Total de visualizações de página

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Juruti: Seus cantos, encantos, tradições e rituais (I)





Continuando as práticas educativas desenvolvidas em 2001, tratando do município de Juruti, vamos abordar alguns grupos:




Ou Vai ou Racha




Surgiu durante as férias, por um grupo de jovens do município que naquele momento não terem nenhuma forma de lazer, primeiramente com o nome de Oases do Folclore, depois devido aos passos errados dos brincantes eles resolveram colocar outro nome, com a denominação de Ou Vai ou Racha.




Os seus principais fundadores foram Márcia Cunha, Paula Cunha – Thiá – Cristian e Lana.




No V Festival Folclórico que ocorreu em 1991, era julgado apenas os seis itens por três jurados da terra, os itens eram: Galera, Evolução, Apresentador, Rainha do Folclóre, Porta Estandarte e Coreografia. Nesse mesmo ano, o grupo “Ou Vai ou Racha” apresentou as seguintes dança: A dança do carimbó, onde moças usavam saiões e blusões floridos, tudo feito com chita. Os rapazes usavam calça larga e blusões. Essas roupas eram todas coloridas. O Carimbó era uma dança de ritmo acelerado, com músicas do Chiclete com bananas e Pinduca. A Dança do Boto onde ocorreu o primeiro, foi uma encenação do acasalamento do boto com uma ribeirinha e depois veio a dança. As vestimentas das moças brincantes eram saiões e blusões estampados e dos rapazes apenas uma calça branca com uma fita vermelha no cós. Era uma dança calma e a música era de um rapaz desconhecido da cidade de Óbidos.




O Cangaço




Dança de origem nordestina do Brasil, retratava a vida de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido com Lampião. Entrou para o cangaço por volta de 1914, por motivos desconhecidos. Foi o mais famoso e temido cangaceiro, se gabava de haver conquistado o apelido de Lampião, quando no decorrer de uma luta, sua espingarda não deixava de ter clarão “Tal qual Lampião”, viveu com um enorme bando nos sertões de Sergipe e da Bahia, de onde se deslocava para outros estados do nordeste, como Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Na época da Coluna Prestes foi convidado para colaborar com governo por intermédio do Padre Cícero, que lhe ofereceu patente de Capitão. Em 1929, conheceu Maria Bonita que abandonou o marido para acompanhá-lo. Morreu em 1938, na Fazenda do Angico, em Sergipe, onde foi surpreendido pelo volante de João Bezerra, da polícia de Alagoas, juntamente com Maria Bonita e alguns de seus companheiros. Os cadáveres foram mutilados e as cabeças ficaram quase 30 anos expostas ao público em Salvador, no Museu Nina Rodrigues.




As façanhas de Lampião geraram um ciclo na literatura de cordel do nordeste e chegou até nós em face da grande entrada de nordestinos no município de Juruti e região, trazendo seus costumes e após formarem suas famílias relembram os acontecimentos de sua região através das conversas em rodas de amigos e, como tal, surgindo às histórias de Lampião e Maria Bonita transformando-se em folclore contado por muitos.




Foi apresentado no V Festival de Juruti, moças, rapazes, todos de greno com detalhes em napa branca, tamancos de madeira (Cedro), espingardas, facões e chapéu de palha pintado de preto, roupas que lembravam o famoso bando de Lampião; as moças com vestidos justos, meio evasê, de mangas compridas e golas com adereços em napa branca, facão e tamanco.




A história retratava a invasão de uma fazenda pelo bando de Lampião, onde aconteceu a luta e a vitória dos cangaceiros.




Os organizadores da dança foram a Sra. Maria Gomes Pinheiro e Clemente Oliveira dos Santos. Esse grupo apresentou-se apenas por um ano e por força maior não continuou a competir.




