O convite do companheiro de lutas
e sonhos Eládio Carneiro Neto, editor da página Modular Notícias, para participar da série O MEU PRIMEIRO MÓDULO, deixou-me
motivado e estimulado a escrever sobre as memórias do início do meu trabalho no
Sistema de Organização Modular de Ensino –SOME.
No final da década de 80, com a
conclusão do Curso em Licenciatura Plena em História, pela UFPA, com várias
informações de colegas que já participavam do Projeto, submeti ao processo de
seleção para ingressar no maior projeto de inclusão social da Amazônia. Para
quem era efetivo ou temporário, passava-se por esse concurso, fazendo testes
relacionados a educação, projetos de intervenções nas comunidades e entrevistas.
Quando ingressei foram doze candidatos para três vagas e fui um dos
selecionados para trabalhar, recebendo logo depois formação burocrática,
metodológica e didática no Centro de Treinamento de Recursos Humanos “Arthur
Viana” – CTRH, em Marituba, com as técnicas Sandra Paris, Rosa Gomes (Coordenadora
do SOME), Ana Conceição, Ester Oliveira, Gloria Rocha e Delmo Oliveira.
No final da formação fui
comunicado que meu circuito seria Terra Santa, no primeiro módulo, Afuá, no
segundo, Juruti, no terceiro e Almeirim, no quarto. Me surpreendi com o recebimento
para onde teria que deslocar, já que não conhecia nenhuma dessas localidades.
Neste momento, o entreposto seria Santarém, ainda, com uma ressalva, o meu
calendário ficava entre um módulo e outro. Recebi minha passagem de avião até
Santarém para o dia 13 de maio de 1989, no voo de 5:30 h. cheguei na cidade uma
hora depois, porém no mesmo horário que sai, já que tem diferença no fuso
horário. Passei o dia todo na casa de uma amiga de minha mãe, D. Feliciana,
esperando o barco que saia 19 h. com destino a Oriximiná. Cheguei nesta, 4:30
da manhã, esperei amanhecer para poder tomar informações como chegaria em Terra
Santa. Interessante, o que marcou era que o porto estava cheio de água, pelo
meio da canela, quando desci com minhas sacolas, a primeira foi para água, era
que continha o material dos alunos e livros, não conseguindo salvar quase nada.
As 16h. passa o barco para o meu primeiro módulo, chegando por volta das 23 h.
Os dois colegas da minha primeira equipe já estavam dormindo, quando bati na
porta, se assustaram, então falei que seria o novo colega de trabalho. Na
verdade, os colegas era um casal, o psicólogo Kleber Pamplona e a pedagoga
Zuleide Pamplona. Ela veio abrir a porta, então começamos a conversar sobre a
estrutura e funcionamento do SOME na localidade, chegando portanto, no dia 14
de maio. Iniciei o trabalho na segunda-feira, no dia 17 de maio, no Curso do
Magistério, uma excelente experiência que obtive com a comunidade escolar. A
comunidade foi bem receptiva. Os dois colegas concluíram seu módulo, chegaram
mais dois: Ribamar Cunha, de Educação Física e Milton, de Geografia. Todos eles
com vivência de sobra sobre o cotidiano do Modular.
Conclui meu módulo em Terra
Santa, fui para o município de Afuá, hospitaleira e cheias de pontes de
madeiras. A comunidade local e escolar, também, foi bastante receptiva,
ficávamos no Hotel de Dona Olga, que nos tratava como filhos. Uma excelente
pessoa, como sua família. As equipes eram as mesmas. Em Afuá trabalhamos,
também, com projetos incluindo a formação de professores do município. Aprendi
muito, mesmo.
No terceiro módulo, em Juruti, a
cidade era bastante calma diferente de Terra Santa e Afuá. Na primeira semana
de trabalho, sempre utilizando discurso crítico e revolucionário, fui convidado
para coordenar e trabalhar com formação dos trabalhadores rurais, com apoio da
Igreja Católica, através de um padre e duas freiras alemãs e Sindicato dos
Trabalhadores Rurais em dois finais de semanas. Com alunos do SOME, iniciei
orientações com resgate da memória e história da localidade. Nessa atividade, o
destaque foi o aspecto cultural.
O último módulo foi no município
de Almeirim, considerado nesse momento um dos municípios que recebia uma das
maiores arrecadações do Estado. Tínhamos nossa casa na Vila, juntamente com o
Juiz, o Médico e o Promotor; além de receber um salário mínimo a cada quinze
dia, para despesas domésticas. Na localidade, trabalhamos diversos projetos com
a comunidade local, além do resgate da memória e história com os alunos do
Ensino Médio Modular, trabalhamos com curso preparatório para os funcionários
que eram temporários, ressaltando que o curso foi financiado pela Prefeitura, através
do Prefeito Águila e da Secretaria Municipal de Educação, com o Secretário
Itacelmo, para o concurso da mesma. Outro projeto foi a formação de professores
que atendiam o município. O ano de 1989 foi o último ano do Some na localidade,
sendo implantado o Regular no ano de 1990.
Gostaria de agradecer o convite
de poder externar o primeiro módulo e ampliar o ano que comecei minha
trajetória profissional no SOME.