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terça-feira, 7 de setembro de 2010

RIO ITACURUÇÁ - História e Memória (Coletânea de Textos)




Em abril de 2008, o projeto Rio Itacuruçá : História e Memória,  foi executado pelos professores Cosmo Cabral, de Geografia e Estudos Amazônicos, Ribamar de Oliveira de História e João Pinto de Sociologia e Estudos Amazônicos, onde resgata a história e a memória de uma comunidade remanescente quilombola, em Abaetetuba, no estado do Pará. 

Com apresentação da Professora Maria de Fátima Santos de Oliveira (EEEFM “Maria Gabriela Ramos de Oliveira” - SEDUC - História e Estudos Amazônicos).

Autores:
Adenize do Couto Carvalho
Dayanne da Silva Gomes
Débora Néri Rodrigues
Edgar de Sousa Pinheiro
Fabio Junior Ferreira de Carvalho
Fabricia Maciel Couto
Janilson Gomes Pinheiro
Janilton Porfilio de Carvalho
Jonielson Fonseca Maciel
Jorge Luis Carvalho de Carvalho
Leidiane de Souza Pinheiro
Luciano Maciel Ferreira
Luciane Gomes Maciel
Marcelete Gomes Diogo
Mariete do Socorro Pinheiro Néri
Marinalda Diogo Pinheiro
Maria do Socorro Nery Pinheiro
Mariele de Souza Pinheiro
Marilene do Carmo dos Santos
Marluce Quaresma Maciel
Mony Taylor Rodrigues Maciel
Nailson Quaresma Maciel
Roberto Junior Rodrigues Brandão
Rosana da Silva Gomes
Sandra Pinheiro de Souza
Tatiane Quaresma Gomes
Valdete Gomes Maciel

Beleza de Educar

       Lucindo Rodrigues

Andei pelo mundo inteiro
Teve coisas que amei
Outras coisas pesquisaram
Da arte a profissão
Do vulgar ao cidadão
Vi coisas de admirar

Cheguei me emocionar
Mas entre as mais preciosas
Mais bonita e valorosa
É a beleza de educar

O educador transforma
Analfabeto em professor
Em cientista em doutor
Em juiz, em advogado.

O ignorante em educado
Tem don da sabedoria
Transmitem com alegria
Esta é a realidade

Valorizam a sociedade
Evoluindo a cada dia

Mas não são reconhecidos
Como deveriam ser
São o acumulo do saber
A razão da diplomacia
Trabalham de noite e de dia

São até fiscalizados
Devem ser bem pacatos
Por ética da profissão
Mesmo cheios de razão
Restringem-se a qualquer fato

E não são reconhecidos
Por quem recebe o ensino
O jovem ou menino
Hoje sabe a geografia

A matemática e a história
A ciência e o português
Sabem tudo de uma vez
Deveria a te dar gloria

Com certeza o professor
È um cofre de segredos
Uma brenha, um penedo.
Difícil de acessar

Por que para chegar lá
Tem que escalar montanha
A maratona é tamanha
Tem até regulamento
Dar calo e tem sofrimento
Só mesmo um homem aranha

Obrigado professores
Obrigado alunos
Obrigado Diretores
Ontem, hoje e amanhã.
Serei sempre seu fã.

Apresentação

O Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) foi implantado pela Secretaria Estadual de Educação a partir de 15 de abril de 1980; portanto possui uma trajetória e caminhos percorridos ao longo dos anos. Em seu surgimento, na perspectiva em que foram elaborados seus principais objetivos, tanto em termos genéricos, nos limites da Lei 5692/71, em vigência no momento da criação do SOME, quanto no que diz respeito ao reconhecimento das peculiaridades locais:

1 - “...Proporcionar ao educando a formação integral de sua personalidade, no sentido de auto-realização,qualificação para o trabalho e o exercício da cidadania...”;

2 - “...Dar oportunidade de estudos aos educandos egressos do ensino de 1º. Grau e que não tenham possibilidades de se transferirem para locais onde existam o Ensino de 2º. Grau..;

3 - Democratizar as oportunidades educacionais aos alunos do interior do estado, a fim de garantir sua permanência no lugar de origem...;

“4 - Garantir Ensino Médio de qualidade, proporcionando melhores condições de desenvolvimento e levando justiça social a todas as regiões do estado...”.

Levando em consideração como proposta dos educadores e educandos a utilização da pesquisa como ferramenta, também, das atividades pedagógicas, sendo um desafio para todos, inclusive aos outros seguimentos da comunidade.

