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sábado, 23 de agosto de 2025

Saberes, lendas e tradições em época de Cop 30 na Amazônia Paraense

 

                                                                   Valdivino Cunha


Equipe de Apresentação com professores



Em um momento em que o mundo se volta para o debate sobre o futuro do planeta, a Cop. 30 surge como um convite a reflexão e à ação. Mais do que dados e metas este encontro internacional nos lembra que os saberes tradicionais, as lendas, que atravessam gerações e as práticas culturais de diferentes povos compõem um contexto que também deve ser lembrado. Nós, da escola pública paraense, vivenciamos e valorizamos este muito rico e místico em lendas, tradições,  histórias orais e modos de vida sustentáveis revelam que preservar o meio ambiente é também preservar memórias, identidades e modos de existir. Nesta 28ª Feira do Livro e suas Multivozes unimos literatura, culturas e consciências ambiental para mostrar que no diálogo entre passado e futuro encontramos caminhos para um mundo mais justo, equilibrado e vivo. Vamos navegar no mundo das histórias e encantamentos com a lenda do Boto Tucuxi e da Matinta Pereira. 


Diz a lenda indígena que o boto se  transforma em um rapaz bonito e galanteador. Segundo a esta lenda, o boto é um rapaz elegante que costuma aparecer nas comemorações dos santos populares (Santo Antônio, São João e São Pedro), as chamadas Festas Juninas.


Ele vai à festa vestido de branco e usando um chapéu, a fim de esconder o buraquinho que o boto tem no alto da cabeça para respirar.


Ele conquista uma moça, que leva para o fundo do mar ou dos igarapés, a engravida e nunca mais volta a vê-la.


Já a lenda da Matinta Perera ou simplesmente, Matim, é a personagem de uma das lendas mais importantes da região Norte do Brasil, sendo considerada uma lenda da Floresta Amazônica. Na lenda, uma mulher que tem a capacidade de se transformar em ave agourenta capaz de deixar as pessoas em estado de pânico com seu assobio arrepiante. Para se livrar da maldição da Matinta as pessoas entregam a ela algum presente, como café, tabaco ou outro presente qualquer. E foi apresentado a lenda da Matinta Pereira e do Boto Cor-de-Rosa na 28ª Feira de Livro e Multivozes, no Hangar - Centro de Convenções, em Belém do Pará.

 

Professores e o grupo que apresentou as lendas



Portanto, o Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME/Bujaru/11ª DRE se fez presente na 28ª Feira Pan Amazônica do Livro e de suas Multivozes na qual os alunos do SOME apresentaram o projeto "Saberes, lendas e tradições em época de COP 30" apresentado na 28ª Feira do Livro. O projeto levou a reflexão que em época de COP 30, não podemos também esquecer a rica cultura, as tradições, o folclore e as lendas dos povos amazônicos e paraenses e com isso preservar a memória presente no imaginário popular. Levamos a lenda da Matinta Pereira e a do Boto Cor de Rosa, tendo como espaço imaginário as florestas, igarapés e os rios amazônicos. O objetivo foi dizer " presente" em nome da escola pública paraense, em nome do SOME, política pública da Amazônia Paraense, que completou 45 anos atendendo os filhos dos camponeses, ribeirinhos, assentamentos, quilombolas, indígenas, ramais, estradas, extravistas e outras categorias das florestas, furos, rios, igarapés e campos. Estiveram presentes professores do SOME e  mais de 70 alunos das Escolas Polo Traquateua(Traquateua) e  Rosiila Trindade( Km 29 ou Curva), do município de Bujaru. Parabéns pelo excelente trabalho professores!


