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terça-feira, 15 de maio de 2012

São Raimundo (Bujaru): História e Memória







Uma das atividades desenvolvidas pelos alunos do SOME, no IV Módulo do ano passado, na localidade de São Raimundo, no Município de Bujaru, com a coordenação do Professor de Sociologia Valdivino Cunha e este colega. A produção é exclusiva dos estudantes da 8ª série e do 2º ano do ensino médio. O  que  fizemos foi apenas a sistematização.


Alunos – Autores:

Alessandra Silva Castro

Alessandro Coelho
Álicy Lima Queiroz

Aline Serra

Anderson Lima

Ana Maria dos Reis

Ana Paula Silva

Beatriz da Silva e Silva

Bianca da Silva e Silva

Carla Pena

Celson Renan

Charlene Silva

Edivaldo dos Reis

Letícia Menezes

Maria de Jesus

Natagi Conceição Gomes

Natalia Conceição Gomes

Pamela da Silva Sampaio

Janderson Lima

Jean Souza Cabral

Jeferson Silva

Jéssica Furtado

Jéssica Silva

Joana Henrique

Joniel Barros

Josielma Sales Passos

Kellen Taiara G. Marques

Kelvin Castro

Lenilton dos Santos

Luana Daiane

Lucas Silva

Natacha Gomes

Regiane Franco Menezes

Romulo Lima

Rosilea Araújo de Souza

Simone Furtado

Valnês Gonçalves Freitas



AP R E S E N T A Ç Ã O
Sendo um dos pontos fundamentais do papel do educador, a troca de experiências, é que nasceu a proposta de levantamento, mesmo que seja primária, de fazer o resgate da trajetória vivenciada pela comunidade, seja escolar, seja a qual está inserida.

Sabendo que mesmo vivenciando o desenvolvimento tecnológico e científico, tornam-se um desafio para o ser humano. Com esse projeto foi possível, revitalizar e resgatar acontecimentos e fatos históricos que contrapõem à lógica da idéia de globalização, tão debatido, hoje. Cenários que foram construídos por agentes e pessoas que fazem a história. Isso é importante  registrarmos, para as futuras gerações.   


Resgatar a história e a memória, através do recurso metodológico da História Oral, é uma ação coletiva, concepção que busca transformar a escola, do ponto de vista que contrapõe a bancária e  conteúdista.

Com esse projeto, a história continua viva, através da memória de vários atores sociais, que pode ser construída através das lembranças, através das falas que são expressas entre o passado e o presente. 
                        
                                                                                               Coordenadores



Localidade de São Raimundo                          


A comunidade de São Raimundo foi fundada aproximadamente entre os anos 1940 a 1945, como um pequeno vilarejo formado de cinco famílias vindo de outros municípios em busca de novas terras. Outros dados pesquisados indicam que a comunidade foi fundada pela família Peninche, neste mesmo período. Para seu Oscar Bandeira, de 80 anos, morador da localidade há 50 anos, diz: “São Raimundo recebeu esse nome em homenagem ao seu santo padroeiro. Em certo dia, seu João Peninche se apegou ao São Raimundo, dizendo se seu filho nascesse e se criasse ele ia por o nome de Raimundo ou Raimunda, e onde ele morasse e por muitos anos ia por o nome de São Raimundo”. E continua: “Então o filho nasceu e se criou e recebeu o nome de Raimundo e, pois o nome da localidade de São Raimundo”. A comunidade possui 500m² e foi fundada em 1940.  A primeira escola foi construída entre 1951-1952 e a primeira professora foi a D. Kota. São Raimundo abriga no mínimo 60 famílias.

No ano de 1972 foram iniciados os trabalhos de evangelização, pois até então era irmandade. O primeiro padre que celebrou a missa foi João Baramel, sendo os animadores Francisco Ferreira, Zinho e outros.

Na época tinha a produção de malva, mandioca e comércio. Essas produções eram levadas a cavalo (comboio) até as margens do rio Guamá, até chegar de barco em Belém,

Em homenagem ao nome do santo, as festividades ocorrem todos os anos no mês de agosto.

