Em 2000, fui deslocado pela SEDUC/PA para trabalhar no
município de São Félix do Xingu, pelo Sistema de Organização Modular de Ensino
– SOME. As informações que tinha do
município era que, primitivamente tinha sido colonizado pelos primeiros
habitantes do Brasil, sendo desmembrado do município de Altamira, do qual era
distrito.
Nas décadas de 30, 40 e 50 em virtude do desenvolvimento da
produção do arroz com casca, borracha, da seringa e do milho, o distrito da
zona de Novo Horizonte, prosperou de forma significativa na região. Vale destacar, que no inicio da década de 60
emancipa-se político-administrativamente, tornando-se município. Também no
inicio de 2000, o município destaca-se na pecuária, tornando-se um dos maiores
produtores de gado do Estado. Além da
pecuária, “São Felão”, como era chamado pelos professores do SOME naquele
momento, vivia da agricultura, do minério, principalmente, das terras dos
nativos, além da pesca.
Seus habitantes tinham diversas origens: além dos antigos moradores,
vinham de outros Estados, como Goiás e Minas Gerais.
Com o SOME, política pública da Secretaria Estadual de
Educação do Pará - SEDUC, que gerencia essa importante alternativa de Ensino
Médio nos rincões do estado, continuei minhas aventuras "moduleiras".
Viajei no III Módulo, neste ano, a SEDUC disponibilizava a
passagem de avião de Belém até Marabá e Marabá até São Félix do Xingu. Esta foi
uma experiência que não foi fácil para “um marinheiro de primeira viagem”.
Cheguei pela manhã no aeroporto de Marabá e fiquei aguardando a viagem para a
localidade que seria pela parte da tarde. Saí por volta de 15 horas de Marabá
com destino a São Félix em um bimotor onde apenas o piloto estava. Como
primeira viagem em aeronave desse tipo, entrei e me apresentei. O piloto me
ajudou com as duas sacolas que estava carregando. A aeronave foi decolada, com
aquele friozinho no estômago, me senti mais seguro no ar. Quando saímos de
Marabá, o tempo começou a fechar e de longe sentia que passaria por situações
que jamais tinha vivenciado. Foi o que aconteceu depois de uma hora de viagem.
O piloto tentava conversar para me confortar, porém pressentia que teria surpresas,
o piloto, muito experiente fazia acrobacias para desviar de nuvens muito carregadas,
eram nuvens escuras que provocaria raios e chuvas. Isso me chamava atenção,
então, já com medo mandei o piloto retornar, mas ele disse que isso passaria.
Mas, não passou nem o medo nem a chuva. O
piloto teve que enfrentar o mau
tempo. Cheguei a pensar que naquela hora a aeronave seria despedaçada por um
raio e cairia. Mesmo com experiência, percebi o piloto preocupado com a
situação, mas fomos passando pelas nuvens escuras e surgindo a claridade,
fazendo com que respirássemos mais calmos e aliviados.
Outra situação aconteceu neste mesmo ano, quando estava
trabalhando em Belterra, que era base física do Ministério da Agricultura,
atualmente é município. Viajando de Santarém para Belém, na empresa de avião
VARIG, mas em aeronave grande, diferente da outra viagem. A duração de viagem é
de uma hora, mas quando chegou aos quarenta minutos de viagem, foi comunicado
que deveríamos estar todos sentados e devidamente com cintos que em Belém
estava chovendo bastante e com ventos fortes... Mal ouvimos o comunicado,
apagaram-se as luzes do avião. O silêncio era sinistro! O voo começou a me
preocupar, foram longos quinze minutos nessa situação, faltando cinco minutos
para chegar a Belém, voltou à normalidade. Parou mais uma vez o susto.
Os deslocamentos dos educadores do SOME até 2003, passavam
por várias viagens, pegavam avião, o
transporte terrestre e às vezes o marítimo. Depois desse ano, com a
desestruturação e descentralização dessa importante política pública,
considerada uma das maiores de inclusão social da Amazônia, regionalizou as
viagens dos educadores, mesmo assim, temos localidades às vezes distantes entre
a residência do educador e a localidade de trabalho. São sensações e aventuras
que esses educadores passam nos ramais, nos rios, igarapés e vicinais. Mas, era
gratificante, ao deixar a localidade já sentia saudade do dever cumprido.
Sistema Modular de Ensino, um legado educacional paraense construíndo conhecimento e rompendo a barreira da ignorância
ResponderExcluirTrabalhar neste desbravador projeto educacional -SOME-representou viver o que significa a palavra "emoção",e em variados contextos.O fato é que ao final de cada trabalho ,alguns com desafios de toda ordem, a sensação de dever cumprido era acompanhada do elemento saudade.Meu respeito aos desafiadores,lutadores e constantes educadores!
ResponderExcluirQuantos desafios em nome da educação ,e corajosamente executados pelos educadores do divisor de águas na educação paraense (SOME).Meu respeito e orgulho desses desbravadores educacionais.Alegria imensa em ter feito parte deste contexto revolucionário!
ResponderExcluirBons tempos. Parabéns Ribamar pela lembrança que nunca se apagará da memória. Aulas de qualidade para alunos desasistos. Sentimos sua falta nessa jornada que ainda continua.
ResponderExcluir