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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

ESCRITORES ARODINEI GAIA E SALOMÃO LARÊDO RECEBEM HOMENAGEM EM CAMETÁ

 





No ano que Cametá recebeu, pela primeira vez, a Feira Panamazônica do livro, os escritores da terra Salomão Larêdo e Dinei Gaia foram homenageados pela Câmara municipal de Cametá com a maior honraria concedida pelo poder legislativo. Trata-se da Comenda Dr. Gentil Bitencourt concedida a personalidades que elevam o nome do município com suas atividades, neste caso atividade artística.





Arodinei Gaia é professor do Sistema Modular em Cametá e alinhado com as viagens moduleiros vem escrevendo e publicando suas obras. As andanças pelo interior paraense tornaram-se, frequentemente, cenários de suas histórias. Assim, o imaginário amazônico sempre estão presentes em suas obras, seja na literatura ou na música. O autor e professor costuma enfatizar que o trabalho do SOME foi fundamental para toda a sua trajetória e carreira artística, pois é lá nas comunidades onde funcionam as aulas que o autor se inspira para escrever. 





✓ Salomão Larêdo é membro da Academia Paraense de Letras (APL) e já tem cerca de 50 livros publicados. É também jornalista, poeta, membro da União de escritores brasileiros.





✓ Arodinei Gaia é membro da Academia Literária Paraense (APLI) e possui cerca de 30 livros publicados. É também poeta, historiador e cordelista da Academia Paraense de Cordel.





Os dois escritores são oriundos de Vila do Carmo, interior Cametaense e há tempo vêm alimentando a sociedade com leitura e são membros fundadores da ACL – Academia Cametaense de Letras.





Foram concedidas três Comendas, duas pros escritores e a terceira para a Escola de Balé prof Erivana Tavares pelo título conquistado no festival internacional de dança realizado em Belém. É a arte representando muito bem o município cametaense.


Os decretos concedendo as três honrarias são de autoria dos vereadores Bico (Waldecy Nunes), João Paulo e Deca Camarinha e vem reconhecer o trabalho desenvolvidos pelos escritores na produção literária e pela prof Erivana na dança, levando assim, para o mundo o nome de Cametá nas páginas de seus livros ou na sutileza do bailado das dançarinas.


A sessão solene ocorreu no dia 20 de dezembro na sede do poder legislativo, com a presença de convidados, autoridades, vereadores e prefeito de Cametá. 


O professor moduleiro já havia recebido em São Luís no Maranhão em 2021, outra Comenda em reconhecimento ao seu trabalho como escritor e historiador, a comenda D. João VI concedido pela FEBACLA (Federação Brasileira das Academias de Ciências, Letras e Artes) com a presença de representantes da ALL (Academia Literária Ludovicence) e da ALB (Academia de Letras do Brasil), evento ocorrido na sede da Universidade Federal do Maranhão.


O autor publicou seu primeiro livro "Irmandade Leiga na Amazônia" no ano de 2012, e é autor da obra "SOME: Educação no campo da Amazônia Paraense" que narra a trajetória de luta e funcionamento do maior programa de inclusão educacional no norte do País, também está em coletâneas nacionais e fez parte dos livros "Educação na Amazônia em Repertório de saberes" e "A poesia Estrada", os dois na linha acadêmica e poesia respectivamente, são obras que retratam a aventura que envolve o trabalho no Sistema Modular. Dinei Gaia também é autor de outros livros em outros gêneros como poesia, cordel, conto e romance, além de ser compositor de várias canções, principalmente músicas feitas para o carnaval cametaense.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

O professor ‘varrido’ e a velha na janela

 


 

Contos Someanos

Por: Arodinei Gaia*

       

      Toda boca da noite a velha Naná observava da janela de sua casa aquela arrumação. O homem, zanzava de um lado para o outro. Ia, vinha, meio de campo, grande área, lateral, escanteio, pra lá e pra cá, como se procurasse algo no campo de bola.




       E a velha senhora inquieta na janela com aquela arrumação. Ela residia no povoado e ele estava trabalho. Aliás! Um pequeno e belíssimo povoado, chamado Vila Martins, plantado no meio da mata cametaense. Todo final de tarde, a senhora, repousava os braços na janela olhando o findo movimento do dia e as pessoas que passavam buscando o refúgio do lar. Era o término das atividades diurnas.




       Do outro lado da rua, em frente da casa da mulher, descansava um verde e areial campo de futebol, que ansioso, também, esperava a noite para recuperar as energias consumidas pela famosa 'pelada' da tarde.