Localidade de Vila Nova

Uma das localidades vinculada a  Vila de São Raimundo. “Para a Senhora Flaviana Cabral da Paixão, de 84 anos:” Boa Vila Nova, foi o nome escolhido pelo Presidente do time da Vila Nova, antes o nome da área toda era Colônia, todo mundo conhecia como Colônia. Um dia resolveram mudar para Palmeirinha, e ficou Palmeirinha, mas resolveu fazer o campo de futebol, toda a região ia treinar no campo. Um dia  dos homens, um dia para as mulheres. Certo dia aconteceu um desentendimento e tinha uma ponte que dividia um lado do outro. Um lado que tinha o campo e um lado que não tinha, então o lado que não tinha campo resolveu fazer um campo de futebol e fizeram, porém resolveram mudar para o nome de Palmeirinha da Vila Nova”. E continua: “Quem descobriu o lugar foi o Senhor Joaquim Tranco e o primeiro morador foi o Senhor Nilo Pinheiro Cabral, sendo no roçado desmatado contendo milho, açaí, arroz, banana, mandioca e castanheira, que estão até hoje”. E conclui: “No momento, temos a produção de mandioca, arroz, milho, açaí, melância e outras atividades. Temos 24 casas, onde moram 72 pessoas”.

Localidade do Gaurany
Outra localidade, onde moram os alunos do SOME, e que os primeiros moradores dessa localidade foi o Senhor Manoel Amorim e Dona Inês, José Sabino, Maria do Carmo, João Luis, Antônio Luis, Joaquim Luis, Pedro Rosário, Pedro Oliveira, Antônio Rosário, Antônio Pascoal, Carlito Pascoal, João Barbosa, Nilo Elizário, Expedito Batista e Gerônimo. Quando chegaram aqui nesse lugar ainda era só matas e tinha muitas madeiras de lei, muitas casas, até onças existia. Trabalhavam na roça, na colheita de muitos gêneros alimentícios, como feijão, arroz... e que transportavam a cavalo até a beira do rio que fica na localidade de Curuçambaba e depois pegavam o barco e se deslocavam para as cidades.

Os homens se vestiam de calça comprida, camisa de manga comprida, chapéu de massa na cabeça, usavam faca na cintura e usavam tamanco; pois esse era unissex; enquanto as mulheres vestiam só vestido ou saias compridas, blusas de mangas e tamanco.

Pois deram o nome de travessa Santa Maria, a essa localidade, ou diziam assim: - você mora na Colônia ou vai pra Colônia, ou vou para a Colônia,  pois chamavam de Colônia.

O Senhor Nelson Furtado foi fundador da comunidade católica São Sebastião que foi fundada no dia 20 de janeiro de 1971. Pelo fato do Senhor Nelson ser devot de São Sebastião, deu o nome para a comunidade e até hoje continua o mesmo nome acrescentando a palavra Sítio pelo fato de ter outra comunidade com o mesmo nome.

Segundo alguns moradores, essa localidade não tem nome específico: na área esportiva, o nome é Guarany; na saúde é Aralém; na educação é Santa Maria e na religião é Sítio de São Sebastião.



Localidade de Guajará – Mirim

Localidade que precisa de suporte educacional de São Raimundo. A primeira comunidade foi criada por Felipe Barbosa, logo depois surgiu outra onde a denominação era Cristo Reis. Segundo a Senhora Cléia de Lima Silva: “Na localidade de Guajará-mirim, antigamente a principal fonte de energia era a lamparina, não tinha televisão em cores e algumas casas que possuíam a televisão era em preto e branco; assim como também casas que quase não existia, tínhamos poucos moradores, depois começou a se desenvolver chegando à vila que estamos. Tínhamos que andar a pé quilômetros para chegar na escola e tínhamos que levar a própria merenda para comer, mas hoje tem ônibus na porta de casa, tem merenda na escola, a sociedade avançou muito mais do que nosso tempo”. 

Localidade do Alto Igarapézinho

Nesta localidade, o SOME possui quase 50 alunos. Em 1950 foi fundada a localidade do Alto Igarapézinho pelos primeiros habitantes que foram Maria Trindade, Maria José, Benedito dos Santos e Joaquim. Antigamente não existia ramal, nem carro, a forma de transportes era o uso de cavalos e carroças para transportar pessoas e cargas. A casa era de barro, palha em casa de capim com saco de sarrapilha. Não tinha energia própria, inclusive morreu muita gente, principalmente as mulheres na hora de dar criança, por não ter socorro em hospital. Naqueles tempos os homens e mulheres não tinha orientação para prevenir a gravidez e doenças, as adolescentes ficavam gestantes novas e quando os pais sabiam, geralmente expulsavam as meninas de casa. Para ir para Belém, saia 6:00 h. da manhã para ir para o trapiche esperar o barco, passavam duas noites fora de suas casas e quando voltavam tinham que pegar um trator, mas quando atolava tinha que andar o bastante para chegar em casa, a vida não era fácil, para a população dessa localidade.



