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quinta-feira, 4 de agosto de 2022

SALA DE AULA: UM PROJETO PEDAGÓGICO DE VIDA (Peça Teatral): Parte VIII

 



                                                                 Carlos Alberto T. Prestes


CENA 8

PERSONAGENS:

Professores(as): Salomão

Alunos(as): Márcia, Dayana, Rosilene, Roniquele, Maíra, Juliana, Débora

Sexta-feira, 08 de abril de 2005. Depois do intervalo, às 10 e 15 da manhã, o professor Salomão, que acabou de concluir o seu mestrado em educação pela UFPA, defendendo uma dissertação sobre a Alfabetização de jovens e adultos, entra na sala de aula da turma A - 710, 9º ano. Era a sua quarta aula na manhã daquele dia.

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PROFESSOR SALOMÃO: Bom dia, gente! Estão cansados? Tiveram muita aula hoje?

DAYANA: Tivemos todas as aulas, professor. Não faltou nenhum professor hoje. Ainda bem que tem o intervalo.

PROFESSOR SALOMÃO: É, vocês estão cansados? Querem trocar de lugar comigo por uma semana? Preparar aula, pesquisar, estudar, dar aula, corrigir trabalhos escolares, corrigir provas, atualizar a frequência, participar de reuniões entre professores, reunir com os pais, ouvir reclamações de alunos, de pais. Às vezes, tem que fazer o papel de psicólogo, de terapeuta, de psiquiatra, de médico, de enfermeiro, de pai, de mãe, mas principalmente, tem que ser amigo do aluno.

ROSILENE: Égua, professor! O senhor faz tudo isso? É muita coisa. Eu pensei que só dava aula.

MÁRCIA: Eu quero fazer licenciatura. Eu quero ser professora. Quero dar aula pras crianças. Mas quero fazer mestrado pra me preparar melhor. Eu adoro crianças.

RONIQUELE: Eu também quero ser professora. Quando eu terminar o ensino médio, vou fazer vestibular pra Pedagogia. Sei que o pedagogo pode trabalhar em vários lugares, como hospitais, empresas, clínicas, órgãos públicos, Ministério Público, mas eu quero trabalhar com crianças, em escolas, e, de preferência, em escolas públicas.

MAÍRA: Por que em escolas públicas? Você acha melhor?

RONIQUELE: Porque eu sempre estudei em escola pública, e vou fazer o nível médio em escola pública. Não é que eu ache melhor. A escola particular tem mais conforto, ar condicionado nas salas de aula, os professores dificilmente faltam, todos são auxiliados por livros e computadores na escola e na casa dos pais, tem aulas extras, de reforço, mais tecnologia ao alcance dos alunos. Mas eu, assim como vocês também, conheço a realidade da escola pública, as dificuldades, as greves, a falta de professores por diversos motivos, a falta de conforto nas salas, a ausência de tecnologia porque não tem verbas ou por desinteresse dos governantes, dos políticos eleitos pela população. Eu vou terminar o ensino fundamental e o médio na escola pública e, depois, quando me formar em pedagogia, quero retribuir o que a escola fez por mim.

PROFESSOR SALOMÃO: Muito nobre de sua parte, Roniquele! Você fez uma boa análise entre a escola pública e a escola privada. Realmente e tecnicamente as diferenças são grandes, mas nós temos bons profissionais, professores competentes, preparados intelectualmente e com experiência, e que têm compromisso com o social, com a educação, com a cultura, com vocês, apesar das grandes dificuldades para se fazer cursos de capacitação, de especialização, de mestrado e doutorado. O professor quase não tem tempo pra nada, porque tem que correr de uma escola pra outra em bairros deferentes, num mesmo dia, pra poder completar uma carga horária que lhe possibilite ter uma renda mensal digna.

JULIANA: A minha mãe é professora de Biologia de escola pública também, professor. Ela dá aula no Augusto Meira, que fica em são Brás; no Arthur Porto, que fica no Jurunas, e noutra escola lá na Cidade Velha. Tem dias que ela vai pras três escolas de manhã e de tarde. De segunda à quinta, eu só vejo minha mãe à noite, depois das sete. Só na sexta-feira que ela tem aula só pela manhã. A minha mãe é uma guerreira, tenho muito orgulho dela. Quando me formar e começar a ganhar dinheiro, vou ajudar minha mãe, dar um descanso pra ela. Ela merece.

PROFESSOR SALOMÃO: E qual a profissão que você quer exercer?

JULIANA: Quero fazer Direito e, quando me formar, vou me inscrever em concurso público pra ser promotora do Ministério Público ou pra juíza do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, ou pro Ministério do Trabalho, ou outro cargo de nível superior que ganhe um salário razoável, pra eu poder ajudar minha família.

DÉBORA: Eu quero fazer medicina. Sempre gostei muito das aulas de biologia. Me identifico com os assuntos sobre saúde. Quero ser pediatra.

