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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Educação Ribeirinha

 

No interior do Pará, populações ribeirinhas tiveram acesso limitado à educação, especialmente durante a Ditadura Militar, quando os investimentos nacionais priorizavam grandes projetos em áreas urbanas e rurais. O Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), criado em 1980 pela FEP, surgiu como alternativa para incluir estudantes dessas regiões, expandindo-se para áreas rurais, quilombolas, indígenas e locais de difícil acesso.


Durante três décadas, o SOME promoveu atividades pedagógicas em diversos municípios e comunidades ribeirinhas, consolidando-se como política pública educacional voltada à inclusão. Em 2014, a Lei nº 7.806 formalizou o SOME como política educacional estadual, resultado de articulações entre professores, SINTEPP e governo.


Apesar dos avanços, persistem desafios na infraestrutura escolar rural, com aulas frequentemente ocorrendo em ambientes improvisados e sem recursos adequados, prejudicando a qualidade do ensino. Em 2017, o SOME atendeu mais de 35 mil alunos em 97 municípios; em 2024, foram cerca de 33 mil alunos em 86 municípios. Apesar das dificuldades, o sistema mantém sua relevância e continua evoluindo.


DIÁRIO DE UM USUÁRIO MADRUGADOR DE BANHEIRO.

 


  Paulinho Rodrigues um Zero mas à Esquerda


SE NÃO HOUVER MOBILIZAÇÃO POPULAR A GENTE CAI.


O Brasil atravessa um momento decisivo. A conjuntura política que vivemos é marcada por disputas de poder intensas, manobras institucionais e pelo avanço perigoso da extrema-direita — nacional e internacional. O julgamento de Jair Bolsonaro simboliza uma etapa desse processo, mas não se trata de uma ruptura real com o projeto político que ele representa. Pelo contrário: o que vemos é uma disputa interna entre setores da própria classe dominante, que, em um determinado momento, se sentiram inseguros e insatisfeitos com a radicalização bolsonarista e, por isso, decidiram retirá-lo de cena. No entanto, essa retirada não significa mudança estrutural.


Foi nesse contexto que setores do grande capital, mesmo sem simpatia por Lula, viram nele o único candidato capaz de derrotar Bolsonaro em 2022. Apoiaram, assim, um projeto mais palatável, um governo de conciliação, que não ameaçasse de forma profunda seus privilégios e seus lucros. Mas a solução encontrada foi limitada desde o início: uma mudança promovida dentro das instituições burguesas do Estado, que afastou o povo do centro das decisões políticas e abriu espaço para que as narrativas mentirosas da extrema-direita crescessem e se consolidassem.


Hoje, enquanto os setores progressistas não disputam as mentes e corações da população com propostas concretas e mobilização social, a extrema-direita segue ocupando as ruas, as redes e os discursos, convencendo milhões com mentiras. A ausência de um movimento popular forte, aliado a pautas que toquem na vida real das pessoas, cria o terreno fértil para o avanço do autoritarismo.


Ao mesmo tempo, a chamada “frente ampla” que sustenta o governo Lula virou uma coleira. PP, União Brasil e outros partidos do centrão usam sua força no Congresso para chantagear o governo e bloquear qualquer tentativa de reforma popular.


Querem ministérios, querem a Caixa Econômica, querem poder — e ainda por cima querem anistiar Bolsonaro! E o governo? Não reage!


Não podemos aceitar um governo refém de quem quer destruir a democracia! A governabilidade não pode custar os direitos do povo!


Essa dependência de uma base conservadora freia qualquer tentativa, mesmo modesta, de realizar reformas estruturais em benefício da maioria. Ao invés de aprofundar a democracia e convocar o povo para a luta, o governo se vê tutelado por setores que nunca abriram mão de defender os interesses das elites econômicas. A pergunta inevitável é: qual foi, de fato, a importância da frente ampla para a governabilidade, e a que custo?


Mas o cenário é ainda mais complexo. Fora do Brasil, há um jogo maior em curso. O imperialismo norte-americano, representado pela linha trumpista, vê sua hegemonia global ameaçada pelo fortalecimento dos BRICS e da articulação entre países do Sul Global. Para conter esse avanço, os EUA buscam desarticular o Brasil e toda a América Latina. Isso passa por influenciar diretamente as eleições de 2026, estimular instabilidade política, fortalecer a extrema-direita e criar condições para novos golpes institucionais ou militares.


Diante desse quadro, a resposta não virá apenas de negociações de bastidores ou acordos parlamentares. Só com mobilização popular teremos condições de defender a democracia, proteger os direitos conquistados e impedir o retorno do bolsonarismo — agora ainda mais organizado e fortalecido. O governo Lula precisa compreender que não basta buscar apoio em setores de centro-direita que, em última instância, nunca hesitarão em abandoná-lo. É necessário retomar o diálogo direto com o povo, apostando na construção de uma agenda de transformação social concreta, que devolva esperança e sentido à política.


Isso significa lutar por pautas populares urgentes, como:

Redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1, garantindo dignidade e qualidade de vida à classe trabalhadora;

Revogação do arcabouço fiscal, que engessa os investimentos sociais e prioriza o pagamento da dívida aos grandes bancos;

Reforma tributária justa, taxando os super-ricos e isentando do imposto de renda quem ganha até 5 salários mínimos;

Defesa da soberania nacional e resistência à influência externa que ameaça os interesses estratégicos do país;

Denúncia do golpe em preparação pela extrema-direita, com a articulação de figuras como Tarcísio de Freitas e os partidos conservadores, que já trabalham para tomar o poder após o julgamento e possível condenação de Bolsonaro.


