Parte de coleta de dados, parcial, realizada com alunos das turmas da 1ª série "A" e "B" e 2ª série "A" e "B", na localidade de São Joaquim de Ituquara, no município de Baião, durante reposição de aulas, nos meses de janeiro e fevereiro de 2014, pelo Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME.
Em comemorações ao Dia Internacional da Mulher, que será amanhã, dia 08, estamos postando. Viva o dia Internacional da Mulher, que são todos os dias.
MULHERES EM ITUQUARA:
Saberes e Memórias
Relações de Gêneros
O papel da mulher depois que se
estabeleceu a sociedade privada, se foi tratada de maneira inferiorizada, basta
que recorramos à história da Grécia Antiga que mesmo no apogeu da democracia
ateniense, foi reservado à mulher na hierarquia masculina um papel inferior. No
caso brasileiro, somente a partir da década de 30 é que a mulher passou a ter
direito a votar e essa submissão é imposta até hoje, onde além de ser
menosprezada socialmente, sofre diversos tipos de discriminação e violência,
seja ela psicológica moral ou física cantada em prosa e verso onde uma letra
cantada e muito cantada nas rádios décadas atrás diz: “Amélia que era mulher de
verdade, Amélia não tinha a menor vaidade, achava bonito não ter o que comer
aquilo sim é que era mulher” Os relatos a seguir tornam-se fundamentais à
medida que revelam um pouco da cultura construída ao longo de um processo de
formação histórica e geográfico-espacial; assim como abordam questões que
precisam ser refletidas por toda sociedade em relação aos saberes e suas
experiências vividas e adquiridas.
A História de dona Amélia, que não é a
mesma da música, nos relata sobre o seu passado, que ela passou muitas
dificuldades principalmente de água que era preciso carregar no balde do
igarapé para casa e subir uma ladeira enorme para poder chegar a casa com água.
O alimento que precisavam caçar no mato ou ir para o rio pra ter o que comer,
eles precisavam de arpão e caçavam de armas que eles mesmos faziam, quanto a
roupa era preciso comprar o pano que era ruim e muito caro, eles não tinham
emprego fixo.
O material escolar eles não
tinham, eram as mães que faziam para seus filhos, e a educação que era muito
ruim, porque não tinha professor e nem escola adequada para estudar, a saúde
não era boa não tinha posto de saúde no lugar que eles moravam, ela ia para o
mato para buscar lenha para fazer fogo, tudo isso aconteceu foi no passado
dela, ela falou que foi muito sofrido nessas partes da vida dela.
A respeito do marido dela, ele
nunca a maltratou ela, sempre que ele podia ajudava no que podia, e em geral as
pessoas daquela época achavam que o sustento da casa deveria depender apenas
dos homens. Por isso só eles deveriam trabalhar fora de casa, à
responsabilidade das esposas era cuidar da casa e dos filhos e hoje em dia não,
as mulheres conseguiram trabalhar fora de casa e conseguiram seu próprio
sustento, e não dependem só do homem.
Atualmente, o mundo é mais fácil,
o estudo, a alimentação, a saúde entre outros. A mulher tem emprego, ajuda o
marido na roça, nas despesas e é reconhecida como uma “batalhadora”,
“guerreira” por ter passado muitas
coisas ruins e chegar onde está.
Ela é respeitada por todos, principalmente pelos homens que sempre a
ajudaram. Para exemplificarmos a importância da mulher na sociedade brasileira
temos uma representante feminina comandando nosso país, a Presidente Dilma
Rousseff.
A Srª Paula Gonçalves Morais,
afirma que as coisas naquela época eram muito diferentes , quando eu fiquei
moça, a minha mãe falava tu não vai, e não era pra ir, mas eu não obedecia eu
falava que eu ia, e eu ia quando eu queria ir pra festa eu pedia pra mamãe e
ela falava pede pro teu pai e eu pedia pra ele, se ele falasse não, era não.
Quando eu queria ir pra festa e eles não deixavam, eu deixava os dois dormirem,
e fugia pra festa, e gostava muito de dançar, quando eu chegava a casa eu
apanhava muito. Ai me envolvi com um rapaz e engravidei dele mas ele não quis
assumir nós, então a mamãe falou que ia me amparar, mas se eu procurasse outro
filho eu ia me virar. E depois que eu tivesse o filho eu tinha que trabalhar, a
mamãe me maltratou muito, sofri, mas com o tempo eu arrumei marido, naquela
época nós passávamos muita dificuldade, porque nós não tínhamos uma casa boa
pra morar, era feita de madeira e coberta de palha e tinha dia que tinha que
comer e tinha dia que não tinha, eu era dona de casa. A diferença daquele tempo
pro dia de hoje, era a juventude porque naquele tempo não era violento como
agora que as filhas não respeitam os pais, e hoje em dia não tem respeito como
naquele tempo, e já existia o direito da mulher, porque quando o homem separava
da mulher, todo o bem material do homem ia ser tudo da mulher, e naquela época
não era bom, era mais difícil, porque não tinha socorro em relação à doença.
Muitas pessoas morriam por falta de médico pra socorrer, para descobrir alguma
doença. O meu marido bebia e me batia, teve uma vez que ele bebeu e me botou
pra correr, queria me bater e eu corri só de bermuda. A relação entre pais e os
filhos era boa, os filhos obedeciam nós morava na colônia e não tinha quase pra
onde sair nós dependia do timbuí (Tipo de cipó que tece paneiro, vassoura,
covo: pega tracajá), da farinha, do milho, do arroz, da banana, da abóbora, do
leite de maçaranduba e carvão que nós tirávamos para vender.
