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sábado, 13 de julho de 2024

CARTA ABERTA À POPULAÇÂO

 

           

           Os participantes do I SEMINÁRIO SOBRE A POLUIÇÃO DO RIO TAPAJÓS, realizado nos dias 26, 27 e 28/11/92, no Esporte Clube Rodoviário, no município de Aveiro, promovido pelo SOME - Sistema de Organização Modular de Ensino de 2º Grau, que contou com a presença de uma equipe do GDA (Grupo de Defesa da Amazônia), após diversas palestras e discussões feitas sobre a questão mercurial no Vale do Tapajós, vem a público externar suas conclusões: em decorrência dos tipos de garimpagens praticadas, a atividade garimpeira tem lançado mais de 1200 toneladas de mercúrio no meio ambiente, causando a poluição do ar e do rio atingindo a flora e a fauna. Inclusive, a mudança da cor da água do Rio Tapajós deu-se devido o lançamento de grande quantidade de óleo diesel, detergentes, graxas e sabão. E isso afeta diretamente o homem da região que tem como alimento básico o peixe retirado desse mesmo rio contaminado; pois a quantidade de mercúrio lançado na água já ultrapassa o limite máximo tolerável. Isto significa que toda população que vive às margens do rio Tapajós está exposta ao perigo da contaminação. E os efeitos do mercúrio no ser humano são: dor de cabeça, problemas respiratórios, aborto, impotência sexual, tontura, tremores, perda da memória, queda de cabelo, nervosismo, dificuldade para andar e falar, paralisia dos braços e pernas, crianças nascidas com defeitos físicos, etc. Nota-se que os peixes do vale do Tapajós não apresentam mais seu característico sabor original, além de se conservarem mais que duas horas. 

         É claro que as riquezas minerais de uma região têm que ser exploradas e aproveitadas com a finalidade de haver melhorias na qualidade de vida dos habitantes da região, gerando divisas par o o país e propiciando o bem estar social.

        Em consideração a isso, deve-se ressaltar que não se é contra a atividade garimpeira nem tampouco nega-se o direito de explorar essa mesma riqueza. 

       Denuncia-se, sim, a forma inescrupulosa e depredadora com essa atividade tem sido feita, resultando na contínua e brutal agressão do meio ambiente. Existem maneiras e técnicas de se conciliar o aproveitamento dos recursos minerais com a preservação da natureza.  

        Além do fato de que essa imensa e rica região nunca esteve tão pobre. O progresso e a prosperidade ainda estão muito distantes. A extração do ouro pouco ou nada favorece a região e aos trabalhadores garimpeiros, apenas beneficia uma minoria privilegiada, uma vez que 70% da produção não fica na região, mas é escoada para outros países de forma clandestina. Diante desse quadro, fica evidente que estamos sendo espoliados de todas as formas: levam o nosso ouro e em troca deixam fome, a miséria, a doença, o sofrimento e a morte.

           E, percebe-se um total descaso das autoridades em relação a situação acima mencionada. Não há nenhuma preocupação ou interesse em providenciar soluções.

          É necessário que a população esteja esclarecida e alerta para esses problemas que diretamente lhes afeta e, numa ação organizada, pressionar essas autoridades e órgãos competentes para que estas despertem para a gravidade do problema e procurem tomar medidas concretas e urgentes para minimizar tal quadro, bem como abrir uma ampla discussão, envolvendo todos os setores organizados da sociedade no sentido de se chegar a uma futura solução

           Somente unidos e organizados, poderemos expulsar o fantasma de uma tragédia que paira sobre nossa região.