Boi Campineiro




Sendo o informante o Sr. Nino Rodrigues, a primeira pergunta foi  quais os fundadores do Boi Campineiro? Segundo ele: “Foi o cabo Ortêncio Palheta que ao passar pelo Maranhão aprendeu a dança do Bumba meu Boi, trouxe para junto de nossa cultura essa brincadeira e se apresentaram. Depois de terem se apresentado o primeiro ano, só voltaram a se apresentar novamente três anos depois. Quando o Boi do Areial, chamado de Garantido aceitou fazer uma disputa com o Campineiro, valendo como o I Festival Folclórico de Juruti, isso aconteceu durante o último mandato do Prefeito Madson Pinheiro”.




Segundo Nino Gonçalves: “O Boi Campineiro se apresentou pela primeira vez, no ano de 1945, na residência do Senhor Nino, que era coordenador do Boi, essa apresentação era apenas uma brincadeira. Em 1988, ele se apresentou disputando com o Boi Garantido do Areial, nesse ano foi aberto oficialmente o I Festival de Juruti. Após a apresentação o Boi Campineiro não apresentou no Festival do ano seguinte por motivo de força maior”.




O informante continua sua fala: “Dois anos que o Boi Campineiro se apresentou sempre trouxe para a quadra temas relacionados com a natureza”. E diz: “O primeiro ano que o Boi apresentou levou para quadra um elefante em homenagem a África, de onde vieram as raízes do Bumba meu Boi, implantado no Maranhão pelos escravos. O segundo ano o Boi veio com macaco representando a floresta amazônica, nessa época existiam muitos macacos aqui na região”.




Os alunos pesquisadores continuam fazendo perguntas para Nino Gonçalves, entre elas, que tipos de roupas? O informante responde: “Os componentes do Boi se apresentavam com roupas tradicionais, padronizadas de cores verdes e brancas (Calça branca e camisa verde)”. Sendo que: “O verde representando os campos e florestas e o branco representando as águas, rios e lagos”.




Outra pergunta interessante dos alunos pesquisadores, por que o Boi não se apresentou mais? O informante continua a roda de conversa: “Por não ter recursos financeiros próprios para competir e mesmo com o surgimento das duas tribos tornou-se difícil sua apresentação”.




Agradeço aos alunos pesquisadores Mirian Coimbra, Fabíola Araújo, Mislene, Joelza Soares, Ricardo Toscano, Ramaiano Braga, Joana Paula, Wesley e Rogério Rocha pelo levantamento histórico cultural antes do surgimento das tribos, que são atrações atualmente, com grandes destaques no cenário cultural paraense e brasileiro, juntamente com o Festival de Parintins, no estado do Amazonas.

terça-feira, 28 de abril de 2020

40 ANOS DO Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME








Sábado, 02/05, às 17 horas temos um encontro marcado.


"Os 40 Anos do Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) no Pará" é o tema do nosso bate-papo. Vamos conversar com José Ribamar Oliveira (Historiador/Ex coordenador do SOME),  Ana Conceição ( Mestra em Ciências da Educação/Ex coordenadora do SOME) e Marina Costa (Mestra em Ciências da Educação/Ex professora do SOME)
Mediador: Prof. Vinicio Nascimento (SOME)


Transmissão pela nossa página no Facebook: https://www.facebook.com/profvinicionasc/

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Juruti: Seus cantos, encantos, tradições e rituais.





No ano de 2001, desenvolvi minhas práticas educativas no município de Juruti, no III Módulo, pelo Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME. O SOME é uma política publica que completou 40 anos no dia 15 de abril passado, que atende os alunos matriculados no ensino médio nos interiores do estado do Pará. Nesses rincões, como não tem estrutura para o ensino regular é solicitado implantações para a Secretaria Estadual de Educação – SEDUC/PA para atender as demandas. Já que o aluno tem dificuldades, principalmente financeiras, para se deslocamento onde tenha o ensino regular, o SOME é uma alternativa.



No momento em que trabalhei no município o SOME funcionava na sede, como várias turmas de ensino médio atendendo várias localidades. Já tinha trabalhado em Juruti, no ano 1989, no III Módulo também.