Logo a pesquisa é um aspecto importante, pois a história se faz com a construção da trajetória de vida dos elementos que compõe o cenário a ser estudado, através de entrevistas produzidas pelos educadores e educandos. Com as pesquisas os diversos grupos levam para sala de aula proporcionando uma ampla discussão sobre os diversos assuntos pesquisados e culminando com essa Coletânea de Textos produzidos pelos alunos, sob a orientação do Professor de História Ribamar de Oliveira e tendo a colaboração dos colegas de equipe: João Pinto e Cosmo Cabral.

A Comunidade de Itacuruçá é ainda uma fonte riquíssima para a pesquisa que precisa ser garimpada em seus diversos aspectos; pois sem a pesquisa não temos sua História.

Maria de Fátima Santos de Oliveira
Professora - SEDUC

A Geografia do Rio Itacuruçá

Há muito tempo atrás, aqui era apenas o rio e a floresta. Isto ainda prevalece, mas com a interferência do ser humano tudo vai se modificando, tornando-se involutariamente dominado pelas transformações que o homem exerce.

O Rio Itacuruçá, por ser um imenso centro produtivo vai se modificando ainda mais. Por esse motivo pessoas, que moravam aqui e que foram embora, estão retornando ao saber que sua terra esta ficando com maior desempenho na produtividade.

Os negros( de que somos descendentes) que aqui habitavam eram negros que fugiam das fazendas de Abaetetuba e conseguiram se esconder nessas terras por muito tempo, até ser habitada como é hoje.

Olhando assim, podemos ver que o rio Itacuruçá está sempre em momentos religiosos. Na (cultura indígena) festa(cultura africana) e nunca sumiu esse modo de ser itacuruçaense.

Para os negros e índios que moravam aqui tudo o que produziam era mantido em suas casas. Mas com a habitação aumentando, tudo foi modificando, todos sentiram a necessidade de escoamento do que produziam, e a falta de alguns utensilios para eles.

Com isso, rios vizinhos como Arapapú,Ipanema e Piquiarana começaram fazer esse escoamento,só que,para se comunicarem com os habitantes do rio Piquiarana, os do Itacuruça teriam,que percorrerem toda estenção do rio Arapapú, passar pela costa-maratauíra pra entra no rio Piquiarana.Fazendo isso eles viram que era longa e cansativa essa viajem,pensaram bem e fizeram surgir um novo rio, furo de gaita, feito para melhorar a viagem que faziam para o piquiarana, tornando mas próximo esses dois rios.

O furo grande, rio piqueiro improvisado para fazer a passagem de embarcações do rio Ipanema para o Itacuruçá,também era uma alternativa de maior velocidade na comercialização entre esses dois rios.

Dividido entre alto, médio e baixo, no rio Itacuruçá existem também o Aricurú,o igarapé São João e a ilhinha, situada entre o médio e o baixo onde funciona o colégio Raimundo Bandeira. Cada um desses níveis tem suas características de trabalho, dividindo-lhes e um completando o outro.

Forma de trabalho do alto, médio e baixo:

ALTO: produz a mandioca, para fazer a farinha consumida por toda a região do rio Itacuruça.

MÈDIO e BAIXO: maiores produtores de material cerâmico fazem com que a renda das famlias aumenta, por ter membros e seus filhos mais velhos trabalhando juntos.

No Ipanema e o Arapapú,a formas de trabalho é praticante,igual a dos médios e baixo Itacuruça.

Logo no começo as olarias da região eram uns grandes centros da economia, mas a lavouras estava na frente em produtividade dos Itacuruçaenses. Agora com a migração e imigração por todo lado essa região está sendo verbanizada, e principalmente recebendo grandes contruções, melhorias de vidas e educação qualificada.

Agora o nosso rio possue características que em cidades a gente não encontra. Mas nesse rio também existe as diferenças sociais, mas todos vivem em harmonia no trabalho na escola e em suas casas.

O rio Itacuruçá em 10 anos atrás possuía apenas o rio como um via de ligação com a cidade de Abaetetuba, aqui fora tão rápido a transformação que logo foi surgindo o ramal do Itacuruçá, mais tarde veio à energia elétrica, mesmo não tendo chegado ao baixo já existe no aqui há cerca de 5 anos, veio também uma ambulância, pequenos projetos também para população e agora a maior escola do Itacuruçá e veio para que todos tenham uma educação de qualidade.

E mas tranqüilidade aos pais de todos os nossos pais que tem filho estudando nessa escola.

