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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Práticas educativas no SOME








O SOME enquanto uma política pública, é fundamental para o desenvolvimento do conhecimento nos interiores do Estado do Pará, ao longo desses 39 anos de trajetória histórica na educação campo  que deu certo, mesmo com todas as barreiras e dificuldades que são enfrentadas, principalmente por nós professores e alunos.




Essa política pública serviu de modelo para extensão dos campus universitários tão bem planejados nos pólos de funcionamentos, assim como exemplo para diversos estados e municípios do País. No momento temos vários, entre eles, com Sistema de Organização Modular de Ensino do Fundamental - SOMEF, como os municípios de Concórdia do Pará e Tomé Açu, inclusive, com alguns alunos que foram do SOME, hoje estão lecionando nos citados municípios, com nível superior.  Essa é uma alegria para nós que fazemos parte da família SOME.




São 39 anos de muitas lutas e conquistas de todos que tem participados dos processos de construção de uma educação pública, digna e de qualidade..



Essas imagens da região das ilhas, principalmente do Marajó, retratam os compromissos e responsabilidades do SOME e seus professores com a educação.  
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Município de Ponta de Pedras, comunidade fabrica. Apresentação dos alunos   " O lazer e sua diversidade nas areas ribeirinhas".  2008





             Esperando  a chuva passar para dar aula  na Comunidade Fábrica - Ponta de Pedras





                                             Campo de futebol da comunidade Rio fabrica.





                                                Formatura  dos.alunos do.Rio fabrica 2010





                Municipio  São Sebastiao da Boa Vista - Comunidade Coqueiro. Desfile escolar  2012





                                     Ponta de Pedras desfile escolar comunidade Fortaleza





 Comunidade de Pedras  alunos de dois municípios São Sebastião e Muaná.






     Indo para comunidade, em barco de acai. Tartarugueiro 2015




             
                        Nosso cantinho  na comunidade de Santana do Arari , Ponta de Pedras





  Aula prática na Comunidade de Fábrica  no inverno amazônico.


                               
                                1ª turma da  Comunidade Chipaia cachoeira do arari. 2014/ 2018






                        Miss Some Festa Junina Comunidade de Fortaleza - Ponta de Pedras.2017






      Em 2009, perdemos o barco para ir a Belém e fomos andando da Comunidade de Tartarugueiro  até a Cidade de Ponta de  Pedras 4h a pé.






                            Distribuindo  lembranças no.Rio fortaleza Ponta de Pedras   2019






Participando  com a Comunidade ajuda do na farinha.  Comunidade de Tartarugueiro Ponta de Pedras






É Professora Raquel e colegas não é fácil enfrentar lama, maré, carapanã, espinhos e outras adversidades para trabalhar na maior política educacional de inclusão social na Amazônia. 


 Fonte: Arquivo pessoal da Professora do SOME Raquel Araújo.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Experiências vivenciadas no SOME






Como ex-educador andarilho e nômade no estado do Pará, através do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, política pública voltada para educação dos interioranos no constante exercício, percebi sinais que vinham dos territórios existências, sinais da mata, dos ramais, dos terreiros, dos quintais, das estradas, dos rios e igarapés das localidades e municípios por onde passei tão presentes no cotidiano dos povos das florestas, dos ribeirinhos, quilombolas e camponeses.




Nessa perspectiva, possibilitou ampliar meu horizonte e a multiplicidade do modo como chegava para conhecer, trabalhar e estudar essas realidades amazônicas, sendo que cada uma com suas peculiaridades. Chegando aos ambientes das práticas educativas com a caixa de ferramenta conceitual que servia de base para potencializar o mundo da produção e construção de conhecimentos lá inventados, que somados provocava mistura e modificações em seu interior.




Nesse exercício de produzir conhecimento, muito interessante, em determinados lugares em que faz repensar todo um modo de vida, produzindo através das interferências mútuas focadas em saberes e realidades a partir de perspectivas diferentes, através da problematização que foi sendo descoberto a partir das conexões que foram tecendo com a reinvenção de nos novos conhecimentos e do mundo ao seu redor. Com as experiências vivenciadas e os aprendizados adquiridos com conteúdos e novos elementos.




Com os exercícios vivenciados como educador nômade, possibilitaram experimentar determinados conceitos no campo da educação na Amazônia, construindo e reiventando novas possibilidades de produção, tudo isso devo ao SOME.