O momento exige clareza: a luta não é apenas contra Bolsonaro, mas contra todo um projeto de país submetido à lógica do capital financeiro, da subordinação imperialista e da retirada de direitos. Se não disputarmos a narrativa, se não mobilizarmos o povo e se não nos organizarmos nas ruas, corremos o risco de ver, mais uma vez, o avanço de um golpe que desmontará o pouco que conquistamos.


O futuro da democracia brasileira não será decidido apenas nos tribunais, no Congresso ou nas negociações entre partidos. Ele será decidido na capacidade de o povo se organizar, ocupar espaços, exigir seus direitos e impor sua agenda.


Porque, no fim, a única barreira real contra o avanço da extrema-direita e contra a submissão ao imperialismo é a força organizada da classe trabalhadora. Sem ela, qualquer governo progressista será refém das elites, dos chantagistas do centrão e dos interesses estrangeiros.


OU O POVO VAI À LUTA, OU O GOLPE VOLTA. NÃO EXISTE MEIO-TERMO.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Grito dos Excluídos e Escluídas - 2025

 





🌱 Grito dos Excluídos 2025 | Belém – Vida em Primeiro Lugar! Cuidar da Casa Comum e da Democracia é Luta de Todo Dia.

📆 7 de setembro | ⏰ 8h às 12h
📍 Concentração às 8h na escadinha do cais (Av. Boulevard Castilho França, em frente à Av. Presidente Vargas) – Saída às 9h
📍 Encerramento na Praça Dom Pedro (Av. Portugal)
Este ano, o Grito também abraça o Plebiscito Popular, que propõe:
o fim da escala 6×1 (redução da jornada de trabalho sem redução salarial),_
a taxação dos super-ricos e
a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil_ 

Se liga!
O Plebiscito Popular 2025 é uma grande consulta que ocorre até o Dia da Pátria, com o objetivo de ouvir o povo sobre temas cruciais como jornada de trabalho, justiça fiscal e direitos dos trabalhadores.
O lema nacional do Grito deste ano, “Vida em Primeiro Lugar. Cuidar da Casa Comum e da Democracia é Luta de Todo Dia”
, reforça a interseção entre a defesa da vida das Amazônias, Casa Comum de diversos povos indígenas, ribeirinhos, do campo, das florestas e das cidades com a democracia popular. Tudo está interligado. 

É hora de ecoar nas ruas: Vida em primeiro lugar — lutar pela justiça social, pela democracia e pela nossa casa comum!


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Minhas férias nos interiores do Estado do Pará




Durante minha adolescência, costumava passar as férias nos interiores do Pará, especialmente nos municípios de Viseu e Irituia, esta cidade de origem da família do meu pai. Lá, convivíamos com muitos parentes, incluindo minha tia Francisca Birilo de Oliveira, conhecida como Chiquinha, que tinha uma relação muito próxima com minha mãe. Muitas vezes ficávamos hospedados na casa dela, tanto em Belém quanto na entrada do município de Irituia, no nordeste paraense. O acesso era difícil, geralmente feito de kombi, devido à falta de ônibus e estradas ruins. Nessas férias, aprendemos sobre alimentação típica, tranquilidade e o estilo de vida pacato do interior. Mesmo hoje, quase aos 70 anos, guardo boas lembranças desses momentos, apesar da ausência de fotografias, recordando as brincadeiras e amizades da época.


Nesse período, a tia paterna, por ser a mais idosa da família, era frequentemente procurada pelos irmãos mais novos e sobrinhos. Isso favorecia o contato em Irituia, o que facilitava conhecer praticamente todos os parentes do lado paterno. Na época, o pai residia nas fronteiras do Estado do Amazonas devido à sua carreira militar, enquanto a família vivia em Belém do Pará com a mãe, em função da necessidade de dedicar-se aos estudos. Esse contexto contribuía para que, nas férias, fosse possível visitar diversas localidades do interior. Havia também um tio que morava nas colônias e trabalhava com agricultura, permitindo que se conhecesse melhor essa rotina. Entre os principais produtos cultivados estavam juta, tabaco e milho; além disso, havia criação de gado e pequenas plantações. O cultivo de mandioca tornou-se significativo apenas posteriormente.


As visitas proporcionavam a vivência dos hábitos locais, como acordar de madrugada para preparar e amarrar folhas de tabaco, que eram postas para secar, hábito comum entre 3 e 4 horas da manhã. Essas atividades representavam importantes fontes de renda para a família na região rural durante o final da década de 1960 e início da década de 1970, sendo parte da produção destinada à venda ou troca por alimentos essenciais. Além disso, a alimentação era complementada por carne de caça, criações domésticas como galos, perus, galinhas e gado, garantindo relativa autossuficiência alimentar.


A experiência que tive na adolescência foi fundamental para minha vida profissional, especialmente ao trabalhar no Sistema de Organização Modular de Ensino. Isso se deve ao meu conhecimento da realidade dos interiores do Pará, já que meus pais são de cidades do interior, como Viseu. Sempre visitei a família da minha mãe em São José do Gurupi, o que expandiu minha vivência nessas regiões e contribuiu para minha atuação futura.