.
As alunas Lucilene e Devanilse e a informante
Conversamos
com a senhora Sime sobre sua vida, ela
nos disse que é muito boa. Porque ela tem uma família tem seus objetivos
concretizados, mas enfrentou muitos obstáculos na vida ela era uma excelente
professora, agora se aposentou é independente
tem com que se sustentar.
A relação
com seu esposo é muito importante para ela. Porque já estão muitos anos
casados, ela é uma pessoa bastante conhecida aqui em Ituquara porque foi uma
ótima Professora, ela é uma senhora muito querida e respeitada. O estudo foi
muito importante na vida dela, por isso ela diz para nós alunos que temos de
estudar para sermos alguém e mais não jogue seus sonhos fora você nunca sabe o
que pode ser é só você querer e confiar em si mesmo e em Deus, que ele sempre
guarda você.
E como ela
dizia tinha um sonho de ser Professora e ela ia conseguir chegar lá confiantemente
e se tornou uma excelente pessoa.
Ela tem uma
banda de música que construiu com sua força de vontade, a banda pra ela foi
muito bom porque nem se passava pela cabeça que chegasse ao ponto ela vai a
Igreja, rezar pedir a Deus pra dizer o quanto é grata por tudo que faz e fez
por ela e pela gente porque tudo que Deus faz é bom. Diz que conhece tantos
lugares, pessoas maravilhosas e especiais na vida dela. Ela tem muito orgulho
da vida que tem e da família que é muito importante pra ela essa é um pouco da
história de uma grande mulher lembrada por várias pessoas, mas ela disse que
não é fácil você conseguir o que quer, pra ter o que você quer, precisa correr
atrás, precisa enfrentar os obstáculos da vida tem que ser forte, se um dia
você cair levante de cabeça erguida, tem coisas na vida que não pode deixar de
sonhar porque quando menos esperar acontece. Essa pessoa é conhecida como Dona
Sime e como todos nós chamamos. Foi um pouco de sua história.
Dona Maria
sim, sofreu muito. Ela nos conta que dificuldade que passou foi de trabalho, de
fome, roupas, calçada e muitas outras coisas, como por exemplo, eu não usava
carvão e muito menos gás, usava somente a lenha. ’’
Sofreu muito
na mão do seu marido, mas disse que agora não é mais aquela boba que era antes,
já sabe se defender, pois já existe a lei que protege as mulheres. “Eu não sou
mais obrigada pelo meu marido a cuidar da casa, mas durante os meus filhos
tiverem comigo eu sempre vou cuidar deles e até hoje com ajuda de Deus.”
Grande parte
dessas informações nos permite refletir sobre os saberes, imaginários,
representações e práticas sociais cotidianas, a saber: A mulher desempenha
várias funções: de mulher, de mãe e às vezes do pai. D. Amélia relaciona uma
dessas funções “que ela passou muitas dificuldades principalmente de água que
era preciso carregar no balde do igarapé para casa e subir uma ladeira enorme
para poder chegar a casa com água. O alimento que precisavam caçar no mato ou
ir para o rio pra ter o que comer, eles precisavam de arpão e caçavam de armas
que eles mesmos faziam”. Na função de mãe “O material escolar eles não tinham,
eram as mães que faziam para seus filhos”.
São funções que demonstram as condições sociais e tipos de trabalho que
essas pessoas desenvolveram e/ou desenvolvem como frisa D. Maria: “eu não usava
carvão e muito menos gás, usava somente a lenha”, ou a Professora Sime “que enfrentou
muitos obstáculos na vida ela era uma excelente professora, agora se aposentou
é independente tem com que se sustentar.”.
É visível o
destaque dos valores morais como o respeito, em relação ao marido e aos filhos,
D. Amélia nos fala do seu marido “ele nunca a maltratou, sempre ele ajudava no
que podia”. Ao contrário de D. Amélia, D. Maria “Sofreu muito na mão do seu marido,
mas disse que agora não é mais aquela boba que era antes, já sabe se defender,
pois já existe a lei que protege as mulheres“. Em relação aos filhos, D. Paula
Gonçalves, nos diz “A relação entre pais e os filhos era boa, os filhos
obedeciam nós morava na colônia” e continua “A diferença daquele tempo para o
dia de hoje, era a juventude porque naquele tempo não era violento como agora
que as filhas não respeitam os pais, e hoje em dia não tem respeito como
naquele tempo”. Contudo nem todas concordam com padrões vigentes da época como
relata D. Paula “Quando eu queria ir pra festa e eles não deixavam, eu esperava
os dois dormirem, e fugia pra festa, e gostava muito de dançar, quando eu
chegava a casa eu apanhava muito”.
Portanto, as
denuncias sociais também foram surgindo no decorrer das falas das nossas
informantes, como falta de escolas, postos de saúde, falta de saneamento
básico, problemas estruturais que permanecem até hoje. Nossos governantes
locais deveriam olhar com mais responsabilidades e governar para o povo.
Através da entrevista a gente acaba conhecendo as histórias das pessoas com acontecimentos que a gente nem sequer imaginava...
ResponderExcluirMuito bom o trabalho professor! Abraços.
Valdenir Cunha da Silva
Parabéns aos alunos pela dedicação e empenho pelo trabalho desenvolvido.
ResponderExcluirValdenir Cunha da Silva