PROFESSOR SALOMÃO: Ótimo, tô vendo que vocês já estão bem resolvidas com o futuro profissional que querem seguir. Agora, vamos entrar em um outro assunto que também é muito importante. Hoje, nós vamos conversar um pouco sobre “Alfabetização de Jovens e Adultos”. Já ouviram falar nesse tema? Conhecem o assunto?

DAYANA: Sim, professor! São aquelas pessoas que não sabem ler e escrever, ou sabem pouco.

MÁRCIA: São pessoas que muitas vezes preferiram trabalhar em vez de estudar. Às vezes, não tiveram opção, porque a família é pobre e não tem condições.

PROFESSOR SALOMÃO: E você, Rosilene? O que acha?

ROSILENE: Ah, professor! Eu acho que essa alfabetização de jovens e adultos dá oportunidade tanto pra jovens como pra pessoas mais velhas de voltar a estudar, e isso faz com que a pessoa aprenda a ler e escrever.

PROFESSOR SALOMÃO: E o que você acha que significa aprender a ler e escrever pra essas pessoas, Roniquele?

RONIQUELE: Eu, professor?

PROFESSOR SALOMÃO: Sim, você mesma.

RONIQUELE: Eu acho que deve ser a mesma sensação de uma criança quando aprende a dar os primeiros passos, ou a andar de bicicleta. A gente cai uma, duas, três vezes, mas quando aprende não quer parar mais. A gente nem lembra mais das quedas.

MAÍRA: Eu assisti um filme uma vez, já faz tempo. A história se passava em Cuba, logo depois da revolução que teve lá. Havia muita pobreza, as pessoas estavam passando dificuldades e muita gente estava sem estudar, principalmente nas comunidades do interior. O governo começou a enviar voluntários pra dar aulas nessas comunidades. Um rapaz novinho, devia ter mais ou menos uns dezesseis pra dezoito anos de idade, foi mandado pra um desses povoados. Quando ele chegou lá, dizendo que tinha ido pra dar aula, ninguém levava fé nele, nem respeitavam, porque ele era muito novo pra ser professor. Ele andava pelo povoado convidando as pessoas, mas ninguém ia pra sala de aula improvisada numa barraca. O povoado tinha um líder mais velho, um chefe, e foi esse chefe que salvou a pátria.

DÉBORA: Como assim, salvou a pátria?

MAÍRA: Uma noite, o rapaz estava na entrada da sala de aula aguardando os alunos para dar as boas-vindas, como sempre fazia, mesmo sabendo que ninguém iria. O líder do povoado reconheceu a persistência do rapaz em querer ensinar a sua gente. Então, ele saiu de sua casa e caminhou em direção da barraca, que era a sala de aula, cumprimentou o jovem professor, que lhe entregou um lápis e um caderno, e entrou. Logo, em seguida, se formou uma fila de gente pra assistir aula, por causa do exemplo do líder, que era uma pessoa idosa.

JULIANA: E aí, Maíra? Termina aí, quando eles entram pra sala de aula?

MAÍRA: Não. Eles começam a estudar. No início, ficaram um pouco com vergonha de ter que aprender a ler e escrever com um garoto, mas, à medida que que ele foi ensinando, eles foram aprendendo. Aos poucos, foram se arriscando na escrita das primeiras palavras e a fazer as primeiras leituras de textos simples. Ninguém, naquela sala de aula, sabia ler nem escrever, mas aprenderam. Depois de alguns dias, o jovem professor chamou o líder do povoado pra escrever uma frase no quadro de giz.

DÉBORA: E ele foi?

MAÍRA: Sim, foi. E, quando chegou lá na frente, ele escreveu a primeira frase do seu próprio punho: “Viva a revolução Cubana!” E todos os alunos aplaudiram.

PROFESSOR SALOMÃO: Isso é alfabetização de jovens e adultos. Você contextualizou muito bem o enredo desse filme, Maíra. Um excelente exemplo que você compartilhou com a gente. Parabéns!

ROSILENE: Onde a gente encontra esse filme, Maíra?

MAÍRA: Não sei. Faz tempo que eu assisti. Mas pode pegar o nome e procurar na internet. Pode ser que ache.

PROFESSOR SALOMÃO: Bem turma, deixa eu falar um pouco pra vocês sobre esse assunto. Vou começar pela Educação de Jovens e Adultos. Acompanhem na apostila de vocês. “A educação de jovens e adultos começou a delimitar seu lugar na história da educação no Brasil a partir da década de 30, quando finalmente começa a se consolidar um sistema público de educação elementar no país. Neste período, a sociedade brasileira passava por grandes transformações, associadas ao processo de industrialização e concentração populacional em centros urbanos. A ampliação da educação elementar foi impulsionada pelo governo federal, que traçava diretrizes educacionais para todo o país, determinando as responsabilidades dos estados e municípios. Tal movimento inclui também esforços articulados nacionalmente de extensão do ensino elementar aos adultos, especialmente nos anos 40.”