No Itacuruçá o esporte é privilegiado temos um time cinco vezes campeão do campeonato das ilhas.

Na verdade todas essas coisas se distribuem com muito cuidado e trás para nós através da comunidade a união de times de pessoas e até de outros rios vizinhos para participar de eventos feitos aqui.

Colocado todas essas características e não podendo esquecer também os defeitos de cada região tem.
Educação

A educação de antes era péssima no sentido de não ter um ambiente adequado para estudar.

Não possuía cadeiras, os alunos não tinham em que estudar, estudavam no chão ou deitados de bruços.

Se os alunos quisessem lanchar tinham de levar cada um seu lanche ou fazer uma coleta de alimentos e levar para a escola.

Não tinham giz e nem quadro, os professores escreviam com carvão e em um pedaço de madeira. Os cadernos não eram como de hoje, que vem todo organizado, era de outra forma, feitos na mão. Cada aluno comprava folhas de papel, cortavam em pedaços, pegavam agulha e costuravam.

Os alunos não possuíam nem um modo de ajuda, não existia programas para ajudar os alunos, como nos temos, hoje, os bolsistas, do governo federal.

A maioria dos alunos parava na 4ª. Série, pois os pais não tinham condições financeiras para mandar seus filhos estudarem para outro lugar(cidade).

Os professores não eram pagos, trabalhavam de forma voluntária, pois o que eles sabiam e queriam era ensinar para seus alunos.

O tipo de educação antiga não era tão pesado como no tempo de hoje. Por exemplo, a Matemática, os professores só sabiam ensinar as contas de somar, diminuir,multiplicação e divisão.Hoje já existem vários conteúdos de Matemática, se hoje formos pedi ajuda para nossos pais eles não vão saber responder, pois é muito diferente de antigamente.

A maneira de ensinar de antigamente era, mas fácil de aprender, os alunos não tinham dificuldades para aprender.

Com o passar do tempo a educação foi evoluindo, mas isso não significa que a educação melhorou, apesar de hoje termos um ambiente adequado, mas não é todos que tem esse privilégio. Pois em alguns lugares ainda estudam em centros comunitários e barracões alugados etc. Mas mesmo assim, os professores estão sendo pagos para levar a educação até eles.

Hoje as escolas possuem merenda escolar, às vezes falta, mas chega, pois se não chegar alguns alunos desistem de estudar, pois não querem ficar com fome na escola.

Já existem os materiais escolares próprio para o estudo. Existem cursos e programas para ajudar os alunos a se desenvolverem na escola. O dinheiro que vem para o programa ajuda a comprar produtos de higiene pessoal etc. São incentivos para que as crianças permaneçam na escola, por muito e, mas tempo.

A educação mudou do que era antes, hoje estudamos várias matérias, antes era só o português, matemática, Ciências e Estudos Sociais.

Existe uma fonte muito importante para a população, tudo que precisamos e imaginamo-lo possui que é o computador, que é algo significante para a sociedade.

A educação de hoje não esta excelente, mas pra que era antes, podemos dizer que está um pouco avançada. Segundo o grupo que pesquisou a educação deixa a seguinte frase “Hoje só não estuda quem não quer e espera que transforme os jovens em algo importante para a sociedade e que a educação possa esta em cada canto do mundo”.

Lazer

Para o grupo que ficou responsável para pesquisar sobre o tema Lazer em Itacuruçá achou importante somar neste trabalho o lazer evangélico.

Uma das atividades desenvolvidas no lazer evangélico é a Gincana Bíblica, onde nessa atividade existem várias tarefas como: corrida do saco engole fio, espada para o ar. Alguns anos atrás aconteceram também à tarefa da canoagem, onde teve a saída de São João(Médio) até a chegada na Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Itacuruçá(Templo Central) onde durante a passagem no rio houve inclusive as torcidas organizadas e nesta prova chegaram a primeiros colocados: Débora, Jorge e Marli. E depois partiram para outras tarefas. O que marca esta atividade é a pontuação, onde ninguém quer perder fazendo com que os participantes se sintam, mas entusiasmado e divertido.

Outro lazer interessante para alguns segmentos da comunidade é a participação nos clubes.

Um clube tradicional que tem no Itacuruçá é o Santa Rosa Esporte Clube. Ele foi fundado no ano de 1924 por Manoel Gomes, Juvenal Maciel, Lourenço Gomes e Estandilau Gomes. Deram-lhe esse nome porque Juvenal Gomes, um dos fundadores, teve uma filha e colocou seu nome de Rosa aí então surgiu o nome Santa Rosa.

