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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

O Sangue Cabano, Não Morre!




Um dos maiores movimentos de resistências na Amazônia paraense teve início no dia 07 de janeiro de 1835 que é considerada uma data memorável se levado em conta que naquele período teve início a Revolução da Cabanagem, movimento que retrata a revolta de uma população que desejava no mínimo " o direito de lutar pelo que foi negado aos habitantes da região, o direito elementar da cidadania". A organização da sociedade Imperial com suas funções definidas foi fator determinante naquele momento, pois, a função da "boa sociedade" era governar, administrar, manter a "ordem" alijando a maioria da população desse processo, ou seja, é na distribuição das funções que aparece a marca daquela sociedade - a desigualdade social, sendo a ralé excluída do processo produtivo da sociedade.

 

 

Assim o povo sofrido mostrou mais uma vez, agora na Província do Grão-Pará, que tinha que se organizar e lutar contra os responsáveis pela exploração social e possuíam também o poder político. O tráfico das ideias contribuiu decisivamente na organização dessa luta, especialmente, pelos membros de instituições fortes, como a Igreja Católica e Maçonaria,




 

No ideário cabano salienta-se a figura de pessoas consideradas intelectuais como Felipe Alberto Patroni, Frei Francisco Luís Zagalo e o Padre João Batista Gonçalves Campos. Todos os definidores do projeto político-ideológico no processo desencadeador dos acontecimentos revolucionários no Grão-Pará. As ideias incomodavam os representantes do governo central; assim como, as elites econômicas e políticas da região.

 



Batista Campos morreu acidentalmente em 31 de dezembro de 1834, sem poder ver o desfecho do seu ideal - a Revolução. Contudo, este fato foi o motor propulsor de união entre os seguimentos no movimento cabano, como aconteceu no Movimento de Ocupação de Resistência da sede da SEDUC/Pa. envolvendo os povos originários, com mais de 15 etnias, quilombolas, ribeirinhos e professores da rede estadual.

 

Os cabanos do século XIX eram "basicamente índios, negros, mestiços de todas as combinações étnicas, libertos ou escravos, souberam organizar-se. E levaram sua luta às últimas  consequências até a tomada do poder".

 

Instalou-se o primeiro governo cabano com Félix Clemente Malcher, mas em virtude do seu autoritarismo foi deposto. Assumiu Francisco Pedro Vinagre.

 

Para sufocar o movimento cabano, chega do Rio de Janeiro o representante do Império, Marechal Rodrigues. Francisco Vinagre negocia o poder. Antônio Vinagre e seu grupo não aceitando esta negociação mobilizam pessoas do interior para o segundo ataque a Belém. No município de Vigia assaltam o Trem de Guerra a fim de reforçar o armamento.

 

Um outro recurso utilizado pelo Império foi o Corpo de Trabalhadores, cujo objetivo era suprir a escassa mão-de-obra e sufocar imediatamente o movimento cabano bem ativo e dinâmico.

 

O fim da Cabanagem representa também a extinção de muitos lugares, povoações, freguesias e vilas habitadas por tapuios e mestiços. O saldo humano foi muito pesado. Mas não devemos esquecer que a bandeira revolucionária era "Vencer ou Morrer". A maioria morreu e o ideário cabano permanece até os dias atuais.

 

Essa referência vem nas veias dos amazônidas encharcado de orgulho pela sua ancestralidade e guerreira, então um mês (12/01 - 13/02/2025) de ocupação da resistência na sede da SEDUC/PA pelos povos originários,  quilombolas,  ribeirinhos e professores, sendo hoje, 32 dias. Momentos históricos em que a Lei 10.820 e Exoneração do Secretário Estadual de Educação Rossieli Soares deixam marcas aos que participaram diretamente ou indiretamente desse levante popular em que a unidade de seguimentos significativos da sociedade foi importante nessa aprendizagem. 

 

Bloqueios de estradas, ocupações, greve, manifestações de ruas, marchas, mídias sociais e populares, esclarecimentos para sociedade civil, articulações e apoio de entidades, partidos, instituições  progressistas, intelectuais,  alguns artistas e políticos.

 

Nesses 31 dias, a presença efetiva de algumas entidades e instituições foram fundamentais; assim como, a organização dos povos originários para coordenar  esse levante popular.

 

Nunca a sede da SEDUC será a mesma, como aconteceu com a ocupação revoga. O cenário mudou totalmente, tendo em média 400 pessoas diariamente vivenciando experiências incríveis e trocando conhecimentos. Claro, que as vivências dos quilombolas de Acará são diferentes das realidades dos povos de Arapiuns, como do Tapajós. Isso também oportunizou  as pessoas urbanizadas conhecessem as outras  realidades. Interessante,  mesmo!

 


Ontem (13/02/2025), saiu no Diário oficial do Pará o acordo  entre o representante  da oligarquia Barbalho e os movimentos sociais e populares. A ocupação da resistência começou a esvaziar com a decisão desde ontem, após aprovação da lei, na ALEPA.


Com a ocupação da resistência, temos viários desdobramentos assumidos pelos manifestantes que já estão sendo articulados como encontros, fóruns,  grupos de estudos, pesquisas e as consolidações das amizades conquistadas durante o revoga. 


 

E não podemos esquecer da pressão no governo estadual e com a exoneração do Secretário Estadual de Educação Rossieli Soares,  já!

 

As imagens retratam bem o maior levante popular nos últimos anos no Estado do Pará.







 

O sangue cabano, não morre!

 

Em outras palavras: "OS MONSTROS DA TIRANIA CORTARAM CABEÇAS E ALIMENTARAM-SE DE SANGUE. TIVERAM FORÇAS PARA MATAR O CORPO, MAS (...) COM SUAS BAIONETAS E TORTURAS, NÃO PUDERAM MATAR A IDEIA, PORQUE ESTA É SAGRADA E TÃO GRANDE COMO O MUNDO. ... A IDEIA NÃO MORRE", segundo EDUARDO ANGELIM.









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