Localidade de Sumaúma

Outra localidade, onde temos alunos do SOME. Para o morador da localidade, o Senhor Osvaldino, o nome esta relacionado com a área de muitas sumaumeiras. Antes se chamava Sumaúma Pará, onde vivia uma família que se chamava Lira Lima. Eles mantiam os negros como escravos, onde era maltratada por essa dita família, considerada poderosa economicamente e politicamente na região. E continua: “os meus vizinhos falam que eles chegaram por aqui, há bastante tempo. Eles dizem, também, que em cima de uma sumaumeira tinha uma argola com uma corrente que serviam como pelourinho para em forcar os escravos”.

A primeira plantação antes de virar fazenda era de açaí, cacau, pupunha jaca, caju, cupuaçu, tucumã, ameixa, castanha-do-pará, laranja, coco, lima, manga, banana, abacaxi, bacaba, tapereba, bacuri e graviola.  

Interessante, é que em Sumaúma Pará tinha um cemitério só para crianças, até o momento, não se tem uma justificativa para tal empreendimento, inclusive alguns anos atrás foram encontradas algumas cata tumbas nesse cemitério. Agora, esse local é só fazenda. Não se sabe o ano da fundação.

Localidade de Palmeirinha
Comunidade que possui número significativo do SOME que estudam na Vila de São Raimundo. A localidade de Palmeirinha foi fundada há 150 anos por um casal: Nilo Lima Queiroz de 25 e Joana Lima Queiroz de 20 anos. Trabalhavam com o cultivo de mandioca. Trabalharam e construíram a primeira casa da localidade; assim como o primeiro sítio para fazer farinha de mandioca; além de criar galinhas e porcos para se alimentar e para vender. Possuía o cultivo de frutas, como biriba, cupuaçu, coco, laranja que eram vendidos para comprar os alimentos básicos da família. Tiveram uma filha que se chamou  Flaviana Lima Queiroz. O pai morreu com 80 anos e a mãe de Flaviana com 91 anos. A filha  continuou os passos do casal  e casou com o Senhor Pitéco, que tiveram seis filhos: Antônia, Alírio, Alexandre, Alcide, Arlete, Vadinho que viveram com a mãe até arrumar família. Seus filhos residem na cidade. Hoje, D. Flaviana possui netos, bisnetos e sobrinhos. A sua irmã, também reside em Palmeirinha; além da irmã de D. Joana, que é a Dona Raimunda, que vivi com os filhos: Dorinha, Jovelino, Socorro, Valquíria  e Nilo. Dorinha tem cinco filhos: Wanessa, Waneza, Wirik, Walessa. Jovelino tem tem três filhos: Jean, Geovane e Geovana. Socorro tem três filhos: Raise, Romulo e Rámile. Walquíria tem três filhos: Weliton, Wellesom, João Carlos. Nilo tem três filhos: Wesllem, Wemeson e Wendel.

Localidade de Jacaréquara

A localidade de Jacaréquara surgiu a partir da chegada de uma família que fizeram o primeiro roçado, criaram a primeira Associação e decidira fazer um campo, que deram o nome de Vila Nova. Com o passar do tempo, os sócios resolveram trocar de nome, dando o nome de Corinthians, o que permanece até hoje. Sua data de fundação foi em 01 de março de 1881, tendo como primeiro presidente o Senhor Pedro de Oliveira Cruz, depois foi o Senhor Guilherme, Dezinho e Ocinei. Atualmente, o presidente é o Senhor José Orlean. A localidade do Corinthians fica localizada no KM 24 da Alça-Viária, no ramal do São Raimundo, próximo da comunidade de Santo Antônio.

Localidade de Genipaúba

Deram essa denominação para a localidade em virtude de possuir um dos maiores igarapés na comunidade. Em 1945, a comunidade foi fundada por duas famílias: uma que veio de Ourém, que era a família de Manuel Francisco Xavier; e a família que veio de Bragança que era a de José Vieire. Depois veio a família Gomes do Igarapé de Tapiucabá, baixo Acará. Em 1975 foi criada a comunidade com 25 famílias e o nome da primeira comunidade era Nossa Senhora do Perpetuo Socorro. A primeira missa foi rezada dentro do campo. A comunidade trabalhava de forma coletiva, em grupo e união. As mulheres na agricultura, chegaram a criar uma cantina com 25 obras sociais. Não tinha colégio próprio, estudavam nas casas das pessoas, que emprestavam para servir como sala de aula. Plantava mandioca, milho, arroz, feijão, cana de açúcar e macaxeira. Produziam para seus próprios sustentos, porém criavam galinhas, porcos e outros tipos de animais. O hino que a comunidade mais cantava era: “Meu irmão pagou imposto/ Para vida melhorar, mas não tem Doutor nem postos porque pobre é o seu lugar”.