Grupo de apresentação no palco


Coordenadores do projeto: Adriana Silva e Valdivino Cunha


Resgate cultural na Feira do Livro e Multivozes



                                            Professores do SOME em apoio (11ª DRE)



Professor Valdivino Cunha é professor do SOME/Bujaru.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Juruti: Seus cantos, encantos, tradições e rituais (II)






Outra atividade pedagógica voltada para a cultura local realizada no município de Juruti, em 2001, com os alunos  matriculados no primeiro ano médio do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME: Laura, Aparecida, Luciely, Cristina, Jomara, Jackison, Onielzio e Vânia apresentado em sala de aula foi sobre a gêneses da Tribo Mundurukus.




A Associação Folclórica Tribo Mundurukus teve inicio, segundo o Diretor de Arte da Tribo Munduruku, na época (2001) era bacharel em direito formado pela Universidade Federal do Pará – UFPA, o Senhor Edvander Veiga Batista. Segundo o informante tudo começou: “Era julho de 1993, precisamente no dia 04, quando um grupo de jurutienses liderados por Carmem Barroso, Adecias Batista, Edvander Veiga e Júnior Batista, resolveram lançar uma dança folclórica para concorrer ao VIII Festival Folclórico de Juruti”. E, continua: “Na época o ápice do festival era a disputa das danças folclóricas, idealizadas por diversos grupos, sendo as mais tradicionais a dança “Ou Vai ou Racha” e a dança “O Cangaço”“. “Sendo que para aquele ano a dança O Cangaço, liderado pelo artista Clemente Santos, resolveu não mais apresentar-se, vindo seus componentes a unir-se com os jovens que sonhavam e apresentar uma dança inovadora, de cunho totalmente amazônico”. E assim, “Estava, portanto formada a “união” entre as pessoas que mais tarde proporcionaria ao município a projeção regional e nacional a partir de sua riqueza cultural”.




Para o informante assim será chamada... ”Naquele momento, sabia-se que a nova dança, viria exaltar o Maravilhoso Universo Indígena, faltando apenas sua denominação”. 




E continua: “Reuniram-se então, os lideres dos grupos para escolherem o futuro nome. E como num ritual de ‘Nominação’ que acontece em diversas tribos amazônicas, por ocasião do batismo da criança, escolheram como seria chamada a recém-criada Dança Jurutiense ‘Mundurukus’...’Mundurukus’...Assim será chamada.. – Alguém falou. Não importa mencionar quem havia falado, o que importava é que a nova dança, já tinha um nome e era Mundurukus. Que segundo os jovens lideres viria a homenagear a tribo Munduruku que por volta de 1818, sob a liderança do Padre Jesuíta Manoel de Sanches e Brito, deu origem ao núcleo de povoamento, que futuramente seria o embrião de nossa amada Juruti”.




Muito interessante o que o informante continua abordando: “Louvável foi à escolha da denominação, pois através da diversão, os brincantes da dança Mundurukus, homenageariam os seus ancestrais, que num passado glorioso, deram origem ao município”. Nascia assim, a marca “Tribo Mundurukus de Juruti”.




Sendo os primeiros passos rumo à realidade o informante continua: “Envolvidos na nova onda do momento aproximadamente 60 brincantes, começaram a ensaiar primeiramente na quadra de esportes da Paróquia e  no perímetro compreendido entre as ruas Joaquim Gomes do Amaral e Marechal Rondon, da Rua Lauro Sodré. Já na última semana que antecedia o Festival, os ensaios foram realizados na quadra de esportes “Hudson Rabelo”, local onde acontecia a disputa de danças. Ao som de um pequeno gravador, os jovens ensaiavam atentos as coreografias tribais idealizadas por Clemente Santos, Jim Jones Batista, Edvander Batista e outros. A música escolhida para reger a nova dança foi a toada indígena “Yamãnd” de Ronaldo Barboza, compositor do Boi Caprichoso, de Parintins. A temática escolhida para a dança desenvolver-se foi Mundurukus 93: “A Ira dos Deuses”. Em linhas gerais seria o desenrolar de uma revolta dos deuses contra a Tribo Munduruku, que encontrava-se em guerra interna, ocasionadora assim da fúria dos deuses da mitologia indígena, tais quais, Tupã, Jaci, Guaraci, entre outros”. Sendo que a primeira indumentária utilizada pelos brincantes: ”Assim que terminava o ensaio, os brincantes saiam aos arredores da cidade em busca de bambu (Palmeira naturalmente pintada de verde e amarelo) e sementes de seringa para confeccionar a indumentária que iam se apresentar no Festival. Basicamente as peças eram: saiote de bambu cortado em pequenas partes, adornados com penas coloridas, Uma gargantilha longa no mesmo estilo, acompanhado de cocar”.   




