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sábado, 27 de novembro de 2010

BELÉM: A DOCE ILUSÃO DE SER UMA PEQUENA CIDADE PERDIDA NA AMAZÔNIA

Texto adaptado pela Professora Maria de Fátima Santos de Oliveira EEEFM “Maria Gabriela Ramos de Oliveira”, do Conjunto Maguari, da obra Belém: Riquezas produzindo a Belle-Époque (1870 – 1912 ) da Professora da Universidade Federal Pará Maria de Nazaré Sarges, para ser trabalhado com os alunos das 7ª séries, nas disciplinas História e Estudos Amazônicos.


Pensar o processo de reurbanização que atingiu a cidade de Belém, no final do século XIX e início do século XX, pressupõe entender a contradição da modernidade e a economia que possibilitou a materialização, deste triunfo modernista expresso na Belle-Époque.



A modernidade entendida como expansão da riqueza, ampliando as possibilidades, caracteriza-se pelo avanço da tecnologia (Revolução Industrial), construção de ferrovias, expansão de mercado internacional, pela urbanização e crescimento das cidades ( em área, população e densidade), pela mudança de comportamento público e privado e pelo favorecimento da democracia, transformando as ruas em lugares onde as pessoas circulavam e exibiam seu poder de riqueza.



Assinalando a inserção do Brasil na era da modernidade, defronta-se com os componentes básicos desse processo, como a industrialização, a divisão técnica do trabalho, a urbanização, a formação de uma elite nacional, indicadores do progresso, elemento sintonizador da nossa sociedade com as modernas sociedades “civilizadas”.



No final do século XIX e início do século XX, assistia-se na sociedade brasileira, a transformação do espaço público, do modo de vida, a propagação de uma nova moral e a montagem de uma nova estrutura urbana, cenário de controle das classes pobres e do aburguesamento de uma classe abastada.



Essa vitalidade urbana manifestada através do vestuário, da construção de prédios luxuosos, cafés, luz elétrica, bondes, ferrovias, na criação de uma nova estética,representou, na verdade uma reelaboração da expressão do poder de uma nova classe – a burguesia, além da necessidade imposta pela internacionalização da economia capitalista, na medida em que era preciso criar condições concretas para a ampliação e reprodução do capital.



O processo de modernização da cidade de Belém, só foi possível em razão do enriquecimento que atingiu certos s setores sociais da região a partir da segunda metade do século XIX. Reforçando o processo de inserção da Amazônia no sistema capitalista mundial, toda a atividade econômica da região passou a girar em torno da borracha a partir de 1840. Em decorrência dessa nova ordem econômica, Belém assumiu o papel de principal porto de escoamento da produção gomífera, canalizando parte do excedente que se originou dessa economia para os cofres públicos, os quais direcionavam o investimento para a área do urbano, com calçamento de ruas com paralelepípedos de granito importados da Europa, construção de prédios públicos, casarões de azulejos, monumentos,praças, etc...Desse modo, a destruição da imagem da cidade desordenada, feia, promíscua, imunda, insalubre e insegura, fazia parte de uma nova estratégia social no sentido de mostrar ao mundo civilizado (entenda-se Europa ),que a cidade de Belém era o símbolo do progresso, imagem que transformou na “obsessão coletiva da nova burguesia”.



Da Europa, especialmente da França, é que veio o modelo de urbanismo moderno, reproduzindo em Belém com expressividade durante a administração do intendente Antônio Lemos, através da construção de boulevardes,praças, bosques, calçamentos de rua, asilos, mercados e de uma rigorosa política sanitarista. Portanto, é ao poder público que vai ser atribuída a tarefa de disciplinar e embelezar a cidade e para desempenhá-la, criará mecanismos, que irão interferir na vida cotidiana das camadas populares.





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