*Valdivino Cunha
A pouca euforia proporcionadas pelas eleições se
passaram. Agora, vem a dura realidade da vida das cidades brasileiras. Nas
cidades em que o prefeito se reelegeu ou elegeu seu sucessor, trás consigo o desespero
de cobrir o rombo com os gastos eleitorais, obras inacabadas... naquelas
cidades onde o prefeito não se reelegeu, a coisa é pior, pois, os urubus, o
lixo, e o caos vão tomar contas das cidades. Agora começa a fase dos saques dos
bens públicos, móveis e imóveis, enfim, terra arrasada. É a história que se repete,
contrariando o axioma de Heráclito quando diz que “Nenhum homem é capaz de
atravessar o mesmo rio duas vezes, porque nem ele nem o rio serão os mesmos” .
O filósofo grego que me perdoe, mas a historia das cidades brasileiras
pós-eleições se repete.
Em que pese o segundo turno em dezesseis cidades
brasileiras, aquelas que tem mais de 200
mil habitantes, a história política de muitas delas já está encerrada e o que
se percebeu ao longo e desgastante período eleitoral, foi uma participação
pífia do eleitorado. Salvo casos isolados, a militância ficou indiferente,
afinal, bandeiras como ética, transparência e honestidade estiveram ausentes
dos palanques, notadamente do PT que em tempos idos, fazia dessa tríade, seu
rumo. Faltou combustível para a militância. A distância entre PT, PSDB, PMDB,
DEM na era do mensalão já não existe mais.
Aqui em Belém, Edmilson Rodrigues, do PSOL, que no
inicio estava bem na frente nas pesquisas eleitorais, vai disputar o segundo
turno com Zenaldo Coutinho, do PSDB, que veio crescendo lenta mas
gradativamente nas pesquisas eleitorais e ao que tudo indica, a disputa será
acirradíssima. Edmilson trás consigo a bagagem de já ter sido duas vezes
prefeito de Belém e Zenaldo, além do apoio do governador, a possibilidade de um
leque de alianças, o mesmo não se pode afirmar sobre Edmilson Rodrigues.
Um fato que até certo ponto foi surpreendente, foi
o terceiro lugar em número de votos, dados ao genérico do Wlad, Jefferson Lima,
do PPS que tem como trunfo uma emissora de
rádio que faz dela seu instrumento de transmitir bobagens, via ondas de
rádio. O candidato do PMDB, Priante não decolou, e Jordy, do PPS, decepcionou. Alfredo Costa, do PT, teve uma votação
vergonhosa, pífia para um partido que se diz grande. Alfredo Costa foi indicado
por falta de opção. A história do PT no
Pará precisa ser reconstruída, se é que isso é possível, pois a época das vacas
gordas já passou.
Quanto aos vereadores, Marinor Brito, do PSOL, foi
a grande campeão de votos para a câmara municipal de Belém em 2012, com quase
vinte e dois mil votos, mais da metade do que o segundo colocado. Ela colheu os
frutos que a mídia lhe proporcionou quando no exercício do Senado Federal,
aliado militância aguerrida e
experiência de vereança de outros mandatos. Algumas raposas se mantiveram no poder,
outras felizmente, não se elegeram e já se foram tarde demais.
A questão religiosa se misturou com a política,
notadamente a linha evangélica. Não se sabe ao certo onde começa a religião e
onde termina a política. O certo mesmo é que as igrejas se transformaram num
grande cartório eleitoral, coisa de família, que digam os “pastores”.
Algumas lições precisam serem tiradas uma delas é
de que (felizmente):
1-
Ter a “máquina” nas mãos não é
garantia de vitória
2-
Dinheiro por si só é bom, ajuda
muito, mas não é tudo.
3-
O “indicado” nem sempre cai na
preferencia do eleitorado
4-
Obras mesmo “faraônicas” nem sempre
se traduz em votos
5-
Nem sempre os melhores vencem, assim
como também os ruins muitas vezes, “faturam” um posto, seja no executivo ou no
legislativo e teremos engoli-los por 4
anos. Haja estômago!
*Sociólogo e professor da rede Pública Estadual de Ensino-SOME
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