V Café literário










Olhem aí, meus amigos, venha participar do nosso V "Café Literário". Realização da Biblioteca Comunitária "Carolina Maria de Jesus" e apoio da Rede de Bibliotecas Comunitárias Amazônia Literária e RNBC. O tema nos remete a uma reflexão e várias interferências através da nossa Roda de Leitura a cerca da Reforma da Previdência e os malefícios a curto, médio e longo prazo, que esta trará a classe trabalhadora, as pessoas idosas e suas famílias. Venha e traga seus amigos, colegas e alunos. Será uma noite de muita ludicidade poética, criativa e expansão. Vamos lá!

quinta-feira, 18 de abril de 2019

RELATO DE EXPERIÊNCIA NO SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO MODULAR DE ENSINO - SOME.








Falar de educação para mim é sempre um enorme prazer e satisfação. Falar das minhas experiências como aluna no sistema modular de ensino, é viajar a um passado sempre cheio de boas histórias e lembranças inesquecíveis.










Sempre estudei na escola pública, desde a educação básica até agora que concluir minha graduação superior. Passei minha infância e adolescência percorrendo os caminhos das escolas, sempre na zona rural, sonhando com objetivos e sonhos que eu precisava alcançar. Naquela época, incalculáveis e até mesmo, desconhecidos para mim. Mas eu sonhava e sonhava muito. Apesar de ter nascido em uma família cheia de professores, na verdade, Tias e meu Pai professor, sempre existiram dificuldades, mas  eu as vencia com muito grado, pois sempre gostei de estudar, sempre me esforcei para tirar as melhores notas, porque  via na escola o único caminho da superação. A vida de criança e de jovem estudante pobre nunca foi fácil e quando esse estudo se dá na zona rural, as dificuldades se multiplicam, mas quem sabe pra onde quer ir  nunca perde no caminho, por mais de espinhoso que ele nos pareça ser.













Nos anos iniciais do fundamental, de 1° ao 5° ano, lembro-me, das pedaladas, das inúmeras quedas e do sol ardente nas minhas costas, lembro-me, da felicidade em ser sobrinha da professora e mais ainda, de ser filha do professor. Era incrível!







Terminado essa fase, mudei de escola e meus objetivos aumentaram, bem como as dificuldades. Eu acordava muito cedo, cedo mesmo. Às 5:30 hs da manhã, eu estava arrumada, preparada para percorrer aproximadamente 13 quilômetros de estrada de chão, no ônibus escolar. Terminei o fundamental maior nessas condições e iníciei o tão esperado Ensino Médio, era um sonho!








No Ensino Médio, descobri à literatura, à filosofia e a apaixonante sociologia, era tudo muito incrível. Estudei no Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), onde professores ensinam uma disciplina por meio de módulos, finalizando as quatro avaliações em período de 50 a cinquenta dias. Aprendi muito com todos eles e guardo cada um no coração. Alguns tornaram-se meus amigos, grandes pessoas, aquelas que me incentivaram a lutar e nunca desistir dos estudos. Lembro-me de cada um, alguns esqueci o nome, mas não às lembranças e o sorriso no rosto, frequente em todas às aulas. Vou citá-los aqui, para que eles saibam o quanto foram e são importantes para mim, o quanto contribuíram para minha aprendizagem, dentro e fora de sala de aula. São eles: Rosiane Marques (conterrânea), Adriana Silva (conterrânea), Valdivino Cunha, Hernandes Macedo, Ribamar Oliveira e Rodrigues Lc, dentre tantos outros, que alicerçaram meus conhecimentos construídos até hoje. Lembro-me de encerrar o ensino médio com muitas lágrimas, pois as palavras de afeto, incentivo e amor, abraçaram meu coração, fazendo-me recordar todos os dias que passei para chegar àquele momento. Sou grata a cada um, que apesar das dificuldades, ensinaram para mim e para meus colegas, a importância do conhecimento. Hoje sou professora, graças ao ensino construído por muitas mãos, mãos de professores que atravessavam fronteiras para ENSINAR. Dificilmente eu teria terminado a educação básica e ingressada no ensino superior se não fosse o Some, essa importante ferramenta de inclusão social no campo e por isso mesmo sou eternamente grata por possibilitar não apenas a mim, mas uma legião de jovens do campo terminarem o ensino médio deixando um caminho aberto para o ingresso no ensino superior. Meus parabéns aos Some pelos seus 39 anos de conquistas no campo. Parabéns, professores, vocês são gigantes!



A imagem pode conter: 5 pessoas, incluindo Loana Silva, pessoas sorrindo







Loana Farias da Silva

(Graduada em Letras-português, pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Professora no Sistema de  Organização Modular do Ensino Fundamental - SOMEF/Tomé-Açu).