Comunidade Menino Jesus

O primeiro morador da comunidade Menino Jesus foi o Senhor Duda, possui, hoje, 103 anos. A comunidade foi fundada em 25 de dezembro de 2010, sendo o fundador o Senhor Sebastião Menezes, que faleceu em 24 de abril. Já fez parte, desta comunidade a comunidade de Santo Amaro, mas como ficava afastado resolveram criar uma nova comunidade, onde reuniram todos os moradores da comunidade, eles fizeram a votação para decidir como se chamaria a comunidade e deram vários nomes como opções e nome escolhido foi Menino Jesus.

Localidade de Santa Ana

Na comunidade de Santa Ana existem várias entidades e associações que contribuem para o desenvolvimento e expansão dos moradores, como a cooperativa de transporte de ônibus, tanto para Belém, como para Bujaru, outro exemplo é o time de futebol “São Jorge”; além do sindicato, que tem trazido benefícios; assim como a associação “Amigos da Escola”, que é uma associação que ajuda duas escolas Santo Antônio e Bom Futuro. Essa associação todo mês de dezembro tem contribuído com cestas básicas e presentes para os pais dos alunos; assim para outros pais que não tem filhos matriculados nessas escolas; além de trazer roupas e mercadorias para pechinchas. Este ano fez dez anos que tem contribuído com as escolas. A associação foi fundada em 04 de dezembro em 2001 por membros da comunidade.

Localidade do Alto Igarapézinho

Em 1963 alguns padres incentivaram Fernando dos Santos, José Furtado e Raimundo Gaia a fundar a comunidade onde morava, então fundaram a comunidade Alta Igarapézinho. Foi dado este nome pelo motivo que um igarapé passava na comunidade. Ao passar dos anos várias famílias vieram morar na localidade. Quando fundaram a comunidade criaram um Centro Comunitário para os benefícios dos moradores. Seu Joaquim Ramos morava com sua família na localidade. Ele e sua família foram os primeiros moradores da comunidade. Quando morreu deixou na comunidade sua filha de 18 anos como professora que funcionava as aulas no Centro Comunitário, Maria Jandira Ramos deu aulas por vários anos, depois veio outra professora que se chamava Fernanda dos Santos.


Economia da Vila de São Raimundo 
                                                      

A economia da vila de São Raimundo é baseada na produção agrícola da mandioca. A população tem a mandioca como sua principal fonte de renda, sendo uma batata branca e amarela que tem casca marrom, ela tem várias utilidades: a casca serve para adubos e para alimentar alguns animais, como o porco, galinhas, cavalos entre outros.


A mandioca serve para fazer farinha, tira-se o tucupi e para tirar a goma.
O caule dela serve para fazer outras mudas para plantar.


A folha dela serve para fazer a famosa maniçoba que é um alimento muito conhecido na nossa região.

Como fazer a farinha: As pessoas da região fazem nas casas de farinha, que é conhecido como Retiro. É onde ocorre todo o processo da farinha.
A mandioca é arrancada na roça e transportada através do cavalo.                            

No igarapé é colocada à mandioca é colocada de molho, após cinco dias ela é retirada da água e levada para o retiro.

Existe uma caixa onde se coloca a mandioca após ser retirada da água e ser conservada com outra mandioca dura, para misturar,  para a farinha sair boa e render mais farinha. Põem-se a massa, depois de prensada   para coar na peneira. Neste  mesmo local põem-se a farinha depois de torrada e para esfriar, depois quando estiver fria ela e empacotada no saco de 30 Kg para ser levada para Belém para ser vendida nas feiras livres.

Educação

Outro aspecto que ressaltamos é que a escola “São Raimundo” foi fundada no ano de 1982 com a construção da primeira sala de aula, na verdade não foi bem assim a fundação porque a escola já funcionava nos centros comunitários e em outras casas dos moradores. As séries não elevadas, só havia de 1ª a4ª séries, ou seja, as pessoas estudavam depois que terminavam quem tinha condições de ir para Belém terminar de estudar iam quem não tinha ficaram por aqui mesmo. Os primeiros professores a ensinar aqui mesmo foram: Conceição Veras, Nazaré Gaia e Maria de Lourdes.

