*Valdivino Cunha da Silva
*José Ribamar Lira de Oliveira
O
Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), completa neste 15/04/2016, 36
anos que tem uma longa e bonita história. Ele não nasceu de um toque de mágica,
sua criação foi fruto de debates e longas discussões iniciadas na década de 80
tendo como eixo norteador a educação cubana. Na época, a Fundação Educacional
do Pará - FEP que era a responsável pela gerência do ensino superior e ensino
do 2º grau era coordenada pelo então reitor Monoel Campbel Moutinho. Além do reitor uma
comissão formada por técnicos e professores gestou e implementou o SOME.
Os primeiros municípios a serem contemplados pelo SOME foram Curuçá,
Igarapé-Açu, Nova Timboteua e Igarapé-Miri, sendo regularizado pela resolução
nº 161 de 03 de novembro de 1982, do Conselho Estadual de Educação.
A criação do SOME enquanto
projeto alternativo para a educação no campo merece algumas reflexões, uma
delas é que ele vinha assegurar o atendimento de 2º grau (hoje ensino médio)
para diversos municípios, adequando-se a realidade de cada um deles mesmo com
as carências estruturais que são peculiares aos municípios brasileiros, em
especial, os paraenses (deficiência nos sistemas de comunicações, de
transporte, de saúde, educacional). Outro aspecto relevante dizia (e ainda diz)
respeito a uma grande demanda de jovens interiorizados que precisavam avançar
em seus estudos e os municípios naquela época (como ainda hoje) não dispunham
de uma infraestrutura mínima que atendesse a esse clamor e assim fez-se
necessário o estabelecimento de parcerias entre os Governos Municipais e o
Governo Estadual, cada um com papeis muito claros, nem sempre cumpridos.
Na década de 80, o antigo ensino médio encontrava funcionando somente em
16 dos 83 municípios, nas sedes dos municípios onde se encontrava a maior
demanda de discentes. O SOME nasceu com o objetivo de possibilitar aos alunos
do campo, a conclusão de seus estudos no ensino médio; democratizar as
oportunidades educacionais no campo, a fim de garantir a permanência dos alunos
em seu lugar de origem e garantir um ensino de qualidade com justiça social e
inclusão educacional às diversas regiões paraenses.
Em função do contexto geopolítico e outras particularidades SOME
funciona em forma de módulos, totalizando 04 módulos anuais, de forma que ele
se equipara ao ensino regular em termos de carga horária. Os módulos são
formados por blocos de disciplinas, com duração de 50 dias letivos. A final do ano letivo, que corresponde a 200
dias, o aluno conclui uma série, sempre obedecendo às exigências curriculares
legais. As localidades atendidas são agrupadas em circuitos e durante o ano
letivo os professores são divididos em equipes que se deslocam, em forma de
rodízio, pelas localidades que integram o circuito.
O SOME hoje atua em 98 municípios e 415 localidades no Estado, com
aproximadamente 38 mil alunos e 1200 professores (todos com licenciatura plena
em suas respectivas disciplinas) O projeto que surgiu como alternativa com
certeza, ainda vai durar mais 36 anos, enquanto não aparecer outro projeto presencial,
para atender a população do campo, das florestas e das águas.
SOME, é sem dúvida o maior projeto de inclusão social do Estado e já
garantiu a conclusão do ensino fundamental e médio de mais de 500 mil
estudantes. Professores, alunos e comunidade em geral têm consciência da grande
contribuição e significativa universalização do ensino médio na educação no
campo, proporcionada pelo SOME. Há dois anos, a comunidade escolar deu um salto
significativo que foi a criação da Lei do SOME, publicada em 29 de abril de
2014, porém, não atendendo todas as demandas, principalmente, dos educadores
que atuam nesta modalidade de ensino.
Em que pese todos os problemas enfrentados, os embates que já tivemos no campo político nas tentativas de melhorá-lo cada vez mais, ele segue sua trajetória na busca por uma educação inclusiva e de qualidade. Viva o SOME, viva os guerreiros e guerreiras que fazem do SOME uma ferramenta indispensável no processo educacional do estado do Pará. Viva os 36 anos do SOME!
*Os autores são professores
do SOME da 11ª URE.