Os primeiros a comandarem o time foram: Ramos Senas, Caboclo, Zé Matos, Quinca,Mico Araújo, Lili Araújo e Aluízio Quaresma.Depois veio outros para presidirem o Santa Rosa como: Tobias Botelho, Sabino Gomes, Zé Gomes,Timotéo Botelho, Mario Quaresma, Bebê Barão, Orivaldo, Rinaldo Gomes, Dalon Nery, Lázaro Brito, João Gomes, Nenê Quaresma, Ramito Quaresma e Agostinho Pinheiro. Sendo o Presidente atual do Santa Rosa é o senhor João Gomes.

As conquistas do Santa Rosa Esporte Clube em 1989 ele foi vice-campeão,em 1991 ele foi campeão sub-vinte,1992 ele foi vice de novo e em 1993 campeão do torneio início, em 1994 foi feita a copa dos campeões, e em 1997 e 1998 não foram vice nem campeão, em 1999 elefoi vice campeão em 2000 ele foi campeão, em 2001 , 2002 e 2003 não ganhou nada em 2006 não participou em 2007 foi vice-campeão.

O Bacuri Esporte Clube mais novo e simpático de sua torcida, foi fundado em 1960 pelos grandes atletas que formava sua grande equipe. O Bacuri teve vitórias e derrotas como é normal em qualquer time de futebol. A sua primeira equipe foi formada assim: Jurandil, Marciano, Nicanor, Júlio Barão, Aladi Barão, Benedito Carlito Dulor, Castelo, Ceará e Mario Pacheco.

O time participou de torneios, campeonatos regionais e amistosos, revelando grandes valores que foram cobiçados por outros clubes maiores. Passaram-se quase quatro décadas e em 1989 o Padre José criou o campeonato das ilhas e em 1994 o Bacuri participou do campeonato e foi campeão em cima de seu maior rival, O Santa Rosa Esporte Clube. Esse campeonato marcou na história a grande façanha do Clube. Tudo o que aconteceu você vai acompanhar através dos versos narrados pelo grande poeta Lucindo Rodrigues que conta como aconteceu das vitórias a escalação.

Nesta vida de poeta

Eu nunca tive embaraço
Crítico de qualquer um
Mas sempre sei o que faço
Nunca humilhei ninguém

Nem apelo para o cangaço
Aqui quero lhes falar
De um fato que aconteceu
No campeonato das ilhas
Quem ganhou e quem venceu
Qual foi a melhor equipe
E também a qual venceu

Participaram muitos clubes
Da grande competição
Todos com muita vontade
O objetivo era
Ser o grande campeão

Aconteceram surpresas
No decorrer da história
Apareceu certo clube
Se não me falha a memória
Bacuri Futebol Clube
Dono de lindas histórias

Esse clube surpreendeu
Até o seu treinador
Surpreendeu o presidente
E o patrocinador

Todos ficaram surpresos
Ao conhecer seu valor
Considerado o menor
Entre os quais participaram

E por ser a primeira vez
Que a competição entraram
Pelos seus próprios vizinhos
Foram muitos criticados

Mas mesmo assim foram à luta
Com disposição e fé
Respeitando qualquer um
Fosse João ou José
Todos com unhas e dentes
Talento, cabeça e pé.

O seu primeiro jogo
Serviu de avaliação
Jogaram com o São Miguel
Que era uma seleção

Foi uma vitória linda
Em cima do valentão
O São Miguel quando perdeu
Pensou não ganhar ninguém
Disse o Eduardo eu pensei
Que o nosso time ia bem
Perdemos pra esse timinho
Quanto mais para os que vêem

Porém nos outros jogos
O São Miguel foi valente
Deu até de goleada
Em quem se meteu em sua frente

Disse o Eduardo agora
O caso é diferente

O Maurito do Bechior
Falou diante os presente
Nós damos de 5x0
Nesse timinho demente
Você quebrar esse Bacuri
E comer com aguardante

E chegou o dia do encontro
De Bechior e Bacuri
O Maurito disse hoje
Coloco o pingo no i

Vamos dar uma goleada
Pra pagar o que prometi

Mas o time do Maurito
Com sua destreza tamanha
Perdeu e disse nunca vi
Num time tanta façanha
Quem enfrentar esse time
Ou corre, ou morre ou apanha.



