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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

RESGATE DA HISTÓRIA E MEMÓRIA DO SOME





Prof; Fabio sempre presente nas lutas da categoria




Por vários anos, a organização administrativa do ensino de Segundo Grau (Atualmente Ensino Médio) no nosso Estado ficou sob a responsabilidade da FUNDAÇÃO DE EDUCAÇÃO DO PARÁ - FEP, hoje extinta, surgindo a Universidade Federal do Pará – UEPA, em seu lugar. Na década de 70, durante a gestão do governador Tenente Coronel Alacid da Silva Nunes, alunos da então Vila de Marituba, hoje município da região metropolitana de Belém, concluintes pertencentes a diversos interiores do curso de Primeiro Grau (Atualmente Ensino Fundamental Maior), desejando dar continuidade a seus estudos, mas não tendo condições de arcar com os custos dessa continuidade em Belém, reivindicaram junto à base política aliada do governador que os atendessem com o curso de Segundo Grau sem ter que se deslocar para a capital. O governador então pediu à FEP que encontrasse uma maneira de atender a reivindicação das comunidades. A FEP que na época tinha à frente de sua Direção o Professor Manuel Campbell Mourtinho, criou equipes de técnicos, que se deslocaram até as comunidades para fazer as diagnoses das necessidades urgentes para atender os alunos e a alternativa encontrada pela equipe técnica foi através de blocos ou módulos de disciplinas da Grade Curricular do Segundo Grau.




O Professor atento nas intervenções da categoria



Uma equipe de professores permanecia na localidade por um determinado período de dias letivos (hoje são 50 dias letivos) ministrando um Módulo de determinadas disciplinas. Finalizado um período, outra equipe se deslocava para a comunidade para ministrar mais um Módulo de disciplinas, até que todas as disciplinas da respectiva série fossem ministradas durante o ano.



Encontro dos Profs do SOME, em 2010


Avaliação efetuada pela FEP concluiu pela viabilidade de se implantar o atendimento aos alunos das comunidades do interior do Estado com Ensino de Segundo Grau por Módulos de disciplinas; o que veio a ocorrer a partir da década 80 nas sedes dos municípios que ainda não tinham o ensino de Segundo Grau implantado.  



     




Em 2010, o Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) atendia o ensino médio e fundamental a 98 municípios do Estado do Pará, que somava em 423 localidades, funcionando por meio de quatro módulos efetuados em cinquenta dias letivos, trabalhando blocos de disciplinas que durante o ano foram ministradas nas quatro localidades seguindo rigorosamente a matriz curricular que estava em vigor, sendo que foram realizadas ações pedagógicas, sempre valorizando o cidadão no campo e atendeu 32.000 alunos, que não precisaram sair de sua região para terminar o ensino médio e temos muitos relatos de Professores e Alunos que pertenceram ou pertencem ao Ensino Modular, assim como hoje que temos 465 localidades, sendo atendidas em 96 municípios, com aproximadamente quarenta mil alunos. Entre os relatos, temos a entrevista do educador Fabio Silva Pinto, lotado atualmente no município de Acará, concedida para o Blog do Riba, em 2010.








Segundo o Professor Fábio Pinto: “Entrei no SOME que coincide com minha entrada no Estado e foi minha primeira experiência em 1995, portanto 16 (25 anos atualmente) anos de Módulo, apesar de tido uma experiência no regular, sempre estive ligado ao Módulo, que na época era vice-diretor da Escola Maria Gloria Paixão, no município de Jacundá, com 18 turmas e assumia a Coordenação do Sistema Modular, no período de 2001 a 2003”.






Uma das perguntas para o informante relaciona aos anos de experiências e o que marcou em sua trajetória: “É uma experiência única e impar na vida de um educador principalmente quando se trata do conceito de diversidade, o que mais me marcou é a diversidade que nós temos no Estado, existem as similaridades da cultura de modo geral, mas pelo fato de sermos uma região de fronteiras de deslocamento de pessoas é um atrativo muito grande, nesses 16 anos (2010) tive oportunidade de ter contato com culturas diversas, valores diversos ao mesmo tempo, sonhos e necessidades diversas da população já que aqui temos gente de todo o Brasil. Principal marca é a diversidade que nossa região acolhe, pra mim tem sido a situação de fundamental aprendizagem, que quando entrei no Estado era recém-formado ai se depara não só com a diferença geográfica, mas diferença social, econômica e cultural, ai soma é o maior ganho que a gente tem tido e o Sistema Modular da oportunidade de enriquecimento enquanto pessoa a partir dessa diversidade que a gente tem alunos, diretores, serventes e a comunidade de modo geral”.



Outra questão que foi perguntado ao entrevistado fui Eu até fiz está pergunta no Programa SOME e a COMUNIDADE, da Rádio Web SEDUC, o Modular não trabalha só com conteúdos, porém, também desenvolve projetos nas comunidades. Que tipos de projetos você participou ao longo desses anos? “A nossa experiência no Modular se divide em dois momentos bem específicos: Que quando trabalharmos no tempo do Curso de Magistério, com Formação de Professores desenvolveram projetos sobre a estrutura da organização escolar, o primeiro dele foi à discussão sobre a implantação dos Conselhos Escolares, como você sabe no Sistema Modular; além da sala de aula o compromisso dos professores de trabalhar é uma de suas marcas principais desenvolverem projetos, não só com alunos, porém, também com a comunidade em geral. Nesse período do Curso Magistério, tínhamos como atividade básica a discussão sobre o Conselho Escolar, até porque hoje é uma exigência, já que existe financiamento direto para as escolas, mas antigamente não existe essa cultura de Conselho Escolar e a gente trabalhou muito em cima disso e nesse segundo momento que consideramos que estamos vivendo no Módulo, através das disciplinas Filosofia e Sociologia desenvolvemos muito sobre organização comunitária como o Projeto de Elaboração, Execução e Avaliação de Projetos Comunitários, isso faz parte tanto da linha de liderança como da linha de formação ilimitada, trabalhando a formação de grêmios estudantis, da organização da categoria estudantil no interior do Estado e nós percebemos que temos muitos valores e pessoas com a capacidade de liderança, e às vezes não tem percebido isso e aproveitamos através da disciplina Sociologia, já que temos um conteúdo chamado Movimentos Sociais, trabalhando nessa linha, com a formação de lideranças estudantis no interior do estado, através da Filosofia e Sociologia”.



 E continua enfatizando, o SOME e sua importância nos interiores, como foco principal: “Estamos resgatando, Prof. Ribamar, essa prática de envolver a comunidade nos projetos, houve, felizmente em Acará, o primeiro evento em comemorações dos 30 anos (2010) do SOME e percebemos que ela se encontra disposta, a comunidade anseia por esse tipo de atividade, como coloquei na mesa que fiz parte no debate, já que o forte do Sistema Modular é a ligação escola/comunidade e a gente percebe que são tantas necessidades e tantas demandas que esses projetos faz com que essas comunidades percebam que são agentes de mudanças, de transformação e a aceitação é muito grande, infelizmente, nós tivemos uma paralisação neste tipo de atividade até pela desobrigação que o Estado colocou o município de 2003 a 2006 com o governo passado dos tucanos com a descentralização e a paralisação da parceria entre Estado e município e então as comunidades ficaram desobrigadas e desinteressadas neste tipo de atividades, mas estamos retomando a essa prática, que é importante e serve como ferramenta para uma educação de qualidade e melhor. Só para se ter ideia, no encontro em Acará à participação dos pais dos alunos, dos alunos, corpo técnico e administrativo; assim como corpo docente e servidores foram fundamentais para a realização do evento. Até os pais dos alunos e alunos disseram: Há quanto tempo não tinha acontecido um evento dessa natureza. Esse tipo de ação é que sentimos as necessidades e as demandas e que momento deveu intervir detectando os maiores problemas e com isso a comunidade percebe seu potencial, com uma aceitabilidade muito grande. E a tendência é que com a descentralização aconteça com a mobilização das comunidades que tem a verdadeira visão de suas demandas”.