       Pois bem! Era nesse momento, quando a noite chegava no vilarejo e o breu ocupava o campo, que a senhora notava aquele estranho comportamento do professor Paulo, zanzando, de um lado para o outro, naquele gramado que, ora, dormia.




      - Mas o que esse hôme faz tuda nuite nesse campo andando feito varrido? Perguntava pra si dona Naná.

       - Reginho ispia meu filho! Mostrava a cena no campo pro rapaz.




       Reginho, era estudante do ensino médio modular na localidade e Paulo era seu professor de Educação Física. Não havia nada de errado com ele, o rapaz falava pra mãe.


       Porém a senhora não se conformava, e com poucos dias já havia espalhado, a notícia no vilarejo, de que, um dos professores do SOME era varrido ou ‘duidu varridu’ como dizia a senhora. A notícia se espalhou através da própria Dona Naná que, caprichosamente, se encarregou de divulgar a matéria pela eficiente rádio cipó da vila. E o boca boca corria solto no comércio de seu Manduca, na porta da igreja domingo pela manhã, na conversa com a vizinhança.


       - Como assim doido?

       - Por que? O que ele faz?

       - Ele parece normal na aula.


       Surgiam as indagações para as desconfianças da senhora vizinha do campo de futebol. Muitos saiam em defesa do professor, outros na dúvida, foram espiar a noite a cena no campo e confirmaram que, realmente, era só o dia ir embora ele cumpria aquele ritual.


       - Olha, tuda nuite eu vejo da minha janela, ele aparece na boquinha da nuite no campo andando de um lado pro outro com uma lanterna na mão. Parece percurando arguma cuisa, mas porque não percura de dia? Dona Naná questionava.


       O fato parecia estranho mesmo. O que um homem da estirpe dele, distinto como ele, iria fazer no campo no escuro naquele cenário arriscando pisar numa cobra ou apanhar de visagem?


       Todos já sabiam do acontecido que era manchete principal na vila, menos o acusado, até que certo dia, caiu nos seus ouvidos por meio de sus alunos. E, finalmente, o mistério foi revelado.


       - Rapaz! Sério isso? O mestre indagava assustado e ao mesmo tempo rindo do fato.

       - É professor! Dizia um aluno em sala de aula. O senhor está com fama de doido na vila.

       - Mas afinal, o que o senhor faz no campo toda noite?

       - Verdade professor. Meu pai já viu também. Afirmava outra aluna.


       Foi quando o professor Paulo resolveu explicar...


      - Calma, calma! É o seguinte. Eu estou recém casado com minha esposa que ficou em Belém. Então eu saio à noite pro campo pra procurar sinal de celular e falar com ela.


       - Então é isso?

       - Sim. O que mais podia ser. Ou vocês estavam achando também que eu era doido?


       Todos riram e o curioso comportamento foi explicado.


       O professor Paulo andava de um lado para o outro procurando sinal de celular. O foco da lanterna que a senhora via na mão dele era, simplesmente, a luz do aparelho. E no campo por conta que lá, no espaço aberto, havia mais facilidade de encontrar sinal da vivo. E, justamente, naquele horário, porque não havia ninguém e também para fugir do abrasador sol do dia.


       A bem da verdade, muitos professores e professoras do SOME já passaram por isso. Há relatos de mestres que já subiram em galho de árvore, outras que subiram serra a cavalo, ainda os que saiam de canoa pro meio do rio, e os que zanzavam de um lado para o outro na rua ou no campo, como o professor Paulo. Todos em busca de sinal, fazendo até simpatia para que aparecesse algumas torrinhas.


       E antes do celular ainda era mais difícil, pois a única forma de comunicação dos professores e professoras com seus familiares era por carta ou na antiga e nostálgica cabine telefônica, em que todos os presentes ouviam a conversa.


       Hoje, com a expansão da internet no interior, os professores moduleiros, ou grande parte, estão conectados. Ainda Bem!!


Arodinei Gaia é poeta, ccordelista, compositor, cantor, escritor e professor do Sistema de Organização 

Modular de Ensino - SOME (Cametá)

Imagens: Professor Marcelo Palheta e Evanice Castro

Internet: Página Belos Prazeres

sábado, 17 de dezembro de 2022

ESCRITOR DO SOME É HOMENAGEADO EM ESCOLA DO ESTADO

 



 

A escola de ensino médio Abraão Simão Jatene em Cametá esteve realizando um evento comemorativo aos dez anos do Café Literário da biblioteca da escola, e o escritor moduleiro Arodinei Gaia foi escolhido como homenageado no evento.






O Café Literário é uma realização da biblioteca Clarice Lispector e visa aproximar os estudantes do mundo da leitura.