MÁRCIA: Antes mesmo da década de 30 já existia tanto analfabeto assim no Brasil, professor?

PROFESSOR SALOMÃO: Sim, já existia. De acordo com Maria Luísa Santos Ribeiro, que publicou, em 1995, História da educação brasileira: a organização escolar, tivemos um aumento de analfabetos em números absolutos, e a manutenção desse percentual indica insuficiência de verbas e ou insuficiência teórica no enfrentamento do problema. O índice de analfabetismo da população brasileira para pessoas de todas as idades indica que, em 1890, 12.213.356 pessoas não sabiam ler e escrever, ou seja, 85% de uma população de 14. 333.915 pessoas; em 1900, 12.939.753 pessoas ou 75% de uma população de 17.388.434 pessoas não sabiam ler e escrever; finalmente, em 1920, com uma população de 30.635.605 pessoas, 23.142.248 pessoas ou 75% da população era analfabeta.

ROSILENE: Professor, a maioria da população brasileira era analfabeta em 1920? Olha só, 75% da população brasileira.

PROFESSOR SALOMÃO: Pois é. Pra vocês verem como era a situação do Brasil. Continuando: “Após o fim da ditadura de Getúlio Vargas em 1945, a educação de adultos define sua identidade tomando a forma de uma campanha nacional de massa, a Campanha de Educação de Adultos, lançada em 1947. Pretendia-se, numa primeira etapa, uma ação extensiva que previa a alfabetização em três meses, e mais a condensação do curso primário em dois períodos de sete meses. Essa campanha alimentou a reflexão e o debate em torno do analfabetismo no Brasil. Durante a campanha, ideias preconceituosas sobre adultos analfabetos foram criticadas; seus saberes e capacidades foram reconhecidos.”

RONIQUELE: E o que foi feito para diminuir o analfabetismo no Brasil?

PROFESSOR SALOMÃO: O Ministério da Educação produziu um material didático específico para o ensino da leitura e da escrita para os adultos. Como diz o texto: “O primeiro guia de leitura, distribuído pelo ministério em larga escala para as escolas supletivas do país, orientava o ensino pelo método silábico. As lições partiam de palavras-chave selecionadas e organizadas segundo suas características fonéticas. A função dessas palavras era remeter aos padrões silábicos, estes sim, o foco do estudo. As sílabas deveriam ser rememorizadas e remontadas para formar outras palavras.”

DAYANA: Aqui diz que “No final da década de 50, as críticas à Campanha de Educação de Adultos dirigiam-se tanto às suas deficiências administrativas e financeiras quanto à sua orientação pedagógica. Denunciava-se o caráter superficial do aprendizado que se efetivava no curto período da alfabetização, a inadequação do método para a população adulta e para as diferentes regiões do país. “

PROFESSOR SALOMÃO: Mas isso, também, fez com que todos começassem a olhar o problema do analfabeto de uma forma diferente, com mais interesse. É aí que surge Paulo Freire, um educador pernambucano. Ele traz propostas para a consolidação de um novo modelo pedagógico para a educação de adultos.

JULIANA: O texto diz que “O pensamento pedagógico de Paulo Freire, assim como sua proposta para a alfabetização de adultos, inspiraram os principais programas de alfabetização e educação popular que se realizaram no país no início dos anos 60. Esses programas foram empreendidos por intelectuais, estudantes e católicos engajados numa ação política junto aos grupos populares.”

PROFESSOR SALOMÃO: Vejam bem. O analfabetismo era apontado como causa da pobreza e da marginalização no Brasil. Quer dizer, de acordo com esse entendimento, a desestrutura social brasileira, que é um reflexo da pobreza, teria sido consequência do analfabetismo, da quantidade de pessoas de todas as idades que não aprenderam a ler nem escrever, entenderam? Mas eu pergunto: realmente, foi o analfabetismo que causou a marginalização e a pobreza no Brasil, ou foi o inverso? Uma pessoa é analfabeta por que quer, ou por falta de oportunidades? Será que uma pessoa que não sabe ler nem escrever não gostaria de crescer profissionalmente? Ter um bom emprego com estabilidade e que dê dignidade para a sua família? Morar em uma casa bonita, com rua pavimentada, num local onde ele possa exercer o direito de ir e vir? Será que esse analfabeto não sonha em dar uma vida digna à sua família? Será que não? ... Onde mora esse analfabeto? No centro ou na periferia da periferia? Nas invasões onde não há qualidade de vida, não há água encanada nem asfalto nas ruas?

MAYRA: Na rua de minha casa tem várias pessoas que não sabem ler nem escrever. Eu conheço alguns. Tem o seu Beto, que já tem uns sessenta anos. Quando chega alguma coisa pelo correio, ele pede pra eu ler, pra saber o que é.