Várias atividades pedagógicas foram executadas com os alunos durante esse módulo, inclusive, pesquisas sobre os aspectos históricos, econômicos, culturais e sociais do município. Estarei postando algumas dessas lembranças de dezenove anos atrás, sim, 19 anos, é bastante tempo, incrível, tudo isso! Vivendo e aprendendo nessas andanças pelo estado.



Uma das pesquisas que foi executada participaram os alunos Mirian Coimbra, Fabíola Araújo, Milene, Juíza Soares, Ricardo Toscano, Ramaiano Braga, Joana Paula, Wesley e Rogério Rocha. Esses alunos apresentaram um relatório das atividades orientadas sob nossa responsabilidade sobre a cultural local, incluindo as principais danças apresentadas em 1990, que foi realizado, no V Festival Folclórico de Juruti, na quadra municipal André Júlio.



Entre os objetivos do Festival Folclórico de Juruti, segundo um informante, tem que promover coordenar, e incentivar as manifestações culturais do município, assim como priorizar as tradições indígenas impulsionando a população local a conhecer e reverenciar o legado da cultura deixado pelos ancestrais. Além disso, foi também abordado que o evento jurutiense objetivava alcançar outros pontos, entre eles: Valorizar o artista local, Manter vivo o espírito folclórico entre os municípios, resgatar as tradições fundamentais a identidade cultural, conseguir a intensa participação da população alcançando assim o envolvimento do homem com a cultura.



Vale ressaltar, segundo as pesquisas dos alunos pesquisadores, que foi importante destacar que o festival jurutiense apenas alcançou majestosidade, devido aos espetáculos proporcionados pelas duas tribos, que visam unicamente valorizar o índio com suas tradições, cantos e rituais místicos; valorizar a cultura local é o lema principal do Festival Folclórico de Juruti.



Levantamentos pesquisados durante o módulo foram levados em consideração alguns aspectos importantes para a sociedade jurutiense, entre elas, pode-se frisar a abordagem histórica. O município de Juruti originou-se de um disperso núcleo de índios Mundurukus, catequizados pelo Padre Manoel de Sanchos e Brito. Os nativos de Juruti recebem a denominação de “Jurutiense”, termo derivado do topônimo de origem Tupi “Juruti”, ave de cor cinza, que viviam em bandos nas florestas da região, que davam a sintonia com a natureza e valorizava o meio ambiente.



Foi enfatizado durante dados coletados pelos alunos pesquisadores, o seguinte: em 13 de dezembro de 1859, a Lei Provincial Nº 339, que faz a transferência da sede da frequesia de Juruti para as margens do Rio Amazonas, no Paraná Maracá – Açu. Com a Lei Provincial Nº 1.152, de 09 de abril de 1885, foi criado o município de Juruti. Outro dado importante, devido questões políticas, o município foi extinto em 03 de abril de 1900, sendo anexado aos municípios de Óbidos e Faro. Em 03 de abril de 1913, novamente acontece a criação do município pela Lei Nº 1.295. Em 31 de março de 1938, através da Lei Nº 2.972 constitui o município de Juruti com seus limites geográficos e organização política até os dias de hoje (2001).



Continuando o levantamento da pesquisa trata que o V Festival Folclórico de Juruti, foi realizado em julho de 1990, na administração do Prefeito Isaias Batista Filho, sendo a organizadora do evento a primeira dama do município Lucídia Benithar e a Secretaria Social, sendo apresentadas grandes inovações e atrações, como: Quadrilha Ou Vai Ou Racha, com 200 brincantes, com a coordenação de d. Ana Paula Cunha e Thiá e o Lana. O Boi Campineiro, com 78 brincantes, com direção de Nino Gonçalves.  O Cangaço, com 68 brincantes, com direção de Régia Pinheiro e Clemente Santo; além desses, apresentaram ainda, os cordões de pássaros, quadrilhas roceiras, danças interioranas e outras.