O projeto foi efetivado no ano de 2012 pelas mãos do ex coordenador do SOME de Cametá, professor Sebastião Fiel. O professor Sebastião ao deixar o SOME, assumiu a direção da escola sede do modular na época, a Escola Estadual de Ensino Médio professora Osvaldina Muniz. Ao final da gestão foi lotado na biblioteca Clarice Lispector da Escola Simão Jatene. No entanto, para garantir a carga horária necessitava criar algum projeto anual para enviar a SEDUC. Assistindo o programa Café Filosófico na TV Cultura veio a ideia de criar algo parecido, porém na linha literária, foi então que surgiu o projeto Café Literário: Uma conversa com escritores. O espaço ocioso da biblioteca era o ambiente perfeito para o empreendimento.




O projeto consistia em convidar, escritores, poetas e produtores de cultura da região e coloca-los frente a frente aos estudantes da referida escola. O professor Sebastião Fiel almejava proporcionar uma interação e estreitamento entre quem faz e quem consome o produto cultural, principalmente, a literatura. Era fazer o leitor conhecer o autor, conhecer o seu trabalho e ler a sua obra.





A ideia deu certo e em 2012, na primeira edição foram convidados o poeta Alberto Mocbel e o escritor Doriedson Rodrigues, da Ufpa.  Em seguida outros convidados como os professores escritores do SOME Arogas, Arodinei Gaia e Haroldo Barros. Também já esteve Paulino Dias, os poetas Francisco Mendes e Miguelângelo Mocbel, entre outros.


A responsabilidade pelo projeto, hoje, além do professor Sebastião Fiel, conta com a professora Gilma Guimarães Lisboa e Rivaldo Arnaud Lisboa, docentes readaptados na escola que abraçaram a causa. Rivaldo é historiador, Sebastião e Gilma são da área de letras, amantes da leitura, entusiastas da influência positiva que o ato de ler promove na formação dos estudantes. Então cuidar da biblioteca da escola e fomentar o projeto literário é como um presente para os professores.


A dinâmica do projeto ocorre com o bate papo entre os escritores e os leitores, onde estes conhecem um pouco da vida profissional e literária dos convidados. Respondem as perguntas dos estudantes e dos docentes presentes, tudo recheado a contação de histórias e estórias, declamação de poesia e música. Tudo acompanhado de um delicioso café da manhã, com frutas, sucos, biscoitos, pão e demais guloseimas ... literalmente um saboroso “café com literatura”.


Ao final do evento, os convidados presenteiam a biblioteca com exemplares de suas obras, o que favorece o enriquecimento do acervo com livros de autores regionais, que serão disponibilizados para empréstimos aos estudantes da escola. É um projeto em que todos saem ganhando e o incentivo à leitura ocorre de fato. O evento é custeado pelos organizadores com apoio da gestão da escola.


Neste ano de 2022, o evento foi promovido juntamente com a feira Pedagógica Cultural da Escola, e por está completando dez anos de atividade, os responsáveis resolveram fazer algo especial, diferente que marcasse a data. Assim, decidiu-se pela homenagem a um escritor, sendo escolhido Arodinei Gaia de Sousa, tendo como destaque a sua produção na literatura de cordel. O escritor é membro da Academia Paraense de Cordelistas e da Academia Cametaense de Letras.


Nessa edição comemorativa, outra novidade foi que o evento ocorreu o dia inteiro de forma itinerante aberto ao público com convidados de diversas escolas, de ensino fundamental e médio, que em forma de rodízio participaram a assistiram o bate papo com o escritor homenageado, que falou do seu trabalho, mostrou os novos livros de cordel, apresentou o mais recente “A moça do Cemitério” e “A maldição da mansão Barcelar” (este escrito com os poetas Niro Carpen de Ananindeua, Márcio Fabiano de São Paulo e Ulisses Ângelo da Bahia)”, a inspiração que o fez escrever os dois contos de cordel e também apresentou, junto ao violão, algumas de suas músicas autorais.


O Café Literário idealizado pelo ex-coordenador do SOME da 2 Ure – Cametá, já mostrou para que veio. Os frutos já estão sendo colhidos. A biblioteca ganhou vida, a sala de leitura passou a ser mais visitada pelos estudantes. Enfim! O incentivo à leitura e a valorização dos autores regionais tornam-se a grande marca que o projeto deixa como legado. 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Viagens pelos rincões do Estado do Pará

 

Tipos de estradas no Pará


Uma das viagens interessantes que fiz, enquanto educador da área de História do ensino médio e pertencente ao Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, uma das políticas públicas gerenciada pela Secretaria Estadual de Educação do Estado do Pará – SEDUC/PA, foi quando fiz uma reposição de aula na localidade de São Joaquim de Ituquara, pertencente ao Município de Baião, no Baixo Tocantins.