Com a última entrevista do ano de 2019, com o Educador Fábio Pinto, que atua 25 anos no Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, o Blog do Riba e sua equipe de apoiadores e colaboradores tem Gratidão, já que é difícil expressar essa homenagem, para agradecer e desejar a todos seus leitores o carinho de dedicação e tempo para acessar o Blog.




Queremos desejar a tod@s um excelente final de ano e que possamos fazer de 2020 a construção de uma sociedade melhor, feliz e cheia de esperanças, através das lutas com vitórias e conquistas. Abraços e felicitações fraternas a tod@s.



Blog do Riba

sábado, 28 de dezembro de 2019

Reconstruindo a História e a Memória do SOME




Entrevista concedida pelo Professor Roosevelt, lotado em Abaetetuba, no dia 14.07.2010.


Segundo o referido Professor, "entrou no SOME, no ano de1986, para ser preciso, no dia 03 de junho de 1986, começando no município de Rondon do Pará, trabalhando no Curso de Contabilidade. Rondon, estava começando a se desenvolver, neste período, era só poeira.  E continua, a equipe era eu e o Professor Luís Carlos, no circuito de Rondon do Para, Rio Maria, Xinguara e Brejo Grande do Araguaia. Municípios do sul do Pará, na época o sul do Pará, era um bicho papão, as pessoas tinham medo de se deslocar, principalmente quando se falava em Rio Maria, porém, quando chegávamos lá desenvolvíamos nosso trabalho e não era nada disso que as pessoas falavam, quando se trabalha com a educação e quando levamos informações para os alunos a história vai mudando e trabalhei seguidamente quatro anos no sul do Pará, na qual a primeira turma de Rondon do Pará levou meu nome. Com o Curso de Contabilidade da época, os nossos alunos tiveram grande credibilidade junto às empresas, comércios, bancos, houve concursos e a maioria dos alunos foi aprovada nos concursos que realizavam, sendo beneficiados pelo SOME no Município".


E continua: "Depois fui removido para outros circuitos e lugares como Dom Eliseu, Tucumã, Ourilândia do Norte,... E sempre trabalhando com o Curso de Contabilidade".


O informante, vai relatando e resgatando importantes considerações como: "Interessante, Riba, é que o SOME sempre desenvolveu projetos de intervenções, dependendo da realidade da localidade ou município, nós executamos o Projeto em D. Eliseu em que os alunos foram conhecer a Serra de Carajás, que é a maior mina mineral do mundo, que fica no Estado do Pará e nós como paraenses não conhecíamos, elaboramos um projeto para ser aprovado pela Companhia do Rio Doce e levamos 40 alunos. A partir de Açailândia pegamos o trem até Parauapebas, onde a Vale proporcionou hospedagem, alimentação e todos foram bem recebidos na Serra dos Carajás".


Além disso, enfatiza que "Depois, comecei a trabalhar próximo de Belém, como São Francisco do Pará, Moju, Maracanã que é outra realidade, sempre desenvolvendo projetos e todo mundo sabe, que o SOME não é só sala de aula, o Módulo é muito mais que isso, trabalhar projetos nas comunidades, conscientizar nossos alunos, sempre reivindicando o que é de direito, aquilo o que pode ser melhor, aquilo que vai servir para vida dele e sempre debatendo a formação do cidadão e juntamente com os colegas, sempre participando das organizações dos professores. Lembro que quando trabalhava eu, o Professor Raimundo Rosário, o Professor Leonardo Pantoja, sempre tínhamos dificuldades, na época atrasava ajuda de custo (Gratificação hoje) e foi feito um Encontro no antigo Centro de Treinamento de Recursos Humanos - CTRH, em Marituba, com a Professora Glória Paixão (Diretora do 2º Grau) e estava acontecendo a discussão em relação à Ajuda de Custo que estava atrasada três meses e o Professor Raimundo do Rosário falou para a Professora Glória Paixão perguntando se o dinheiro era dela, parece que é seu e disse, o dinheiro é nosso, nós que pagamos impostos, enquanto os poucos professores paralisaram, depois conseguimos reverter o quadro, através de muita pressão".


Um dado importante também, abordado pelo Professor entrevistado: "Nesse momento, no segundo mandato de Jader Barbalho, depois do Governo de Hélio Gueiros, o interessante é que neste governo a Ajuda de Custo era paga em PRD (Folha suplemetar), e quando íamos atrás, sempre diziam que estavam sem previsão. No governo Jader, ele atrelou a Ajuda de Custo no contracheque o que amenizou o problema com 100% de gratificação em cima do bruto".


Assim, aborda "Paulatinamente, no final da década de 90 e inicio de 2000 os Cursos de Contabilidade e Magistério foram extintos, voltando a educação normal, sendo o professor readaptado as disciplinas afins, como no meu caso, que sou Contador, fui aproveitado na disciplina de matemática e comecei a trabalhar em outros municípios próximos de Belém como Igarapé-Miri, Moju, Abaetetuba, inclusive já trabalhando no ensino fundamental".


E deixa claro, "No Módulo as dificuldades são grandes, assim como são grandes os desafios, para o professor trabalhar no Módulo, ele precisa ter identidade interiorana, eu não tenho dificuldades, já que nasci no interior, sou de Ponta de Pedras, nascido e criado no interior, então as dificuldades que muitos colegas enfrentam eu não tenho, eu tiro de letra e tenho o Módulo não como segunda casa, porém, como primeira, porque eu vivo, eu sofro quando o Professor do SOME não é respeitado, não o respeito que merece, sofro quando colegas entram no Módulo sem compromisso que deveria ter, a gente tenta ajeitar e tenta amenizar, porém, é complicado".


O Professor enfatiza o lado politico do SOME, naquele momento:"Continuamos na luta, os governos passam e a gente contínua. Hoje tenho 24 (33 anos atualmente) anos de Módulo. Só tive dois empregos. Trabalhei sete anos no Colégio Moderno e entreguei o lugar e o SOME, só saio quando me aposentar. No inicio do Governo Ana Júlia, na localidade de Maúba, em Abaetetuba, adequamos o projeto da Rede Globo sobre Cidadania, onde com apoio de várias instituições nós conseguimos tirar documentos da comunidade que não possuíam, corte de cabelos, palestras, oficinas, etc. Foi interessante o trabalho. Mas sabe que as dificuldades são muitas. E qualquer atividade que você faça, envolve recursos, dinheiro. E sem dinheiro para trabalhar é complicado. O SOME tem 30 (39 anos atualmente) anos e eu particularmente tenho 24. Acho interessante no Módulo às mobilizações quando são necessárias. Lembro quando estava em Concórdia do Pará, em 2003, com as mudanças de Módulo para GEEM, tivemos que fazer atividades para conseguir recursos para mobilizar em prol do Módulo e conseguimos trazer cinco ônibus com alunos e deu tudo certo, porque não faltou nada em termos de alimentação, transportes, hospedagem, isso foi interessante, o mais interessante foi trazer o pessoal de Porto de Moz, saímos domingo 9 horas e chegamos a Belém 1 00 h da terça-feira, conseguimos trazer 20 alunos, fora que tínhamos mobilizado em Cachoeira do Arari. O importante, é que tivemos o apoio de algumas Prefeituras e quando as comunidades estavam reunidas, parecia um formigueiro humano, muito lindo, mesmo!".



E acrescenta informações fundamentais: "Marcamos uma concentração e chegou às delegações de Igarapé Miri, Abaetetuba, de todo que é lugar, chegando ao mesmo tempo e isso que até hoje, continuamos lutando e temos problemas internos, claro que temos, ninguém consegue agradar todo mundo. Tem colegas com ciúme do outro, achando que um está querendo aparecer mais que outro, eu penso diferente, que quando estamos lutando, estamos em prol de um objetivo".