O Bacuri venceu outra fera
Que foi o grande aliado
Vindo lá do Anequara
Time muito respeitado
Jogaram até demais
Porém foram derrotados

Porém disse o Eduardo
Não acredito em visagem
Perdemos o primeiro jogo
Mas não perdemos a viagem
Agora estamos treinados
Vamos dar-lhes uma lavagem

Porém ainda foi pior
No fim da competição
Foram dois jogos disputados
E de muita emoção

Não resistiram e apanhavam
Em frente a uma multidão

E Bacuri e São Miguel
Voltaram a se encontrar
Era cabeça de chave
O jogo era mortal
Um dos dois em duas partidas
Iria se classificar

Desses dois o qual vencesse
Enfrentaria o Santa Rosa
Na época o melhor time
Com uma torcida fabulosa
Já esperava o vencedor
Como uma cobra venenosa

O Santa Rosa tranqüilo
Devido sua boa campanha
Jogava pelo empate
Uma vantagem tamanha
Goleou o grande Bahia
E esperava na manhã

O Bacuri e São Miguel
Decidiam em duas partidas
Quem enfrentaria o Santa Rosa
Com sua grande torcida
Os jogos eram dramáticos
O caso era morte ou vida

Os jogos foram emocionantes
No Estádio Humberto Parente
O Bacuri atropelava
Quem se metesse em sua frente
O Bacuri ganhou os dois jogos
E esmagou mais um valente

Quando sair o resultado
Foi difícil acreditar
Esse timinho danado
Iria pra grande final
Enfrentaria o Santa Rosa
A fera descomunal

Os dois iriam disputar
Pois um teria que morrer
Porque dentro do Estádio
Só um iria vencer
Mesmo o outro sendo vice
Iria se entristecer

O Santa Rosa preparado
Com certeza da vitória
O Bacuri confiante
Que contaria esta história
Ou descrever seus atletas
Se não fugir a memória

Começava com Piolho
Treinador acostumado
Devido o seu bom trabalho
Tornou-se muito respeitado

Disse ele vamos com fé
Que até já sei o resultado
Outro foi José Leonardo
Com sua palavra de fé

Dizendo aos jogadores
Já vencemos o São Miguel
Até o diabo é mole
Senão, não me chamo Zé.

Dizia Hercias eu também
Confio na nossa galera
Que vai pra dentro do campo
Cada um deles é mais fera
Vamos ganhar esse time
Estamos a sua espera

Já soube que estão falando
Que o Bacuri esta azedo
Mas eles trazem açúcar
Falam e não pede segredo
Dizem que é mais um freguês
Mas isso não nos causa medo

O goleiro Dote disse
Eu também sou criticado
Mas farei o que puder
Pra termos bons resultados
Ganharemos outra partida
E seremos respeitados

Na zaga não tinha falha
Com Aluízio e Negão
Nunca vi dois jogadores
Com tanta disposição
Protegiam o guardião Dote
Que foi a revelação

Rosemiro foi o cara
Era perito em cobrança
Era o terror dos goleiros
Chutava com segurança
Muitos clubes guardam hoje
Ainda uma amarga lembrança

Saraiva, Santana e Sabá
Pelo meio eram velozes
Quando jogavam diziam
Hoje só tem que darmos nós
Vamos pedir ao Pai Nono
Ele ouvirá nona voz

Bibito foi outro cara
Ligeiro e decidido
Sempre leva a melhor
Era ousado e atrevido
Não temia fosse a quem fosse
Não dava chance ao individuo

Cici e João Manoel
Nunca se intimidavam
Levaram a linha de fundo
De qualquer ponto cruzavam
Pra eles tudo era fácil
E lindos gools eles marcavam

Isaias e Figurinho
Nunca fugiram da linha
E Toninho Cagirú
Pra sua posição não tinha
Jogadas individuais
Esta era a sua rotina

Para Francinildo e Pio
Não tinha dificuldade
Tinham tanta rapidez
E tanta facilidade
Eles tinham sim qualidade
E foram heróis de verdade.