De acordo com Rosangela da Silva: “a educação mudou, hoje nós temos a escolaridade do fundamental ao médio, nós temos transportes escolar, só que se formos parar pra fazer uma comparação entre hoje e antigamente notamos diferenças principalmente quando se trata de relação família e escola, o país dos alunos não se interessa mais, em ver que os filhos deles precisam realmente de um bom aprendizado”. E continua: “De 1982 até 2000 as famílias serviam de referências aos alunos, a educação não era tão influenciada. Sabemos que a educação pública não é a melhor, mas não é a pior precisa melhorar, como por exemplo aqui na escola ‘São Raimundo’, precisamos de uma biblioteca, precisamos de um espaço de lazer melhor, precisamos também de mais responsabilidades dos novos governantes para com os alunos”. E prossegue: “Quanto ao transporte escolar, hoje, nós temos três ônibus que funcionam como escolar para trazer os alunos das outras comunidades, como antigamente não havia transporte quem não morava perto tinha que vir andando”. Quanto ao ensino ela retrata: “A nossa escola, hoje trabalha com o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME que é um sistema que agrega uma ou mais disciplina que se estuda durante 50 dias, antes a mesma matéria era estudada o ano todo, hoje não”. Para a professora, quanto a sala de aula: “as nossas não é muito confortáveis, falta espaço, principalmente com a chegada de alunos novos, as salas ficam superlotadas e isso prejudica o nosso aprendizado”. E conclui: “A Escola ‘São Raimundo’ atende vários alunos de outras localidades, por isso precisamos de recursos para a construção de novas salas e a reforma das outras, para melhor atender os nossos alunos”.

Neste ano (2011) a escola tinha no ensino fundamental menor, ou seja, de 1ª a 4ª série, 114 alunos; na Educação de Jovens e Adultos – EJA 42 alunos; no ensino fundamental maior 218 alunos e no ensino médio 192 alunos.  


Biografias



Maria de Lourdes Barbosa Sousa, 66 anos, paraense, nasceu em Curuçambaba, filha de Sabino Navegantes Barbosa e Maria Cardoso Barbosa. Sua primeira lembrança de vida é de sua localidade, o lugar onde morava, a casa era retirado do povoado, perto do igapó, onde tinha muita fartura de: caçavam, colhiam o que plantavam. Trabalhavam juntos através de mutirão, os vizinhos ajudavam uns e outros, as crianças brincavam juntas e todos tinham a mesma condição social. Sua religião sempre foi católica, junto com seus pais e irmãos participavam de terços, ladainhas, procissões e missas. Na família todos rezavam terço ao anoitecer, obedeciam aos dias santos e compartilhavam a palavra de Deus. Aos nove anos de idade, começou a estudar com a professora Aurora dos Remédios Silva Buriti, na localidade de Curuçambaba onde morava a escola funcionava na casa dos pais da professora porque não tinha prédio escolar. Sua professora organizava as carteiras a merenda das crianças e o local com livros comprados pela professora e cadernos feitos pelos pais de alunos com isso começou a aprender a ler e escrever apesar de ser classe multiseriada  a professora fazia muitas brincadeiras e com isso os alunos aprendiam com facilidade. Naquela época não se avaliava para dar uma nota passava de serie aquele aluno que soubesse ler e escrever .

No ano de 1980 foi convidada a trabalhar em São Raimundo com mais ou menos de 35 alunos na faixa etária de 6 a 17 anos. Logo no inicio foi desafiador, pois só haverá cursando 2ªsérie, mesmo assim começou a trabalhar aplicando seu conhecimento adquirido na escola e na dia a dia escola funcionava em uma casa de morada, logo em seguida passou a funcionar no centro comunitário quando o senhor Raimundo Lopes assumiu a prefeitura, mandou construir a escola na localidade onde continuou seu trabalho junto com a professora Maria da Conceição Veras . Sua forma de planeja era somente no livro didático usava recursos naturais como: sementes, pedras, folhas e madeiras. Avaliava seus alunos através da leitura e da escrita, usava giz e quadro-negro, e quando as crianças já sabiam ler e escrever passava a estudar com a professora Maria da Conceição Veras.

Quando estudava participava das marchas de 7 setembro e era um momento muito importante e inesquecível para os alunos todos participam dos ensaios os pais os acompanhavam e os alunos também se divertiam com a brincadeiras no final. Já como professora não esquece as vezes que contribui do pouco que tinha com aqueles alunos que não tinham nenhuma matéria escolar por causa das condições financeira dos pais. No decorrer de seu trabalho recebeu alguns rejeitados por outras escolas mais conseguiu recuperá-los com bastante êxito.