O Professor acredita que "Quer melhorar o Módulo, se o Módulo melhorar melhora para todos e estamos ai para tentar alavancar ainda mais este trabalho e nunca esquecendo o compromisso fundamental que é o aluno. Temos nossos anseios, porém, o maior objetivo é o aluno, a gente fica feliz, quando ver nossos alunos aprovados em concursos públicos ou nos vestibulares, que é isto que realiza o Professor. Professor nenhum se realiza com reprovação de alunos. O professor só se realiza, quando o aluno é aprovado e quando o aluno é reprovado, o professor não se realiza porque também é reprovado. Para o Professor Roosevelt, a recepção nas localidades onde funciona o SOME quem faz é o próprio professor, quando assume seus compromissos nas comunidades".


Para ele, "o Módulo em 2003, com a descentralização, perde sua identidade, por exemplo, trabalho hoje em Abaetetuba, e eu não conheço a metade dos quase 100 professores que trabalham no polo. Quando é realizada reunião em Belém, tem colegas que participam que eu não conheço. Estive no ano passado no mês de julho, em Ponta de Pedra, e minha irmã me apresentou uma professora do Módulo, que ela não participa das reuniões da categoria, é isso que faz com que nós não tenhamos identidade, devidas a falta de encontros. Antigamente, nós tínhamos todo ano planejamento, se reunia no antigo CTRH, uma semana e lá tínhamos oportunidade de se integrar, unir, conhecer os colegas, fora isso tinha Encontros Pedagógicos nos colégios, perdemos o CTRH, isso perdeu praticamente a humanização do SOME, criar expectativas quando chega à comunidade e isso que é interessante o professor preservar o respeito que a comunidade, ainda tem pelo Professor, muito embora o Professor não tenha o mesmo respeito pela comunidade, quando digo isso é quando o Professor não cumpre sua parte, o compromisso. Às vezes digo para meus colegas, quando não é possível desenvolver uma atividade extraclasse, pelo menos cumpra o mínimo ou o básico que é trabalhar o seu conteúdo, já é o mínimo que o aluno merece".


Encerra a entrevista, com a certeza que "Com a descentralização, em 2003, o SOME ficou descontrolado, as equipes não eram as mesmas. Hoje, ainda tenho uma equipe coesa, que e necessário em virtude da infraestrutura que não é oferecida aos professores. Tanto na Casa do Professor, quanto no funcionamento do Módulo a equipe conseguiu se estruturar. O Professor fica isolado, não tem televisão, não tem radio, parabólica, gravador, computador, energia. Por isso, quer chegar e logo voltar, Na nossa equipe, nós não temos esses problemas, porque tudo que uma casa tem, nós temos, um Kit completo, ou seja, quando a gente chega numa localidade que não tem energia , nos temos gerador de energia. Quando entra Professor novo, ele vai se adaptando e se sente bem trabalhar com a gente, além de cobrar a participação, apesar de muitos colegas não gostarem de ser cobrados, mas com jeito nos conseguimos amenizar as dificuldades que poderá acontecer. O interessante é que a cada localidade nos temos uma história e quando chegamos aos fazermos o ambiente, respeitando seus hábitos e costumes de cada localidade. Por exemplo, o meu caso, eu constituir família em Rondon. Tudo o que eu tenho foi através do Módulo. Vivo bem, meus filhos estão sendo bem encaminhada, uma filha que faz medicina, o outro faz educação física, o outro estar a caminho da Universidade, tudo fruto do Módulo. Outro local interessante que trabalhei foi em Medicilândia, apesar de muitos colegas acharem longe, mas eu gostei de trabalhar, Porto de Moz, também gostei, Abaetetuba, atualmente trabalhando, adoro também, pelo fato de serem ilhas. Quando você constitui o ambiente, os problemas amenizam. Em Igarapé-Miri, na localidade de Icatu, quando discutíamos naquele momento municipalização, levamos vereadores e outra pessoa qualificada no assunto, para debater se era viável municipalizar ou não, mesmo sabemos que a municipalização gera um caos, municipalizou, mesmo sabendo que é uma questão política, mas houve o debate. Conseguimos levar mais 4 localidades, foram dois dias de debates. E o evento deu certo. E quando você organiza e mobiliza um evento dessa natureza ou outro, você ver gente que chega, parece uma festa, por isso que o Módulo está fazendo 30 anos e esperamos o Encontro em pleno menos quatro localidades".     



sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Curuçá: Um dos municípios que foi o berço do SOME







Com pesquisas e entrevistas que servirão para publicações no Ribaprasempre.com (Blog do Riba), foi realizada conversa informal e gravada entre o Prof. Ribamar, um dos administradores do Blog, Professora Marina Costa e a ex Aluna e Professora Iris do Socorro, do Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME que estudou na segunda turma formada pelo Curso de Magistério, no município de Curuçá, nos anos de 1981, 1982 e 1983.



Segundo a entrevistada, o SOME foi fundamental para sua vida, primeiro possibilitou estudar e concluir o Curso no município de Curuçá, onde residia, já que sua família não tinha posses financeiras para mandar estudar no município de Castanhal e quem ia estudar, além de dormir e ficar nas casas dos outros, passavam por cada situação, já que era o local mais perto onde tinha o ensino regular. Na época foi uma novidade, segundo a informante, a maioria dos estudantes que terminavam ensino ginasial não tinham condições de estudar fora, como foi o caso dela. Outro aspecto que o SOME proporcionou foi o avanço do conhecimento para o município, possibilitando melhores perspectivas para os estudantes que desejavam voos maiores, assim como possibilitou também a formação de professores do curso primário, enquanto mão de obra qualificada na zona urbana e na zona rural. Inclusive, durante esses anos, muitos colegas foram formados nos cursos de licenciaturas se tornando professores do ensino regular.  



A ex Aluna, Professora Iris enfatiza também que muitos de seus colegas desse período assumiram diversos cargos públicos com destaques nas decisões do município, como de Secretários de Educação, Diretores de Escolas, Escola Sede, entre outros.



Após a conclusão do Ensino Médio fez os vestibulares e passou em dois cursos: em Letras, na Universidade Federal do Pará – UFPA e Pedagogia, na Universidade da Amazônia – UNAMA. Como era impossível fazer os dois cursos, preferiu continuar fazendo o de Pedagogia. Logo que concluiu, ingressou no SOME, com o circuito: Xingu ara Rio Maria, São Domingos do Capim e Brejo Grande do Araguaia. Esteve também em Muaná, Afuá, Goianésia, Santana do Araguaia, Uruará, Placas, Tucumã, Ourilândia, Medicilândia, Água Azul do Norte, entre outros.



Iris, fala com alegria, felicidades e determinação por ter se formada pelo SOME e depois ser Professora, porém, infelizmente em virtude da nova LDB, saindo o Curso de Magistério, já que trabalhava com disciplinas pedagógicas e ficando apenas o Secundário, teve que pedir remoção para Belém, assumindo cargos de Vice Diretora, Diretora de Escola e Diretora de Use e se aposentando como Diretora. Trabalhou 14 anos no SOME como Professora.



Lembra-se dos bons tempos do SOME, quando rever algumas fotos, inclusive com suas filhas, que hoje são profissionais liberais, com muitas sacolas quando viajava. Diz também que seus alunos do SOME muitos concluíram cursos superiores se tornando, médicos, advogados, juízes, engenheiro e inclusive, com a facilidade das redes sociais, ainda tem contatos com alguns.



