Quando pensei em escrever este texto, estava relendo a obra
de Raymond Williams “O Campo e a Cidade”, da Companhia do Bolso, tendo com
suporte três dicionários: Dicionário de Conceitos Históricos, da Editora
Contexto; Dicionário das Ciências Históricas, da Editora Imago e o Dicionário
de Educação do Campo, da Expressão Popular.
Willians (2011) trabalha com conceitos entre Cidade e Campo,
muito interessante e as ideias que estão ao seu redor, que frisaremos
principalmente o Campo, que é nosso interesse em relacionar com a educação
modular na Amazônia paraense. O Sistema
de Organização Modular de Ensino – SOME, a partir de 2014, com a Lei Nº 7.806
torna-se uma política pública após 35 anos de existência no estado do
Pará. No dia 15 último, o SOME completou
39 anos de educação funcionando em diversas localidades, sob o gerenciando da
Secretaria Estadual de Educação – SEDUC.
Segundo o autor a ideia que se tem do Campo parte da palavra
inglesa the country que pode ser considerada toda sociedade ou uma parte do
rural. Fica evidente a relação entre Cidade e Campo na história da sociedade
humana, partindo do princípio que é do Campo que é extraído a sobrevivência dos
trabalhadores rurais e o comércio dos meios de subsistência, tanto do homem do
Campo, como da Cidade. Portanto, com base na ideia do autor, temos diversos
alunos, que vivem do campo explorando e extraindo a matéria prima, como as
comunidades quilombolas, comunidades de ribeirinhos que vivem da pesca,
comunidades indígenas nas florestas, comunidades de assentamentos e
trabalhadores que sobrevivem dos produtos da terra. Essa é à base da clientela
dessa política pública, considerada uma das maiores de inclusão social da
Amazônia.
Outro aspecto importante para ressaltar da obra em questão,
trata o campo como associado à forma natural como o ser humano que vive em um
ambiente calmo, de paz, inocência e virtudes simples, segundo o autor,
diferente da realidade de Cidade. O Campo para Willians se associa também
ideias negativas, como do “atraso ignorância e limitação” e continua: “A
realidade histórica, porém, é surpreendentemente variada. A ´forma de vida
campestre´ engloba as mais diversas práticas _- de caçadores, pastores,
fazendeiros e empresários agroindustriais -, e sua organização varia de tribo
ao feudo, do camponês e pequeno arrendatário à comuna rural, dos latifúndios e
plantations às grandes empresas agroindustriais capitalistas e fazendas
estatais”. Para descortinar essa ideia
histórica que vem sendo abordado desde antiguidade, temos que entender a luta
política da educação básica do campo, seus meandros e o cenário dentro do
contexto dos direitos humanos, nas áreas rurais de nosso país nas últimas
décadas. Isso também é importante enfatizar o papel do educador do SOME, como
estimulador e provocador de sua relação nos movimentos sociais do Campo e seus
desafios e não só trabalhar com conteúdos, envolvendo os atores sociais
enquanto sujeitos de um processo de mobilizações e mudanças.
As comunidades rurais são dispersas e nucleares, como era
Grã-Bretanha, assim como podemos perceber em outros locais do mundo. Para Willians
essa concepção em estudo faz uma das diferenças em relação à Cidade, porém
estão associadas em virtude de uma série de situações e contextos, inclusive,
já frisados acima. No Some e o Campo da Amazônia paraense onde funcionou e se
encontra em funcionamento as localidade onde possui a estrutura dessa política
pública não é muito diferente dessa ideia abordada pelo autor, já que temos uma
escola polo, sendo a maioria pertencente ao município, que serve de base para
receber ou aluno (a)s de localidade circunvizinhas. O deslocamento da clientela
do Some é realizado através do Programa do governo federal que é o transporte
escolar. Vans, Ônibus, Kombi, motor de popa, rabeta, canoa, casco, entre outros
veículos são os meios de transportes utilizados que são pagos pelo governo
federal, através de verbas públicas destinadas para esse programa.
O autor da obra busca através desse contexto fazer a relação
de sua vida pessoal do campo como a relação à cidade, dentro do aspecto
cultural, discutindo o mundo de trabalho. Suas ideias e objetos de estudos que
vem desde antes da Revolução Industrial me serviram para fazer essa
contextualização em relação à educação do campo, com ênfase a política pública
do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, no momento atual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário