social e inclusão educacional às diversas regiões paraenses.

           Em função do contexto geopolítico e outras particularidades o SOME funciona em forma de módulos, totalizando 04 módulos anuais, de forma que ele se equipara ao ensino regular em termos de carga horária. Os módulos são formados por blocos de disciplinas, com duração de 50 dias letivos. Ao final do ano letivo, que corresponde a 200 dias, o aluno conclui uma série, sempre obedecendo às exigências curriculares legais. As localidades atendidas são agrupadas em circuitos e, durante o ano letivo, os professores são divididos em equipes que se deslocam, em forma de rodízio, pelas localidades que integram o circuito.

           O SOME, hoje, atua em 98 municípios e aproximadamente 500 localidades no Estado, com cerca de 40 mil alunos e perto de 1200 professores (todos com licenciatura plena em suas respectivas disciplinas). O projeto que surgiu como alternativa, com certeza, ainda vai durar mais 44 anos, enquanto não aparecer outro projeto presencial, para atender a população do campo, das florestas e das águas.

           SOME é, sem dúvida, a maior política pública de inclusão social do Estado e já garantiu a conclusão do ensino fundamental e médio de mais de 1 milhão de estudantes. Professores, alunos e comunidade em geral têm consciência da grande contribuição e significativa universalização do ensino médio na educação no campo proporcionada pelo SOME. Há dez anos, a comunidade escolar deu um salto significativo, que foi a criação da Lei do SOME, publicada em 29 de abril de 2014, porém, não atendendo todas as demandas, principalmente, dos educadores que atuam nesta modalidade de ensino.

           Em que pese todos os problemas enfrentados, os embates que já tivemos no campo político nas tentativas de melhorá-lo cada vez mais, ele segue sua trajetória na busca por uma educação inclusiva e de qualidade. Viva o SOME, viva os guerreiros e guerreiras que fazem do SOME uma ferramenta indispensável no processo educacional do Estado do Pará.

O SOME em Bujaru ( 2003 – 2024)

           O texto tem como principal objetivo abordar aspectos importantes de um dos maiores projetos de inclusão social da Amazônia, que é o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, partindo da premissa que é a atividade que inaugura em termos de produção de texto, sendo bibliográfica e utilização da metodologia da história oral, com entrevistas orais e escrita, em um primeiro momento escrito para apresentação em reunião pedagógica entre os professores do Módulo antes do início do I módulo, lotados na EEEFM “D. Mário Vilas Boas”, escola sede do município de Bujaru, no ano de 2018.

           A Avaliação Diagnóstica do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME no Estado do Pará, que é um relatório preliminar da pesquisa realizada pela Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia – FIDESA deixa bem nítida a importância da pesquisa e o objetivo que foi “avaliar a estrutura e funcionamento do SOME e propor diretrizes para a melhoria qualitativa somente no que diz respeito ao ensino médio”. Para a pesquisa, o SOME “visa garantir a oferta de ensino fundamental e médio aos alunos que moram em regiões em que não haja a oferta desses níveis no ensino regularmente pelo poder público” ( FIDESA -2003).

           Dados levantados pela pesquisa junto ao Departamento do SOME, no ano de 2002, apontam que o projeto estava presente em 87 municípios da Amazônia paraense, distribuídos geograficamente em 47 sedes, 144 distritos e 191 localidades, sendo atendidos 22.338 alunos, com 591 professores. Importante levantarmos o questionamento quanto ao crescimento do SOME e a interiorização do ensino médio nas zonas rurais dos municípios do Estado do Pará.

           O SOME que foi implantado pelo Governo do Estado do Pará, no ano de 1980, “Como proposta alternativa de atendimento de expansão do Ensino Médio presencial no território paraense, em resposta ao número elevado de alunos egressos do ensino fundamental sem atendimento escolar devido à carência de infraestrutura dos municípios, que impossibilitava a oferta do ensino médio” (ibidem).

           Para a SEDUC, a efetivação do SOME que seria implantado, teria que possuir algumas características, no ano de 2002, entre elas: Distância de centros urbanos e onde esta distância determine a impossibilidade de deslocamento de alunos para locais em que haja oferta de Ensino Médio; Demanda real e potencial reduzida, desaconselhando a construção de escolas de nível médio destinadas ao funcionamento de cursos regulares de ensino médio; clientela composta de pessoas de faixas de idade diversas e acima da faixa adequada para o Ensino Médio e grande carência de recursos humanos qualificados para a docência no Ensino Médio.