Conclui a entrevista abordando que o SOME tem que ser mais valorizado pelo governo do Estado, já que atende o seguimento mais carente da sociedade e que Curuçá, Igarapé Açu, Igarapé Miri e Nova Timboteua formaram o primeiro circuito e experiência do SOME, depois expandindo para o resto do Estado.

domingo, 22 de dezembro de 2019

31 anos do assassinato de Chico Mendes





O Some em Igarapé Miri




Em entrevista com ex Professor do Some, Adalberto Santiago, que no momento se encontra lotado no ensino regular em Belém, iniciando sua carreira no magistério pelo SOME, na década de 80, abordou alguns aspectos interessantes de sua passagem em Igarapé Miri. 



Segundo o informante, quando desenvolveu suas práticas educativas bastante novo, foi no ano de 1986, em Igarapé Miri, sendo a Diretora da Escola de funcionamento do Módulo, a Professora Ester Silva de Oliveira, que foi Professora, Técnica pedagógica e Coordenadora Geral do SOME por muitos anos.  Santiago aborda que após as aulas da noite, sempre saíam para conversar e se divertir. Durante o Módulo que esteve, D. Onete, foi apresentada, já que tinha uma banda, cantava a noite, era uma pessoa humana, que estava sempre dando apoio para os professores do SOME e não esperava esse sucesso estrondoso que está aí. 



Para Santiago que ressalta que o famoso Festival do Açaí surge na Escola com os professores do SOME, que dinamizavam com várias atividades, tendo a parte pedagógica e cultural tornando-se um sucesso e mexendo com toda cidade naquele primeiro momento. O referido Professor ressalta quanto ao lado cultural da Feira, as apresentações das danças com ritmos regionais e as performances dos alunos que usavam suas criatividades com esforços e dedicações, que surpreendiam inclusive eles, que estavam na organização do evento. Com os anos o Festival foi absorvido pelo Prefeitura Municipal de Igarapé Miri, que até hoje organiza e patrocina com grande destaque para Capital Mundia do Açaí. 



Na entrevista, o Professor Adalberto Santiago, enfatiza a importância do SOME em sua vida, como uma escola que muito contribuiu em sua formação. Mesmo afastado da maior política pública educacional do Estado, sempre entra em contato com os colegas através das redes sociais, fazendo com que esteja sintonizado o que acontece com o SOME. 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Reforma da Previdência no Estado do Pará


A imagem pode conter: texto



As categorias dos trabalhadores do Estado do Pará estiveram, ontem, em lutas para reivindicar suas conquistas contra os projetos prejudiciais da reforma da previdência colocados em pauta pelo governo estadual na Assembleia legislativa do Estado do Pará – ALEPA.






Pela parte da manhã, os trabalhadores se concentraram na Praça D. Pedro I, em frente da ALEPA, com carro som e intervenções das lideranças de várias categorias, em número de 25 do serviço público. Presença forte de muitos municípios representados, como de Bragança, Alenquer, Santarém, Mojú, Bujaru, Belém, Acará, entre outros.








Na ALEPA, aconteceu também Audiência Pública a pedido dos deputados da oposição com intuito de adiar a votação do projeto de lei do Governo do Estado que institui a reforma da previdência para os trabalhadores públicos, visando atender a PEC paralela do Governo Federal, que se encontra tramitando no Congresso Nacional. Uma parte dos trabalhadores foi para as galerias da Assembleia Legislativa e a outra ficou na Praça D. Pedro I aguardando o desenrolar dos acontecimentos e com participação efetiva das principais entidades representativas dos servidores públicos estadual.






Na Sessão Especial na ALEPA, as categorias defenderam a retirada de pauta dos projetos que são prejudiciais aos servidores públicos.  






Pela parte da noite, a reunião de trabalho das Comissões de Economia e a Constituição e Justiça se reuniram em sessão extraordinária e votaram favoráveis no mérito dos projetos encaminhados pelo governo, tendo voto contrário dos deputados estaduais Eliel Faustino e Tiago Araújo. Na próxima terça-feira, dia 17 de dezembro, acontecerá à votação em primeiro turno.






Segundo as entidades representativas das categorias dos trabalhadores, no dia 17, as galerias com os trabalhadores, estarão pressionando os deputados e governo para que retirem de pauta os projetos de reforma da previdência do Estado do Pará.














































Imagens do blogueiro.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Paralisação Estadual da Educação do Pará








Os trabalhadores e trabalhadoras em educação do estado do Pará paralisaram por todo o dia de hoje, suas atividades reivindicando seus direitos diante do projeto enviado pelo Governador do Estado, Helder Barbalho, para Assembleia Legislativa - ALEPA em caráter de urgência para ser apreciado pelos deputados estaduais.






Os trabalhadores e trabalhadoras se concentraram a partir de 9 horas, na Praça D. Pedro I, em frente a Alepa. Com várias intervenções de lideranças que revezavam em seus discursos contra o Governo Barbalho, no carro som, da Central Única dos Trabalhadores - CUT, da Central dos Trabalhadores do Brasil - CTB, Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará - SINTEPP, Sindicato dos trabalhadores do Judiciário - SINJUD, entre outros.







Formada uma Comissão dos representantes das entidades presentes, com a mediação do Deputado Estadual do Partido dos Trabalhadores - PT , Dirceu Ten Caten, foi recebida pelo Deputado Estadual Dr. Daniel Santos, do MDB, possibilitando dialogo entre as partes.






Entre os pontos de pauta de mesa na ALEPA dos trabalhadores e trabalhadoras, seria o aumento da alíquota do fundo previdenciário de 11% para 14%, ou seja, quem iria pagar essa despesa seria os funcionários públicos. Triste essa situação, principalmente para os aposentados! 







Segundo o Presidente da Alepa, a Assembleia estará sempre aberta para o dialogo, podendo o projeto do governo sofrer reajuste.  Dia 11 de dezembro, estará acontecendo uma audiência pública, no mesmo local de hoje, As categorias vão fazer o debate sobre a previdência no Estado







 O blogueiro esteve presente no Ato.





quinta-feira, 14 de novembro de 2019





PARAUAPEBAS E FRONTEIRAS: EVIDENCIAS CRÍTICAS NA REGIÃO DO PA E DA ESCOLA SANTA RITA[1]



Professor Jasson Iran Monteiro da Cruz[2]


              
             A questão de fronteiras em Parauapebas é uma questão a ser enfrentada pelo poder público municipal (CRUZ, 2007), desde seu surgimento, no inicio dos anos de 1980, quando houve plebiscito na região para a emancipação dos municípios de Parauapebas e Curionópolis. Paralelamente a isso, o que se seguiu foi a distribuição desordenada de terras da união, a exploração de madeira e a posterior instalação de fazendas, estimulada por um projeto de ocupação regional proposto pelo GETAT (Grupo Executivo de Terras Araguaia e Tocantins).


             Observações em campo revelam que foi em decorrência do projeto de ocupação regional proposto pelo INCRA/GETAT, com a massiva distribuição desordenada de terras da união, a exploração da madeira e a posterior instalação de fazendas, que surgem, os municípios: Xinguara, Parauapebas, Curionópolis, Eldorado dos Carajás, Água Azul do Norte, Ourilândia do Norte e Canaã dos Carajás. Agregada a isso, várias questões histórico-geográficas, a exemplo da comunidade e escola Santa Rita, de Parauapebas, na fronteira de Ourilândia do Norte.   



             O município de Parauapebas no Sudeste do Pará apresenta características específicas, fazendo limites de fronteiras com os municípios de Marabá ao norte; Curionópolis a leste; Canaã dos Carajás e Água Azul do Norte e Ourilândia do Norte, ao sul; São Félix do Xingu a oeste. Conforme estimativas do IBGE de 2018, sua população, girava em torno de 202.882 habitantes, ocupando o sexto lugar entre os municípios mais populosos do estado. Seu território, de 7.077,269 km², dos quais 80% estão comprometidos pela empresa Vale, e pela Terra Indígena - TI dos indígenas Xikrín. Além disso, o Governo Federal, através de projetos de preservação ambiental (Área de Proteção Ambiental - APA, Reserva Biológica - REBIO, e Floresta Nacional do Tapirapéaquirí - FLONATA), conforme figura 01.





