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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

COMO SITUAR A ARTE MUSICAL EM UMA SOCIEDADE

As mais diversas culturas e sociedades ao longo da história da humanidade encontraram sempre manifestações artísticas. Entretanto, embora expressando sempre, de alguma forma, as características da sociedade na qual estão inseridas e as formas de relação que se estabelecem entre seus membros,as funções destas manifestações sofrem variações conforme a cultura e o momento histórico que observamos.

Se tomarmos uma música como exemplo, encontramos sociedades em que sua utilização estava vinculada basicamente a rituais religiosos, outras em que era entendida como elemento terapêutico e ainda outras em que possuía importantes funções relacionadas à educação e à formação dos indivíduos, bem como a construção da cidadania. Da mesma forma, as manifestações podem ser vinculadas as diversas concepções de sociedade e a serviço de diversos objetivos, como a divulgação de valores religiosos, propagação e manutenção do poder do Estado, crítica às estruturas sociais, entre outros.

É preciso salientar que a noção de arte que temos hoje é bastante recente. Inicialmente as formas de expressão que hoje entendemos por arte possuíam funções mais ligadas à utilidade prática do que a busca do belo. Assim, não havia a necessidade de ser original e podemos mesmo pensar que uma imitação poderia ser valorizada da mesma forma que a obra que lhe dera origem. Desta forma, quando falamos de história da arte, o que temos é uma relação construída a partir de parâmetros escolhidos pelo homem, como exemplo, a beleza. E esta reconstrução da arte oficial em cada momento histórico aparece muitas vezes a serviço da relação dominante.

Ao mesmo tempo, assim como o artista pode utilizar sua obra para representar a sociedade na qual está inserido, questionando ou reforçando valores sociais vigentes, pode também fazer uso desta obra para elaborar os próprios sentimentos e se comunicar com seu mundo.

A fim de exemplificar esta dupla função da arte, ou seja, permitir ao artista expressar sentimentos, elaborar conflitos e, ao mesmo tempo, fazer de sua obra uma representação dos elementos da sua cultura, atribuindo-lhe funções diversas em sua sociedade (religiosas, educativas, terapêuticas, etc), tomaremos como exemplo a pintura nas sociedades primitivas.

As mais antigas obras de arte de que se tem notícias foram elaboradas no Paleolítico Superior ( cerca de 35000). Estas obras se constituem de imagens, esculpidas em cavernas de difícil acesso e, portanto, protegidas de possíveis observadores, e parecem ter tido um propósito mais importante do que a decoração. Supõe-se que sua finalidade tenha sido a utilização em rituais mágicos destinados talvez a assegurar o êxito na raça. O fato de estarem ocultas, as figuras representando o debate de animais e a maneira aparentemente desordenada como estas estão dispostas reforçam estas conclusões. Aparentemente, para o homem deste período, não havia uma distinção clara entre as imagens esculpidas e a realidade. E embora tenham sido criadas por homens que denominamos “primitivos”, a segurança e o requinte que as constituem nos faz concluir que estas imagens estão longe do que se poderia considerar primitivismo.

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