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segunda-feira, 1 de março de 2021

Mário Sérgio Cortella,Tom Cavalcante e a auto-ajuda


                                               *Valdivino Cunha da Silva


Um escreveu bobagens alienantes, o outro ratificou. Tom diz que o humor faz criar consciência, mas neste caso, não. O texto tem o título de Muito Triste, quando na verdade deveria ser Muito Indignante. No texto de Cortella, que Tom Cavalcante interpretou, ele faz a interrogação perguntando de quem é a culpa pela pandemia. Ele pergunta se a culpa recai sobre os prefeitos, dos médicos, dos economistas, do Ministro da Saúde ou do Presidente e conclui dizendo que não que a culpa não é deles. Só faltou dizer que a culpa é da população. A culpa é deles sim! É de muitos médicos que veem o vírus somente pela ótica da medicina, isoladamente. A culpa é de todos aqueles prefeitos que se guiaram pela imbecilidade de Bolsonaro, a culpa é dos economistas medíocres, que privilegiam a economia em detrimento da vida, a culpa a é do Ministro da Saúde que não entende absolutamente nada de saúde pública e é um capacho do Presidente, mas fundamentalmente a culpa é do Presidente, que é um   insano.



Com esse pensamento eles querem naturalizar o vírus e consequentemente, a morte. Eles estão na modernidade, mas seus pensamentos são da Idade Média. O vírus (Covid 19) não é natural, é da Pólis, surgido na pólis e só existe porque há uma pólis desestruturada, sem saneamento básico, com meio ambiente degradado, com esgoto a céu aberto, sem água e quando tem não é tratada, com populações com total abandono por parte das políticas públicas. Eles querem que vejamos o mundo de forma mágica e que os problemas podem ser resolvidos com orações e orações.



A culpa é do Presidente porque não decretou e nem decreta o lockdown quando é necessário garantindo uma renda mínima a quem dela de fato necessita e assim possibilitar que as pessoas fiquem em casa e não se exponham a morte. Não é falta de dinheiro, a falta  é de priorização, afinal, para o centrão, para    aprovar a reforma da previdência e fazer o Presidente da Câmara e do senado, tem.



Tom Cavalcante lendo o texto de Cortella diz que todos somos iguais. Iguais uma ova! Esse vírus é político, ele tem uma identidade. Quando o pobre pega o Covid muitas vezes ele morre nas filas do SUS por falta de oxigênio, os ricos, pegam jatinho particulares e vão se tratar no hospital Sírio Libanês. Os ricos morrem também, mas numa proporcionalidade bem menor, pois eles conseguem fazer o isolamento social, suas casas tem água potável, suas casas tem diversos cômodos, habitam menos gente por metro quadrado e essas condições faz toda diferença.



Ele pergunta quantas pessoas vão morrer e eu respondo: No Brasil, já morreram até agora mais de 255.000! Mas preferem naturalizar a morte, eles acreditam no destino, na lei do mais apto e na imunidade de rebanho. O humorista Tom Cavalcante deveria ter como palco para o seu humor o cemitério, já filósofo Mário Sérgio Cortella deveria rasgar seu diploma de filósofo e atuar no ramo da auto-ajuda, porque não entende absolutamente nada de biopolítica ou biopoder.


*Valdivino Cunha da Silva é Sociólogo e Professor.

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