          Com isso, a partir de 2003, tendo como uma das principais finalidades a expansão de oportunidades na área educacional, especificamente, no ensino médio, a Secretaria de Educação do Estado do Pará – SEDUC, passou a oferecer o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, nas localidades do município de Bujaru, para os estudantes filhos de trabalhadores rurais, ramais, estradas, ribeirinhos e quilombolas. Ressalto que, os devidos critérios utilizados pela SEDUC como ferramenta de seleção para atendimento aos municípios demonstravam a precariedade da oferta de ensino médio regular no Estado do Pará, em virtude de vários fatores, entre eles, a dimensão territorial de nosso Estado, que superava muitos países. Não podemos esquecer que, nesse momento, a Amazônia paraense recebe grande fluxo de pessoas, vindo de outros Estados, principalmente os nordestinos, provocando a explosão demográfica; além dos níveis de desenvolvimento socioeconômicos das regiões do Pará serem muito diferentes umas das outras. Portanto, grandes impactos contribuíram com a desestruturação e avanço do ensino médio regular na zona rural da Amazônia paraense.

           O município de Bujaru vem de origens indígenas, quilombolas e ribeirinhas, sendo que, os primeiros habitantes da região, faziam os deslocamentos entre os rios Moju, Capim e Acará, com grande fluxo migratório, que vai provocar a intensificação da cultura da cana de açúcar no século XIX, com a criação de vários engenhos pela região. No rio Bujaru tinham os engenhos Itaporanga, São Luís, São Joaquim, Nazaré e Santa Ana e Cateanduba. Logo, se deduz que tinha muitos escravos, somados com os sitiantes que trabalhavam na produção dos engenhos.  Com o tempo e com o processo de transição e consolidação da República, muitos dos engenhos foram abandonados nessa região, alguns antigos escravos receberam como recompensa, outros foram vendidos, mas o que podemos notar neste período é que foram se tornando agricultores, principalmente com a produção de milho, arroz, feijão, onde muitos continuaram caçando nas matas em grandes quantidades de caça do mato e pescando nos igarapés e rios, formando famílias e ocupando as antigas fazendas. A fundação de Bujaru foi no dia 30 de dezembro de 1943.

           Atualmente o município de Bujaru, limita com os municípios de Santa Izabel do Pará, Benevides, Acará, Concórdia do Pará, São Domingos do Capim e Inhagapi, com a distância da capital de 72 Km e, de acordo com os dados estatísticos do Censo Demográfico do ano de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado do Pará possui uma área de extensão territorial de 1.247.950,003 km². A população do Estado do Pará é de 8.116.132 e, dentro deste espaço, se encontra localizado o município de Bujaru, com um território de 994.691 km², que abriga uma população total de 24.383, sendo que os que residem na região da zona rural do município seriam 9.385, correspondendo a 53,3% de homens e 8.211 habitantes do sexo feminino, correspondendo a 46,7%, dentre os quais podemos destacar os povos das águas e das florestas, como: os quilombolas, os extrativistas, os agricultores familiares, os ribeirinhos, os pescadores, dentre outros. O município possui 20.397 eleitores, correspondendo 72% da população total, sendo 10.003 do sexo feminino, correspondendo a 49,04 eleitoras e 10.384 do sexo masculino, correspondendo a 50.91 de eleitores (2018), localizado no nordeste do Estado do Pará. O município tem três candidatos à Prefeitura e 94 candidatos a vereador para disputar eleições de 2024, segundo o TSE, sendo a eleição no dia 6 de outubro do corrente ano.