Da imaginação, o sonho de um artista: “Fazer uma pequena quadra municipal, transforma-se em um palco a céu aberto, para apresentar um espetáculo que Juruti jamais viu..Este era o sonho dos lideres do grupo Mundurukus. E foi assim que os coordenadores imaginaram um grande templo tribal, onde aconteceria a ‘Ira dos deuses’”. 




Quem eram aqueles guerreiros: “Na antiga residência de Adecias Batista, os componentes da Tribo, no início da noite de 31 de julho, começaram a transforma-se em guerreiras e guerreiros Mundurukus. Pareciam que iam para guerra, pintados com cores enegrecidas, muitos arcos e flechas, adornados de cocares, colares e belamente vestidos com as indumentárias de bambu. Em poucas horas não se reconhecia mais ninguém, pareciam que haviam perdido a identidade, esquecido sua civilidade e seus costumes. O visual era inesquecível, parecíamos estar diante dos primitivos e temidos Índios Mundurukus”.




Da pajelança sonho realizado: “Das tabas guerreiras runfa tamurá/Aldeias inteiras, um canto no ar”. Assim era o canto, que ecoava na quadra municipal na noite do dia 31 de julho, revelando como num passe de mágica, em passos totalmente tribais a Tribo Munduruku, que freneticamente fez o povo das arquibancadas delirarem, com a nova dança. Na beleza da porta estandarte, que sustentava com orgulho, um humilde pano pintado com as frases, “Munduruku: Em a Ira dos Deuses”, na beleza das fantasias dos destaques especiais, no som que ecoava no bater dos pés do Mundurukus, estava portanto dado início a primeira apresentação da tribo, que completou-se com a chegada do pajé e a aparição de deus-tupã, representando todos os deuses, no alto de uma alegoria representando o “templo dos deuses”. Entre fogos, danças, emoção, o pajé desenvolveu sua pajelança apaziguando a cólera dos deuses, transformando desunião em paz e festança na aldeia Munduruku. No resultado final a Tribo Munduruku que empatou com a dança “Ou Vai Ou Racha”. Isso foi importante, já que: “Mas muito mais importante que isso é que Juruti, havia ganhado uma inovadora, cheia de garra e emoção. Dança esta que mais tarde veio revolucionar a cultura local. Com bastante criatividade, originalidade e a cima de tudo humildade”.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Juruti: Seus cantos, encantos, tradições e rituais.





No ano de 2001, desenvolvi minhas práticas educativas no município de Juruti, no III Módulo, pelo Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME. O SOME é uma política publica que completou 40 anos no dia 15 de abril passado, que atende os alunos matriculados no ensino médio nos interiores do estado do Pará. Nesses rincões, como não tem estrutura para o ensino regular é solicitado implantações para a Secretaria Estadual de Educação – SEDUC/PA para atender as demandas. Já que o aluno tem dificuldades, principalmente financeiras, para se deslocamento onde tenha o ensino regular, o SOME é uma alternativa.



No momento em que trabalhei no município o SOME funcionava na sede, como várias turmas de ensino médio atendendo várias localidades. Já tinha trabalhado em Juruti, no ano 1989, no III Módulo também.



