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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Construção da Casa dos Professores do SOME em Belterra: Uma história singular





 

Na figura 1 (1989), as ex Professoras do SOME: Marina Costa e Socorro Magno, juntamente com Jorge, ex aluno do SOME.


Na figura 2 (2020),  os ex professores do SOME: Glauco Filgueras, Marina Costa, Valderina Correa, Maria José Viana, Ângela Prata,   Rui Meireles, Daniel e Nonato Bandeira.


No ano letivo de 1988, equipes de professores ingressam na rede estadual de ensino, lotados no Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, política pública gerenciada pela Secretaria Estadual de Educação do Estado do Pará – SEDUC/PA. Deslocam-se de Belém, capital do Estado, para as localidades da Unidade Regional de Educação – URE, de Santarém, que envolvia os municípios de Aveiro, Fordlândia, Belterra e Mojuí dos Campos, formando um circuito.

 

Desde o início do referido ano, os professores que desenvolveram suas práticas educativas no município de Belterra, ficavam no abrigo dos professores em um prédio conhecido como “Unidade”. Apesar de possuir um espaço amplo, quarto grande com banheiro, entretanto, a “Unidade” não oferecia condições para moradia, não havia cozinha, refeitório, não havia mesa para beneficiar o trabalho do professor no exercício da docência, portanto, um complicador, segundo a ex Professora do SOME, Marina de Sousa Costa: “Além do mais ficava isolado, bem distante da escola. Como não tinha refeitório, os professores tinham que se deslocar para a  casa de uma senhora contratada para fornecer refeições”. Para chegar à escola andavam muito, já que não tinham transporte para buscá-los ou deixá-los. Vale ressaltar, que passaram algumas reivindicações, no ano 1988, porém, Belterra era uma base física do Ministério da Agricultura, portanto, era federalizada e suas demandas dependiam das decisões de Brasília, complicando burocraticamente para se tentar resolver algumas situações.  Da troca de ideias entre os professores e a comunidade escolar (estudantes, pais, lideranças sociais...), constatou-se a necessidade da obtenção da Casa dos Professores, mais próximo da Escola, sendo então, realizada uma campanha na comunidade para construção da residência.  Primeiro conseguiram o terreno ao lado da escola, era floresta mesmo, já no ano de 1989, consolidando a campanha Escola com a comunidade, de inicio um empresário fez doação de duas toras, a serraria se propôs transformar as toras em tábuas, conseguiram o transporte para buscar as toras nos ramais e entregar na serraria. Essas ações destacam a união e a participação da comunidade, entre pais, alunos, professores, amigos e comunitários em todo o processo, inclusive, na serração das madeiras, juntamente com um profissional da serraria, já que, só foi cedido um profissional; então, a comunidade participou efetivamente das atividades. Em forma de mutirão se deu o processo de construção da casa dos professores, que foi mais rápido, e posteriormente sua inauguração, com as equipes subsequentes se envolvendo, as outras equipes das outras localidades também participaram.

 

A imagem inicial é a foto da primeira casa quando foi inaugurada, tinha só uma porta e uma janela na frente, dois quartos e uma pequena cozinha, com banheiro interno. Importante frisar que os professores e alunos, foram para Santarém e receberam bastante apoio do comércio local, com doações, como material para o banheiro, material para cozinha, as pias, lâmpadas. Portanto sendo superada a situação da problemática da moradia dos professores.

 





Parte da equipe dessa época retornou neste ano (2020), à Belterra, numa visitação informal, mas intencionalmente programada para revisitar as memórias do SOME, portanto, 31 anos depois e fizeram o reconhecimento de que a Casa que construíram aumentou, já não pertence à Escola, sendo uma propriedade privada. Profª Marina Costa, que participou da equipe de construção da Casa, relembra que durante esse período, um escritor (Jayme Monteiro), fazia observações pela Amazônia, publicou em seu livro "À Margem do Tapajós" um capítulo inteiro sobre a Educação no Pará, com base nas observações que fez sobre as experiências educacionais do SOME em Belterra. Destaca o grande exemplo que a Amazônia representa para a "selva de pedra", que é São Paulo.





 

Importante ressaltar a equipe inicial de professores: Marina Costa, Socorro Magno, Marlene Teixeira, Eliana Reis, Safira Santos, Carlos Lima, Francisco Valente, Glauco Filgueras e Nilza, que já partiu.


Informante, revisão e credito de imagem: Marina de Sousa Costa, Ex Profª do SOME.


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