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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

RESGATE DA HISTÓRIA E MEMÓRIA DO SOME





Prof; Fabio sempre presente nas lutas da categoria




Por vários anos, a organização administrativa do ensino de Segundo Grau (Atualmente Ensino Médio) no nosso Estado ficou sob a responsabilidade da FUNDAÇÃO DE EDUCAÇÃO DO PARÁ - FEP, hoje extinta, surgindo a Universidade Federal do Pará – UEPA, em seu lugar. Na década de 70, durante a gestão do governador Tenente Coronel Alacid da Silva Nunes, alunos da então Vila de Marituba, hoje município da região metropolitana de Belém, concluintes pertencentes a diversos interiores do curso de Primeiro Grau (Atualmente Ensino Fundamental Maior), desejando dar continuidade a seus estudos, mas não tendo condições de arcar com os custos dessa continuidade em Belém, reivindicaram junto à base política aliada do governador que os atendessem com o curso de Segundo Grau sem ter que se deslocar para a capital. O governador então pediu à FEP que encontrasse uma maneira de atender a reivindicação das comunidades. A FEP que na época tinha à frente de sua Direção o Professor Manuel Campbell Mourtinho, criou equipes de técnicos, que se deslocaram até as comunidades para fazer as diagnoses das necessidades urgentes para atender os alunos e a alternativa encontrada pela equipe técnica foi através de blocos ou módulos de disciplinas da Grade Curricular do Segundo Grau.




O Professor atento nas intervenções da categoria



Uma equipe de professores permanecia na localidade por um determinado período de dias letivos (hoje são 50 dias letivos) ministrando um Módulo de determinadas disciplinas. Finalizado um período, outra equipe se deslocava para a comunidade para ministrar mais um Módulo de disciplinas, até que todas as disciplinas da respectiva série fossem ministradas durante o ano.



Encontro dos Profs do SOME, em 2010


Avaliação efetuada pela FEP concluiu pela viabilidade de se implantar o atendimento aos alunos das comunidades do interior do Estado com Ensino de Segundo Grau por Módulos de disciplinas; o que veio a ocorrer a partir da década 80 nas sedes dos municípios que ainda não tinham o ensino de Segundo Grau implantado.  



     




Em 2010, o Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) atendia o ensino médio e fundamental a 98 municípios do Estado do Pará, que somava em 423 localidades, funcionando por meio de quatro módulos efetuados em cinquenta dias letivos, trabalhando blocos de disciplinas que durante o ano foram ministradas nas quatro localidades seguindo rigorosamente a matriz curricular que estava em vigor, sendo que foram realizadas ações pedagógicas, sempre valorizando o cidadão no campo e atendeu 32.000 alunos, que não precisaram sair de sua região para terminar o ensino médio e temos muitos relatos de Professores e Alunos que pertenceram ou pertencem ao Ensino Modular, assim como hoje que temos 465 localidades, sendo atendidas em 96 municípios, com aproximadamente quarenta mil alunos. Entre os relatos, temos a entrevista do educador Fabio Silva Pinto, lotado atualmente no município de Acará, concedida para o Blog do Riba, em 2010.








Segundo o Professor Fábio Pinto: “Entrei no SOME que coincide com minha entrada no Estado e foi minha primeira experiência em 1995, portanto 16 (25 anos atualmente) anos de Módulo, apesar de tido uma experiência no regular, sempre estive ligado ao Módulo, que na época era vice-diretor da Escola Maria Gloria Paixão, no município de Jacundá, com 18 turmas e assumia a Coordenação do Sistema Modular, no período de 2001 a 2003”.






Uma das perguntas para o informante relaciona aos anos de experiências e o que marcou em sua trajetória: “É uma experiência única e impar na vida de um educador principalmente quando se trata do conceito de diversidade, o que mais me marcou é a diversidade que nós temos no Estado, existem as similaridades da cultura de modo geral, mas pelo fato de sermos uma região de fronteiras de deslocamento de pessoas é um atrativo muito grande, nesses 16 anos (2010) tive oportunidade de ter contato com culturas diversas, valores diversos ao mesmo tempo, sonhos e necessidades diversas da população já que aqui temos gente de todo o Brasil. Principal marca é a diversidade que nossa região acolhe, pra mim tem sido a situação de fundamental aprendizagem, que quando entrei no Estado era recém-formado ai se depara não só com a diferença geográfica, mas diferença social, econômica e cultural, ai soma é o maior ganho que a gente tem tido e o Sistema Modular da oportunidade de enriquecimento enquanto pessoa a partir dessa diversidade que a gente tem alunos, diretores, serventes e a comunidade de modo geral”.



