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quinta-feira, 4 de agosto de 2022

SALA DE AULA: UM PROJETO PEDAGÓGICO DE VIDA (Peça Teatral): Parte I

 


                                                             Carlos Alberto T. Prestes



Olha pro alto!

Olha em derredor!

Vê! Mede o tamanho do mundo!

A vista não alcança o pormenor

Saber! Saber! Poço sem fundo.

                                                                                                            (Carlos Prestes)



PRIMEIRO ATO 

 

 

CENA 1

 

Personagens:

Professor: Inácio

Aluno(as): Diva, Glenda, Yasmin, Sabrina e Laíla

Deviam ser 7h30 de uma manhã de segunda-feira. Era uma manhã meia nublada, com nuvens carregadas no céu, que pareciam dizer que havia indícios de chuva. E é por isso que o sol parecia meio acabrunhado, como se tivesse acordado meio indisposto, naquele dia.  Mas aquele e os próximos dias, contariam a história de alguns professores do ensino fundamental e seus alunos. Tudo se passou na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, no bairro do Guamá, em Belém do Pará. Um dos professores (Inácio) era estagiário do curso de pedagogia, da Universidade Federal do Pará, que cursou durante os anos de 2002 a 2006, e estava ali, além de adquirindo experiência, cumprindo, também, uma disciplina de estágio obrigatório. Bate a campainha, os alunos entram na escola; o professor se dirige à sala de aula para ensinar gramática da língua portuguesa falada no Brasil à turma A – 700, do 4ª ano do ensino fundamental.

______________________________

PROFESSOR INÁCIO: Entrando na sala de aula, cumprimenta os alunos. 

Bom dia, gente! Tudo bem?

ALUNOS: Quase que ao mesmo tempo cumprimentam o professor.

Bom dia, professor!

PROFESSOR INÁCIO: Olhando em volta da sala de aula.

Bem, o que nós vamos ver hoje? De acordo com o programa, estudaremos separação de sílabas, classificação das palavras quanto ao número de sílabas e classificação das palavras quanto à sílaba tônica.

DIVA: Com um ar de espantada.

Tudo isso, professor? Essa matéria é muito chata!

PROFESSOR INÁCIO: 

Não é chata não. O assunto é bem fácil. Vocês vão entender direitinho. E sabem porque não é difícil? Bem, porque nós vamos ler uma historinha e depois vamos estudar os assuntos de português através da historinha, entenderam? Vou procurar passar esse assunto da maneira mais simples possível.

ALUNOS: meio confusos, dividem as respostas.

Sim, professor!

Mais ou menos.

GLENDA: Uma aluna muito simpática, de voz rouca.

Professor, e de que é a história?

PROFESSOR INÁCIO: Olhando para Glenda.

É a história de um peixinho. Só posso dizer isso, senão, perde a graça. Vocês vão entender quando lerem.

YASMIN: 

Então, começa a leitura, professor!

PROFESSOR INÁCIO: Calma, eu não vou ler nada. Quem vai ler são vocês. Aqui está o texto, tomem!

PAUSA: O professor entrega o texto aos alunos.

PROFESSOR INÁCIO: 

Laila, leia o primeiro parágrafo.

LAILA: Com o livro na mão.

Tico e vovô Tonico se divertiam tentando adivinhar para que serviam aquelas coisas que as pessoas jogavam no rio.

PROFESSOR INÁCIO: Faz sinal para Laíla parar

Tá bom. Glenda, continue!

GLENDA: 

No brinca-brinca, Tico começou a notar que o lixão era todo colorido. Tinha latas de cerveja vermelhas, tênis amarelos, sacolas azuis e o rio... E o rio era cinza, com plantas e pedras escuras. Tico não entendia.

PROFESSOR INÁCIO: 

Muito bem. Agora a Yasmin continua.

YASMIN: 

Tico disse: - Vô! Por que o mundo dos homens é colorido e o nosso não?

PROFESSOR INÁCIO: 

Tá, agora fala a Sabrina.

SABRINA: 

É, mas o nosso rio já foi diferente, Tico.

PROFESSOR INÁCIO: 

Fale a Diva agora.

