*Carlos Prestes
*Ribamar Oliveira
Diversos profissionais
se empenham em levar conhecimento às regiões distantes do Estado do Pará. Entre
eles estão os educadores da política pública administrada pela SEDUC/PA, que
atuam no Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), implementado em 1980
para suprir a demanda por ensino médio em vários municípios.
“Quão esperançosa não foi a implantação
Desse projeto de educação
Que levou aos recônditos
do Pará
Este ensino digno de se exaltar
Que vem aos trancos e barrancos se segurando
Que se chama sistema modular...”
Ao cruzar fronteiras, seja de cidades, municípios e
localidades, os educadores moduleiros vivem experiências que transcendem as
paredes da sala de aula. Cada jornada é um convite para o aprendizado mútuo,
onde ensinar e aprender se entrelaçam nos detalhes do cotidiano, nas conversas
com desconhecidos e nos contrastes culturais que pintam o mundo com múltiplas
cores.
“Fronteiras invisíveis
Localidades encobertas
Educador pra toda obra
Experiencia fincada no dia a dia
Quebrando a parede que vai além
Muito além da sala de aula...”
Quando educadores moduleiros embarcam rumo ao desconhecido,
carregam consigo não apenas livros, mas inquietações de quem deseja descobrir.
Mas descobrir o quê? Porque ensinamos, porque queremos ensinar, o que queremos
ensinar, pra quem ensinar e pra que ensinar. Só quando descobrimos isso é que
ensinar passa a ter um sentido real e significativo em nossas vidas. E é nesse
sentido que os olhares curiosos dos educadores transformam embarcações em salas
de aula, ônibus em bibliotecas ambulantes e públicas, e praças em laboratórios
de diálogos. Cada novo destino é uma página em branco, pronta para ser
preenchida com histórias e aprendizados em novos capítulos que poderão surgir.
“E assim, embarca o educador
Rumo ao desconhecido
Nas mãos vai o livro
Mas no fundo, no fundo...
Quer descobrir-se a si mesmo
E vai preenchendo uma página em branco
Toda vez que aporta num município...”
Nos percursos, os educadores se deparam com profissionais de
diferentes origens. As conversas sobre métodos de ensino, os desafios
enfrentados em sistemas educacionais diversos e as soluções criativas tornam-se
fonte de inspiração. As trocas de experiências transcendem as barreiras das
línguas, culturas, ambientes: gestos, olhares e sorrisos criam pontes
invisíveis que sustentam o aprendizado geral.
“Em meio a tantos educadores num só lugar
As origens são embaladas pra lá e pra cá
Os desafios hão que se enfrentar
Nas trocas de experiencias entre um e todos
Que transcendem barreiras
E até os ruídos de bafafás...”
Ensinar em ambientes diferentes exige flexibilidade e
respeito. Os educadores moduleiros precisam adaptar suas ferramentas
pedagógicas, entendendo que cada cultura possui seus ritmos, suas expectativas
e suas formas de aprender. Ao lidar com as diferenças, os educadores descobrem
os seus valores de ouvirem, observarem e reinventarem suas práticas,
tornando-se cada vez mais plural e humano.
“A cultura tem suas múltiplas faces
E o aprender se revela nessa diversidade
De pensar por si e pra coletividade
Reinventando a prática de educar
A fim de se pluralizar e se humanizar
Por que valores não são vaidades...”
Nos retornos, os educadores moduleiros não são mais os
mesmos. Carregam nas bagagens não só lembranças materiais, mas principalmente
percepções renovadas sobre o ensino, o papel dos educadores e a riqueza das
diversidades e suas culturas. Compartilham com colegas e alun@s histórias que
provocam reflexões, ampliam horizontes e ensinam que o mundo pode ser explorado
também pelos olhos do conhecimento.
“E quando voltamos pra casa
Muita coisa mudou... caiu a casca
A maleta vem mais pesada
rica, não de pedras preciosas
mas de uma esperança renovada
de tanta cultura compartilhada...”
Ser educador moduleiro é cultivar um espírito inquieto,
aberto e generoso. É entender que cada lugar traz lições e cada pessoa pode ser
mestre em algum saber. É mostrar aos alunos que aprender é um movimento
constante, uma jornada que nunca se encerra e que se expande a cada novo passo
dado além dos próprios limites.
“Ah, seu moduleiro itinerante!
De espírito inquieto, aberto e generoso
Colheste tantas lições
Aprendeste tanto com o mestre garoto
Ensinaste, sim, ensinaste
Mas sabes bem que o giro é constante...”
Assim, a prosa dos educadores moduleiros é um convite: que
todos possam partir, mesmo que seja apenas pela imaginação, na busca por novos
olhares sobre o mundo e sobre si mesmos.
“Essa prosa de moduleiro
É um convite pro velho e pro novo
Partamos, mesmo na imaginação
Aos antigos e novos refúgios
Não nos acomodemos
Vamos de mãos dadas olhar o mundo.”
*Os autores são escritores, poetas e ex-professores do
Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME
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