Total de visualizações de página

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Massacre de Eldorado dos Carajás


A luta pela reforma agrária em nosso país é uma garantia dos direitos humanos e contra a violência e impunidade no campo, que está presente no cotidiano das diversas entidades que reivindicam seus espaços, ideais e objetivos. Portanto, é muito importante a proposta de construir esta Campanha, buscando o envolvimento e a solidariedade internacionais contra a grave situação de violência a que estão expostos os trabalhadores e trabalhadoras rurais brasileiras e aqueles que os apoiam.

Não podemos deixar de considerar que, a violência no campo no Brasil está diretamente vinculada à concentração da terra e do poder. Segundo a Contag: “A concentração fundiária no Brasil é uma das maiores do mundo. Menos de 50 mil proprietários rurais possuem áreas superiores a mil hectares e controlam 50% das terras cadastradas. Cerca de 1% dos proprietários detém 46% de todas as terras. Segundo dados do INCRA, existem cerca de 100 milhões de hectares de terras ociosas no Brasil. Ao mesmo tempo, mais de quatro milhões e meio de famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais não possuem terra e vivem num estado de pobreza extrema”.

Dessa forma, também, a concentração de terra está ligada a concentração do poder.  Sabemos que, para a Contag “Os poucos donos das terras, que sempre receberam privilégios e exerceram influência sobre as instâncias do Estado brasileiro, além de se sentirem donos da natureza e com isso explorá-la até à exaustão, também se comportam como se fossem donos das pessoas, especialmente as mais pobres. Em nome de seus interesses pessoais, financeiros e políticos, os latifundiários exploram, escravizam, ameaçam, torturam e matam aqueles e aquelas que ousam lutar contra seus privilégios”.     

Buscando um pouco do contexto histórico, nota-se que a “concentração fundiária brasileira, que tem sua origem na colonização feita pelos Portugueses, foi sendo aprimorada ao longo dos séculos, apoiada pelas políticas governamentais que sempre privilegiaram o latifúndio em detrimento da realização da reforma agrária ou da agricultura familiar. Atualmente, o modelo agrícola embasado no agronegócio monocultor e voltado para a exportação, se expande rapidamente. Fazendeiros, madeireiros, grandes plantadores da soja, de algodão, cana de açúcar, etc., em nome da modernidade e da produtividade, avançam sobre terras públicas, áreas indígenas, áreas ocupados por populações tradicionais e posseiros, ribeirinhos e outros. No afã de ampliar suas terras, acirram os conflitos no campo e produzem a violência das mais variadas formas como a super. Exploração no trabalho e o trabalho escravo, a grilagem das terras, os crimes ambientais, os espancamentos, sequestros, ameaças e os assassinatos”. 

 No próximo dia 17, o massacre de Eldorado de Carajás estará completando 16 anos, onde 19 camponeses foram assassinados pela polícia. Nesse cenário, notamos que, a impunidade continua muito mais eficaz e forte fazendo com que dos 155 acusados levados ao banco dos réus, apenas dois comandantes da tropa foram condenados. É sério uma situação que é reforçada pelas principais instituições de nosso país. Para o Movimento Sem Terra: "Dezesseis anos depois do massacre, os conflitos no campo continuam; neste ano, três membros do MLST foram assassinados em Minas Gerais. Já em Pernambuco, outros dois companheiros do MST foram tombados por balas de pistoleiros nos últimos dias".

Nenhum comentário:

Postar um comentário