Outra questão que foi perguntado ao entrevistado fui Eu até fiz está pergunta no Programa SOME e a COMUNIDADE, da Rádio Web SEDUC, o Modular não trabalha só com conteúdos, porém, também desenvolve projetos nas comunidades. Que tipos de projetos você participou ao longo desses anos? “A nossa experiência no Modular se divide em dois momentos bem específicos: Que quando trabalharmos no tempo do Curso de Magistério, com Formação de Professores desenvolveram projetos sobre a estrutura da organização escolar, o primeiro dele foi à discussão sobre a implantação dos Conselhos Escolares, como você sabe no Sistema Modular; além da sala de aula o compromisso dos professores de trabalhar é uma de suas marcas principais desenvolverem projetos, não só com alunos, porém, também com a comunidade em geral. Nesse período do Curso Magistério, tínhamos como atividade básica a discussão sobre o Conselho Escolar, até porque hoje é uma exigência, já que existe financiamento direto para as escolas, mas antigamente não existe essa cultura de Conselho Escolar e a gente trabalhou muito em cima disso e nesse segundo momento que consideramos que estamos vivendo no Módulo, através das disciplinas Filosofia e Sociologia desenvolvemos muito sobre organização comunitária como o Projeto de Elaboração, Execução e Avaliação de Projetos Comunitários, isso faz parte tanto da linha de liderança como da linha de formação ilimitada, trabalhando a formação de grêmios estudantis, da organização da categoria estudantil no interior do Estado e nós percebemos que temos muitos valores e pessoas com a capacidade de liderança, e às vezes não tem percebido isso e aproveitamos através da disciplina Sociologia, já que temos um conteúdo chamado Movimentos Sociais, trabalhando nessa linha, com a formação de lideranças estudantis no interior do estado, através da Filosofia e Sociologia”.



 E continua enfatizando, o SOME e sua importância nos interiores, como foco principal: “Estamos resgatando, Prof. Ribamar, essa prática de envolver a comunidade nos projetos, houve, felizmente em Acará, o primeiro evento em comemorações dos 30 anos (2010) do SOME e percebemos que ela se encontra disposta, a comunidade anseia por esse tipo de atividade, como coloquei na mesa que fiz parte no debate, já que o forte do Sistema Modular é a ligação escola/comunidade e a gente percebe que são tantas necessidades e tantas demandas que esses projetos faz com que essas comunidades percebam que são agentes de mudanças, de transformação e a aceitação é muito grande, infelizmente, nós tivemos uma paralisação neste tipo de atividade até pela desobrigação que o Estado colocou o município de 2003 a 2006 com o governo passado dos tucanos com a descentralização e a paralisação da parceria entre Estado e município e então as comunidades ficaram desobrigadas e desinteressadas neste tipo de atividades, mas estamos retomando a essa prática, que é importante e serve como ferramenta para uma educação de qualidade e melhor. Só para se ter ideia, no encontro em Acará à participação dos pais dos alunos, dos alunos, corpo técnico e administrativo; assim como corpo docente e servidores foram fundamentais para a realização do evento. Até os pais dos alunos e alunos disseram: Há quanto tempo não tinha acontecido um evento dessa natureza. Esse tipo de ação é que sentimos as necessidades e as demandas e que momento deveu intervir detectando os maiores problemas e com isso a comunidade percebe seu potencial, com uma aceitabilidade muito grande. E a tendência é que com a descentralização aconteça com a mobilização das comunidades que tem a verdadeira visão de suas demandas”.




Com a última entrevista do ano de 2019, com o Educador Fábio Pinto, que atua 25 anos no Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, o Blog do Riba e sua equipe de apoiadores e colaboradores tem Gratidão, já que é difícil expressar essa homenagem, para agradecer e desejar a todos seus leitores o carinho de dedicação e tempo para acessar o Blog.




Queremos desejar a tod@s um excelente final de ano e que possamos fazer de 2020 a construção de uma sociedade melhor, feliz e cheia de esperanças, através das lutas com vitórias e conquistas. Abraços e felicitações fraternas a tod@s.



Blog do Riba

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