Valdivino Cunha da Silva*
O professor Ribamar, pediu-me que fizesse minhas
considerações em seu blog, sobre a importância do professor no exercício da
política. Ele defende a tese de que seriam
os professores os mais aptos a
exercerem um cargo eletivo na política. Não corroboro com sua opinião, o máximo
que me aproximo desse ponto seria uma defesa em torno de formação, tendendo a
defender os sociólogos como aqueles que do ponto de vista técnico e social
seriam quem reuniriam as melhores condições para o exercício da politica. Não é
uma defesa em causa própria (pelo fato de
eu ser sociólogo) é um argumento
técnico.
As leis eleitorais brasileiras não estabelecem categorias de
profissionais que concorram a cargos políticos, se assim fizessem muitos médicos
não se elegeriam a custa imoral da laqueadura de mulheres pobres brasileiras ou
dentistas que se elegem a custa de dentaduras, ou ainda, em troca de água
potável (pasmem!) ou à custa de outras misérias presentes em todas as regiões
brasileiras, notadamente nas regiões norte e nordeste.
Max Weber em sua “Ciência e Política: duas vocações” destacam
dois aspectos relevantes quanto a isso. “Viver para a Política ou viver da
Política.” Essa me parece ser a grande questão a ser debatida. Para o famoso
sociólogo alemão, quem vive para a Política, deve está sempre na busca de
soluções à vida coletiva. Do ponto de
vista do poder, o valor pessoal e a ética são elementos fundamentais para o
exercício da coisa pública que deveria está acima dos interesses pessoais.
Na análise weberiana, o homem sério vive a serviço de algo,
que contribui inclusive para dar significado a sua vida. Segundo Weber, “...
todo homem sério, que vive para uma causa, vive também dela”. Dessa forma, o político profissional, ou
seja, aquele que vive da política, que é quase a totalidade do caso brasileiro,
não tem mérito porque é beneficiário de seus próprios interesses, sejam eles
econômicos, sociais ou políticos e eles
estão, portanto, sempre na condição de “político profissional” e fazem da
politica um instrumento ilícito, de enriquecimento fácil e imoral. Weber destaca ainda que: “... em condições
normais, deve o homem político ser economicamente independente das atividades
que a atividade política lhe possa proporcionar...” Não ouso dizer que ele,
Weber, um dos clássicos da sociologia, esteja errado, mas ser economicamente
independente não é garantia do bom exercício da política, pois, os vampiros não se satisfazem com a
quantidade de sangue que sugam, eles querem sempre mais.
*O autor é Sociólogo e Educador do SOME - Seduc/Pa.
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