DIVA: 

Vovô Tonico contou como era o rio antigamente. Tinha as águas limpas e as pedras eram coloridas. Falou sobre o dia e a noite, a beleza do sol e a delicadeza da lua. Contou histórias incríveis sobre a dança das nuvens e que os peixes até podiam ser vistos sobre as águas transparentes.

PAUSA: Fez-se um instante de silêncio.

PROFESSOR INÁCIO: 

Pronto, agora vamos dar início às nossas atividades. Vamos ao que interessa.

SABRINA: Levanta a mão, querendo falar.

Professor, o peixe só aparece lá no finalzinho da história.

PROFESSOR INÁCIO: 

Não se preocupe com o peixe, Sabrina. Isso é só uma historinha. Vocês devem prestar atenção mesmo, é no que nós vamos ver agora. Para começar, peguem a palavra peixinho e dividam em pedacinhos, em sílabas.

GLENDA: Faz uma pergunta para ao professor.

Professor, o que é uma sílaba?

PROFESSOR INÁCIO: Boa pergunta, Glenda. Prestem atenção na minha explicação: as sílabas são fonemas ou grupo de fonemas pronunciados por meio de uma única emissão de voz. Na Língua Portuguesa, a base das sílabas são as vogais: a - e - i - o - u. Dessa forma, podemos afirmar que não existe sílaba sem vogalPara sabermos o número de sílabas de cada palavra, basta contar quantas vogais há nessa palavra.  Entenderam?

ALUNOS: dizem que sim. E dividem a palavra: PEI-XI-NHO.

SABRINA: 

Professor, o que é fonema?

PROFESSOR INÁCIO: 

Os fonemas são os sons produzidos pelos falantes e representam as unidades sonoras que formam as palavras de uma língua. Os seres humanos produzem sons que se articulam, juntam-se e formam as palavras. Para representar graficamente os sons, utilizamos as letras. É importante que se compreenda a diferença entre as letras e os fonemas. Observem as palavras no quadro:

        a) A palavra Sapato

        Letras: s, a, p, a, t, o

        Fonemas: / s /, / a /, / p /, / a/, / t /, / u /

PROFESSOR INÁCIO: 

Quantas letras e quanto fonemas tem a palavra SAPATO?

GLENDA: 

1, 2, 3, 4, 5, 6, seis letras e seis fonemas.

PROFESSOR INÁCIO: 

Isso mesmo. O número de letras (6) é igual ao número de fonemas (6). Agora, vamos ver a palavra HEBREU. Quantas letras e quantos fonemas?

        b) Hebreu

        Letras: h, e, b, r, e, u

        Fonemas: / e /, / b /, / r /, / e /, / u /

YASMIN: 

1, 2, 3, 4, 5, 6, seis letras e 1, 2, 3, 4, 5, cinco fonemas, que são os sons da palavra, né professor?

PROFESSOR INÁCIO: 

Exatamente, Yasmin. O número de letras (6) não é igual ao número de fonemas (5), pois a letra 'h' não representa nenhum fonema/som na nossa língua. Viram como já tem diferença entre palavra e fonema? Agora, vamos analisar a palavra SEXO, quantas letras e quantos fonemas?

        c) Sexo

        Letras: s, e, x, o

        Fonemas: / s /, / e /, / k /, / s /, / u /

LAÍLA: 

1, 2, 3, 4, quatro letras e 1, 2, 3, 4, 5, cinco fonemas.

PROFESSOR INÁCIO: 

Acertou Laíla. O número de letras (4) não corresponde ao número de fonemas (5), pois a letra x tem som de / ks /, ou seja, quando a palavra SEXO é pronunciada, a gente lê SE/K/S/U, que tem o som de duas letras: K e S. e o /o/ tem som de /u/. Entendeu Sabrina?

SABRINA: 

Sim, professor.

PROFESSOR INÁCIO: 

Então, vamos dar continuidade ao assunto das sílabas.

LAÍLA: 

Professor, o meu “i” do peixinho não está junto com o “e”.

PROFESSOR INÁCIO: 

Mas deve ficar junto para que a pronúncia fique correta. Agora, dividam as palavras COLORIDO, TICO e VÔ.

ALUNOS:

CO-LO-RI-DO, TI-CO, VÔ.

PROFESSOR INÁCIO: 

Muito bem. Agora vamos contar quantas sílabas tem a palavra COLORIDO.

ALUNOS: 

Uma, duas, três, quatro.

