Enquanto professores de história e historiadores não concordamos com o
processo de crescente autoritarismo e a propagação de discursos racistas,
misóginos e antidemocráticos que temos atualmente na sociedade brasileira,
assim como com a imposição de uma reforma autoritária do ensino pelo governo
federal na forma da proposição da “Escola sem partido”.
Nós educadores, que estamos envolvidos com a escola pública diretamente,
no dia a dia da realidade escolar, temos que nos preocupar em buscar uma
compreensão desta realidade em transformação em que nos encontramos. As mudanças
a que estamos assistindo, tanto ao nível internacional quanto a nível nacional,
têm suas raízes em um crescente processo de crise e ruptura do padrão de
acumulação do capital que se configurou no pós-guerra.
Contemplamos o declínio das condições mínimas de regulação de relações
sociais e econômicas, assim como a desmesurada retirada de direitos das classes
trabalhadoras. A prática pedagógica implica consideração tanto da intervenção
do educador sobre esta realidade, quanto sua capacidade de compreendê-la com
vistas a transformá-la.
Deste modo consideramos que os conceitos introduzidos por Marx¹, ao
longo de sua extensa obra, constituem um fundamento central para construção de
nossa “práxis”, com base numa pedagogia que satisfaça a necessidade social de
educação e a possibilidade de construção do Socialismo oposta ao atual quadro
de barbárie capitalista.
Assim, o pensamento de Marx e sua capacidade de integrar a economia, a história, a geografia, a filosofia, a sociologia, a demografia e a antropologia num todo interativo, configura robusto instrumental de análise da sociedade capitalista e de ferramenta de ação transformadora sobre a mesma.
Hobsbawn², importante historiador marxista, destaca uma percepção
semelhante: a “abrangência universal” do pensamento de Marx não “se trata de um
pensamento ‘interdisciplinar’ no sentido convencional, mas integra todas as
disciplinas”. Convém observar que o marxismo não reivindica a abrangência ou
forma científica unânime para as ciências sociais, muito ao invés, se vale do
conjunto de contribuições de outras epistemologias, buscando dialogar e
enriquecer-se.
Não há interatividade que não esteja de acordo com o método de análise dialético, enquanto que a positividade estabelecida pelas ciências sociais mecanicistas impossibilita o tratamento comum da realidade-concreta capitalista, seja pela percepção a-histórica destas formas de compreensão científica, seja pela pretensa neutralidade que assumem no discurso, fato totalmente incongruente com uma realidade social baseada na divisão de classes, na exploração e alienação do trabalho, em suma na existência da sociedade do capital.
Em uma época em que novamente o capitalismo se vê em intensa crise,
impondo novas perdas de direitos sociais como forma de aprofundar a exploração
do trabalho, através de terceirização e do fim de direitos trabalhistas
consagrados em formas históricas de regulação da exploração, a releitura de
Marx abre novas veredas para compreensão do agora senil capitalismo e, ao mesmo
tempo, como já indicado pelo próprio autor: não basta ao filósofo somente
compreender, faz-se mister atuar na transformação da nossa realidade, superando
em definitivo esta primitiva pré-história humana.
O grupo foi criado pelos professores da rede de ensino estadual do Pará,
objetivando:
1) reunir os professores que se identificam com a proposta;
2) produzir trabalhos que tem como método o materialismo histórico;
3) divulgar conhecimentos marxistas entre os professores, e provocar
debates e ações alternativas relativas ao ensino e à teoria da história
positivista;
4) organizar os professores como forma de resistência pela justiça
social e pelo Socialismo.
Consolidado o grupo, vamos ampliar para mais interessados e
solicitações, buscando garantir sempre os objetivos do grupo.
Ressaltamos que o Grupo de Historiadores Marxistas, cujos membros e
apoiadores estão abaixo identificados, defende bandeiras importantes para
sociedade brasileira, como o Socialismo, o ensino público laico, politécnico,
gratuito a a formação continuada dos professores, e se posiciona contra a
reforma da previdência em curso, assim como contra o projeto de destruição das
IFE’s estabelecido pelo programa “Future-se”.
1-José Ribamar Lira de
Oliveira
2 - João Lúcio Mazzini da Costa
3 - Leonardo Pantoja da Silva
2 - João Lúcio Mazzini da Costa
3 - Leonardo Pantoja da Silva
1 -
Karl Marx (1818 - 1883)
2 - Eric Hobsbawn (1917 - 2012)
2 - Eric Hobsbawn (1917 - 2012)
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