Figura 01. Mapa do município de Parauapebas e localização da E. M. E. F. Santa Rita de Cassia. Fonte: Google Mapas.



Conforme está visível na figura 01, a localização em azul, a esquerda do mapa representa o espaço real de onde foi construída a E. M. E. F. Santa Rita de Cassia, cerca de 47 km do centro urbano do município de Ourilândia do Norte, a exatos 300 km do centro urbano de Parauapebas.



BREVE HISTÓRICO DA E. M. E. F. SANTA RITA DE CASSIA


   Conforme pesquisa documentada pela atual Diretora Florisa Simões, Escola Santa Rita de Cássia, no PA Santa Rita foi criada em, 10/03/1994, na gestão do Sr. Pesconne (?????), então prefeito de Ourilândia do Norte. Naquela ocasião, começou a ser responsabilidade desse município, em função da proximidade administrativa, cerca de 48 km. A demanda apresentava 20 alunos em turmas multisseriadas, da 1ª a 4ª série, no período da tarde os alunos vinham a cavalo ou a pé por longas distâncias.



Recebeu esse nome por situar-se na região da fazenda Santa Rita de Cássia. Naquela ocasião, a escola surgiu em um galpão improvisado pelos moradores, coberto de palha, com bancos de tronco de palmeiras. O início das atividades educacionais foi realizado pelos professores Altemir Rodrigues Costa e Everaldo Alves da Silva) e as mães como parceiras, com trabalhos voluntários na preparação da merenda de seus filhos, e limpeza do espaço escolar.



A oficialização, com a autorização de funcionamento pelo município de Ourilândia, foi a partir Decreto Municipal nº 008 de 1º de janeiro de 1998. Conforme (PPP, 2013), assim, decretam-se que o espaço escolar recebe o nome de Escola Municipal Rural Santa Rita de Cassia, sendo o mesmo nome da localidade Santa Rita. A partir desse ato legal, seria possível de Sª Maria de Jesus Silva Dias, ser a primeira servidora a trabalhar como assalariada a partir de 1999, exercendo a função de ASG e merendeira.



Conforme o mesmo (PPP, 2013), a demanda da escola na época, contemplava “os alunos residentes na zona rural, Colônia Santa Rita, nas vicinais: Paranaguá, Xororó, “Geda” e Dr. Ferreira”, alunos oriundos das famílias de agricultores e pecuaristas que ocupavam a região. Pela falta de oportunidade de emprego, associado ao êxodo rural, muitos pais jovens “viajam em busca de trabalho fora” deixando seus filhos, em muitos casos, na responsabilidade dos avós, e/ou, outros parentes. Fenômeno este, que ainda identificamos na atualidade. Na época da elaboração do Projeto Político Pedagógico/2013, os pais ou responsáveis dos discentes:

em sua maioria desempenham suas responsabilidades no que diz respeito ao acompanhamento das atividades. Vive uma agremiação diversificada, de culturas diferenciadas, mas, abertos a novas aprendizagens. Os mesmos têm o seu credo religioso em diversas denominações (católicos, espírita e protestantes). São de classes sociais heterogêneo sendo de nível socioeconômico predominante médio a baixo, percebendo entre um a três salários mínimos, aproximadamente oitenta por cento (80%) das famílias (PPP,2013).


No ano de 2002, a Prefeitura Municipal de Ourilândia do Norte reconstruiu a escola em madeira, o que foi suficiente para seu funcionamento precário por mais 10 anos. Somente em 2012 recebeu nova atenção do poder público em parceria com a VALE, quando foi construída em alvenaria, juntamente com uma casa, com três quartos, dois banheiros e uma cozinha com dispensa, para alojamento dos professores. Ao lado do prédio escolar também foi construído um posto médico e uma casa para alojamento de profissionais da saúde, conforme figura 02.




Figura 02. Bloco 1, Direção/Coordenação/Biblioteca/Cozinha/ Uma sala de Ed. Infantil. Bloco 2, três salas de aulas; 3, casa/alojamento dos professores; 4 banheiros; 5, Posto médico; 6, casa/alojamento de profissionais da saúde. Fonte: Google Mapas.



A atual estrutura da escola é composta de (04) sala de aulas, sendo uma (01) sala, foi dividida em gesso para funcionar dois espaços, sendo um espaço para direção/coordenação, e outro para sala de leitura, conforme figura 03. Possui uma (01) cozinha, com mini dispensa, para guardar alimentos e matérias de limpezas. Em prédios separados, banheiros masculinos e femininos, no quintal da escola, e uma quadra de esportes, sem cobertura e sem instalações elétricas, que fica a (500) metros distantes da escola. Devido à falta de manutenção, no decorrer dos anos, a quadra riscos para uso das atividades escolar com as crianças devido ao seu estado precário.


Por ser localizada a uma longa distância, somente a partir de 2018 a escola passou a ser reconhecida pelo município de Parauapebas-PA. Atualmente possui o quadro de profissionais com 04 (quatro) professores, 01 (uma) coordenadora pedagógica, 02 (dois) vigias, 02 (duas) merendeiras, 02 (dois) motoristas, 02 (duas) monitoras e 02 (duas) Auxiliares de Serviços Gerais. No ano letivo de 2019, escola atende uma clientela de 58 (cinquenta e oito) alunos da educação infantil ao 9º ano, e 12 alunos do Ensino Médio Modular, sendo (6) seis no 1º ano, (3) três no 2º ano e (3) três no 3º ano. A previsão para 2020 é que apenas (5) cinco alunos ingressem no 1º ano, pois são esses os alunos que concluem o 9º ano em 2019.


ASPECTOS SOCIOGRÁFICOS: CONSEQUÊNCIAS DO ISOLAMENTO HISTÓRICO



   Considerando as convenções sociais, de pensamento e comportamento que integram como indivíduos em sociedade, foi aplicado um formulário de pesquisa sobre alguns aspectos da realidade na Comunidade e da Escola Municipal Santa Rita de Cássia, entre os moradores e circunvizinhança, para descrição dessa realidade. As análises preliminares apresentam os dados que seguem.


Os dados sócio gráficos apresentam alguns aspectos gerais, importantes para a caracterização, de modo mais amplo sobre os moradores dessa região pertencente ao município de Parauapebas, mesmo que separados por 320 km de distância da sede do município.


A primeira informação da pesquisa vem nos revelar uma realidade cosmopolita, em relação ao nascimento e origem, ou local de origem dos entrevistados. Assim, temos muitos moradores que vieram de outros estados, revelando uma realidade de colonização recente (ocupação em torno de 30 anos) dessa região, conforme tabela 01.



Tabela 01
Qtdd
Cidade/Região
Estado
Quantidade
01
Alto do Xingu
Pará
1
02
Andina de Goiás
Goiás
1
03
Aruanã
Goiás
1
04
Batalhas
Alagoas
1
05
Bela Vista
Goiás
1
06
Brasilândia
Dist. Federal
1
07
Candido Mendes
Maranhão
1
08
Canela
Tocantins
1
09
Colmeia
Tocantins
1
10
Estrela do Norte
Tocantins
1
11
Goiânia
Goiás
1
12
Guaraí
Tocantins
1
13
Gurupi
Tocantins
1
14
Itabaiana
Paraíba
1
15
Laranjeiras
Paraná
1
16
Nova Esperança
Bahia
1
17
Ourilândia do Norte
Pará
1
18
Palmeirópolis
Tocantins
1
19
Paragominas
Pará
2
20
Paraúna
Goiás
1
21
Pequizeiro
Tocantins
1
22
Rio Verde
Goiás
1
23
Rondon do Pará
Pará
1
24
Rubiataba
Goiás
3
25
Santa Helena
Maranhão
1
26
São Domingos
Maranhão
1
27
São Félix do Xingu
Pará
1
28
São Geraldo do Araguaia
Pará
2
29
Terra Dourada
Bahia
1
30
Tocantinópolis
Tocantins
1
31
Tucumã
Pará
1
32
Vila Gabriel Passos
 Minas Gerais
1
33
Xinguara
Pará
1

Conforme se observa na tabela 01, os atuais moradores dessa região, são oriundos de 33 municípios, e de vários estados do Brasil.