PROFESSOR INÁCIO: 

Isso mesmo. Então, as palavras que têm quatro ou mais sílabas são chamadas polissílabas. E o peixinho, quantas sílabas tem?

ALUNOS: 

Três sílabas: PEI-XI-NHO.

PROFESSOR INÁCIO: 

Isso mesmo. Por isso, ela é chamada trissílaba. Então, dizemos que palavras que tem três sílabas são chamadas trissílabas. Entenderam?

ALUNOS: 

Entendemos.

PROFESSOR INÁCIO: 

Muito bem. E as palavras TICO e VÔ? Quantas sílabas têm?

DIVA: 

Tico tem duas sílabas, professor (Foi até o quadro e escreveu): TI-CO.

YASMIN: 

Eu não preciso nem ir escrever no quadro, professor. A palavra VÔ não tem como dividir. Só tem uma sílaba.

PROFESSOR INÁCIO: 

Muito bem. As duas acertaram. TICO tem duas sílabas, por isso é uma palavra dissílaba. VÔ tem apenas uma sílaba. Logo, ela é classificada como uma palavra monossílaba. Bem, agora vamos estudar a classificação das palavras quanto à sílaba tônica. Elas podem ser Oxítonas, paroxítonas ou proparoxítonas.

GLENDA: 

Professor, o que é sílaba tônica?

PROFESSOR INÁCIO: 

É a sílaba que é pronunciada com mais força em uma palavra. Com mais intensidade do que as outras. Por exemplo: pronunciem a palavra COLORIDO bem devagar.

ALUNOS: 

CO-LO-RI-DO.

PROFESSOR INÁCIO: 

Então, qual foi a parte da palavra que vocês pronunciaram com mais força?

LAÍLA:  A primeira a responder.

RI.

PROFESSOR INÁCIO: 

Certo. Por isso, quando a sílaba tônica cair na penúltima sílaba, e RI é a penúltima sílaba da palavra CO-LO-RI-DO, ela será classificada como paroxítona. Agora, pronunciem a palavra ADIVINHAR, pausadamente.

ALUNOS: 

A-DI-VI-NHAR.

PROFESSOR INÁCIO: Isso. Agora achem a sílaba pronunciada com mais intensidade.

ALUNOS: 

NHAR.

PROFESSOR INÁCIO: 

Exato. Isso quer dizer que, quando a sílaba tônica cair na última sílaba da palavra, nós teremos uma palavra oxítona. Bem, parece que não existe no texto nenhuma palavra proparoxítona para citarmos como exemplo. Por isso, vamos procurar aqui, na sala, algum objeto, cuja palavra seja proparoxítona.

SABRINA: 

Eu sei, professor! Quadro!

PROFESSOR INÁCIO: 

Não. Quadro é uma palavra paroxítona (QUA-DRO) e só tem duas sílabas.

LAÍLA: Cadeira!

PROFESSOR INÁCIO: 

Também não. Cadeira é uma palavra trissílaba, tem três sílabas, mas também é paroxítona, ou seja, a sílaba tônica, a mais forte, é DEI, que está no meio da palavra: CA-DEI-RA. Vamos pegar a palavra LÂMPADA. Pronunciem esta palavra bem devagar.

ALUNOS: 

LAM--DA.

PROFESSOR INÁCIO: 

Agora, digam onde está a sílaba mais forte.

ALUNOS: 

Em PÁ.

PROFESSOR INÁCIO: 

Não! Não! De jeito nenhum! A sílaba mais forte não está em PA. O erro foi meu, quando mandei pronunciar lentamente. Vamos ver de novo. Pronunciem a palavra bem rápido.

ALUNOS: 

LÂM-PA-DA.

PROFESSOR INÁCIO: 

Isso. E agora? Onde está a sílaba mais forte?

ALUNOS: 

Em LÂM.

PROFESSOR INÁCIO: 

Certo, vocês estão indo muito bem. Quando a sílaba tônica cair na antepenúltima sílaba, a palavra é classificada como proparoxítona.

PAUSA: Nesse instante, a campainha toca indicando o fim da aula.

PROFESSOR INÁCIO: 

Na próxima aula, veremos outro texto. Isso é bom, porque o texto ajuda a compreender melhor as palavras. Então, até a próxima.

 

FIM DA PRIMEIRA CENA




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