Devido a dificuldade da localidade em relação a se descolar se para a cidade lembra que para receber seu salario final no mês a nos anos 82 a 85 tinham que ir a pé para beira do rio onde dormiam na casa de conhecidos para viajar na madrugada no outro dia.

Hoje observando o comportamento das pessoas a mudança nas famílias percebe que está muito difícil educar as crianças na escola o comportamento dos alunos é totalmente diferente dos anos em que trabalhavam, as crianças respeitavam as pessoas, os colegas, e eram obedientes assim facilitando o trabalho do professor.



Maria da Conceição Veras da Silva, 48 anos, cearense, nasceu em Belém, filha de Antônio Fortunato da Silva e Luzia Veras da Silva. Sua infância foi  marcada por brincadeiras com os primos mais próximos: brincadeira de professor escrevendo na folha de cafeeiro com pedaços de pau. A união da família, aonde as mães vinham no final de semana e se reuniam para conversar, lavar roupas, ajudar uns aos outros. Na hora das refeições as crianças comiam em uma única vasilha, enquanto seus pais, também faziam suas refeições juntas. As famílias viviam em situações precárias sem renda fixa e com o passar do tempo foi mudando com o crescimento da família e da população. Sua família sempre foi católica, costumavam rezar desde pequeno junto com sua mãe em casa e sempre participavam da igreja. Durante o seu período de alfabetização que começou aos sete anos de idade, aprendeu a ler no saco de mercadoria do comércio em que vinha marcada a sigla AFS, e com a sua primeira professora Raimunda Lima e logo em seguida a professora Maria do Rosário. O espaço era uma casa de madeira coberto de cavaco e era moradia da professora, quando aprendeu a leitura e a escrita, o espaço já era uma igreja, que também funcionava a catequese. A professora usava o livro didático para executar suas atividades: usava cópia e tabuada. Seu método era tradicional, avaliava os alunos através da prova e a média era sete. Sua professora da 3ª série lia na escola Santa Odília é que tinha mais contato. Seu primeiro contato com uma classe multiseriada (2ª,3ª e 4ª), nesse primeiro momento por não ter experiência. Seu planejamento era nos livros e aulas passadas no quadro de giz e se relacionava muito bem com seus alunos. A partir do ano 90 foi mudando seu método, após a sua formação que era só o ensino fundamental, mais ou menos por quatro anos. Logo em seguida concluiu através do Projeto Logos e Ensino Modular, o magistério que trabalhou mais de quinze anos e então cursou Licenciatura em Pedagogia. Durante todo esse percurso teve experiência com a educação infantil, com alunos de 5ª a 8ª série e Projeto Aceleração. A professora que marcou muito sua formação foi uma que lhe perguntou sobre o pregado do fundo de panela logo depois das férias. Também uma crise de tosse em sala de aula em que era ajudada pelo colega “Binha”. Como professora os alunos Robson e seu irmão, vindo de outra escola sem ser alfabetizado e ela os alfabetizou em sua casa no intervalo de seu trabalho. A mudança do aluno Roney que através de conselhos na escola, leitura e socialização ele mudou seu comportamento agressivo com os outros colegas. Sua preocupação é que a educação seja levada para frente por todos os professores e por todas as pessoas, ajudando os alunos a crescerem.


Informantes:

Cléia de Lima Silva

Flaviana Cabral da Paixão, 84 anos.

Oscar Bandeira, 80 anos.

Osvaldino, 62 anos

Jovelino Teles Cabral
























2 comentários:

  1. Gostei muito do trabalho, relevante para o alunado que aprende a pesquisar e escrever a sua história, de sua comunidade, de sua gente.E traz informações que a macrohistória não registra, tipo a bricadeira de escrever com paus nas folhas do cafeeiro, bem típico de uma educação ribeirinha.A história oral consegue dar cor e sabor à história, a considerar como personagens e sujeitos as pessoas simples e anônimas que tem muito a dizer sobre tempos, espaços, experiências e práticas culturais.

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  2. Gostei da proposta de trabalho,é bom conhecer nossa região, só achei um pouco estranho sobre o Jacarequara, faltou citar mais sobre o território,pois o mesmo possui uma ancestralidade bem interessante. Enfim, quero parabenizar os envolvidos nesse grande trabalho.

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