Em relação a idade, nossa pesquisa conseguiu mapear entrevistados dos 18 anos, até acima de 60, conforme apresentamos a seguir. Em função da brevidade do trabalho não se buscou caracterização por sexo.


Os entrevistados entre os 18 aos 23 anos foram a maior quantidade de entrevistados, representando 29,31%, enquanto que poucos entrevistados foram encontrados entre 36 aos 41 anos, representando apenas 3,44%. Segue tabela 2.


Tabela 02
Idade
Quantidade
%
18 aos 23
17
29,31%
24 a 29
7
12,06%
30 a 35
5
8,62%
36 a 41
2
3,44%
42 a 47
8
13,79%
48 a 53
4
6,89%
54 A 59
8
13,79%
Acima de 60
7
12,06%
Base de cálculo, 58 entrevistados



A escolaridade sempre revela o nível de desenvolvimento de uma sociedade a partir da educação, assim, nossa pesquisa revela que o PA Santa Rita apresenta uma demanda considerável que pode retornar à escola. Esse público pode começar frequentando desde a alfabetização, 10,34% dos entrevistados, 15, 86% através de programas como a EJA – Educação de Jovens e Adultos, para concluir o Ensino Fundamental, e posteriormente, Ensino Médio e, quem sabe, ensino universitário. Entretanto, a demanda que poderia estar cursando o Ensino Médio, representa 13, 22%, conforme tabela 3.


Tabela 03
Escolaridade
Quantidade
%
Não Alfabetizado
6
10,34%
Ens. Fund. Incompleto
15
28,86%
Ens. Fund. Completo
12
20,68%
Ens. Médio Incompleto
13
22,41%
Ens. Médio Completo
11
18,96%
Ens. Superior Incompleto


Ens. Superior Completo
1
1,72%
Base de cálculo, 58 entrevistados



Conforme pode ser observado, a pesquisa não detectou estudantes do ensino superior, o que pode levantar algumas outras questões como por exemplo: onde estão e o que estão fazendo os egressos do Sistema Modular da Escola Santa Rita? Será que ao concluir o Ensino Médio, muitos ex-alunos vão em busca de outras oportunidades fora do convívio familiar?



A renda familiar não apresenta diversificação, estando centrada, sua grande maioria de 52,63%, tendo como base, principalmente na associação entre Agricultura e Pecuária. Observa-se que há e poucos empregos formais, 14,03%, certamente nos empregos ligados à escola (merendeiras, professoras, motoristas), ou em algumas fazendas da região. Nesse universo do trabalho, 17,54% da renda local, tem sua origem exclusivamente na agricultura cacaueira; 10,52%, da pecuária leiteira; e 5,26% trabalham em outras atividades, principalmente, como donas de casa.


Outro aspecto importante da renda familiar apresentado é a sua representação tendo como base o salário mínimo – (S. M.), (R$ 998,00). Assim, existem 27,11% das famílias vivendo com menos de um salário mínimo; 38,98% vivem com a renda de um salário mínimo; 32,20% acima de um salário mínimo e apenas 1,69% dos entrevistados vivem com renda acima de 2 salários mínimos. Isso pode revelar uma real necessidade do aparelhamento do poder público, para suprir a as carências e necessidades dessa região.


Nesse contexto, é imperativo saber se há alguma dessas famílias recebendo algum tipo de “ajuda” do governo, relacionado à algum tipo de assistência ou programa social. Certamente que, 50,81% não está vinculado a nenhum programa de assistência de nenhuma esfera de governo. Os poucos 27,86% são uma pequena parcela de trabalhadores aposentados; somente 22,95% recebendo Bolsa Família e nenhum entrevistado vinculado ao PRONAF ou pensão de qualquer tipo.


Conforme o Presidente da comunidade que contribuiu com informações para finalização do formulário da pesquisa de campo, a Região do PA Santa Rita, é agregada ao (PA Tucumã) e (PA Campos Altos), como regiões adjacentes administrativamente da associação em que é o representante. Para tal caracterização, interessou-nos saber há quanto tempo, nossos informantes entrevistados moram nessa região, conforme tabela 04.


Tabela 04
Tempo de moradia na região
Quantidade
%
1 a 5 anos
13
22,41%
6 a 10 anos
1
1,72%
11 a 15 anos
7
12,06%
16 a 20 anos
15
25,86%
21 a 25 anos
8
13,79%
26 a 30 anos
10
17,24%
Acima de 31 anos
4
6,89%
Base de cálculo, 58 entrevistados


Ao que se pode constatar pela tabela 4, há três momentos em que o fluxo de moradores foi mais acentuado. Podemos observar que ao longo das três últimas décadas, essa ocupação tem se mantido razoavelmente equilibrada entre 12,06% a 25,86% e, após um declínio, pra 1,72%, recentemente deu uma guinada para 22,41%. Esses números podem sugerem alguns questionamentos acerca de que atividades ou atrativos fez com que essa região fosse promissora para essas pessoas?


Pelo menos no início, a dinâmica de ocupação dessa região vem nos revelar a presença do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, nesse processo de ocupação, mantendo o percentual de 21,81% dos entrevistados como remanescentes desse processo de assentamento do INCRA já passa dos 30 anos. O demais 74,54% já adquiriram suas terras comprando de antigos donos assentados; 3,63% são herdeiros e cinco entrevistados não responderam a essa pergunta. Ninguém se manifestou como ocupante das terras como ocupação através de posse.



A PRECARIEDADE DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS


Toda pesquisa busca levantar informações sobre questões específicas da realidade em questão. Em se tratando de uma realidade sem nenhum registro formal, foi importante tentar descobrir, o quanto nossos entrevistados sabem da origem e da história dessa comunidade e dessa escola (Santa Rita de Cássia)? Nesses termos, apenas 5,17% revelam “não saber nada”, 65,51% disseram “saber pouco”, e 29,31% dizem “saber muito” da origem e da história dessa comunidade e dessa escola.


Para uma análise social mais específica sobre a satisfação, ou não, da prestação dos serviços públicos, aos entrevistados foi aplicada a pergunta: “Como você classifica a cidadania e as políticas públicas oferecidas pelo seu município?” com atribuição de conceitos como respostas. Dessa forma, apresentamos às autoridades competentes uma demanda a ser melhorada em termos de serviços públicos, de atendimento da comunidade, conforme tabela 5.


Tabela 05
Oferta de serviços públicos
Insuficiente
Regular
Bom
Ótimo
Excelente
Saúde
56,89%
34,48%
8,62%


Educação
16,94%
72,88%
10,16%


Transporte escolar
13,79%
68,96%
12,06%
5,17%

Assistência Técnica/Social
71,42%
23,21%
5,35%



Obs.: A análise da tabela 5 juntamente com o conjunto de alunos/pesquisadores lava a concluir que essas respostas estão mais relacionadas com a oferta dos serviços no primeiro semestre de 2019.


Ao que se pode constatar, essa população do município se encontra completamente insatisfeita pela falta da oferta dos serviços de saúde pública. Se somarmos os 56,89% que consideram essa oferta insuficiente, com os 34,48% que consideram regular, teremos um total de 91,37% dessa população consciente de que estão em completa falta de assistência em saúde pública. E o que dizer dos 8,62% que consideram os serviços de saúde Bom? Será que não adoece? Será que já se habituaram a se deslocar até hospitais da região e não veem nenhum inconveniente nisso?