 

No inverno amazônico características de nossas estradas


Com, aproximadamente quatro horas e meia de viagem, creio até mais, pois a Alça Viária, que dá acesso a esses municípios, mais parecia uma extensa tábua de pirulitos, pelos incontáveis buracos que a mesma apresentava e a travessia dos dois rios, o Rio Igarapé-Mirim que margeia a cidade do mesmo nome, e o Rio Meruú-Açu, outro belo rio que serpenteia essas terras tocantinas.


E a estrada que nos leva de Igarapé-Mirim até Baião era precariamente asfaltada, e de Baião até Ituquara era pura estrada de chão, o que tornava a viagem mais demorada e cansativa. A lentidão fazia pensar e repensar em outras dessas viagens por esse nosso imenso território chamado Pará, que é o 2º maior estado em extensão territorial. Viagem como a de ônibus para São Félix do Xingu, mais conhecido pelos professores moduleiros, que trabalhavam por essa região, como “São Felão”,  pela quantidade de horas gastas de Belém, até este município durava, aproximadamente, 48 horas e com o todo os entraves possíveis: trechos esburacados e difíceis de transitar, ameaças de assalto, muita chuva e portanto muita lama, entre outros tantos. Viagens também pra Terra Santa, Juruti, Xinguara, Brejo Grande do Araguaia, Canaã dos Carajás, entre outros. Essa viagem seria “fichinha” diante dessas pro sul do Pará. 


 

Balsa também complica o deslocamento dos moduleir@s


Deixando as lembranças de lado, cheguei a São Joaquim de Ituquara, onde seria meu local de reposição localidade pertencente a um dos maiores distritos de Baião e localizada às margens (direita) do Rio Tocantins. Fui o primeiro a chegar para o trabalho; logo depois, chegou outra professora que completaria a equipe para as séries do ensino médio, sendo que eu iria trabalhar com as turmas do primeiro e segundo anos, enquanto a professora trabalharia com as três turmas.

 

Transporte típico dos alunos ribeirinhos amazônicos


Nesta primeira experiência, fui de embarcação da sede (Baião) para a localidade, com  todos apetrechos  necessários para esse "trabalho aventura". A localidade tem uma característica interessante: ela é dividida em dois planos, a parte baixa, podemos dizer assim, que fica bem às margens do rio, e a parte alta, cujo acesso se dá por dois lances de escadas altíssimos que poderiam servir de exercício para um atleta de qualquer modalidade. A parte ribeirinha é bem pequena e composta por poucas casas, pois a encosta é muito íngreme, um verdadeiro "outeiro". Já a parte de cima era bem extensa com largas ruas e nem parecia que estávamos à beira de um rio, escondido pela robusta vegetação.


De 15 em 15 dias eu ia até Belém, visitar a família, e nessas idas e vindas, fiquei revezando entre a viagem pela estrada, o que não era muito bom por todas dificuldades já descritas, principalmente, nos meses de janeiro e fevereiro, período de fortes chuvas na região amazônica, e por barco que fazia linha para Tucuruí, que não deixava de ter suas dificuldades, e certamente muito mais demorada, porém mais prazerosa pelo cenário que se apresentava diante de nossas vistas, principalmente o alvorecer em pleno Rio Tocantins consagrando mais uma obra da natureza, e ainda passávamos  por cidade históricas como Cametá, Mocajuba e Baião.

 

Na entrada da Alça Viária já enche neste período


A Reposição foi feita durante os dois primeiros meses de 2014, apesar de todo aguaceiro eu tive a oportunidade vivenciar durante esse período a fase áurea da pesca do "filhote", um dos peixes de minha preferência que é predominante da região e, além da pesca, claro, saborear essa iguaria muito própria dessa rica e farta região, e esse fato representou um encerramento bem deleitável, de mais um "trabalho aventura" de extensa vida moduleira. Quem quiser aprofundar essa minha viagem, tem neste Blog as postagens de São Joaquim de Ituquara (Baião): História e Memória, Parte I, II, III, IV e V.


Revisão dos Professores Carlos Alberto Prestes e Flávio Filho.

domingo, 12 de setembro de 2021

A FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA, NO ENSINO DE QUIMICA, NO SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO MODULAR DE ENSINO (SOME), EM CAMETÁ.

