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terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Educadores em Movimento

 



                 *Carlos Prestes

                 *Ribamar Oliveira

 

 

Diversos profissionais se empenham em levar conhecimento às regiões distantes do Estado do Pará. Entre eles estão os educadores da política pública administrada pela SEDUC/PA, que atuam no Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), implementado em 1980 para suprir a demanda por ensino médio em vários municípios.

 

“Quão esperançosa não foi a implantação

Desse projeto de educação

Que levou aos recônditos  do Pará

Este ensino digno de se exaltar

Que vem aos trancos e barrancos se segurando

Que se chama sistema modular...”

 

Ao cruzar fronteiras, seja de cidades, municípios e localidades, os educadores moduleiros vivem experiências que transcendem as paredes da sala de aula. Cada jornada é um convite para o aprendizado mútuo, onde ensinar e aprender se entrelaçam nos detalhes do cotidiano, nas conversas com desconhecidos e nos contrastes culturais que pintam o mundo com múltiplas cores.

 

“Fronteiras invisíveis

Localidades encobertas

Educador pra toda obra

Experiencia fincada no dia a dia

Quebrando a parede que vai além

Muito além da sala de aula...”

 

Quando educadores moduleiros embarcam rumo ao desconhecido, carregam consigo não apenas livros, mas inquietações de quem deseja descobrir. Mas descobrir o quê? Porque ensinamos, porque queremos ensinar, o que queremos ensinar, pra quem ensinar e pra que ensinar. Só quando descobrimos isso é que ensinar passa a ter um sentido real e significativo em nossas vidas. E é nesse sentido que os olhares curiosos dos educadores transformam embarcações em salas de aula, ônibus em bibliotecas ambulantes e públicas, e praças em laboratórios de diálogos. Cada novo destino é uma página em branco, pronta para ser preenchida com histórias e aprendizados em novos capítulos que poderão surgir.

 

“E assim, embarca o educador

Rumo ao desconhecido

Nas mãos vai o livro

Mas no fundo, no fundo...

Quer descobrir-se a si mesmo

E vai preenchendo uma página em branco

Toda vez que aporta num município...”

 

Nos percursos, os educadores se deparam com profissionais de diferentes origens. As conversas sobre métodos de ensino, os desafios enfrentados em sistemas educacionais diversos e as soluções criativas tornam-se fonte de inspiração. As trocas de experiências transcendem as barreiras das línguas, culturas, ambientes: gestos, olhares e sorrisos criam pontes invisíveis que sustentam o aprendizado geral.

 

“Em meio a tantos educadores num só lugar

As origens são embaladas pra lá e pra cá

Os desafios hão que se enfrentar

Nas trocas de experiencias entre um e todos

Que transcendem barreiras

E até os ruídos de bafafás...”

 

Ensinar em ambientes diferentes exige flexibilidade e respeito. Os educadores moduleiros precisam adaptar suas ferramentas pedagógicas, entendendo que cada cultura possui seus ritmos, suas expectativas e suas formas de aprender. Ao lidar com as diferenças, os educadores descobrem os seus valores de ouvirem, observarem e reinventarem suas práticas, tornando-se cada vez mais plural e humano.

 

“A cultura tem suas múltiplas faces

E o aprender se revela nessa diversidade

De pensar por si e pra coletividade

Reinventando a prática de educar

A fim de se pluralizar e se humanizar

Por que valores não são vaidades...”

 

Nos retornos, os educadores moduleiros não são mais os mesmos. Carregam nas bagagens não só lembranças materiais, mas principalmente percepções renovadas sobre o ensino, o papel dos educadores e a riqueza das diversidades e suas culturas. Compartilham com colegas e alun@s histórias que provocam reflexões, ampliam horizontes e ensinam que o mundo pode ser explorado também pelos olhos do conhecimento.

 

“E quando voltamos pra casa

Muita coisa mudou... caiu a casca

A maleta vem mais pesada

rica, não de pedras preciosas

mas de uma esperança renovada

de tanta cultura compartilhada...”

 

Ser educador moduleiro é cultivar um espírito inquieto, aberto e generoso. É entender que cada lugar traz lições e cada pessoa pode ser mestre em algum saber. É mostrar aos alunos que aprender é um movimento constante, uma jornada que nunca se encerra e que se expande a cada novo passo dado além dos próprios limites.

 

“Ah, seu moduleiro itinerante!

De espírito inquieto, aberto e generoso

Colheste tantas lições

Aprendeste tanto com o mestre garoto

Ensinaste, sim, ensinaste

Mas sabes bem que o giro é constante...”

 

Assim, a prosa dos educadores moduleiros é um convite: que todos possam partir, mesmo que seja apenas pela imaginação, na busca por novos olhares sobre o mundo e sobre si mesmos.

 

“Essa prosa de moduleiro

É um convite pro velho e pro novo

Partamos, mesmo na imaginação

Aos antigos e novos refúgios

Não nos acomodemos

Vamos de mãos dadas olhar o mundo.”

 

 

 

*Os autores são escritores, poetas e ex-professores do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME


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