A questão da saúde[3] só não é mais grave que a falta de assistência técnica e social, que 71,42% as consideram insuficiente e 23,21% ainda a vem como regular. Talvez possa ser considerado que ao lado da escola existe construído o prédio do posto de saúde, assim como uma residência para abrigar médicos, porém sem nenhum funcionamento até a análise desses formulários.


A tabela 5 vem mostrar que a situação da oferta da educação é um pouco melhor, tendo sua melhor avaliação 72,88% como regular e 10,16% a consideram boa. Somente 16,94% a consideram insuficiente. Esses números da educação podem ser confirmados, quando os comparamos com a avaliação do transporte escolar, que até chegou a ser considerado ótimo por 5,17% dos entrevistados.


Certamente que o detalhamento dessa problemática, ou os rumos da educação que as famílias almejam como ótima ou excelente, poderia ser explorado de forma mais específica na construção do Projeto Político Pedagógico dessa escola, em que pese a contribuição de todos os atores sociais dessa comunidade estudantil. Mesmo assim, alguns entrevistados chegaram a sugerir para o ensino fundamental, “mais investimento”; que haja “consciência que todos devem ter um bom estudo”; “ter mais professores”; questões ligadas ao transporte, estradas e aos horários, pois as residências são muito dispersas; “mais dedicação”; “ventilação nas salas”; “um professor por série” e até mesmo mais empenho e responsabilidade da gestão local e governamental.  


Conforme já foi dito anteriormente, a territorialidade do PA Santa Rita tem uma história, até certo ponto controversa, em que pese seu pertencimento ao município de Parauapebas, com sua localização cerca de 300 km dos equipamentos públicos e da gestão municipal. Por outro lado, encontra-se a escola Santa Rita de Cassia, localizada à 47 km do centro urbano de Ourilândia do Norte, município esse que, até onde se sabe, manteve a oferta da prestação dos serviços públicos (saúde, educação) aos moradores dessa região. Para descrever tal realidade, buscou-se saber entre os entrevistados: “Como você avalia a prestação dos serviços públicos e da cidadania antes de 2018?”. Ver Tabela 06.


Tabela 06
Oferta de serviços públicos
Insuficiente
Regular
Bom
Ótimo
Excelente
Serviços público/cidadania
31,57%
42,10%
26,31%


Ens. Fundamental até 2018
12,28%
59,64%
28,07%


Ens. Médio SOME 15ª URE de CDA
16,96%
54,71%
28,30%



Obs. Sobre a pergunta “Como você avalia o Ensino Médio SOME, atendido pela 15ª URE do Município de Conceição do Araguaia - CDA, antes de 2018?”, pelo menos oito formulários não apresentaram respostas.


Para uma análise mais atual e específica sobre a oferta da educação a partir de 2019, nos níveis fundamental e médio/SOME, os resultados que podem ser verificados na tabela 07, apresentam suave melhora, dentro de uma perspectiva de processo, que podem avançar com o tempo.


Tabela 07
Oferta de serviços públicos
Insuficiente
Regular
Bom
Ótimo
Excelente
Ensino Fundamental/2019
12,28%
64,91%
22,80%


Ensino Médio SOME/2019
48,21%
41,07%
8,92%
1,78%



Para nossa verificação mais detalhada, foi acrescentada a pergunta: “O que você sugere para melhorar?”


Aqui seguem algumas respostas dos entrevistados que sugerem, ao seu modo, “mais organização”; “mais interesse empenho do governo”, “mais investimentos”, “um professor para cada série”, “regulamentar a escola”, que “aulas regulares”, “educação”, “muitas coisas”, “ter mais aulas”, “mais professores regularmente”, “ter mais assistência no transporte escolar” e assim, sucessivamente, revelando alguns aspectos a serem melhorados.


Para nos certificar de que as pessoas entrevistadas estão cientes dessa situação de pertencimento ao município de Parauapebas, porém distante do seu perímetro urbano, lançou-se a pergunta: “Você sabe que a escola e sua comunidade são parte territorial e administrativa vinculado(a)s ao município de Parauapebas a partir de 2018, e com isso suas implicações?”. 87,30% a esmagadora maioria respondeu “Sim, sei”, enquanto apenas 12,69% declararam “Não sei”, quer dizer, não sabem dessa realidade.


Há anos que a SEDUC/PA vem se organizando pra matricular os alunos do SOME em “escolas do Campo”, os argumentos apresentados são de que a secretaria perde recursos federais, estando os alunos da zona rural, vinculados às escolas urbanas. Para tentar sanar esse problema, a partir de 2019, todos os alunos do SOME foram matriculados em escolas do campo, e os professores também tiveram a lotação de suas cargas horárias, também nessas escolas. Nos casos dos alunos e professores do município de Parauapebas, 21ª URE, todos passaram ser vinculados à Escola do campo “Crescendo na Prática”, localizados no Assentamento de Palmares II, localizado a 20 km ao norte do centro urbano do município de Parauapebas. Assim, à 320 km da escola Santa Rita de Cassia. Diante disso, buscou-se saber: “Qual a importância dos alunos do SOME estarem matriculados em uma escola do Campo?”. Nesse contexto, 26,22% declaram não saber a importância dos alunos do SOME estarem matriculados em uma escola do Campo. 31,14%se declaram indiferentes enquanto 40,66% alimentam a esperanças em “Deve ser para melhorar”.


Entretanto, quando propomos uma análise mais específica, no que desrespeito a distância, o deslocamento e as dificuldades agregadas a isso, as manifestações não aparecem de modo muito favorável. Sobre a questão “de os alunos do Ens. Médio SOME estarem matriculados na Escola do campo “Crescendo na Prática”, Vila Palmares 2 em Parauapebas, torna a vida dos alunos e de seus familiares.” 19,64% consideram “muito melhor”, 52,45% consideram “complicada” e 27,86% consideram “muito complicada”.


O que se percebeu, na prática, foi que a SEDUC/CESOME tramitou todo esse processo de matricula de alunos e lotação de professores nas escolas do campo a reveria. Sem que houvesse qualquer debate com a categoria dos educadores, na grande maioria dos municípios paraenses. Porém, especificamente no caso do Projeto de Assentamento - PA Santa Rita o processo foi meio atropelado por lideranças da comunidade que, através de telefonemas e ameaças de denúncias ao Ministério Público, pressionaram o então diretor da 21ª URE, a formular o processo de vinculação das turmas do SOME, da Vila Santa Rita, ao município de Parauapebas, o que gerou um grande complicador na vida escolar das pessoas envolvidas. Dito de outra forma, quando analisamos a cuidadosamente a questão anterior, podemos constatar que 80,31%, são a soma dos que consideram esse vínculo com Palmares II, complicado 52,45%, ou muito complicado 27,86%, conforme Figura 03.




Figura 03. Localização via Google Maps entre os extremos, E. M. E. F Santa Rita de Cassia e Palmares II, E. E. E. M. Crescendo na Prática, escola do campo onde se efetuou as matriculas dos alunos e lotação dos professores do SOME. Fonte: Google Mapas. 


Em termos históricos e geográficos, a Escola Santa Rita de Cassia esteve até 2018, vinculada ao município de Ourilândia do Norte em seu nível fundamental. O Ensino Médio Modular surge no contexto da 15ª URE, de Conceição do Araguaia. Com o desmembramento administrativo, surge a 21ª URE, localizada no município de Parauapebas, para a gestão microrregional dos municípios de Canaã dos Carajás, Parauapebas, Curionópolis e Eldorado dos Carajás. Por outro lado, com o desmembramento administrativo, da 15ª URE, de Conceição do Araguaia, surge a 22ª em Xinguara, para a gestão microrregional dos municípios de Xinguara, Rio Maria, Água Azul do Norte, Ourilândia do Norte, Tucumã e Bannach.