No dia 07 de dezembro
Dentro da nona cidade
No Estádio Humberto Parente
Foi a decisão de verdade
Estava o estádio lotado
Pra essa realidade

E começou a partida
Chia de muita emoção
A bola era lá e cá
Em frente a uma multidão
O Bacuri foi fulminante
Jogava aquele bolão

Aconteceu uma falta
Já era uma esperança
A torcida gritou logo
Mantemos a liderança
Gritando ainda mais forte
Rosemiro na cobrança

O juiz posiociona
A barreira foi marcada
Rosemiro chutou forte
Uma bomba abençoada
Na cabeça de Santana
A bola foi desviada

Estava com 10 minutos
Quando Santana marcou
A torcida festejava
O seu belíssimo gol
A partir desse momento
O time deitou e rolou

E foi um Deus nos acuda
A bola era lá e cá
Quando uma outra jogada
Surgiu pela lateral
Negão pegou bateu forte
Foi outra bomba fatal

Santa Rosa foi à luta
Mas não adiantou nada
O jogo foi 2x1
Sua torcida foi decepcionada
A equipe do Bacuri
Já estava consagrada

Foi uma festa bonita
No meio de tanta gente
O povo dizia assim
Esse timinho é valente
Ganhou até torcedores
No Estádio Humberto Parente

Aí está o campeão
Que não foi acreditado
Time de muitas surpresas
Isto ficou comprovado
Pois cão que late não morde
Assim diz um velho ditado.

Associação de Remanescentes de Quilombos da região das Ilhas de Abaetetuba(ARQUIA)

O objetivo é deflagrar ou dinamizar nas comunidades, um processo de desenvolvimento comunitário sustentável, cujos elementos norteadores estejam configurados na forma de um plano de desenvolvimento sustentável, priorizando: o uso sustentado de recursos naturais, a organização comunitária, centrada no planejamento participativo de atividades e na (re)formatação das associações de base para uma mais eficiente atuação junto ao mercado e a formação de gestores comunitários do processo.

Nas comunidades do Alto, Médio e Baixo Itacuruçá são constantemente realizados seminários, oficinas de planejamento participativo e treinamentos, todos voltados para o desenvolvimento rural sustentável, comercialização conjunta e verticalização do processo produtivo.

Coordenadores: Edílson(Arapapuzinho) – Coordenador Geral

Benedito(Baixo Itacuruça) – Coordenador da Secretaria

Isaias(Alto Itacuruçá) – Coordenador de Projetos de Renda Comunitária

Maria da Luz(Acaraqui) – Coordenadora de Cultura

Manoel Pinheiro(Médio) – Coordenador de Patrimônio

Egidio(Arapapuzinho) – Coordenador de Esporte e Lazer

Medicina Popular

Para a Dona Maria que é agente de saúde do baixo Itacuruçá , as doenças que mais afetam as ilhas de Abaetetuba são as seguintes: Diarréias, a gripe e principalmente a febre.

Segundo ela o meio mais fácil de curar a diarréia é o soro caseiro. O modo de preparar é pegar uma colher de medida de o lado menor colocar sal e do lado maior colocar açúcar e depois pegar um copo com água e é só dissolver tudo junto.

Para a gripe é só fazer o xarope caseiro. Cortar um limão ao meio e colocá-lo ao fogo, depois espreme num copo com mel e alho ralado.

Para a febre

Nome do Remédio: Coramina ( Esse remédio serve para o coração )

Origem: É um remédio de origem vegetal; pois é uma planta encontrada em nossa região.

Modo de preparo: É preciso somente juntar algumas folhas da coramina, lavar bem e depois rasgar bem para ficar em pedaços pequenos. Depois misturar com água e deixar ferver por aproximadamente cinco minutos. Depois é só coar para separar o chá das folhas. Adoce e você terá o chá de coramina.

Posologia: É tomada uma dose toda vez que precisar
Nome do Remédio: Leite da Sucuúba

Origem: vegetal

Modo de preparo: É tirado quando não é luar

Posologia: Uma vez no dia em jejum

Composição: Leite da Sucuúba, vinho tinto e ovos

Nome do Remédio: Hortelã

Origem: É uma planta de origem vegetal, pois é encontrada na nossa natureza ou seja nessa região

Composição: É composta com catinga de mulata

Modo de preparo: Ferve algumas folhas de hortelã com algumas folhas de catinga de mulata e em cinco minutos está pronto.

Via: Oral

Posologia: Tomar três vezes ao dia

Efeito: Ele serve para crianças quando estão com febres

Cuidados: A criança precisa ficar em repouso

Nome do Remédio: Gengibre

Origem: É de origem vegetal, pois encontramos na nossa região.

Composição: Cachaça e álcool

Modo de preparo: Somente ralar o gengibre e misturar com cachaça e álcool, em dois minutos estará pronto.

