Valdivino Cunha da Silva*
1- A primeira dela diz respeito
ao número de participantes nas manifestações. A diferença entre os cálculos da
Policia Militar dos Estados e os organizadores, chegam a ser alarmantes, nem
sempre chegam a um denominador comum, propositadamente ou não, usam critérios
distintos, difusos para estabelecerem a quantidade de manifestantes.
2- O Estado que teve o maior
número de pessoas protestando contra a corrupção e contra o PT foi S. Paulo e é
exatamente neste estado onde o PSDB está sendo acusado de uma das maiores
corrupções do Brasil, que é a corrupção no metrô paulista, mas não houve se
quer um cartaz denunciando também essa roubalheira.
3- Os bairros das capitais onde o
“panelaço” foi mais intenso foram exatamente aqueles onde seus moradores não
têm problemas com panelas vazias que foram os bairros de Copacabana, Leblon,
Ipanema, no Rio de Janeiro e nos bairros dos Jardins, Higienópolis, Pacaembu e
Morumbi, em S. Paulo, só para citar alguns.
4- Os manifestantes se
autoproclamavam apartidários, ou seja, que não tinham partidos, mas eram contra
o PT, porém, em sua grande maioria, estava vestida de amarelo, a cor mais
marcante do PSDB, disfarçados nas “cores da Bandeira do Brasil”.
5- Os caminhoneiros, a serviço do
agronegócio, pediam a redução do preço do diesel e ao mesmo tempo, aumento do
valor do frete.
6- Historicamente, sempre foram
os movimentos de esquerdas que protestaram contra a exclusão de muitos, dessa
vez, foram os indivíduos, de centro-direita, reivindicavam a manutenção dos
privilégios de poucos.
7- Os movimentos sociais e as
pessoas em sua maioria sempre foram contra a Ditadura Militar. Uma minoria,
imbecilizada, estava com cartazes pedindo a volta da Ditadura Militar.
8- O educador brasileiro Paulo
Freire é referencia mundial. No ato, alguns empunhavam cartazes repudiando-o.
9- Enquanto muitos governantes
colocam suas polícias para coibir qualquer manifestação contraria aos seus
governos, a Presidente Dilma assegura o direito constitucional da livre
manifestação.
10- A corrupção não é um mal só
do Governo Lula ou Dilma, mas foram eles quem permitiu a investigação e
publicização dos atos ilícitos.
11- A Rede de Comunicação Global,
notadamente a televisiva sempre foi muda e surda ao clamor dos movimentos
sociais, mas estranhamente dessa vez deu cobertura completa, durante toda sua
programação no domingo passado, dia do ato.
12- Os apartamentos luxuosos dos
quais saíram os sons dos panelaços, certamente foram financiados com o FGTS dos
moradores das favelas, dos guetos e cortiços.
13- As patroas que determinaram
que suas empregadas domésticas fizessem o panelaço são as mesmas que não pagam
os direitos trabalhistas destas.
14- O grito dos indígenas,
agricultores familiares, negros e quilombolas sempre vieram dos rincões
amazônicos, norte ou nordeste, dessa vez, vieram de pessoas que moram,
trabalham ou estudam no sul e sudeste ou ainda de Londres, Tóquio, Berlim ou Suíça.
15- Os três poderes propostos
pelo filósofo francês Montesquieu, (Legislativo, Executivo e Judiciário)
deveriam ser ampliados, dessa vez incluir a mídia e aqui no caso brasileiro,
esse quarto poder se chama Rede Globo.
Não quero com isso dizer que o
país vai às mil maravilhas, que os corruptos e corruptores não devolvam o que
roubaram e que não sejam presos, tem sim, seja ele quem for, qualquer que seja
o partido, o que não concordo é com o engodo do impeachment de um governo
eleito democraticamente. Não se derruba um governo só porque uma parcela da
população está insatisfeita ou porque a economia não vai bem. A democracia
também tem um preço, alto muitas vezes.
A corrupção em nosso país,
infelizmente, não é só dos dois últimos governos, nem só das altas autoridades,
ela é endêmica, crônica e que não se resolve apenas com decretos, é preciso
mudar a cultura do querer tirar vantagem em tudo, enriquecer a qualquer preço,
é uma questão de princípios, ética. A corrupção em nosso país está banalizada.
É preciso ensinar novos valores às nossas crianças, só assim teremos um país
melhor.
Educador da Secretaria Estadual de Educação - SEDUC/Pa.
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