ROSILENE: Eu conheço um senhor, o seu Armando. Ele é evangélico, não sabe ler nem escrever, mas conhece tudo quanto é versículo só de ouvir. Ele explica a bíblia pra gente e a gente entende. Ele disse que aprendeu a decorar os capítulos e versículos da bíblia ouvindo estudos pelo rádio e na igreja.

RONIQUELE: Eu acho que cada caso é um caso, professor. Mas qualquer um quer ter uma vida digna. Há histórias de pessoas que nunca foram pra escola, porque tiveram que trabalhar pra sobreviver muito cedo. A família, às vezes, é muito necessitada, são muitos filhos pequenos, o pai não tem emprego fixo, é um bico aqui, outro bico ali, nem toda vez tem dinheiro pra comida mais básica, um arroz, uma cuba de ovos, uma farinha, uma garrafa de óleo, um quilo de sal. Isso, pra muita gente, é quase nada, mas pra muitas famílias, é um supermercado, vale a sobrevivência de vários dias, significa barriga cheia. Por isso, professor, não é o analfabetismo o causador da pobreza, não. É a pobreza, a miséria social, a desigualdade econômica que acaba gerando o analfabeto.

PROFESSOR SALOMÃO: Isso mesmo, Roniquele. É essa estrutura social da qual nós fazemos parte, que gerou a miséria, que gerou a pobreza, que gerou a marginalização, que gerou a criança analfabeta, o jovem analfabeto, o adulto analfabeto, o idoso analfabeto. E isso tem como consequência uma desestrutura social, econômica, cultural, pessoas sem capacitação profissional, facilmente influenciáveis e manipuladas por patrões, políticos e por outros que aprenderam a ser marginais.

MÁRCIA: O único jeito pro pobre ser alguma coisa na vida é através da educação, né professor? O estudo faz a gente ter uma formação, uma profissão, que possibilita uma boa chance de ter um bom emprego, pra que a gente possa ter uma vida digna.

PROFESSOR SALOMÃO: Eu acho, sinceramente, Márcia, que a educação é a única saída pra todo mundo. Pra quem tem dinheiro, pra quem não tem, pra quem tem muito dinheiro, pra quem tem pouco, pro empresário, pro patrão, pro empregado. O que nós temos que entender é que uma sociedade, um país, uma nação só se desenvolve coletivamente e progressivamente se a educação for a base do crescimento social, cultural, político, econômico, técnico, científico e tecnológico. Todos os projetos, programas, ministérios, secretarias, segurança pública, saúde, emprego, trabalho, saneamento, turismo, transporte, tudo, pra que tudo isso funcione perfeitamente e completamente tem que passar por uma boa educação de qualidade, em que toda a população de um país seja beneficiada em todos esses aspectos já falados. Se um país tiver uma boa qualidade de vida, consequentemente haverá menos pessoas doentes e menos trabalhos nos hospitais; se um país tem uma boa distribuição de renda nos níveis profissionalizante, técnico, tecnológico e superior, haverá mais empregos, mais gente trabalhando e menos desigualdade, menos miséria, menos violência, crimes, roubos, assassinatos, tudo menos, porque o país cresce junto com os seus trabalhadores. Porque o que causa tudo isso é a falta de oportunidade, gerada justamente pelas desigualdades. Algumas poucas pessoas ganham muito dinheiro e milhares de pessoas ganham pouco dinheiro, ou nenhum dinheiro. Aqui, no Pará, alguns latifundiários são donos da maior parte de terras do estado. São hectares e mais hectares que somem de vista, e eles nunca estão satisfeitos com tudo que têm, sempre querem mais e mais, e vão tomando as terras de pequenos agricultores que não podem lutar pelo que é seu, pois são ameaçados de morte. É a lei do mais forte. É nesse mundo que vivemos. O nosso país, infelizmente, é assim.

DAYANA: A maioria dos políticos que são eleitos pra melhorar a vida da população, não passam de bandidos com terno e gravata. Não querem saber do povo não; eles roubam o dinheiro público na cara do povo, na cara da gente. E não são presos porque têm imunidade parlamentar. Parece até engraçado, mas não é. O cara rouba dinheiro público, é ladrão declarado, que é flagrado muitas vezes até por câmeras de filmagem, e até por celular, mas mesmo com provas, o cara não é preso por que tem imunidade. E quando é preso, não passa dois dias, porque já tem um bando de advogados dando entrada com habeas Corpus na justiça pra ele ser solto. Tá tudo errado, como diz aquele cantor Silvio Brito. A gente tem que pagar pra nascer, tem que pagar pra viver, tem que pagar pra morrer.