Via: Esse remédio é passado nas pernas ou nos braços

Posologia: É passado de cinco em cinco minutos

Efeito: Ele serve para as pessoas quando estão com reumatismo

Cotidiano

Tratando neste aspecto, o dia-a-dia de uma família que trabalha com muito esforço para ter seu pão de cada dia, os pais trabalham duro oferecendo o melhor aos seus filhos, mas os filhos também se esforçam nos estudos, quando crescerem terem um futuro melhor, que trabalhem e possam ajudar os seus pais e ser uma pessoa independente.

A maioria dos pais trabalham tirando barro, já que precisam de disposição e força de vontade. Quem tira barro sai da casa a noite e passa a noite no mato fazendo a vala sem dormir, para tirar o barro e encher o barco. Depois de cheio eles vão desembarcar o barro na olaria, e quando não se tem barro no barco eles levam novamente o barco para o mato para deixar o barco. E quando retornarem à noite a embarcação já esteja lá para começar tudo de novo.

Quem trabalha na olaria não precisa sair cedo. O trabalhador acorda de manhã toma o café e vai para a olaria, chegando para fazer telha.

A maioria das vezes as mães trabalham na lavoura. Elas fazem a derrubada, deixam secar e depois fazem a queimada. A base da plantação é a mandioca, arroz, feijão, milho, etc..

Depois que já foi feito o plantio, com um mês uns matinhos que elas chamam de capina ou tiririca. E começam a tirar o mato, depois de seis meses o plantio já dá para fazer a colheita. Elas arrancam a mandioca carregam e colocam no poço que é para amolecer. Com três dias ela já esta pronta para fazer farinha. A macaxeira serve tanto para farinha, como para fazer bolo ou para comer com café.

Entrevistado: Raimundo Dilo do Couto

O Senhor Dilo nasceu no dia 12 de julho de 1927. Quando ele começou a se entender, na idade de 10 anos ele e seus colegas iam para o rio pegar frutas como: seringa, azeite, maracaxi, mucuúba e jabuticunha. Pegando essas frutas ele vendia e com o dinheiro comprava comida para poder ajudar sua família junto com seu pai, pois ele trabalhava de “bico”. Ele com seu pai e sua irmã, e os mais velhos faziam roçado e depois de algum tempo tiravam a cana de açúcar e faziam a garapa.

Quando ele começou a estudar, ele ia para a escola e muitas vezes tinham que levar um pouquinho de comida em uma lata para poder merendar(isso acontecia quando ele tinha a comida). Ele trabalhava durante três dias e estudava três dias na semana. Muitas vezes chegava cansado na casa e não tinha o que comer. Hoje em dia ele diz que a situação de vida melhorou bastante.

O trabalho nessa época era muito difícil e pesado, ele cortava lenha em metro para poder vender, muitas vezes ele ia para o mato com fome, trabalhava horas sem comer Nessa época a comida não era difícil, o que era difícil era o trabalho e o dinheiro.

A vida do passado era assim, segundo seu Dilo.

O Sr. Dilo tem cinco irmãos, e só ele aprendeu a escrever e a ler, ele chegou a estudar até a primeira série. Seu pai nessa época dizia que era ele aprender a escrever só um bilhetinho.

Nessa época primeira se aprendia a ler e depois a escrever. O que existia era a tabuada. O aluno que não respondesse certo pegava “bolo” na mão, ou seja, recebia pauladas de palmatória na mão.

O que existia de bom era o respeito. Quando ele chegava em sala de aula tinha que tomar benção da Professora, e ai,ai,ai daquele que não respeitasse os mais velhos. Ele diz que hoje o estudo esta muito melhor do que antes, mas muitos não sabem o que é o respeito.

O Sr. Dilo se casou com 22 anos de idade, ele não tinha casa, não tinha panela,

mas tinha muita fé de que um dia ele e sua esposa iriam conseguir tudo o que precisasse.

Nessa fase as panelas eram de barro, as redes eram feitas de envira e muitas eram feitas de remendos de panos.

A situação era essa, com muito sacrifício e muito trabalho pesado, mas graças a Deus hoje esta muito melhor a condição de viver. Hoje, o pai já consegue investir mais em seu filho, para que no futuro possa ajudar a família. Ele diz que “ O futuro de um pai é a esperança de um filho”

Texto produzido pela aluna Maria Neuza Sodré Mota

I – Maneira como o ribeirinho vive e produz.