Várias atividades pedagógicas foram executadas com os alunos durante esse módulo, inclusive, pesquisas sobre os aspectos históricos, econômicos, culturais e sociais do município. Estarei postando algumas dessas lembranças de dezenove anos atrás, sim, 19 anos, é bastante tempo, incrível, tudo isso! Vivendo e aprendendo nessas andanças pelo estado.



Uma das pesquisas que foi executada participaram os alunos Mirian Coimbra, Fabíola Araújo, Milene, Juíza Soares, Ricardo Toscano, Ramaiano Braga, Joana Paula, Wesley e Rogério Rocha. Esses alunos apresentaram um relatório das atividades orientadas sob nossa responsabilidade sobre a cultural local, incluindo as principais danças apresentadas em 1990, que foi realizado, no V Festival Folclórico de Juruti, na quadra municipal André Júlio.



Entre os objetivos do Festival Folclórico de Juruti, segundo um informante, tem que promover coordenar, e incentivar as manifestações culturais do município, assim como priorizar as tradições indígenas impulsionando a população local a conhecer e reverenciar o legado da cultura deixado pelos ancestrais. Além disso, foi também abordado que o evento jurutiense objetivava alcançar outros pontos, entre eles: Valorizar o artista local, Manter vivo o espírito folclórico entre os municípios, resgatar as tradições fundamentais a identidade cultural, conseguir a intensa participação da população alcançando assim o envolvimento do homem com a cultura.



Vale ressaltar, segundo as pesquisas dos alunos pesquisadores, que foi importante destacar que o festival jurutiense apenas alcançou majestosidade, devido aos espetáculos proporcionados pelas duas tribos, que visam unicamente valorizar o índio com suas tradições, cantos e rituais místicos; valorizar a cultura local é o lema principal do Festival Folclórico de Juruti.



Levantamentos pesquisados durante o módulo foram levados em consideração alguns aspectos importantes para a sociedade jurutiense, entre elas, pode-se frisar a abordagem histórica. O município de Juruti originou-se de um disperso núcleo de índios Mundurukus, catequizados pelo Padre Manoel de Sanchos e Brito. Os nativos de Juruti recebem a denominação de “Jurutiense”, termo derivado do topônimo de origem Tupi “Juruti”, ave de cor cinza, que viviam em bandos nas florestas da região, que davam a sintonia com a natureza e valorizava o meio ambiente.



Foi enfatizado durante dados coletados pelos alunos pesquisadores, o seguinte: em 13 de dezembro de 1859, a Lei Provincial Nº 339, que faz a transferência da sede da frequesia de Juruti para as margens do Rio Amazonas, no Paraná Maracá – Açu. Com a Lei Provincial Nº 1.152, de 09 de abril de 1885, foi criado o município de Juruti. Outro dado importante, devido questões políticas, o município foi extinto em 03 de abril de 1900, sendo anexado aos municípios de Óbidos e Faro. Em 03 de abril de 1913, novamente acontece a criação do município pela Lei Nº 1.295. Em 31 de março de 1938, através da Lei Nº 2.972 constitui o município de Juruti com seus limites geográficos e organização política até os dias de hoje (2001).



Continuando o levantamento da pesquisa trata que o V Festival Folclórico de Juruti, foi realizado em julho de 1990, na administração do Prefeito Isaias Batista Filho, sendo a organizadora do evento a primeira dama do município Lucídia Benithar e a Secretaria Social, sendo apresentadas grandes inovações e atrações, como: Quadrilha Ou Vai Ou Racha, com 200 brincantes, com a coordenação de d. Ana Paula Cunha e Thiá e o Lana. O Boi Campineiro, com 78 brincantes, com direção de Nino Gonçalves.  O Cangaço, com 68 brincantes, com direção de Régia Pinheiro e Clemente Santo; além desses, apresentaram ainda, os cordões de pássaros, quadrilhas roceiras, danças interioranas e outras.


Continua na próxima postagem. Aguardem!