           Com documentos cedidos para este artigo e, sendo diretora, naquele momento, da Escola Sede “D. Mário de Vilas Boas”, a Professora Iracema Heitor da Silva observa que em 2001 houve a solicitação, conforme Ofício nº 069/2001, de 17 de maio de 2001, com assinaturas do Prefeito Miguel Bernardo da Costa, da Secretária Municipal de Educação,  Rosângela Maria Vasconcelos Gomes e dela (diretora), para implantação do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, que passaria a atender o ensino médio no município. E a exposição de motivos da implantação enviada para a Secretaria Estadual de Educação, aos cuidados da responsável pelo projeto, Professora Nádia Eliane Cortez Brasil, do Departamento do SOME, diz o seguinte, no primeiro parágrafo: ”A implantação do Projeto SOME, em nível de ensino médio, faz-se necessário pelo fato de que nosso município conta hoje com um quadro de 7.310 alunos da rede municipal de ensino, sendo que, 5.160 destes alunos, se encontram na Zona Rural. A esse número soma-se, ainda, 79 alunos que pertencem ao quadro do Estado. São alunos que cursam o ensino médio e precisam deslocar-se todos os dias de suas casas, alguns saem 03h00min horas (Manhã) para apanhar o transporte escolar e chegar até a sede do município”. A exposição frisa, também, que, em virtude do crescimento de alunos, o transporte escolar já não contempla confortavelmente toda clientela atendida, causando a superlotação dos ônibus e fazendo com que os alunos corram riscos diante de tal situação.

           A Professora Iracema Heitor, enfatiza na entrevista que, com a implantação do SOME em Bujaru, em 2003, ficou o gerenciamento, em um primeiro momento, à Prefeitura Municipal, que só após o desmantelamento do SOME pela então Secretaria estadual de Educação, Rosa Cunha, quando retirou 60% da gratificação de deslocamento, passagens de aviões, material didático, Convênio com municípios, entre outros, é que o SOME passou a ser gerenciado pela Escola Sede, ou seja, só a partir do segundo semestre. Neste momento, saíram do SOME 192 Professores, por não concordarem com a política autoritária e nefasta para a educação do Estado, inclusive, minha pessoa. E, continua, o Ofício foi solicitando a implantação das localidades de Ponta de Terra (24 alunos), Km 29 (Com 29 alunos), São Raimundo (60 alunos), São Sebastião (29 alunos), São Lopes (32 alunos), Santana (15 alunos) e Santa Maria (34 alunos). Mesmo com a solicitação de sete localidades, com números suficientes de demanda, a SEDUC só liberou dois polos que foram os de São Raimundo e o da Curva. As outras localidades foram sendo implantadas gradativamente, menos a Vila Santana e Santa Maria, que, até o momento, não foram liberadas. Os alunos de Santana se deslocam para o Km 29, a fim de estudar. A informante ressalta, através de documentos, a solicitação para implantações do SOME no município e a importância da Casa dos Professores como base para muitos professores que se deslocavam de outros municípios ou da capital do Estado, Belém.

           Segundo a ex-coordenadora, Simone Soares Sampaio, o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, em Bujaru, foi implantado em 2003, em dois polos, na Curva e São Raimundo, funcionando só com primeiro ano e, gradativamente, foram aumentando as turmas e, em 2005, completou as séries seguintes”. E Continua: “A partir de 2006 o número de polos aumentou, sendo implantado nas localidades de São Sebastião, São Lopes, Providência e Ponta de Terra, tendo seu início na localidade de Traquateua, em 2007, e no Km 20, que era chamado de Providência II, como se fosse a extensão do polo de Providência, já que o número de turmas era bastante pequeno”.

           Para o Professor Valdivino Cunha da Silva sua história tem uma relação prazerosa com o SOME e com o município de Bujaru, pois, concomitantemente, foi lá que iniciou sua carreira profissional no magistério, como professor de Sociologia. O referido professor iniciou suas atividades docentes na localidade de São Raimundo. Segundo ele, as medidas para melhorias da educação no município, caso tivesse poderes, injetaria um maior volume de recursos financeiros, sendo que esse aporte de recursos seria aplicado no sentido de melhorar o exercício da docência, garantir a universalidade e a qualidade da merenda escolar. Melhoraria também a infraestrutura, incluindo a Casa dos Professores, as escolas e o transporte escolar. Faria um grande seminário com todos os seguimentos envolvidos com a educação de Bujaru para levantar e hierarquizar as demandas. O informante ressalta que o deixa orgulhoso fazer parte dessa política pública inclusiva, e, feliz, quando vê, de vez em quando, alunos do SOME sendo aprovados nos vestibulares. Segundo o Professor, isso comprova a importância do SOME para as localidades interiorizadas deste Pará, e faz dele uma das políticas pública mais inclusiva; assim como quando se vê diante de ex-alunos do SOME que se tornaram professores, o que é sinal de que a semente vingou e deu frutos. (...) Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender.