PROFESSOR SALOMÃO: Isso é falta de caráter, Dayana, como diz a professora Laura na pesquisa que faz sobre José Veríssimo. Eu estou fazendo a revisão textual pra ela. O material está aqui comigo. Deixa eu ver ... Ah, tá aqui! Sobre essa questão do caráter, ela diz o seguinte, analisando a obra A educação nacional, de José Veríssimo: “A sociedade, através da cultura, fornece aos seus membros modelos de comportamento social, de conduta. A esses modelos de comportamento dá-se o nome de padrões culturais. A nossa conduta na vida em sociedade é regulada pelos padrões culturais. Sendo assim, a formação do caráter de um povo segue as tendências direcionadas pelo seu ambiente social.” E diz mais: “A educação do caráter dá-se, primordialmente, fora do ambiente escolar, uma vez que a aquisição de valores morais, éticos, religiosos, sociais, entre outros, se dá com a convivência entre os indivíduos no meio em que atuam. Assim, a educação da criança começa no lar, onde seus primeiros instrutores são os pais, que têm a função de ensinar à criança as lições de respeito, obediência, reverência, domínio próprio que a deve guiar por toda a vida. As influências que a criança irá absorver, o seu encaminhamento para o bem ou para o mal, a formação de seu caráter estão relacionados diretamente com o tipo de compromisso que os pais têm com a educação dos filhos.” Está aqui, neste livro, com edição de 1906, mas que foi publicado pela primeira vez em 1890, aqui, em Belém do Pará. Tão vendo como o assunto é atual?

JULIANA: Professor, o senhor disse que a formação do caráter de um povo segue as tendências direcionadas pelo seu ambiente social?

PROFESSOR SALOMÃO: Sim.

JULIANA: Então, é por isso que o Brasil está indo de mal a pior. A corrupção está em todo lugar. Não começa lá em Brasília, não; ela termina lá. Pelo que eu entendi, começa no lar, em casa, nas pequenas coisas, nas pequenas decisões que tomamos. Até quando usamos a carteirinha estudantil de outra pessoa só pra pagar meia passagem no ônibus. Isso é errado, é roubo, é corrupção. Quando aquela criança ou adolescente cresce, fica adulto e começa a trabalhar, e alguém oferece um bom dinheiro pra ajudar a desviar material do local de trabalho, ele vai aceitar na hora, nem vai pensar duas vezes.

MÁRCIA: Porque ele começou a fazer isso desde pequeno, com pequenas coisas, uma vantagem aqui, uma vantagem ali, e isso vai virando um hábito. Quando ele cresce, acaba se corrompendo por qualquer coisa.

JULIANA: E pensar que isso não vem de hoje, mas desde quando o homem branco pisou nessa terra. Agora, se você quer ser um corrupto profissional, é só entrar pra política.

MAYRA: E o que é caráter, professor?

RONIQUELE: É, professor, o que é caráter?

PROFESSOR SALOMÃO: De acordo com o texto, Ellen G. White em Pais preparados, filhos vencedores caráter “significa feitio moral, impressão traçada, firmeza de vontade, constância e estabilidade na maneira de agir e de reagir, aspecto psicológico da individualidade. É a constância do hábito que forma o caráter.”

ROSILENE: Aqui no meu dicionário diz que é um “Conjunto de características que, sendo boas ou más, distinguem uma pessoa, um povo; traço distintivo: o caráter do povo brasileiro. Modo de ser, de parecer; cunho, aparência”.

DAYANA: No meu dicionário diz também que caráter é a “caracterização do próprio sujeito, índole, temperamento, personalidade, formação moral.”

PROFESSOR SALOMÃO: Bem, a pesquisa da professora Laura, ainda diz mais coisas sobre a educação do caráter. Ela diz que “a nossa educação nacional necessita da educação do caráter para que sejam compreendidos valores até então desconhecidos pelos cidadãos desta nação, uma vez que a família, a escola, a religião, a política, a ciência, entre outros, têm um papel muito importante na manifestação de fatos que contribuem para a formação do povo brasileiro.”

JULIANA: Professor, a gente não tem aula de religião. Acho que deveria se falar de religião na sala de aula também, não só na igreja. Se isso for complicado, então pode-se falar do tema espiritualidade, que prioriza valores, princípios.

PROFESSOR SALOMÃO: A Professora Laura diz, aqui no texto, que “destas instituições citadas, família e religião têm sido deixadas um pouco que distantes da participação nas práticas educativas. Pra Veríssimo educar é promover o desenvolvimento do indivíduo, ou seja, o desenvolvimento físico, mental e espiritual. Logo se vê que a família desenvolve valores como a moral, a solidariedade, afetividade, confiança, respeito, honestidade a partir de uma prática religiosa ou, como alguns preferem, da crença em Deus.”