Os 39 anos de resistência do SOME







      *João Sérgio












Ao longo de quase quatro décadas de existência, o SOME - Sistema de Organização Modular de Ensino-, constitui importante ferramenta educacional e de transformação social no campo do estado do Pará. Destina-se a levar o ensino médio e, em alguns casos o fundamental, as localidades do interior do estado, nas quais essas modalidades de ensino não são ofertadas. Criado através da resolução no 161/82 de 3/11/82 e incorporado ao sistema de ensino do Pará, sob a responsabilidade da Fundação Educacional do Estado do Para (FEP), o SOME se consolidou como politica educacional.














Em 18 de abril de 1991, as formas regimentais do projeto foram aprovadas pelo Conselho Estadual de Educação (CEE), através da resolução 135. Com base nos estudos realizados sobre o SOME, a Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) através do decreto 0390/2003 de 8/9/2003 renomeou o SOME para Grupo Especial de Ensino Modular (GEEM). Em 2014, graças à luta dos professores foi criado o SOME do qual foi efetivado através da regulamentação e sanção da Lei 7.806 (lei do SOME) de 29 de Abril de 2014.














O SOME hoje está presente 96 municípios do Estado e faz parte de 465 comunidades rurais. Conta com um quadro de 1100 professores formado por graduados, especialistas e mestres. Nas comunidades onde está plenamente funcionando, sua importância não se resume apenas a trazer educação ao seu público alvo que é aluno do Ensino Médio, mas também se torna um meio de conscientização e transformação social através da organização social e política das comunidades. Muitos ex-alunos do SOME, são ou ocupam cargos públicos como vereadores, prefeitos, e até deputados na esfera legislativa, e sem dizer de centenas de alunos nas Universidades Federais e Institutos federais de Educação, até mesmo os que se tronaram professores do Sistema Modular de Ensino. Os professores do quadro funcional do SOME, em sua maioria, possuem uma identidade com o trabalho, no qual tem que se dispor e a permanecer longe por 50 dias letivos de suas famílias e amigos, período no qual o profissional deve concluir cada módulo, de quatro dos que compõem os 200 dias e a grade curricular do ano letivo.
















Em todas as localidades onde funciona o SOME, sua presença possui vários significados e importância, um deles é o aspecto econômico. Onde está presente, o SOME movimenta empregos e ajuda a dinamizar o comércio local. As regiões de várzea e ilhas, por exemplo, são de difícil acesso, e contam com a ajuda de ribeirinhos que possuem embarcações capazes de enfrentar baías e rios, com habilidades que só quem conhece pode navegar, é o caso das Ilhas de Abaetetuba. As 21 localidades do SOME que faz acesso por barcos velozes, são conhecidos por rabetas. Outro aspecto importante são os aluguéis de casas para os Professores ficarem alojados durante o período do Módulo, sem essas casas seria impossível a permanência da equipe na localidade, soma-se ao fato de que se deve contratar uma diarista que cuide dos afazeres domésticos para essa equipe, sempre utilizando mão de obra da localidade.



























O SOME como qualquer política pública vem ao longo do tempo sofrendo com o desmonte e escassez de infraestrutura, várias foram às tentativas dos governos recentes, de tornar o SOME inviável. Nos últimos anos o Governo Estadual (PSDB) de Simão Jatene (2010-2018), tentou programar um modelo alternativo de outra modalidade de ensino, a educação à distância mediada por meios de tele aula. Foi criado o SEI- Sistema Educacional Interativo, no qual as aulas seriam transmitidas através de um estúdio localizado na capital Belém, e retransmitidas via satélite, para todas as localidades onde funciona o SOME. Entretanto, as comunidades tiveram a percepção de que seria um enorme prejuízo ao ensino, o que foi rechaçado e amplamente combatido, culminando com sua paralisação através de uma ação civil pública em 2018, impetrado pelo Ministério Público do Estado.
















O SOME, enquanto modalidade de ensino consolidada que faz o atendimento dos alunos de ensino médio, em localidades remotas do Estado, abrange um universo de grupos culturalmente diferenciados que não se limitam as comunidades rurais, mas também as indígenas e quilombolas possuem um grande desafio pela frente, enfrentar não só as dificuldades estruturais, mas também o processo de desmonte e abandono por parte de governos não comprometidos com as comunidades rurais, que não possuem voz, nem reconhecimento social, mas que fazem parte de uma complexa territorialidade e diversidade do território amazônico.













































*João Sérgio Sociólogo, Professor do Some, Especialista em Sociologia e Educação Ambiental, desde 2005 atuando com dedicação exclusiva, lotado na região das Ilhas de Abaetetuba 3º URE.


Fontes:

Modular Notícias

SOME: Gigante do Norte e suas conquistas

Blog do Riba

Imagens dos Professores do SOME