Diante de complexa situação, os professores do SOME encontraram alunos, pais e liderança da comunidade ansiosos por dar um encaminhamento mais viável para as demandas dessa escola. Nessa direção, surge a proposta do estudo e compreensão dessa realidade a partir de uma atividade prática da disciplina de Sociologia, através da pesquisa de campo. Assim, a problemática apresentada nas reuniões foram o elemento motivador da criação dessa pesquisa. Para finalizar a discussão, foi colocada a pergunta: “Se você pudesse, democraticamente, ser ouvido e atendidos pelas autoridades da SEDUC e escolher por onde os alunos do Ens. Médio SOME e seus familiares ser atendidos, você considera mais prático ser vinculado(a)s e atendido(a)s?”, 34,42% gostariam de ser atendidos  pela 21ª URE de Parauapebas; 37,70% escolheriam ser vinculado(a)s e atendido(a)s pela 22ª URE de Xinguara e 17,86% consideram-se indiferente, posto que “o importante é ter a oferta do estudo.” Conforme se pode constatar na figura 05, a distância entre a E. M. E. F. Santa Rita de Cassia e a 22ª URE de Xinguara é bem mais perto, mais barato e mais prático do que chegar até 21ª URE em Parauapebas.



Figura 04. Trajeto entre a E. M. E. F. Santa Rita de Cassia e a 22ª URE de Xinguara.
Fonte: Google Mapas.



Foi solicitado aos entrevistados que justificassem sua resposta pela URE de sua preferência. Os que escolheram a 22ª URE de Xinguara, dizem: “porque é mais perto”, “pela logística para o atendimento”, “É porque tem mais facilidade de comunicação”, E assim sucessivamente. Algumas das escolhas da 21ª URE em Parauapebas, vão na direção da busca pela sua identidade cidadã, “´por fazer parte do município de Parauapebas, acredito que teríamos mais respaldo para cobramos”, já que a comunidade pertence à “Parauapebas, é melhor que tudo seja resolvido por lá”, “já somos pertencentes à Parauapebas e existe uma URE, temos que ser atendidos por lá”, assim, entendem que “o município tem que assumir”. Portanto, mesmo cientes da distância e das dificuldades, escolheram a 21ª URE, por pertencerem ao município e pela necessidade de serem assistidos por sentirem-se desamparados por décadas.


Por fim, ainda houve os que se declaram indiferentes, “porque não importa por onde vamos ser atendidos, mas que a educação é nosso direito”, “o importante é melhorar a educação... é ter o professor para ensinar... é os alunos estarem estudando e eles estarem tendo um ensino de qualidade... o importante é ter o estudo”, “desde que tenham compromisso com os alunos do ensino médio”, “o importante é estudar e terminar o ensino médio” e assim seguem esse pensamento.


Sobre essa questão, faz-se importante registo das informações apresentadas pelo Prof. Messias Marques, Diretor da Escola E. E. E. M. Crescendo na Prática, responsável pela lotação dos professores do SOME e da matrícula dos alunos. Na ocasião da socialização da pesquisa com os alunos, o referido diretor assegurou que a partir de agora, não haverá transtornos nem complicadores para a vida escolar dos estudantes do SOME. Assim, a escola se comprometeu a emitir declaração de conclusão do ensino médio, assim como o certificado, via direção da E. M. E. F. Santa Rita de Cassia, sem que nenhum pai, ou aluno, precise se deslocar 320 km até a escola sede na Vila Palmares II.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A questão de fronteiras em Parauapebas é uma constante a ser enfrentada pelo poder público municipal, desde o seu surgimento, no início dos anos de 1980, quando houve plebiscito na região para a emancipação dos municípios de Xinguara, Parauapebas, Curionópolis, Eldorado dos Carajás, Água Azul do Norte, Ourilândia do Norte e Canaã dos Carajás. Conforme podemos concluir nesse trabalho, a questão histórico-geográficas, específica da comunidade e escola Santa Rita, de Parauapebas, na fronteira de Ourilândia do Norte.


O breve histórico da E. M. E. F. Santa Rita de Cassia vem nos mostrar o quanto a Prefeitura de Municipal de Parauapebas foi ausente e omissa com o povo dessa região até o ano de 2018, delegando ao Município de Ourilândia a pouca cidadania que chegou até os residentes dessa fronteira. As figuras apresentadas são testemunha da ausência de estradas que reforçaram ao longo dos anos a cidadania por falta do acesso terrestre aos moradores da região, que não possuem uma estrada, que os interliguem aos equipamentos públicos do seu próprio município.


Os moradores dessa região são desbravadores originários de Norte a Sul do Brasil, que colonizam a região há mais de 31, através de políticas de distribuição de terras pelo INCRA, em que pese o fracasso desse modelo de “Reforma Agrária”, que relegou a muitos a negociação da terra para buscar outras alternativas para fugir da abandono no meio rural. Assim, ainda nos dias de hoje, encontramos o fracasso na oferta dos serviços básicos de cidadania, representado pela falta de assistência social e técnica, pela ausência do serviço de saúde, e pela precariedade da educação, que por mais que tenha apresentado melhora no exercício de 2019, ainda tem muito a ser feito.


Pelo menos na regional 21, com relação a toda problemática identificada sobre o ensino médio modular, pelo menos no que se refere a matrícula dos alunos, a lotação dos professores do SOME na Escola do Campo Crescendo na prática, pode concluir, parece-nos resolvida com o pronunciamento de Messias Marques, Diretor da Escola. Pelo menos, no que se refere a parte administrativa de matrículas, emissão de declarações de conclusão do ensino médio, assim como o certificado e outros casos que podem ser resolvidos via direção da E. M. E. F. Santa Rita de Cassia.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Alencar, Antônio Ronaldo. Ourilândia do Norte: grandes projetos, garimpos e experiências sociais na construção do município/Antônio Ronaldo Alencar, William Gaia Farias. 1. ed. - Belém: Açaí, 2008. Disponível em : https://ourilandia.pa.gov.br/o-governo/prefeito/.

CRUZ. Jasson Iran Monteiro da. Educação escolar indígena e inclusão social: um estudo sobre os indígenas Xikrín – Parauapebas/Pará. Parauapebas: Universidade Federal do Pará, 2007.

MACHADO. Igor José de Renó. Sociologia hoje: ensino médio, volume único. Igor José de Renó Machado, Henrique Amorim, Celso Rocha de Barros. 2. Ed. São Paulo. Ática. 2016.

PMO. Prefeitura Municipal de Ourilândia do Norte. https://ourilandia.pa.gov.br/o-governo/prefeito/.  Pesquisado em 23/10/2019. 22:32

OURILÂNDIA. PPP: Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Santa Rita. SEMED. Ourilândia do norte, 20013.



[1] Esse trabalho é o resultado de uma proposta de trabalho de iniciação científica, interdisciplinar praticando a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, promovendo a História e a Sociologia de forma integradas, com atividade dos alunos do Ensino Médio Modular.


[2] Bacharel e Licenciado Pleno em Ciências Sociais com Habilitação em Antropologia. Universidade Federal do Pará, UFPA. Especialista em Planejamento Urbano E Gestão Local. Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos NAEA/UFPA. Especialista em Planejamento e Gestão do Desenvolvimento Regional. Universidade Federal do Pará, PLANEARII/UFPA. Especialista em Gestão Escolar. UCDB – Universidade Católica Dom Bosco. Professor efetivo do SOME - Sistema de Organização Modular de Ensino/SEDUC/Pará. irandacruz@gmail.com



[3] Conforme experiências de depender do serviço de saúde de Ourilândia, os relatos denunciam a falta ou a dificuldade de acesso aos atendimentos médicos público, simplesmente pelo fato de os moradores de Santa Rita serem munícipes de Parauapebas.