Levando em considerações que
percorrer diferentes regiões do Estado do Pará faz parte das atribuições de
determinados profissionais que se deslocam geralmente da capital do Estado para
municípios e localidades. Percebemos que, no entanto, esta é uma profissão que,
em geral, não recebe grande reconhecimento da sociedade em geral. Podemos
apresentar a seguir, que serão feitas considerações relacionadas às viagens
desempenhadas por profissionais dessa categoria no Pará, que são, em sua
maioria, dos educadores do Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME),
política pública gerenciada pela SEDUC/PA, que atende os filhos dos
extrativistas, assentamentos, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, camponeses,
indígenas, ramais, estradas,... Esses educadores atuam durante toda a semana
nas localidades em equipe, desenvolvendo tanto atividades pedagógicas em sala
de aula quanto projetos de intervenções adaptados à realidade local, seja na
comunidade ou na Escola de funcionamento dessa política pública. O SOME tem
como objetivo ampliar o acesso dos alunos do ensino médio e do ensino
fundamental da rede pública estadual. em colaboração com os municípios.
O deslocamento dos educadores do
Sistema de Organização Modular de Ensino é realizado por via marítima e
terrestre, já que desde 2003 a Seduc deixou de oferecer transporte aéreo devido
à centralização das escolas-polo. Isso faz com que educadores ainda enfrentem
viagens longas e arriscadas, como a travessia para municípios da ilha do
Marajó, onde o uso de embarcações é essencial, especialmente entre julho e
dezembro, período de ventos fortes e maresia. Logo, essa situação acarreta
riscos significativos para os docentes, tema que será detalhado em seguida.
Vejam aí, durante uma travessia para
um município marajoara, o barco atrasou cerca de duas horas devido ao mau
tempo, partindo somente quando o comandante considerou seguro. A travessia foi difícil, com o barco
enfrentando tempestades e muita instabilidade, causando preocupação entre os
passageiros, especialmente idosos. Apesar das condições perigosas, conseguimos
chegar ao destino após oito horas de viagem pela baía. Essas viagens pelas
ilhas do Marajó são sempre desafiadoras, especialmente para quem depende delas
para trabalhar nas localidades ribeirinhas da região e adjacências.
O retorno não apresentou grandes
diferenças em relação à ida; saímos por volta de 1 hora da manhã, aguardando o
tempo melhorar, pois as condições estavam ruins e enfrentamos bastante maresia
durante o percurso, tinha momento que sentia medo, vinham tantos pensamentos,
lembranças, deduzindo que poderia acontecer coisa pior. Com o passar do tempo,
nos acostumamos com essa situação, apesar dos riscos conhecidos, e conseguimos
manter um certo controle emocional, além de cuidar dos ocupantes da embarcação.
Chegamos a Belém do Pará quase às 9 horas da manhã, todos ainda sob tensão, e o
descanso foi difícil, já que mesmo com as redes atadas, era complicado dormir
devido à preocupação e ao constante balanço da embarcação. Apenas ao chegar ao
Porto da Estrada Nova foi possível sentir um alívio e a certeza de que tudo
ocorreu bem e fui correndo para os braços dos familiares.
Muito bacana, Riba 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
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