                                      Paulo Roberto Almeida Tavares

                                      Professor do SOME - Cametá


O Sistema de organização Modular de Ensino-Some é uma modalidade de Ensino criada em 1980, para atender alunos e alunas do Ensino Fundamental e Médio, que moram no Campo desse imenso Estado do Pará, favorecendo o acesso de jovens e adolescentes a Políticas Públicas Educacionais de Estado, em parceria entre a Secretaria Estadual do Pará - SEDUC e Prefeituras municipais. Ensinar nessas localidades é um desafio enorme, e se tratando do Ensino de Química, mais ainda.  Pois, as escolas do campo apresentam problemas estruturais mais severos do que apresentam as escolas públicas da cidade. É consenso entre educadores que tais problemas, inviabilizam a realização de trabalhos melhor elaborados, prejudicando o aprendizado dos estudantes. Nesse contexto, foi pensado numa aula Prática de Química para atender estudantes do terceiro ano do Ensino médio, na localidade de Marinteua, no município de Cametá-Pá, que além de despertar interesse pela disciplina, pudesse favorecer a aprendizagem por meio de uma aula experimental contextualizada, se fazendo de recursos didáticos alternativos e de fácil acesso, quebrando práticas tradicionalistas na forma de ensinar ainda persistente, por inúmeras razões.


Por meio deste trabalho foi notório observar a participação dos alunos durante a busca de informações acerca do tema, nos debates, na organização dos materiais necessários para elaboração dos experimentos, na execução do experimento, até a última etapa, a obtenção do etanol. Durante a execução do experimento foi aplicado conceitos químicos, buscando explicar cada etapa do processo de maneira contextualizada, relacionando teoria/pratica, conhecimento/realidade.


Na etapa da colheita da cana-de-açúcar, foi ressaltado a produção de etanol por tonelada de cana-de-açúcar. Tal relação permite estimar a produção em litros de etanol a partir de qualquer quantidade de cana-de-açúcar. Outra abordagem importante foi os tipos de solo onde melhor se adapta a cultura da cana-de-açúcar e os estados brasileiros que se destacam no seu cultivo.




No processo de moagem, foi abordado a concentração de sacarose no caldo de cana, pois a sacarose consiste na matéria prima principal para obtenção do etanol. Observou-se também a importância do reaproveitamento de materiais como o bagaço de cana para produção energia, muito consumida na usina alcooleira.


 






   

 

A produção do melaço se dá por meio da evaporação do caldo de cana. Apresentou-se várias aplicabilidades do produto além da produção de etanol: pode ser utilizado como suplemento alimentar, produção de bebidas alcoólicas, produtos medicinais, dentre outros.


No processo de fermentação, destacou-se a ação das leveduras do tipo Saccharomyces na quebra da sacarose pela ação das enzimas invertase/sacarase e zimase, até a formação do etanol.  Durante a fermentação foi possível observar a produção de bolhas de gás carbônico, que ao entrar em contado com o hidróxido de cálcio (água de cal) formou além de água, um precipitado branco denominado carbonato de cálcio. Veja reações químicas abaixo:







 






A destilação consiste na separação de misturas homogêneas. Com materiais alternativos e de baixo custo os alunos elaboraram um aparelho de destilação, utilizando basicamente lâmpada incandescente com bocal, garrafa PET, mangueira, cola e vela de parafina. Após a fermentação o fermentado foi destilado e o etanol foi separado. Na sequência, foi testada a inflamabilidade da substancia obtida. O etanol é uma substancia orgânica pertencente a função álcool.




Tal atividade, conseguiu atingir o objetivo esperado, pois envolveu a turma inteira, a evolução dos alunos durante as atividades foi progressiva, pois no início os alunos estavam tímidos, de certa forma apáticos, e ao final, todos estavam entusiasmados, felizes com o que produziram, saíram da condição de meros espectador para se tornarem protagonistas. Os alunos tinham muitas curiosidades que puderam ser sanadas no decorrer do trabalho.



 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2000.

COSTA, Marina de Sousa, et al. (Org.). Educação na Amazônia em Repertório de Saberes: O sistema de Organização Modular de Ensino. 1 ed. Belém-Pa, PAKA-TATU, 2020.

https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/processo-producao-alcool.htm, último acesso em, 08/09/2021.

SANTOS, Wildson Luiz P.; MALDANER Otavio Aloísio. Ensino de Química em Foco. 1. ed. Ijui-RS: Editora Unijui, 2010. Coleção Educação em Química.

SOUSA, Arodinei Gaia de. SOME: Educação no Campo da Amazônia Paraense. 1ª ed. Cametá-Pa: Editora AGS, 2020.