Os ribeirinhos vivem e mora nas ilhas, a beira dos rios, trabalhando na roça, olaria e açaizal, produzindo farinha, telha, tijolo, matapi,paneiro, faz criação de galinha, pato,porco para seu alimento, também tem peixe, caça. O açaí e algumas frutas, como inaja, tucumã, abacaxi, goiaba. Geralmente, os ribeirinhos constituem uma família com dez filhos e hoje alguma só tem até três filhos. E hoje algumas casas ainda são construídas de assoalho de paxiúba coberta de palha e as paredes feitas de ripas tiradas do braço de miriti e outras famílias possuem a casa feita de tábua e coberta de telha. Alguns usam o pote de barro para colocar àgua para beber. O balde da cueira serve para levar água para roça. Hoje, ainda bebem mingau na cuia. Os meios de transportes são as rabetas,os barcos, cascos e canoas,sendo o rádio, a televisão e o telefone os meios de comunicações mais acessíveis. Também nas localidades, no momento tem a festa para homenagear ao Santo padroeiro da comunidade que dura oito noites.

II – Os fatores de mudança do comportamento sócio-cultural

O processo de construção da vida crescerá em comunidade eclesial de base que é o paralelo do processo de organização da vida em comunidade, entidades e instituições de caráter social, sindical e política. Também valorizando os trabalhos em mutirões para fortalecer os sentimentos de união e solidariedade entre os moradores da beira dos rios e contribuir para sua conscientização sócia política, juntos construindo as casas comunitárias trabalhando na roça em grupos unidos convencidos de estarem construindo algo para coletividade efetivando o lema “A união faz a força”.

III - O impacto do desenvolvimento industrial na região

A construção da barragem de Tucuruí , motor energético de parte do Projeto Grande Carajás que diz respeito ao complexo industrial Albras-Alunorte,foi um dos principais fatores da desestruturação da sócio-econômica dos ribeirinhos. A construção da barragem causou dano à natureza, em termos ecológicos. Antes da barragem as populações da região alimentavam-se de caça e pesca, e hoje já não tem na região, sobretudo camarão e o mapará.

IV – Conclusão

Considerando que o ribeirinho se realiza como ser humano de acordo com os elementos necessários para sobreviver e desenvolver seu ideal de vida acredita que o mundo cultural, sócio-econômico ainda vive culturalmente sob o aspecto político que eles vêm na nossa comunidade prometendo e não cumprindo suas promessas e nós sofremos com essas mudanças e agora não queremos sofrer mais, queremos mudança e uma vida melhor.

* Texto produzido por Izabel Rodrigues do Carmo
I - Como vivem os ribeirinhos( Ou viviam )

Os ribeirinhos são umas populações que vivem e moram nas ilhas, na beira dos rios. Os ribeirinhos já não vivem mais como antes.

Antes o açaí e o mingau eram tomados na cuia tirada da cuiera,agora é só na tigela de vidro ou de plástico. Agora, também já não usam potes feitos de barro, usa-se um mais moderno, mais bonito e as pessoas não precisam mas fazer.Vivem também dos recursos oferecidos pela própria natureza: frutos do mato, caça,pesca e produtos do extrativismo vegetal e do trabalho da roça: banana, pupunha, cacau ;assim como mata mucura e tatu e pesca mapará.

II - Aspectos da vida e cultura dos ribeirinhos
Geralmente o ribeirinho constitui uma família numerosa com aproximadamente dez filhos.

Desde a década de 60 do século passado, mudou muita coisa, antes o transporte era o casco de madeira movido a remo com as forças dos braços, agora não, é só rabeta movida a motor e as pessoas nem precisam fazer força para se transportar de um lugar para o outro. Agora já mudou muito, mas tem alguns lugares que ainda tem esses modos, por exemplo, na casa da minha avó ainda tecem paneiros, fazem potes de barro e a refeição é feita no chão em circulo.

III - Fatores de mudanças do comportamento sócio-cultural

As Cebs tinham como momento central a celebração do culto religioso aos domingos.

As considerações sobre a vida e pregação de Jesus Cristo e aos primeiros cristãos, tornavam-se exemplos a seguir para a realização do “reino de Deus”.

Unidos trabalhavam convencidos de estarem construindo algo para a coletividade efetivando o lema: “A união faz a força”.
* Informantes

Rosa Maria Botelho - 45 anos

Raimundo Dilo do Couto - 81 anos

José Maria M. Gomes

D. Maria – Agente de Saúde

João Gomes

Lucindo Rodrigues

*Bibliografia
THOMPSON, Paul. A Voz do Passado. São Paulo: Paz e Terra, 1998.

MONTENEGRO, Antônio Torres. História Oral e Memória. A Cultura Revisada.

São Paulo: Contexto, 1994.

Site

Http: /pt.wikipedia.org/wiki/Abaetetuba


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