RONIQUELE: Nas reuniões de pais e mestres, só se chamam as famílias quando é pra alguma programação grande, ou quando algum aluno apronta na escola, quando tem briga. Mas a direção da escola não sabe o que acontece em casa, o que os alunos fazem fora da escola. Não sei porque eles acham que religião não combina com ciência. A gente vive no século 21 e parece que estamos ficando cada vez menos inteligente; quanto mais se estuda, menos se sabe. A escola acha que pode cuidar da educação sozinha? Acha que não precisa da ajuda da família nem da igreja.

MÁRCIA: É, o texto diz que educar é promover o desenvolvimento físico, mental e espiritual. Quer dizer, no final do século 19, José Veríssimo já tinha essa leitura sobre a educação, né professor? E ele falou sobre isso. Parece que ele estava adivinhando o que iria acontecer com a educação dentro das escolas no século 21.

PROFESSOR SALOMÃO: Vamos lá! Vamos continuar com o nosso assunto. Aqui, na dissertação de mestrado, defendido por Elizabeth Vasconcelos de Andrade, que tem como tema Quem é Eva e o que é Uva: uma abordagem pragmática da língua e o método Paulo Freire – Propostas para um letramento radical, a autora faz, também, uma abordagem a respeito de Alfabetização/Letramento. Ela diz que “há um certo consenso sobre a existência de um momento no qual uma pessoa, qualquer que seja a perspectiva adotada, pode ser considerada alfabetizada. Não obstante, nem sempre uma pessoa alfabetizada pode ser considerada letrada.”

MAYRA: E o que se entende por uma pessoa alfabetizada, professor?

PROFESSOR SALOMÃO: O texto diz que, segundo Cagliari (1999, p. 104), “escrever é uma consequência de ler e, portanto, o ponto principal do trabalho [de alfabetização] é ensinar o aluno a decifrar a escrita e, em seguida, aplicar esse conhecimento para produzir sua própria escrita. Quando o indivíduo é capaz de fazer isto, é considerado alfabetizado, o que deveria ocorrer na primeira série do ensino fundamental.”

RONIQUELE: E o que é uma pessoa letrada? É uma pessoa que tem muito conhecimento? Um intelectual?

PROFESSOR SALOMÃO: Segundo Kleiman (1995, p. 15-16) “o conceito de letramento começou a ser usado nos meios acadêmicos numa tentativa de separar os estudos sobre o ‘impacto social da escrita’ dos estudos sobre alfabetização, cujas conotações escolares destacam as competências individuais no uso e na prática da escrita.”

ROSILENE: Como assim, professor? Explique melhor.

PROFESSOR SALOMÃO: Segundo o mesmo texto, “no Brasil, discutia-se o fato de a palavra alfabetização dizer respeito apenas à aquisição do código escrito e da leitura. Algum tempo depois, começou-se a perceber a necessidade de não apenas considerar-se a aquisição, como também o domínio das habilidades da leitura e da escrita. Mais recentemente, com o reconhecimento da existência de diversos tipos de linguagem, inseriu-se um novo termo para designar de uma maneira mais adequada as habilidades referentes às diversas leituras e codificações presentes em cada instância sócio-econômico-cultural. Adotou-se, então, o termo letramento, numa tentativa de exprimir novos conceitos sobre o que é leitura.” Entenderam?

DAYANA: Mais ou menos.

JULIANA: Entendi que o domínio das habilidades da leitura e da escrita vai além da alfabetização, do simples escrever.

PROFESSOR SALOMÃO: Vivemos um momento de ampliação das desigualdades sociais e da exclusão social no país, que atinge as pessoas mais pobres da sociedade, e que faz com que essas pessoas tenham mais dificuldades de entrar na escola e nela permanecer. São essas pessoas que constituem o grande contingente atendido pela Educação de Jovens e Adultos em nosso país.

MÁRCIA: Eu tenho um colega, o Jorginho, que estuda aqui nessa escola. Ele é do quarto ano, mas faz mais de duas semanas que ele não aparece aqui na escola. Ele tem treze anos, mas vai pra feira todo dia bem cedo ajudar o pai na venda de verdura. Por isso, ele tá faltando aula direto. Quando chamam o pai e a mãe aqui na coordenação, eles dizem que o Jorginho vai voltar pra aula, que não vai mais faltar, que é ele que não quer vir. Aí ele vem dois dias, uma semana, e começa a faltar de novo. E assim vai perdendo aula, levando falta, tirando nota baixa, e o resultado é que ele vai ficar mais um ano reprovado.

PROFESSOR SALOMÃO: Esse tipo de situação mostra como a educação pode contribuir para o processo de exclusão social. A escola tem mecanismos internos que excluem as pessoas dentro dela mesma. O analfabetismo é uma das várias causas de exclusão presentes na sociedade. Um percentual considerável de brasileiros e brasileiras são analfabetos funcionais. Eles dominam a leitura e a escrita, mas têm muita dificuldade de empregar esses conhecimentos nas diversas situações sociais em que participam.

