O Sistema de Organização Modular de Ensino - SOME completou
no ultimo dia 15 de abril de 2020 40 anos de existência e resistência enquanto
uma política pública educacional no Estado do Pará.
Como contribuição de minha trajetória de 29 anos dedicada neste
sistema de ensino começarei a postar, a partir de hoje, algumas experiências vivenciadas
e pedagógicas nas comunidades de territórios quilombolas, indígenas, camponesas
e ribeirinhas.
Em 1989, em processo seletivo de 12 candidatos realizado pela
SEDUC, sendo três vagas, fui selecionado para trabalhar nessa importante política
pública que desenvolvia suas atividades nos interiores, com o Ensino Médio e
alguns poucos municípios com o ensino fundamental. O processo seletivo incluía a
redação, a apresentação de um projeto para ser executado nas
comunidades, a entrevista tendo como base o projeto e o curriculum. Portanto,
posso afirmar que para ser professor do SOME significava estar disponível para
descobrir “novas emoções” durante o trajeto de suas viagens.
Após o resultado, passei por um
curso de formação sobre a estrutura e o funcionamento do SOME, no antigo Centro
de Treinamento de Recursos Humanos “Arthur Viana” - CTRH. Foi uma semana, pela
parte da manhã e pela parte da tarde, incluindo textos da literatura de
educadores progressistas entre eles, Paulo Freire. No final de encerramento do
curso, na sexta-feira, os técnicos responsáveis concluíram o evento e informando o circuito (quatro municípios) que trabalharíamos durante o ano. Meu
primeiro Município foi Terra Santa (Fronteira com Amazonas).
A viagem de Belém para Terra Santa deu-se nos dias 13 e 14 de
maio de 1989. Indo de avião de Belém/Santarém. De barco, Santarém/Oriximiná e
Oriximiná/Terra Santa. Portanto, após dois dias de viagem, cheguei ao meu destino,
já que o calendário iniciaria no dia 17, na segunda feira. Ressalto que durante
a viagem entre as memórias nesse período foi quando ao sair do
barco, no município de Oriximiná, com a água no meio das canelas, carregando
uma sacola de roupas e a outra de material didático e livros fui logo
“batizado” no SOME, com uma queda na saída da escada do barco para calçada da
cidade. Da sacola do material consegui salvar alguns livros acadêmicos e a sacola
de roupas toda molhada. Foi o primeiro momento marcante para minha vivência profissional,
que até hoje não esqueço. Fiquei aguardando o barco que passaria em Oriximiná
com destino a Terra Santa, por volta de 16 horas chegando ao meu destino em Terra Santa às 23 horas, com a cidade calma, sem a presença de pessoas, que informassem o endereço da Casa dos Professores. Enfim, cheguei a Casa dos Professores e sendo recepcionado pelo casal de professores: Cleber Barros e Zuleide Pamplona. Abriram a
porta e me apresentei. Estava dando inicio a uma nova trajetória em minha vida.