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domingo, 28 de novembro de 2010

A ARTE NA CULTURA GREGA: DEMOCRACIA E PODER

Na Grécia Antiga, Esparta era a capital da música, nos séculos VII e VI a.C. Nesta cidade, a educação estava voltada para a guerra e, conseqüentemente, para a formação de soldados. Assim, homens e mulheres recebiam treinamento físico, e a Música era importante neste processo, não tanto pelo seu aspecto estético, mas principalmente pelo meio de desenvolver nos indivíduos lealdade ao Estado. Além de ser utilizada como acompanhamento em atividades de guerra, a música era utilizado em Esparta também como acompanhamento em sacrifícios , e os Festivais, que incluíam competições musicais, eram importantes acontecimentos da cidade, alcançando alto nível artístico. Em Esparta, portanto, a música reforçava ideais e valores do Estado, como fidelidade e formação militar.



Conforme a crença dos gregos, o homem vivia em um universo equilibrado, onde a razão era vista como insuficiente na busca da felicidade, sendo importante, também, o equilíbrio entre a mente e o corpo. Alguns autores, como Mark e Gary(1992) ressaltam que, em Atenas, durante a chamada Idade de Ouro(aproximadamente 500 a.C.), as artes eram consideradas importantes, assim como a educação.



Para Pitágoras, cujas descobertas influenciaram todo o desenvolvimento da música ocidental, o estudo desta disciplina era muito importante. Segundo ele, as leis matemáticas que a governam são as mesmas que governam o universo, o que aponta para o estudo da música como fundamental para que se possa compreender a harmonia do universo.



Mary e Gary(1992) enfatizam o fato de que os gregos possuíam uma preocupação com a condição humana, onde tanto oportunidades educacionais e culturais quanto materiais, eram consideradas prioridades. O objetivo da educação, em Atenas, consistia em preparar cidadãos para participar da sociedade e usufruir de seus benefícios, e a música era incluída no currículo, assim como a ginástica, a fim de que a alma e o corpo fossem purificados. O primeiro nível de educação ia dos sete aos quatorze anos, e consistia na aprendizagem de música, onde os estudantes aprendiam lira e poesia como aulos, possuía papel importante na educação musical grega. O canto coral também era bastante utilizado, especialmente em cerimônias religiosas, como acompanhamento de um instrumento, normalmente aulos.



A tradição helenística passou a enfatizar não apenas a performance musical, mas também a competição. Quando se intensificou, alguns coros a utilizar músicos profissionais, ao invés de amadores, o que levou a um declínio da prática musical amadorística, e conseqüentemente, da educação musical grega. Assim, podemos pensar a música, que até então estava vinculada a uma formação ampla dos cidadãos, passou a estar mais restrita a alguns e deixou de ter, portanto, um papel importante como elemento da democracia.



Além das funções citadas, a música, para os gregos, era entendida também como importante instrumento terapêutico. Costa (1989) salienta que o sistema musical deste povo era baseado em modos, aos quais era atribuído o poder de produzir emoções no ouvinte. Assim, para induzir o doente a determinados estados de espírito, utilizavam uma combinação destes modos com ritmos.



Na Grécia, assim como a crença no poder da música, podemos perceber, em alguns, um certo temor quanto a este poder. Para Aristóteles, por exemplo, ela deveria ser usada como forma de distração, ou repouso, sendo apenas nesta perspectiva, entendida como parte da educação, especialmente para jovens, que considerava incapazes de tolerar coisas que não fossem agradáveis.

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