MAYRA: Eles aprendem o básico, ler e escrever, mas são analfabetos funcionais, não conseguem fazer uma leitura do que acontece ao redor de si, na sociedade, no mundo. Uma prova disso é que, quando chegam as eleições, o candidato compra o voto desse eleitor por uma carrada de areia, um milheiro de tijolo, promessa de emprego, e, às vezes, só fica na promessa. Esse eleitor não pensa no futuro dele e da comunidade.

PROFESSOR SALOMÃO: E hoje nós temos o analfabetismo sociocultural, que é a incapacidade de compreender a sociedade em que se vive, suas contradições e as relações de poder que a constituem; e o analfabetismo tecnológico, que é a dificuldade para operar com as máquinas, com a tecnologia, com os equipamentos da informática. Por isso, a alfabetização não pode se limitar à simples aquisição da leitura e da escrita. Ela é um instrumento que ajuda a ampliar a capacidade de compreender e interferir no mundo, partindo da realidade próxima do educando e estimulando-o a desvelar situações e realidades ainda desconhecidas.

RONIQUELE: É por isso que as aulas têm que ser menos teóricas e mais realistas. Uma aula de matemática, por exemplo, como pode ser aplicada no nosso dia-a-dia? E a gramática, então? A gente tem que decorar um monte de regras que a gente não usa na rua, em casa, na conversa com as pessoas fora da escola, e mesmo dentro da escola. Só usamos as regras gramaticais nas provas escritas.

PROFESSOR SALOMÃO: Infelizmente, é isso mesmo. A gente fala, critica, mas não sai disso. Por isso, temos que provocar o debate, pelo menos, aqui em sala de aula. Fazer o aluno se expressar, dar sua opinião. Ele tem que dizer o que acha certo e o que acha errado. A gente tem que entender que a alfabetização acontece quando os jovens e adultos se sentem preparados para utilizar adequadamente diferentes linguagens de expressão e comunicação. Quando eles se sentem preparados para manipular diferentes fontes de informação, como livros, filmes, televisão, pessoas, etc.

ROSILENE: Sim, como nós fazemos aqui na sala de aula, né professor? Fazemos análise de livros, pesquisa, defesa de trabalhos, debates, mesa redonda.

PROFESSOR SALOMÃO: Isso. Nesse sentido, é bom saber que, para serem alfabetizados efetivamente, não basta aos jovens e adultos apenas saber ler e escrever, mas eles precisam utilizar os conhecimentos de leitura e escrita para transformar em alguma medida sua condição de vida, incorporando a linguagem escrita em sua vida.

DAYANA: Quem lê viaja. Uma boa educação pode levar a gente longe. A gente também aprende a se posicionar, como a gente faz aqui na escola nas eleições pra chefe de turma, pra reivindicar melhorias. Isso é aula prática. Por isso, não é possível ensinar simplesmente o bê-a-bá pro adulto, fazer ele aprender a decodificar letras, mas sim ensinar pra que serve a linguagem escrita e como ele vai poder usa-la. Como ele vai se desenvolver se só souber memorizar as letras e os sons?

PROFESSOR SALOMÃO: Pra que a alfabetização de jovens e adultos aconteça de forma crescente, temos que acompanhar a realidade do educando, pois é dessa realidade que os jovens e os adultos extraem seus significados e constroem sua compreensão de mundo. Daí a necessidade do educador ter consciência e conhecimento da realidade dos educandos, como diz o texto do projeto Alfabetização Cidadã na Transamazônica: Proposta Pedagógica. Campus de Altamira, UFPA. Essa também é a minha opinião. O professor tem que procurar conhecer, na medida do possível, os seus alunos. Sei que não é fácil, pois o professor de escola pública não tem tempo nem pra se capacitar, porque ele também é um sobrevivente.

JULIANA: Semana passada, o professor Rui, de biologia, esculhambou com toda a turma, porque, na hora da chamada, ele deu falta pra Bianca, e nós falamos que ela estava com problemas familiares e não pôde vir pra aula. Ele disse que os problemas familiares de cada um de nós não tem que ser levados pra escola. Que escola é pra estudar, não pra discutir problemas pessoais ou de família. Disse ainda que problemas pessoais ou familiares devem ficar do lado de fora dos muros da escola.

PROFESSOR SALOMÃO: É esse tipo de comportamento e mentalidade que faz com que a escola fique desacreditada, principalmente quando vem de um professor. Aqui nós temos uma rede temática. Prestem atenção nessas falas de pessoas que fazem Alfabetização de Jovens e Adultos. São significativas: Primeira fala: “Nunca estudei, mas considero a educação muito importante.” Segunda fala: “Eu quis a morte quando meu filho parou de estudar.” Terceira fala: “Às vezes, não tenho dinheiro para o ônibus deles e eles não vão à escola.” Tão vendo como são situações diferentes?