           Na localidade de Ponta de Terra O SOME foi extinto em 2013 em função do descompromisso da Direção da Escola D. Mário com a comunidade, já que desejava a  saída do SOME, prejudicando muitos alunos e alunas, uma vez que, com a implantação do regime regular, o quadro de docentes não estava completo e, sendo a maioria contratados, diferente dos educadores do SOME, que são professores concursados e efetivos, muitos possuindo especializações e mestrados. Um grande retrocesso e precariedade para a educação bujaruense, fazendo com que alguns alunos que tinham condições se deslocassem para Bujaru sede, o município de Santa Izabel e Belém.

           Na época da implantação, o quadro de professores do SOME era completo, sendo um dos pioneiros o Professor de Espanhol e Língua Portuguesa Railson Fernandes Elmescany e a Professora Nazaré Laurido, de Língua Portuguesa. Segundo o Professor Railson, nos polos que tinha, neste momento, era São Raimundo e Curva, e passaram dois professores que eram: Enock, de matemática e França de Geografia. E continua: neste período foram cortadas 60% de gratificação dos professores, o que fez com que os professores parassem de trabalhar nas duas localidades de funcionamento, sendo contratado para trabalhar no KM 29, Curva, com algumas turmas, sua primeira localidade de trabalho pelo SOME, com as mesmas dificuldades que ainda temos hoje, como as Casa para Professores. Nos dois primeiros anos que trabalhou na Curva, dormia numa maca, inclusive, algumas vezes, quando retornava à noite das aulas, geralmente, encontrava sangue no corredor. Provavelmente, D. Graça tinha feito algum curativo. Neste momento, era sujeito a aceitar essa situação, até porque era novo e precisava trabalhar. O informante ressalta que, em São Raimundo, a Diretora era Conceição Vera e, no Km 29, a Nilcelene. Railson, diz que, com a chegada do novo Prefeito Emanoel Muniz, solicita a ampliação a partir de 2005 e chegando novos professores, como Célia Machado, de Biologia; ele, Denis Heitor, de Matemática, João Wanzeller, de Matemática; Girvânia Mesquita, de Geografia. Na entrevista, realizada no dia 12 de maio de 2018, frisou um dado cômico de sua experiência no SOME nesses quinze anos, que aconteceu na localidade de São Raimundo, em 2003. Naquele momento, não tinha energia e trabalhava com a disciplina de Artes, sobre as atividades pedagógicas voltadas para lendas e mitos da região, e falava-se muito em Matin, Curupira e outras lendas. Quando foi numa certa noite, segundo o linguajar dos moradores, foi “amassado” pela Matinta Perera e Matin, já que não conseguia falar, não conseguia se mexer e assim aconteceram outras vezes. Finalizando sua conversa, informou que com a expansão, a partir de 2005, o SOME assume o fundamental em São Raimundo e Ponta de Terra, aumentando o número de alunos, assim como carga horária para os professores.

           Nesses 21 anos de implantação do SOME no município de Bujaru, podemos observador que esta modalidade de ensino deu uma grande contribuição e desenvolvimento para o município.

           Ressalto que, com a ocorrência anotada em 2005, a Secretaria Estadual de Educação do Estado do Pará – SEDUC, através da portaria 064/05, definiu a classificação dos municípios e localidades pelas categorias A, B e C, considerando o nível de dificuldade de acesso às localidades, nos termos estabelecidos pelo decreto nº 390/2003, 30%, 60% e 100%. Isso provoca desestruturação no quadro de professores na época, contribuindo com a descentralização do SOME, ficando sob responsabilidade das Unidades Regionais de Educação – URES e Escolas Sedes, tirando toda responsabilidade do Departamento do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME que ficava na sede da Secretaria Estadual de Educação – SEDUC, em Belém do Pará. Logo, as oligarquias municipais controlam a educação e, em especial, o SOME, sendo inclusive removidos professores com outros vínculos, que não era só do estado. Em 2003, foi o marco histórico pela descaracterização do SOME e da educação interiorizada na Amazônia paraense.

           Através de muitas reivindicações e lutas da categoria dos professores, em 29 de abril de 2014, por da Lei nº  7.886, o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME foi estabelecido como Política Pública Educacional do Estado do Pará, no âmbito da Secretaria de Estado de Educação.