Continua na próxima postagem. Aguardem!

quarta-feira, 22 de abril de 2020

ENEM EM TEMPOS DE PANDEMIA






Como parte das atividades da 21ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, teremos a live acima, já que é preciso debater a retomada das aulas, vinculada a um calendário que respeito o direito ao aprendizado e defenda a vida. Não percam!!

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Amazônia em foco: SOME em Bujaru






Nos 40 anos do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME,  completado no dia 15 de abril, foi lançada a obra Amazônia em foco: SOME em Bujaru, organizada pelos professores Ribamar Oliveira e Valdivino Cunha.



A obra teve, como ponto de partida, as experiências e reflexões durante o período de trabalho na política pública da Secretaria Estadual de Educação enquanto docentes do SOME. Configura enquanto produção do conhecimento na educação básica, no ensino médio, nos interiores do Estado, neste caso, no município de Bujaru, juntamente com alunos orientados sob suas responsabilidades, tendo como recurso metodológico a História Oral.



Os principais temas abordados na obra dizem respeito ao dia-a-dia daquelas comunidades que procuraram mesclar o conhecimento teórico ministrados aos alunos com o conhecimento empírico que eles trazem dos seus antepassados. A obra possui vários temas sobre os projetos de intervenções desenvolvidos durante suas estadas nas localidades, no cumprimento do calendário escolar, correspondendo a cinquenta dias letivos. Os textos da obra retratam algumas das produções sobre os temas pesquisados nas localidades onde funciona o SOME com intuito e objetivo de resgatar a história e a memória daquelas localidades.




A proposta da obra foi que ela venha a ser uma referência para pesquisas e estudos sobre educação do campo, tendo como objeto o Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, enquanto política pública para os filhos dos trabalhadores ribeirinhos, quilombolas, indígenas e dos campos. Suas expectativas é que numa linguagem simples e didática, o dialogo com o leitor possa contribuir em seus conhecimentos, reflexões e as diversas experiências sirvam como exemplos para serem adequadas e aplicadas na prática educativa e no resgate de suas histórias.



Pessoas que desejam o PDF da obra, sem gastos, entre em contato com organizadores:


Ribamar Oliveira: 91984996619  (WhatsApp)

Valdivino Cunha: 91982831591 (WhatsApp)


Boa leitura!

quinta-feira, 16 de abril de 2020

SOME: Recordar é viver




Eis algumas imagens marcantes postadas nos de Wattsap e Facebbok pelos professores em comemoração aos 40 anos do SOME.






































quarta-feira, 15 de abril de 2020

40 anos do SOME


                           Profª Marina Costa







Nosso sonho coletivo se materializou. Finalmente o parto de uma gestação demorada acontece, no exato dia em que o Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), completa 4 décadas de existência.  Nesse livro reunimos narrativas vivenciadas por autores em diferentes tempos e chãos das comunidades que compõem a Amazônia Paraense, onde a dimensão do SOME se constitui como política educacional gigante nessa territorialidade. Tão logo passe a pandemia, estaremos fazendo o lançamento do livro. Desde já, nossa gratidão ao turbilhão de estrelas modulindas, que sonharam conosco e na confiança da amizade, adquiriram antecipadamente seus exemplares, viabilizando a concretização desse sonho. 







Parabéns a todos e todas que efetivamente construíram/constroem, redimensionam, defendem e preservam, ao longo desses quarenta anos, a identidade do Sistema Modular de Ensino, na condição de política de acessibilidade à Educação de qualidade, como legítimo e inalienável direito de todos os povos; sem exceção, sejam da cidade ou do campo, quilombolas, ribeirinhos, assentados, etnias diversas...










Obs. Glória Rocha prefaciou essa obra (grande referência dos jurássicos do SOME).







#SOME40anosmuitoorgulhodessafamiliagigante















Professora Ms. Marina Costa ( Uma das organizadoras do Livro do SOME).