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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A DIVISÃO DE AFUÁ

                                                                              Antonio Juraci Siqueira *



Surfando na pororoca

da divisão do Pará,

os caboclos ribeirinhos

pegaram corda por lá

e avivaram sonho antigo

que agora em versos lhes digo:

a divisão do Afuá.



A turma pró-divisão

chegou pronta pra bater

usando o velho argumento:

“Dividir para crescer!”

E, nesse hilário teatro,

em vez de um, seriam quatro

municípios, a saber:



Na campanha eletrizante

feito peixe poraquê,

cada parte caprichava

no tro-ló-ló, tre-le-lê.

E essa divisão patética

seria na ordem alfabética:

Afu-Á, B, C e D.



O Afu-Á remanescente

seria das bicicletas,

no Afu- B , só Jet-skis,

no Afu- C , motocicletas.

No Afu-D... Oh! Deus do céu,

deu-se o maior escarcéu

com piadas indiscretas.



O padre, no seu sermão,

conclamou filhos e pais,

mostrando, nesse processo,

perdas e danos morais

e afirmava, sem desdém:

– Até Afucê, tudo bem,

mas Afudê, já é demais!



E nesse chove-não-molha,

deu-se o maior bafafá

entre os neo-separatistas

e os puritanos de lá

que incitavam a multidão

e bradavam: – Não e não!

Ninguém divide o Afuá!!!





                                                                      *Caboclo afuaense juramentado.

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