           (...) A educação é política! Depois de descobrir que também é um político, o professor tem de se perguntar: “Que tipo de política estou fazendo em classe?” Ou seja: “Estou sendo um professor a favor de quem?”. Ao se perguntar a favor de quem está educando, o professor também deve perguntar contra quem está educando. São 44 anos de SOME no Estado Pará, desses, 21 anos no município de Bujaru. Viva os 44 anos do SOME!

Informantes: Iracema Heitor da Silva, Maria Eliete da Silva Mesquita, Railson Fernandes Elmescany, Simone Sampaio, Valdivino Cunha da Silva.

Bibliografia

Fundação Instituto Para o Desenvolvimento da Amazônia – FIDESA. Relatório Preliminar da Pesquisa: Avaliação Diagnóstica do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME no Estado do Pará, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Paz e Terra. 2003.

FREIRE, Paulo & Shor, Ira. Medo e Ousadia. Paz e Terra. 2003.

OLIVEIRA, José Ribamar Lira e & outros (Org.). Contando a História e a Memória de Nova Providência. Nova Providência, Bujaru. 2018.

OLIVEIRA, José Ribamar Lira e & outros (Org). São Raimundo: Histórias e Memórias. São Raimundo, Bujaru. 2011.

_________________________________________ São Lopes: História e Memória. São Lopes, Bujaru. 2012.

_________________________________________ Ponta de Terra: História e Memória. Ponta de Terra, Bujaru. 2011.

Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia. Quilombolas de Bujaru e Concórdia. Nº 11. 2006.


sábado, 13 de julho de 2024

CARTA ABERTA À POPULAÇÂO

 

           

           Os participantes do I SEMINÁRIO SOBRE A POLUIÇÃO DO RIO TAPAJÓS, realizado nos dias 26, 27 e 28/11/92, no Esporte Clube Rodoviário, no município de Aveiro, promovido pelo SOME - Sistema de Organização Modular de Ensino de 2º Grau, que contou com a presença de uma equipe do GDA (Grupo de Defesa da Amazônia), após diversas palestras e discussões feitas sobre a questão mercurial no Vale do Tapajós, vem a público externar suas conclusões: em decorrência dos tipos de garimpagens praticadas, a atividade garimpeira tem lançado mais de 1200 toneladas de mercúrio no meio ambiente, causando a poluição do ar e do rio atingindo a flora e a fauna. Inclusive, a mudança da cor da água do Rio Tapajós deu-se devido o lançamento de grande quantidade de óleo diesel, detergentes, graxas e sabão. E isso afeta diretamente o homem da região que tem como alimento básico o peixe retirado desse mesmo rio contaminado; pois a quantidade de mercúrio lançado na água já ultrapassa o limite máximo tolerável. Isto significa que toda população que vive às margens do rio Tapajós está exposta ao perigo da contaminação. E os efeitos do mercúrio no ser humano são: dor de cabeça, problemas respiratórios, aborto, impotência sexual, tontura, tremores, perda da memória, queda de cabelo, nervosismo, dificuldade para andar e falar, paralisia dos braços e pernas, crianças nascidas com defeitos físicos, etc. Nota-se que os peixes do vale do Tapajós não apresentam mais seu característico sabor original, além de se conservarem mais que duas horas. 

         É claro que as riquezas minerais de uma região têm que ser exploradas e aproveitadas com a finalidade de haver melhorias na qualidade de vida dos habitantes da região, gerando divisas par o o país e propiciando o bem estar social.

        Em consideração a isso, deve-se ressaltar que não se é contra a atividade garimpeira nem tampouco nega-se o direito de explorar essa mesma riqueza. 

       Denuncia-se, sim, a forma inescrupulosa e depredadora com essa atividade tem sido feita, resultando na contínua e brutal agressão do meio ambiente. Existem maneiras e técnicas de se conciliar o aproveitamento dos recursos minerais com a preservação da natureza.  

        Além do fato de que essa imensa e rica região nunca esteve tão pobre. O progresso e a prosperidade ainda estão muito distantes. A extração do ouro pouco ou nada favorece a região e aos trabalhadores garimpeiros, apenas beneficia uma minoria privilegiada, uma vez que 70% da produção não fica na região, mas é escoada para outros países de forma clandestina. Diante desse quadro, fica evidente que estamos sendo espoliados de todas as formas: levam o nosso ouro e em troca deixam fome, a miséria, a doença, o sofrimento e a morte.

