Falar de educação para mim é
sempre um enorme prazer e satisfação. Falar das minhas experiências como aluna
no sistema modular de ensino, é viajar a um passado sempre cheio de boas
histórias e lembranças inesquecíveis.
Sempre estudei na escola pública, desde a
educação básica até agora que concluir minha graduação superior. Passei minha
infância e adolescência percorrendo os caminhos das escolas, sempre na zona
rural, sonhando com objetivos e sonhos que eu precisava alcançar. Naquela
época, incalculáveis e até mesmo, desconhecidos para mim. Mas eu sonhava e
sonhava muito. Apesar de ter nascido em uma família cheia de professores, na
verdade, Tias e meu Pai professor, sempre existiram dificuldades, mas eu
as vencia com muito grado, pois sempre gostei de estudar, sempre me esforcei
para tirar as melhores notas, porque via na escola o único caminho
da superação. A vida de criança e de jovem estudante pobre nunca foi fácil e
quando esse estudo se dá na zona rural, as dificuldades se multiplicam, mas
quem sabe pra onde quer ir nunca perde no caminho, por mais de
espinhoso que ele nos pareça ser.
Nos anos iniciais do fundamental, de 1° ao 5° ano, lembro-me, das pedaladas, das inúmeras quedas e do sol ardente nas minhas costas, lembro-me, da felicidade em ser sobrinha da professora e mais ainda, de ser filha do professor. Era incrível!
Terminado essa fase, mudei de
escola e meus objetivos aumentaram, bem como as dificuldades. Eu acordava muito
cedo, cedo mesmo. Às 5:30 hs da manhã, eu estava arrumada, preparada para
percorrer aproximadamente 13 quilômetros de estrada de chão, no ônibus escolar.
Terminei o fundamental maior nessas condições e iníciei o tão esperado Ensino
Médio, era um sonho!
No Ensino Médio, descobri à
literatura, à filosofia e a apaixonante sociologia, era tudo muito incrível.
Estudei no Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), onde professores
ensinam uma disciplina por meio de módulos, finalizando as quatro avaliações em
período de 50 a cinquenta dias. Aprendi muito com todos eles e guardo cada um
no coração. Alguns tornaram-se meus amigos, grandes pessoas, aquelas que me
incentivaram a lutar e nunca desistir dos estudos. Lembro-me de cada um, alguns
esqueci o nome, mas não às lembranças e o sorriso no rosto, frequente em todas
às aulas. Vou citá-los aqui, para que eles saibam o quanto foram e são
importantes para mim, o quanto contribuíram para minha aprendizagem, dentro e
fora de sala de aula. São eles: Rosiane Marques (conterrânea), Adriana Silva
(conterrânea), Valdivino Cunha, Hernandes Macedo, Ribamar Oliveira e Rodrigues
Lc, dentre tantos outros, que alicerçaram meus conhecimentos construídos até
hoje. Lembro-me de encerrar o ensino médio com muitas lágrimas, pois as
palavras de afeto, incentivo e amor, abraçaram meu coração, fazendo-me recordar
todos os dias que passei para chegar àquele momento. Sou grata a cada um, que
apesar das dificuldades, ensinaram para mim e para meus colegas, a importância
do conhecimento. Hoje sou professora, graças ao ensino construído por muitas
mãos, mãos de professores que atravessavam fronteiras para ENSINAR.
Dificilmente eu teria terminado a educação básica e ingressada no ensino
superior se não fosse o Some, essa importante ferramenta de inclusão social no
campo e por isso mesmo sou eternamente grata por possibilitar não apenas a mim,
mas uma legião de jovens do campo terminarem o ensino médio deixando um caminho
aberto para o ingresso no ensino superior. Meus parabéns aos Some pelos seus 39
anos de conquistas no campo. Parabéns, professores, vocês são gigantes!

Loana Farias da Silva
(Graduada em Letras-português,
pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Professora no Sistema de Organização Modular do Ensino Fundamental -
SOMEF/Tomé-Açu).
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