MÁRCIA: Eu fico pensando na pessoa da primeira fala, não sei se é homem ou mulher. Por que essa pessoa nunca estudou, mas acha importante a educação? Tem algum problema aí. Será que ele se arrependeu de não ter tentado estudar? Será que ele tentou estudar? Na maioria das vezes, é questão de trabalhar pra sobreviver.

PROFESSOR SALOMÃO: Estudar é importante? Por que a criança falta às aulas?

MAYRA: Sim, claro, mas como conciliar trabalho e estudo quando a família é carente? Onde fica a escola: no bairro ou fora do bairro?

RONIQUELE: É verdade. A pessoa da terceira fala diz que nem sempre tem dinheiro para o ônibus deles. Eu acho que tá falando dos filhos. E quando não tem dinheiro, eles não vão pra escola. Isso quer dizer que eles não estudam no mesmo bairro onde moram.

PROFESSOR SALOMÃO: Os pais que sofrem por falta de oportunidade, veem na educação um futuro melhor para seus filhos. Pra que serve a educação?

ROSILENE: A educação é a esperança do pobre para progredir e melhorar de vida. O estudo deixa o vocabulário mais enriquecido. Agora, eu pergunto: a escola se preocupa com o aluno realmente?

DAYANA: Na segunda fala, a pessoa diz que quis a morte quando o filho parou de estudar. O que ela quis dizer com isso? Será que não havia vagas? Será que o filho começou a trabalhar pra ajudar na despesa da casa? Isso não é trabalho infantil? Não seria melhor o filho fazer um esforço e estudar pra aprender a escrever, conhecer mais palavras? Isso vai ser fundamental na vida dele mais tarde. Ele pode se arrepender, porque, sem estudo, não vai conseguir bons empregos. Vai ter que trabalhar duro, com trabalho pesado.

JULIANA: E qual é o papel do professor nisso tudo?

PROFESSOR SALOMÃO: Socializar ideias, repensar a evasão escolar, o trabalho infantil, procurar entender se a criança, o jovem ou o adulto teve ou não oportunidade de frequentar uma escola. Saber se o problema é a distância e por que o filho ou filha não conseguiu vaga pra estudar no seu próprio bairro. Pra isso, não basta apenas fazer uma reunião de pais e mestres na escola. Ali, na escola, ele não vai enxergar a realidade da família. O professor tem que ir até a casa dos pais de alunos pra entender a realidade deles, os seus problemas, as suas dificuldades. Só assim, talvez, ele vá poder ajudar com mais praticidade. Se você não estuda, se você não procura crescer intelectualmente, se você não lê, você não viaja. E a leitura é uma forma de sair do quadrado do seu bairro, da sua rua, e conhecer países, continentes que você nunca imaginou conhecer. Até mundos imaginários.

MÁRCIA: Tem muita coisa pra ser consertada, professor. Da pra ver o reflexo da péssima educação no comportamento da sociedade. Eu aprendi que a família é a célula mãe da sociedade. Se a família está desestruturada, doente, a sociedade toda está doente. É por isso que a gente vê tanta gente corrupta em todos os seguimentos da sociedade. Nenhuma classe social escapa, porque o caráter não foi desenvolvido para o bem.

MAYRA: E quem tem interesse que continue tudo assim?

PROFESSOR SALOMÃO: Quem está no poder. Todo homem que experimentou o poder, não quer larga-lo mais. Como diz o ditado: “se quiser conhecer uma pessoa, dê poder a ela.” Como diz Paulo Freire, o proletário luta pra melhorar de vida, pra não ser mais humilhado, pisoteado pelo patrão. Quando melhora e sobe de classe social, vai fazer a mesma coisa que o patrão fazia com ele; vai humilhar as pessoas humildes. Nesse sentido, a luta pelo poder nunca termina.

RONIQUELE: Mas se a própria pessoa que um dia foi proletária e subiu de classe não adquiriu uma conscientização de igualdade e solidariedade entre as pessoas, como se espera que aquele que pertence à alta sociedade vá adquirir essa consciência? Esse pobre pode ter subido de padrão de vida financeira, mas não cresceu intelectualmente, nem culturalmente, nem espiritualmente.

ROSILENE: É, ele pensa como uma pessoa de família rica. Quem tem poder, não quer perder o poder; quem adquiriu e chegou ao poder, também não quer perde-lo. Difícil mesmo fica pra quem continua na classe baixa.

PROFESSOR SALOMÃO: É, mas qual é nosso maior tesouro deixado pelos nossos pais? A educação, o conhecimento, o estudo, a cultura. O que isso nos dá? Isso nos dá a liberdade de consciência. E o que a consciência nos dá? Ela nos dá a visão de mundo, uma visão holística em âmbito global. Tem muita gente que tem muito dinheiro, mas anda preso no seu mundo, com tantos problemas que não consegue se soltar. Não é livre. Não é feliz.

 

PAUSA: Toca a campainha.

 

FIM DA OITAVA CENA

 

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