           E, percebe-se um total descaso das autoridades em relação a situação acima mencionada. Não há nenhuma preocupação ou interesse em providenciar soluções.

          É necessário que a população esteja esclarecida e alerta para esses problemas que diretamente lhes afeta e, numa ação organizada, pressionar essas autoridades e órgãos competentes para que estas despertem para a gravidade do problema e procurem tomar medidas concretas e urgentes para minimizar tal quadro, bem como abrir uma ampla discussão, envolvendo todos os setores organizados da sociedade no sentido de se chegar a uma futura solução

           Somente unidos e organizados, poderemos expulsar o fantasma de uma tragédia que paira sobre nossa região.   

domingo, 30 de junho de 2024

Os Saltimbancos da Educação

 





Recebi como doação da ex-professora Maria José Amaral Viana, ex-professora por muitos anos do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME, a revista Sala de Aula, Ano 1 - Nº 7, NOV 88 - Cz$ 200,00, qual fiz releitura da matéria Os Mestres Navegantes da Amazônia, que trata sobre uma das maiores políticas públicas educacionais da Amazônia. A capa da referida revista trás imagem tipicamente característica das viagens de deslocamentos dos modulindos  e modulindas nos rincões interioranos do Estado do Pará. Segundo a revista a "trupe de Saltimbancos do Sistema Modular, no baixo Tocantins, 2º grau se espalha pelo interior do Pará". A Doutora e Professora Glória Maria Farias da Rocha, uma grande liderança da categoria dos educadores estadual, foi Presidente do Sindicato do Professores do Estado do Pará - SINTEPP,  e uma das primeiras professoras desta política pública aparece na imagem se deslocando para o seu local de trabalho.





Segundo a revista, nos oitos anos de SOME no Estado, um grupo de 138 professores da Secretaria Estadual da Educação - SEDUC/PA atendia para formar novas gerações em escolas de 34 municípios e 12 localidades. Como projeto pioneiro e inovador, o Sistema Modular triplicou os cursos de 2º Grau nos últimos oito anos. Nas andanças dos Modulindos e Modulindas que conhecem o chão que pisam, foram apelidados de Saltimbancos da Educação, através do sistema de itinerantes por módulos.      

 



Na entrevista para a matéria, a Professora Glória Rocha, enfatiza que para ingressar no modular, o professor deve ser forte, e diz: - Temos que renunciar a muita coisa e abrir mão da nossa privacidade. Naquele momento, com 78 homens e 60 mulheres, tendo em idade média 27 anos, sendo a maioria solteira. Para Albene Lis Monteiro, do Departamento do 2º Grau, aborda em entrevista que para muitos professores: - Há muita solidão e alguns professores tiveram problema de embriaguez. E continua, em se tratando de romance: - Houve um colega que se casou com uma aluna e também dois professores que estão noivos. Para Rosa Gomes da Costa, Coordenadora Geral do Modular: Eu mesmo já namorei com um ex-aluno. Relatos marcantes para reflexões. 





Outros relatos de colegas do SOME e a contextualização histórica do Sistema Modular são abordados na matéria. 




Uma releitura de domingo desta revista que tinha feito a leitura no ano de 1989, ano de minha entrada no SOME. Vamos continuar com algumas considerações sobre esta matéria, aguardem!


sábado, 25 de maio de 2024

LAPSUS

 






Um pai idoso e com Alzheimer. Um filho expulso de casa por ser gay e que agora volta pra cuidar desse pai doente. Frente à frente, eles revisitam a trajetória dessa relação, relembrando momentos de afeto e mágoa na busca de uma redenção. Um segredo entre eles.


O argumento de Marton Maués resulta na emocionante dramaturgia costurada por Mário Zumba e recheada de dor, perdão e amor. Assim nasce o projeto LAPSUS, da leitura dramática realizada pelos atores Marton Maués e Mário Zumba. Desde janeiro de 2023 o projeto já foi apresentado em residências, jornadas pedagógicas, centros culturais, pousadas, livrarias, quintais e na 1ª Mostra de Teatro Koringa.


E agora estará no Nosso Pátio Cultural.


Não perde!


Vamos ao teatro!

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